A PREMÊNCIA DA CRIATIVIDADE (páginas de 7 a 9), extraído de texto TRANSFORMAÇÕES NA SOCIEDADE BRASILEIRA ENVELHECIMENTO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA OS NOVOS IDOSOS (CARPE DIEM), de autoria da Professora Nylse Cunha, especialista em Brinquedotecas e no brincar em relação a crianças deficientes ou crianças sem limitações do Instituto Indianópolis, São Paulo Texto digitado em S. Paulo, por Maria Amélia Vampré Xavier, da Rede de Informações Área Deficiências, da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, Fenapaes, Brasília (Diretoria para Assuntos Internacionais), Rebrates-SP, Carpe Diem-SP, Sorri Brasil-SP, Inclusion Interamericana e Inclusion International em 28 de abril, 2009 Vamos a mais um precioso trecho do trabalho criativo da professora Nylse Cunha: A PREMÊNCIA DA CRIATIVIDADE O avanço tecnológico abriu novos campos para o exercício da criatividade, entretanto, os processos educacionais massificantes, a pressão do racionalismo focado em resultados e, principalmente, o medo de errar ou de ser ridicularizado, desestimulam iniciativas criativas. A super-valorização dos recursos tecnológicos e o crescimento populacional levaram as Escolas a adaptarem-se para atender maior número de alunos. Dentro de uma posição muito objetiva, conteúdos passaram a ser estruturados e as respostas programadas, não deixando espaço para manifestações pessoais; a criatividade passou assim a ser punida, pois foi substituída pela “resposta esperada”. Não se pode criar onde tudo está tecnicamente programado; a criança que nasceu dotada de singular criatividade e vontade de conhecer o mundo ao seu redor, vai sendo adestrada para tornar-se um estudante que consiga bom desempenho dentro dos padrões rigidamente estabelecidos. Esse tipo de situação ensino-aprendizagem mobiliza o pensamento convergente mas, a criatividade é uma atividade de pensamento divergente, assim como o processo de busca de soluções. Por maior que seja o acervo de informações, elas só serão úteis se forem usadas de maneira eficaz e isto requer criatividade. O processo criativo pode nascer de um desafio ou de uma inspiraçã, não acontecerá se não existirem as condições necessárias. Alguns fatores podem ser indicados como facilitadores desse processo: auto-conceito positivo, incentivo à auto-expressão, aceitação do pensamento divergente, possibilidade de aproveitamento de experiências anteriores e coragem para errar. Goethe já dizia que toda busca envolve vários erros, quem não tem coragem de errar não dá um passo no sentido do novo e prefere trilhar caminhos já trilhados e restringir-se a citar e analisar o que já foi dito antes. Pode ser que existam momentos na vida em que este tipo de atitude até seja coerente, mas, para enfrentar novas situações são necessárias novas posturas. É preciso livrar-se do compromisso com o êxito para poder criar. O êxito como objetivo é castrador da criatividade e pode significar concessão à mediocridade. O conceito de êxito varia de acordo com a escala de valores que se tem como referência. A necessidade de sucesso está ligada à necessidade de provocar admiração, conseguir afeto, portanto, para não ter medo de errar, é preciso sentir-se aceito e seguro. Dentro dos sistemas competitivos, o êxito é indispensável e depende muitas vezes de que se cumpram as regras estabelecidas pelo sistema. Pesquisa apresentada no livro “Criatividade, Expressão e Desenvolvimento”, cita fatores como disponibilidade que, além da motivação, interferem bastante. A pessoa que está sobre pressão de responsabilidade, por exemplo, não está emocionalmente livre para criar. A motivação, a capacidade de desencadear uma ação, é um fator determinante do comportamento humano e fundamental para a criatividade. A motivação extrínseca está relacionada à capacidade de perceber o mundo e de receber estímulos. A motivação interior depende da sensibilidade e da abertura pessoal para o mundo interior. Nem todas as pessoas têm uma boa comunicação consigo mesmas. Posturas excessivamente críticas bloqueiam o processo criativo, para o qual é necessário ser tolerante, ter interesse pelo novo e apreciar o diferente. O principal aspecto da criatividade é o que se manifesta como uma forma de SER, de viver, de interagir e de expressar-se. Esta é a criatividade que realmente pode provocar melhoria na qualidade de vida das pessoas, muito especialmente dos idosos, porque facilita o ajustamento psicológico e social do indivíduo, favorecendo a compreensão de situações que possam ocorrer nas relações com o meio e nos processo inter e intrapessoais. As ações educativas deveriam ser libertadoras e não condicionantes. Não se pode aceitar que o ser humano que nasce tão único, sofra processos educacionais que o transformem em cópia de alguns modelos pré-sonhados ou pré-estabelecidos. Na terceira idade a criatividade precisa ser resgatada, ou a qualidade de vida será seriamente comprometida. A construção do ser humano não pode ser interrompida especialmente nesta fase da vida e o contexto social deve favorecer o processo dialético de sua construção. Ser criativo é viver o aspecto divino do ser humano e as pessoas precisam estar conscientes do poder que possuem para poder usá-lo no seu processo de libertação. Padre Antonio Vieira em seus Sermões dizia: “ Não importa o que as circunstâncias fazem do homem mas o que ele faz do que fizeram dele. “ Terminamos de digitar mais um trecho do excelente trabalho da professora Nylse Cunha, tendo sempre aprendido mais do que sabíamos graças ao talento e à criatividade, bem realçada, de nossa amiga de tantos anos.