Visualização do documento Geografia da Terra Santa e das terras bíblicas - Enéas Tognini.doc (19954 KB) Baixar © 2009, por Enéas Tognini Edição de texto Aldo Menezes Revisão Andréa Filatro Capa Souto Crescimento de Marca 1ª edição - fevereiro de 2009 Gerente editorial Juan Carlos Martinez Todos os direitos desta edição reservados para: Editora Hagnos Av. Jacinto Julio, 27 04815-160 - São Paulo, SP (11) 5668-5668 [email protected] www.hagnos.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro SP, Brasil) Tognini, Enéas Geografia da Terra Santa e das terras bíblicas / Enéas Tognini — São Paulo: Hagnos, 2009. ISBN 978-85-7742-048-3 1. Bíblia - Antiguidades 2. Bíblia - Geografia 3. Bíblia - História 4. Histórias bíblicas I. Título 08-12125 CDD-220.9Índices para catálogo sistemático:1. Bíblia : Geografia e história 220.9 2. Bíblia : História e geografia 220.9 Conteúdo Agradecimentos Introdução Parte 1: Geografia da Terra Santa 1. O mundo bíblico 2. As nações cananeias 3. Povos vizinhos de Israel 4. As doze tribos de Israel 5. Geografia física da Palestina 6. Hidrografia da Palestina 7. Orografia de Israel 8. Planícies de Israel 9. Desertos de Israel 10. Vales de Israel 11. Estradas e caminhos da Palestina 12. Climas da Palestina 13. Geografia econômica de Israel 14. Usos e costumes de Israel 15. Cidades de Israel Parte 2: Geografia das terras bíblicas 16. Mesopotâmia 17. Outras regiões próximas da Mesopotâmia 18. Egito 19. O cristianismo no Ocidente Apêndice 1: O dilúvio e a arca de Noé à luz da Bíblia, da geologia e da arqueologia Apêndice 2: As viagens de Paulo Apêndice 3: Regiões e lugares no mundo bíblico Bibliografia Agradecimentos Devo aqui uma palavra de gratidão… Ao meu amado Deus pelas oportunidades que me proporcionou. À minha querida esposa Nadir, que me cercou com carinho nas horas longas das penosas investigações. A Silvano e Tânia Guimarães, que abriram oportunidade para eu acompanhar grupos evangélicos à Terra Santa. Ao pastor Onésimo Batista da Luz, que datilografou o primeiro manuscrito deste livro numa época em que não havia computadores; esse foi um trabalho árduo, e seu esforço nunca será esquecido. Ao irmão Israel de Andrade Miranda e esposa; pacientemente, eles confeccionaram a primeira montagem deste texto para a gráfica; tempos depois, seu árduo e importante trabalho seria digitalizado pela Hagnos. À minha filha Dinéa, que me acompanhou duas vezes à Terra Santa e que conhece, com rara autoridade, a geografia bíblica. A uma plêiade de pastores e obreiros que me incentivou na feitura desta despretensiosa obra. Ao meu velho e saudoso amigo e professor emérito dr. Antonio Neves de Mesquita, a cujos pés me sentei na cadeira de Geografia da Terra Santa, no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, nos idos anos de 1938 e 1939. Esse professor me encorajou muito a prosseguir nos estudos dessa importante disciplina. Também devo uma palavra de amor e saudade a Epaminondas Silveira Lima e a Ebenezer Gomes Cavalcanti. Aos irmãos amados que nos acompanharam a Israel, ao Egito e à Turquia e a diversos países da Europa, como meu velho amigo Isaac Bomfim, José Carlos Oliveira, dr. Josué Lira e esposa, Eliaquim Diniz, Osvaldo Mônaco e esposa, Miguel Pimentel e esposa, Benedito Vilela e esposa, e os pastores Glycon Terra Pinto e esposa, Oswaldo Santos, Márcio Valadão, Benjamim Maia, Estevão Christmann, Antonio Carlos (Ticarlos), José Ramos Santos, Jair Pereira Pinto, Antonio Barbosa Lima e esposa, e Carlos Alberto Bezerra. Grato ao dr. Antonio Barbosa Lima, que nos cedeu diversas fotografias do Iraque, antigas terras da Mesopotâmia. Agradeço a todos aqueles que oraram em nosso favor e pelo ministério deste livro, dedicado a todos os estudiosos da Palavra de Deus, principalmente pastores, seminaristas e obreiros do Senhor. Introdução Era um desejo antigo meu reunir num só volume Geografia da Terra Santa, lançado em 1978, e Geografia das terras bíblicas, de 1980. Depois de tanto tempo, finalmente o sonho se tornou realidade graças ao empenho e ao profissionalismo da Editora Hagnos. Muita coisa mudou desde 1978. Assim, esta nova edição reflete essas mudanças no cenário mundial. Não se trata apenas da junção de dois livros. O conteúdo foi totalmente revisado e atualizado em muitos aspectos, sobretudo os dados estatísticos e informativos. Há também muitas fotografias e ilustrações novas que serão de auxílio ao estudante das Escrituras. A bibliografia também foi ampliada com novas obras sobre o assunto, incluindo sites da Internet. Durante vinte anos ou mais, lecionei Geografia e Arqueologia Bíblica em seminários. Possuo uma vasta bibliografia dessas especialidades. Em nossa última viagem ao Oriente Médio, compramos mais de vinte volumes das mais variadas obras sobre Israel e outros países da Bíblia. Confesso que não me foi possível usar todo o material de que disponho na feitura deste trabalho. Assim, incentivo o leitor a consultar a bibliografia a fim de ampliar seus conhecimentos. Na primeira parte, “Geografia da Terra Santa”, faremos um passeio pelo mundo bíblico, conheceremos as nações cananeias, os povos vizinhos de Israel, e saberemos um pouco mais sobre as doze tribos israelitas. Vamos também nos familiarizar com a geografia física, a hidrografia, as estradas e os caminhos e o clima da Palestina. Tomaremos conhecimento da orografia de Israel, além de suas planícies, seus desertos e vales. Igualmente enriquecedor será nos ocupar do estudo da geografia econômica de Israel, de seus usos e costumes e de suas cidades, sobretudo a celebrada e amada Jerusalém, a cidade para a qual a atenção do mundo inteiro se voltou “na plenitude dos tempos” (Gl 4.4) com o advento do Filho de Deus. Na segunda parte, “Geografia das terras bíblicas”, conheceremos a Mesopotâmia e outras regiões circunvizinhas. Além da geografia, estudaremos também a história, os costumes e a religião dos povos mesopotâmicos. Examinaremos com especial atenção o berço natal de Abraão, e veremos que o grande patriarca não era um beduíno, um nômade qualquer, mas filho da mais avançada civilização da época. Deus o chamou para nele começar um povo, uma nação, uma lei, uma revelação e também a igreja, por meio de Jesus, nosso Senhor. Também examinaremos os grandes impérios do passado que estiverem envolvidos diretamente com a história do povo de Deus: Egito, Assíria, Babilônia, Média, Pérsia, Grécia e Roma. Será um mergulho fascinante no mundo bíblico. Não menos importante será o capítulo “O cristianismo no Ocidente”, no qual refletiremos sobre a importância do desenvolvimento geográfico de diversas regiões dominadas pelo Império Romano para a expansão da fé cristã. Visitaremos cidades importantes mencionadas na Bíblia, como Damasco, Tarso, Alexandria, Antioquia da Síria, Corinto, além das sete cidades das igrejas às quais o Apocalipse de João foi inicialmente remetido: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia. Além de tanta informação relevante, o leitor também encontrará três apêndices igualmente valiosos: “O dilúvio e a arca de Noé à luz da Bíblia, da geologia e da arqueologia”, “As viagens de Paulo” e “Regiões de lugares no mundo bíblico”. Em Israel em abril, Érico Veríssimo queixou-se da grafia de nomes próprios dados a pessoas e lugares em Israel. Não tive tal preocupação. Procurei conservar, à medida do possível, a nomenclatura da Almeida Revista e Atualizada da Sociedade Bíblica do Brasil. Em suma, veremos uma série de coisas que nos ajudarão em nossa leitura e em nosso estudo das Escrituras Sagradas. O fato de eu ter visitado três vezes a Terra Santa torna este livro muito especial. Sempre agradeço ao Senhor todo-poderoso por essa graça a mim concedida. Permita-me relatar um pouco essa viagem entusiasmante. A primeira peregrinação durou sete dias; as duas últimas, dez dias cada uma. Foi uma jornada empolgante. Fomos do vale de Hula ao Golã, até o monte Hermom, à Baixa e à Alta Galileia. Cruzamos o mar da Galileia muitas vezes; na última, fomos batidos por furiosa tempestade. Visitamos as ruínas de Cafarnaum, subimos o Monte das Bem-aventuranças, escalamos o Tabor, andamos pelo Esdrelom, subimos o Carmelo, visitamos Acre, Haifa e fomos a Rosh Hanikra, na fronteira com o Líbano. Visitamos Naim, Nazaré, Naharia e Safede na Alta Galileia. Descemos o Sarom, paramos em Cesareia e fomos até Lode, Tel-Aviv, Jafa, Gaza, Ascalom e Asdode. Percorremos Jerusalém a pé muitas vezes, cantos e recantos. Fomos a En-Karen, a terra natal de João Batista, nas montanhas da Judeia. Chegamos a Belém, a Efrata, onde está o Sepulcro de Raquel. Passamos pelas Piscinas de Salomão, Tecoa, a terra de Amós; visitamos Manre, onde esteve o famoso carvalho de Abraão e seu querido poço. Bebemos água da Fonte de Filipe (lugar do batismo do eunuco) e chegamos a Hebrom, à Cova de Macpela, onde estão sepultados Sara e Abraão, Isaque e Rebeca, Jacó e Lia. Alcançamos o Neguebe, onde está localizada a famosa cidade de Berseba (Beersheva), na qual se encontra o multimilenar Poço de Abraão. Pelo centro, visitamos Nobe (1Sm 21.1), Gabaom, lugar da sepultura de Samuel, Ramá (1Sm 7.17), Emaús (Lc 24.13), Mispa (1Sm 7.16), Beerote, de cuja fonte bebemos (Js 9.17), Betel (Gn 28), Siló (1Sm 1.3), Gosna, e chegamos a Lebona (Jz 21.19), onde dançarinas foram raptadas e dadas aos homens remanescentes de Benjamim. Passamos por Queriote, a terra natal de Judas. Chegamos a Sicar, até o Poço de Jacó, onde bebemos água abundantemente. Fomos a Nablus e vimos os quinhentos e poucos remanescentes samaritanos, com seu pequeno templo e seu famoso Pentateuco. Passamos por Engenim, onde o Senhor Jesus curou os dez leprosos. Estivemos no sopé do Gerisim e do Ebal. Aproximamo-nos do Gilboa. Batizamos no Jordão e percorremos o seu vale de norte a sul. Saímos de Jerusalém e fomos a Betânia e Betfagé. Vimos a casa de Marta e Maria e o sepulcro de Lázaro. Descemos a Jericó. Vimos a Árvore de Zaqueu, o monte da Tentação, as ruínas das duas Jericós: a cananeia e a bíblica. Bebemos água da Fonte de Eliseu e visitamos o famoso Palácio de Hishan. Dirigimo-nos ao mar Morto, passando pela “Cidade dos Essênios”, o Oásis de Engedi, banhamo-nos no mar Morto e escalamos, pelo teleférico, a Fortaleza Herodiana de Massada. Descemos e fomos até o Sinai, no golfo de Ácaba, permanecendo em Eilate, grande e movimentada cidade levantada por Israel em pleno deserto. Visitamos o parque animal de Ai-Bhar. Navegamos no barco de fundo de vidro no golfo de Eilate, vendo o límpido fundo do mar com suas famosas formações de corais e seus cardumes de coloridos peixes; descemos ao aquário e, afinal, entramos no deserto na direção sul até Efijorde, por onde Moisés passou conduzindo Israel para Canaã. Não houve canto nem recanto em Israel aonde não tivéssemos chegado. Deus nos concedeu a graça de ir também ao Egito, tendo a oportunidade de visitar as partes principais desse velho e tradicional país. Visitamos também a Turquia, além de percorrer a Itália de sul a norte e uma grande parte da Grécia. Novas pesquisas e novas observações foram feitas. Tivemos o ensejo de fotografar os lugares históricos e adquirir material de extrema importância para esta pesquisa. Nosso objetivo principal foi sempre o de enriquecer este trabalho. É verdade que o que apresentamos aqui é fruto de muita pesquisa em livros, mas, em grande parte, pela graça de Deus, foram lugares pisados por meus pés. Este livro, eu sei, não é perfeito. Muitos senões serão encontrados. Peço aos leitores que os relevem. Aceito correções e sugestões. Fizemos o melhor dentro da nossa limitada capacidade. Entregamos o nosso pouco nas mãos daquele que pode multiplicar tudo como fez com os pães e peixes. Receba este livro como minha modesta contribuição aos meus amados colegas de ministério, aos seminaristas, aos obreiros e aos cristãos em geral. Espero que esta obra seja um incentivo ao surgimento de escritores mais preparados do que eu para escrever trabalhos mais especializados, profundos e completos. Em contrapartida, meus irmãos em Cristo, ajudem-me a interpretar com mais exatidão a Palavra de Deus. Deus seja louvado em tudo! Este é o brado do meu coração ao entregar este modesto trabalho corrigido e atualizado aos evangélicos do Brasil e, quem sabe, de outros países lusófonos. Enéas Tognini São Paulo, janeiro de 2009 Parte 1 Geografia da Terra Santa 1 O mundo bíblico “Coroa de todas as terras.” Foi com essa expressão que Deus se referiu duas vezes à terra de Israel em Ezequiel 20.6,15: Naquele dia, levantei-lhe a mão e jurei tirá-los da terra do Egito para uma terra que lhes tinha previsto, a qual mana leite e mel, coroa de todas as terras. […] Demais, levantei-lhes no deserto a mão e jurei não deixá-los entrar na terra que lhes tinha dado, a qual mana leite e mel, coroa de todas as terras. Ao lançar mão dessa rica expressão, Deus indicou dessa maneira a centralidade, a posição geográfica e a magnífica importância de Israel entre as nações. O escritor Werner Keller descreve o mundo bíblico de então e destaca a Palestina como um centro de luz para a humanidade, como se estivesse confirmando a expressão bíblica “coroa de todas as terras”: Se traçarmos uma linha curva a partir do Egito, passando pela Palestina e a Síria mediterrâneas, seguindo depois até o Tigre e o Eufrates, através da Mesopotâmia, e descendo até o Golfo Pérsico, teremos uma meia-lua razoavelmente perfeita. Há quatro mil anos, esse poderoso semicírculo ao redor do deserto da Arábia — denominado Crescente Fértil — abrigava grande número de culturas e civilizações, ligadas umas às outras como pérola de rutilante colar. Dela irradiou luz clara para toda a humanidade. Ali foi o centro da civilização desde a idade da pedra até a idade do ouro da cultura greco-romana. Os cartógrafos medievais representavam o mundo por um círculo, com Jerusalém no centro. Veja: A distância máxima para os países da periferia é de 2.400 km (alguns estão mais próximos). À primeira vista, a ideia parece-nos infantil, pois quando examinamos geograficamente a terra de Canaã, ela não é nem pode ser o centro do mundo. Contudo, quando o exame se faz pelo curso dos acontecimentos, essa conclusão é inevitável. Além disso, se um cartógrafo moderno limitasse o mundo ao Fértil Crescente, veria Canaã como o centro do mundo. Veja o que diz sobre isso o dr. James McKee Adams, ex-professor de Arqueologia Bíblica do Southern Baptist Theological Seminary, de Louisville, Kentucky: Um círculo que tivesse um raio de 1.500 milhas e cujo centro fosse Jerusalém não incluiria todos os países principais mencionados no Antigo e Novo Testamentos, mas, também, o território duma vasta extensão nunca relacionado com o povo de Israel. A parte ocidental desse círculo incluiria Roma, a capital dos Césares; a parte oriental circundaria Caldeia, a Pérsia, a Média e a Cítia; na parte meridional cairiam toda a Península da Arábia e as regiões inexploradas da Etiópia. Uma linha similar no norte abrangeria terra de que nada se sabia, mesmo até à Monarquia Hebraica, porque o horizonte do mundo Hebraico apenas atingia as praias do Ponto Euxino e as alusivas terras dos heteus na Ásia Menor. Num círculo restrito, outras importantes relações apareceriam. Atenas, por exemplo, não distava de Jerusalém, mais do que Ur dos Caldeus; Tebas e Babilônia ficavam a igual distância de Jerusalém; Mênfis, sobre o Nilo, e Hamate, sobre o Orontes, eram localizadas somente a 300 milhas da Cidade de Davi, enquanto quase em direção a oeste, praticamente à mesma distância ficava Alexandria, fundada pelo grande Macedônio, que nela vira a possibilidade dum império para três continentes. Damasco, a maravilhosa cidade dos oásis, a dádiva do monte Hermom, o deserto da Síria, achava-se situada a 160 milhas a nordeste de Jerusalém e era, ao mesmo tempo, ponto de partida e final de toda via oriental. Finalmente, dentro do percurso dum circuito semelhante ficavam as fronteiras da Terra de Gósen, no Egito, o deserto de Parã, na península de Sinai e Selá (Rocha), fortaleza dos filhos de Esaú, no monte Seir. Entretanto, em todas essas relações geográficas, a coisa mais importante não é a questão de Roma estar longe ou Damasco perto, mas o fato de que em todo esse território havia um elo unificador: as extremidades da terra convergiam, apesar de seus contrastes culturais, para Jerusalém, a glória de Canaã. Por conseguinte, não era gabolice da parte do Salmista conceber Jerusalém como “a alegria de toda a terra”. Os profetas que descreviam em termos brilhantes a procissão de reis e nações subindo ao Monte Sião, a fim de participarem da sua luz e lei, prefiguravam a centralidade desse lugar cuja influência decididamente tem impressionado o mundo.2 Assim, conclui-se que Jerusalém não era o centro geográfico do mundo, mas a cidadeestratégia e estrategicamente posta por Deus para onde a atenção do mundo inteiro se voltaria “na plenitude dos tempos” (Gl 4.4) com o advento de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Canaã era uma meta a ser alcançada. Temos, então, a razão de Deus fazer convergir o curso da história do mundo antigo para esse pedaço de terra disputado pelas potências do passado próximo e remoto e ainda na atualidade. A importância não está tanto na posição geográfica de Canaã, como no que nela se desenrolou, principalmente no que tange ao Messias, o Filho de Deus. Tendo em vista esse grandioso fato, Deus preparou Canaã, chamou Abraão à Terra da Promessa, “a Terra Gloriosa”, deu-lhe bens, extensivos a seus descendentes. Tomando-se um ponto bem elevado em Ur dos Caldeus, com os olhos de nosso telescópio, varreremos os espaços e depararemos a leste — depois das férteis terras do Vale entre o Tigre e o Eufrates — com as planícies áridas na região persa, até os montes Zagos; a sudeste, encontraremos o golfo Pérsico, com seus encantos naturais e fabulosas riquezas; a sudoeste ficam as terras da Península Arábica, importantes por terem sido o berço de quase todos os povos de origem semita; a ocidente, desde Ur, avistaremos o gigantesco deserto da Arábia, perigoso por suas dunas e pelos nômades que se deslocam com frequência por toda a região. Na ponta extrema ocidental do deserto encontraremos a verde e exuberante vegetação das terras de Gileade. Prosseguindo, chegaremos às montanhas da Judeia e, por fim, ao Mediterrâneo. Ao norte de Ur, temos o vale da Mesopotâmia, mais fértil e mais extenso do que a terra do Egito, e encantador como Canaã. A estreita faixa de terra que vai de Ur, no sul da Caldeia, até as proximidades do Nilo, foi denominada sugestivamente de Fértil Crescente. Em algum ponto desse imenso Jardim do Senhor, a humanidade teve seu berço, antes e depois do dilúvio. Civilizações importantes, como a suméria, a acádia e a aramita, aí nasceram e daí saíram levando progresso para outras partes da terra. Tigre-Eufrates, no Oriente, e Nilo, no Ocidente, ligavam-se por estradas reais, que saíam de Ur, passavam por Harã, Alepo, Damasco, Jerusalém e alcançavam o Egito. Na sua longa peregrinação, o patriarca Abraão cobriu esse trajeto e chegou ao Nilo. Caldeia e Assíria se tornariam potências mundiais, bem como o Egito. Muitas vezes, essas nações pelejaram pelo domínio universal. Canaã estava no centro entre Mesopotâmia e Nilo. Passagem compulsória tanto para assírios e caldeus quanto para egípcios, Canaã se tornou o centro do Fértil Crescente, terra disputada pelas potências do mundo antigo. Por isso, o Antigo Testamento registra muitas vezes Israel ameaçado pelos assírios e caldeus, recorrendo ao poderio militar do Egito e vice-versa. Quando Nabopalassar, auxiliado por Ciaxiares, rei dos persas, destruiu Nínive e sepultou o grande Império Assírio, lançou as bases do Império Caldeu, com capital em Babilônia. Todas essas potências perseguiram Israel e atacaram o Egito, que revidou. Judá tentou, mas não se livrou do poder dos gregos. Os romanos subjugaram Israel e destruíram Jerusalém em 70 d.C. O Estado judaico só foi restaurado em 1948. Desde que o judeu se implantou na Palestina, nos meados do século XX, o mundo todo passou a se interessar pelo Oriente Médio. Até os árabes, esquecidos por séculos, passaram a ocupar lugar proeminente entre as nações. Os árabes se impõem pelo petrodólar; os judeus, pelo valor espiritual. Israel retornou à terra que Deus deu a Abraão e à sua descendência em possessão perpétua, conduzido pelo braço do Senhor, porque lhe está reservado, por profecias, papel importante nos acontecimentos que precederão o arrebatamento da igreja, a grande tribulação, a volta de Jesus e o milênio. Israel, mais uma vez, ocupando o centro das atenções da terra e de Jerusalém, é a “coroa de todas as terras”. Outra vez citamos James Adams: Em termos longitudinais, os países principais do mundo bíblico ficaram bem dentro dos arcos que representam 55º leste e 5º a Oeste, um território que se estende do Planalto Pérsico ao Estreito de Gibraltar. Correspondentemente, essa área geográfica caía dentro da Latitude Norte entre 20º e 45º. Em termos continentais, os pontos distantes do painel bíblico são limitados pelo Norte da África, Ásia Ocidental e Europa Meridional. O horizonte do mundo Antigo Testamentário está marcado pelo Ponto Euxino, mar Cáspio, golfo Pérsico e mar Vermelho, tendo como coração do Território, o Litoral do Mediterrâneo.3 O mundo do Novo Testamento inclui as regiões do Oriente Médio, mais Macedônia, Grécia, Itália, Egito, Ásia Proconsular, Palestina e Síria. Sete rios marcaram o curso de acontecimentos no Antigo Testamento: Nilo, Jordão, Leontes, Orontes, Abana, Tigre e Eufrates; enquanto no Novo Testamento apenas três: Jordão, Orontes e Tigre. De toda essa vastidão geográfica, os ... Arquivo da conta: ipat Outros arquivos desta pasta: Dicionário - Léxico do Novo Testamento - Grego Português (F. Wilbur e F. Danker).pdf (1734 KB) Dicionario da biblia de almeida - 2a. edicao (Sbb).pdf (2145 KB) Dicionário De Pensadores Cristãos(1).pdf (1757 KB) DICIONARIO BIBLICO DE VERBETES.doc (149 KB) Comentário Bíblico NVI - F. F. BRUCE - Completo.pdf (95088 KB) Outros arquivos desta conta: 01-Gênesis 02-Êxodo 0-CONHEC. O TALMUDE. 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