trabalho de estlística da frase

Propaganda
UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
ICSC – INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO
CURSO DE LETRAS
Christiane Sampaio Camargo
Katlin Sâmela Pinho Ribeiro
Estilística da Frase
Limeira
2008
2
Christiane Sampaio Camargo RA. 895598-0
Katlin Sâmela Pinho Ribeiro RA. 079771-5
Estilística da Frase.
Trabalho
Semântica
apresentado
e
Estilística
a
disciplina
da
Língua
Portuguesa, ao curso de Licenciatura em
Letras – 6º semestre, da UNIP, como
requisito parcial.
Prof.ª
responsável:
Oliveira Santos.
Limeira
2008
Dra.
Mônica
de
3
SUMÁRIO
0. INTRODUCAO..................................................................................................4
1. ESTILÍSTICA DA FRASE................................................................................4
2. ELIPSE................................................................................................................6
3. ZEUGMA.............................................................................................................7
4. PLEONASMO OU REDUNDÂNCIA...............................................................7
5. HIPÉRBATO.......................................................................................................8
6. ANÁSTROFE......................................................................................................8
7. PROLEPSE.........................................................................................................9
8. SINQUESE..........................................................................................................9
9. ASSINDETO........................................................................................................9
10. POLESSINDETO..............................................................................................10
11. ANACOLUTO...................................................................................................10
12. SILEPSE.............................................................................................................11
13.
14. ANADIPLOSE..................................................................................................12
15. ANÁTROFE OU INVERSÃO.........................................................................12
16. CLIMAX OU GRADAÇÃO............................................................................12
17. COMPARAÇÃO OU SIMILE........................................................................12
18. INFINITIVO FLEXIONADO.........................................................................13
19. COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ATONOS..............................................13
20. A INTERROGAÇÃO......................................................................................13
21. ESTILO DIRETO, INDIRETO E INDIRETO LIVRE................................14
22. FRASE DE ARRASTÃO..................................................................................14
23. FRASE ENTRECORTADA.............................................................................15
24. FRASE DE LADAINHA...................................................................................15
25. FRASE LABIRÍNTICA OU CENTOPEICA.................................................15
26. FRASE FRAGMENTÁRIA..............................................................................16
27. FRASE CAÓTICA E FLUXO DE CONSCIÊNCIA: MONOLOGO E
SOLILÓQUIO...............................................................................................................17
28. FRASES PARENTÉTICAS OU INTERCALADAS......................................17
29. CONCLUSÃO....................................................................................................18
30. REFERENCIASBIBLIOGRÁFICA...............................................................19
4
0. INTRODUÇÃO
Este trabalho consiste em estudar a estrutura formal da frase e suas feições
estilísticas, a sintaxe, suas combinações e relações entre as palavras, com base em
alguns autores que procuram conceituar esse nível de linguagem. Por eles são abordadas
de maneiras um tanto distintas, embora tenham um mesmo objetivo, mas trabalha a
conceituação com nomenclaturas diferentes e a abordagem, por muitas vezes se
diferenciam. No decorrer do trabalho serão mencionados, na medida do possível,
diversos pontos de vista colocados pelos autores aqui estudados.
1. ESTLÍSTICA DA FRASE
De acordo com Othon Garcia, a feição estilística da frase, como é tratada por ele,
considera a forma de expressão peculiar a certo autor em certa obra de certa época.
Segundo ele, “estilo é tudo que individualiza obra criada pelo homem, com resultado de
um esforço mental, de uma elaboração do espírito, traduzido em idéias, imagens ou
formas concretas” (GARCIA, 2002, p.122).
Rocha Lima trata esta questão da estilística como Estilística Sintática. E para ele,
“um dos casos mais notórios de impregnação afetiva da frase é a mudanças de
tratamento – com a qual se assinala inesperada mudança de atitude do sujeito falante em
relação ao ouvinte” (LIMA, 2002, p.488).
O autor Lima coloca a relatividade quanto a questão do tratamento estilístico aos
pronomes nas frases, que varia seu estilo movendo, algumas vezes, com a concordância,
sendo que o sentido permanece relativo com a construção que o escritor pretende
atingir.
EX:
“Eu sou aquela que, na estação,
Depois do abraço arrancado do ultimo instante,
Viu desaparecer na portinhola do vagão
Meus dois rapazes,
Moços, belos, audazes...” (Poema de Maria Eugenia Celso).
Explica o autor, que a sintaxe lógica exigiria o possessivo seus: “Eu sou aquela
que viu desaparecer seus dois rapazes...”, mas o sentimento de posse que a autora
pretende atingir, se realiza com o possessivo da primeira pessoa.
5
“– Sim, eu agora ando bom... e tu, meu Luís, como vamos de saúde?” (Garret).
Nota o autor, a discordância de tu e vamos, pois esse vamos, “de flagrante valor
estilístico, frisa a cordialidade da nossa pergunta, comunicando a frase um ar de
intimidade carinhosa, já preparado, alias, pelo vocativo – meu Luis -, onde o possessivo
meu como que movera antecipadamente a sensibilidade do autor” (LIMA, 2002, p. 489).
Tanto Celso Cunha como Faraco & Moura tratam da Estilística da frase como
figuras de sintaxe. Para Celso Cunha nem sempre as frases se organizam com
absoluta coesão gramatical e segundo Faraco & Moura a função da linguagem
figurada é provocar uma surpresa no leitor, fazendo-o prestar atenção não só no que
o autor diz, mas no como se construiu o texto, essa surpresa decorre ser um desvio
em relação à linguagem predominantemente informativa. A esse desvio o autor dá o
nome de figura completa.
As figuras de sintaxe são apresentadas por Celso cunha como empenho de
maior expressividade que nos leva, com freqüência, a superabundâncias, a desvios, a
lacunas nas estruturas frásticas tidas por modelares. Em tais condições, explica o
autor que tais construções a coesão gramatical é substituída por uma coesão
significativa, condicionada pelo contexto geral e pela situação.
Faraco & Moura classificam a figura como um recurso de linguagem que
consiste em apresentar uma idéia por meio de combinações incomuns de palavras,
sendo que a mesma resulta de um desvio da norma. Para os autores é um erro supor
que figuras de estilo ou de sintaxe são exclusivamente do texto literário, pois embora
sejam freqüentes na literatura, as figuras podem ocorrer em qualquer situação de
comunicação como:
EX: a) Na Propaganda: A fera de passar (Texto de publicidade de um ferro de
passar roupa).
b) Na fala coloquial: Ele está matando cachorro a grito (expressiva uma
situação de necessidade, de privação).
c) Na imprensa: Sangue novo no Governo (Zero Hora)
d) Nas letras de música: Meu cartão de crédito é uma maravilha (Cazuza).
6
Na propaganda há um sentido de chamar à atenção dos clientes, na gíria a
linguagem procura diferenciar um determinado grupo e tanto na música como na
literatura, a finalidade primordial é atender à necessidade de expressão do autor,
afirma Faraco & Moura.
Em sua gramática, Celso Cunha compartilha os processos expressivos das
figuras de sintaxe como aquelas que provocam particularidades de construção. Para
explicar as figuras de sintaxe, ele as explica de forma seqüencial sem divisão, com
exceção da elipse que o autor a subdivide como elipse do processo gramatical e do
processo estilístico.
2. ELIPSE
Para Faraco & Moura Elipse trata-se de uma figura de construção e uma
omissão de palavras que podem ficar facilmente subentendidas, conforme o exemplo
abaixo:
Toda a cidade parada por causa do calor (Toda cidade estava parada por
causa do calor).
Celso Cunha aponta outros exemplos de Elipse como processo gramatical,
termo que pode ser manifestado pelos seguintes pontos:
Sujeito:
Ternura sacudiu os ombros, no susto. Ergueu a cabeça, fixou Manuel: - Para
onde?- exclamou. (A.M. MACHADO, JT, 135)
Verbo (Parcial ou total)
Vão os dois em dialogo Peripatético, ele em passo largo, ela no vôo. (C.
Drummond de Andrade, CB, 26)
Preposição que introduz certos adjuntos:
Miguel foi atrás dela, mãos nos bolsos, falando calmo, falando calmo.
(Luandino), VVDX, 69).
Preposição de antes da integrante que introduz as orações indiretas e as
completivas nominais:
Tem medo que fique alguém fora da malhada! (Alves Redol, G, 65)
7
Conjunção integrante que:
Não cuideis seja a masmorra...
Não cuideis seja o degredo... (C. Meireles, OP, 862).
Celso Cunha define a elipse também como processo estilístico usado de
preferência naqueles tipos de enunciado que se devem caracterizar pela concisão ou
pela rapidez:
Ex: Subiu a escada. A cama arrumada. O quarto. O cheiro do jasmineiro. E a
voz de uma das filhas, embaixo:
- Papai! O telefone... – descrição esquemáticas de ambientes e estados de
alma.
(A.M.Machado, CJ, 119)
EX: - Meu dito, meu feito – pensamento condensado, provérbios, ditos.
(Machado de Assis, O, I, 634).
3. ZEUGMA
Para Celso Cunha a Zeugma é uma das formas da elipse. Consiste em fazer
participar de dois ou mais enunciados um termo expresso apenas em um deles:
EX: Na vida dela houve só mudança de personagens; na dele mudança de
personagens e de cenários. (J. Paço D´Arcos, CVL, 249.)
Isto é: na dele houve mudanças de personagens e de cenários.
Faraco & Moura apontam a Zeugma como a omissão de uma palavra já expressa
anteriormente na oração, trata-se de um caso especial de elepse.
EX: Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida no teu seio mais amores (Nossa vida tem mais amores)
4. PLEONASMO OU REDUNDÂNCIA
Faraco & Moura definem Pleonasmo ou Redundância como o emprego de
palavras ou expressões de significado semelhante, próximas uma da outra.
8
EX: Vi a cena com meus próprios olhos.
Celso Cunha divide o Pleonasmo em vicioso, epíteto de natureza e ainda
objeto pleonástico.
Exemplos: Fazer uma alocução – o pleonasmo vicioso só de justifica para dar
maior relevo, para emprestar maior vigor a um sentimento ou pensamento.
EX: Ó mar salgado, quando do teu sal
São lágrimas de Portugal (F. Pessoa, OP, 19) – epíteto de natureza usa
expressões do tipo céu azul, fria neve, prato verde, mar salgado.
Outro elemento ainda abordado por Celso Cunha é o objeto pleonástico
definido como um realce ao objeto direto e geralmente ele é colocado no inicio da
frase, depois, repeti-lo com a forma pronominal o (a, os, as).
EX: As posições conquistara-as umas após outras (C. dos Anjos, M, 163).
5. HIPERBATO
A figura estilística Hipérbato é definida por Celso Cunha como separação de
palavras que pertencem ao mesmo sintagma, pela intercalação de um membro
frástico. Fora & Moura já definem Hipérbato como uma figura de construção que
designa qualquer tipo de inversão mais violenta que a anástrofe na ordem das
orações de um período ou das palavras na oração.
Exemplo de Celso Cunha: Da tarde o murmurar se cala (Casimiro de Abreu)
(O murmurar da tarde se cala)
Exemplo de Fraco & Moura: Essas que o vento vê
Belas chuvas de junho! (J. Cardoso, SE, 16).
6. ANÁSTROFE
Segundo Celso Cunha e Faraco & Moura, Anástrofe é o tipo de inversão que
consiste na anteposição do determinante (preposição+substantivo) ao determinado, e
trata-se de uma figura de construção decorrente do desvio da norma de colocação
das palavras na frase.
Exemplos de Celso Cunha:
9
Vingai a pátria ou valentes
Da pátria tombai no chão!
(Fagundes Varela, PC, I, 159).
Exemplo de Faraco & Moura:
Tremia ela muito... (Dinah Silveira de Queiróz)
(Ordem direta: Ela tremia muito).
7. PROLEPSE
Prolepse segundo a gramática de Celso Cunha aponta esta figura que consiste
na deslocação de um termo de uma oração para outra que a preceda.
EX: Os pastores parece que vivem no fim do mundo
(Ferreira de Castro, OC, I, 435).
8. SINQUESE
Sínquise é a inversão de tal modo violenta das palavras de uma frase, que torna
difícil a sua interpretação, afirme Celso Cunha.
Ex: Lícias, pastor – enquanto o sol recebe,
Mugindo, o manso armento e ao largo espraia,
Em sede abrasa, qual de amor por Febe
- Sede também, sede maior, desmaia
Entende-se: “Lícias, pastor, enquanto o manso armento recebe o sol e,
mugindo, espraia ao largo -, abrasa em sede, qual, desmaia de amor por Febe, sede
também, sede maior.”
9. ASSINDETO
Faraco & Moura definem Assíndeto como uma figura de construção que
consiste na supressão de uma conjunção coordenativa entre palavras de uma frase ou
entre orações de um período. O gramático Celso Cunha descreve Assíndeto quando
acontece quando as orações de um período ou as palavras de uma oração se sucedem
10
sem conjunção de um período ou as palavras de uma oração se sucedem sem
conjunção coordenativa que poderia enlaçá-las.
Exemplo de Celso Cunha: Vim, vi, venci.
10. POLESSINDETO
(Forma esperada: Vim, vi, venci).
O Polissíndeto é a repetição intencional de conjunções coordenativas, ligando
palavras ou orações de um período, afirma Faraco & Moura. Segundo Celso Cunha
essa figura é o contrário do assíndeto, ou seja, é o emprego reiterado de conjunções
coordenativas, especialmente aditivas.
Exemplo de Faraco & Moura: ...as casas são podres e os homens pobres, e
muitos são parados e doentes e indolentes... (Rubem Braga)
Exemplo de Celso Cunha: Fui cisne, e lírio, e águia, e catedral!
11. ANACOLUTO
Na gramática de Rocha Lima, o Anacoluto consiste numa desconexão sintática,
que se resulta do desvio do plano de construção da frase, iniciando com determinada
estrutura, de súbito ela se interrompe e envereda por outro rumo.
EX:
“Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteada dos heróis na lança,
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...” (Castro Alves).
Afirma Lima, que a oração iniciada pelo pronome tu continua, com estrutura
diferente, no terceiro verso; dela, na forma originaria, só ficou o sujeito, sintaticamente
desligado do resto do período, e, portanto sem função que exercer. O que determina o
anacoluto é a colocação, no rosto do período, do elemento de maior relevo psicológico.
“Nele se concentra por tal forma o nosso interesse, que não prestamos atenção a
regularidade sintática e o deixamos a valer por si, sem ligação com os demais membros
da frase.
Segundo a gramática de Celso Cunha Anacoluto apresenta a mudança de
construção sintática no meio do enunciado, geralmente depois de uma pausa
sensível. Faraco & Moura definem Anacoluto como uma figura em que uma ou mais
11
palavras de período não se relacionadas palavras posteriores de acordo com as regras
normais da sintaxe.
Exemplo Faraco & Moura: No jogo do América contra o Olaria, puxa vida,
houve uma briga também comigo no Olaria e me jogaram pedra. (Entrevistas do
Pasquim).
A gramática de Celso Cunha aponta Anacoluto como uma mudança de
construção sintática no meio do enunciado, geralmente depois de uma pausa
sensível, como no exemplo abaixo:
No berço, pendente dos ramos floridos,
Em que eu pequenino feliz dormitava:
Quem é que esse berço com todo o cuidado
Cantando cantigas alegre embalava?
(C. de Abreu, O, 78).
12. SILEPSE
Segundo as gramáticas de Fraco & Moura e de Celso Cunha Silepse é a
concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras, mas com o seu
sentido, com a idéia que elas expressam. É também chamada de concordância
ideológica.
Exemplos: São Paulo já está fria nessa época do ano (o adjetivo fria concorda
não com o substantivo São Paulo, mas com o termo subentendido cidade)
A gramática de Celso Cunha ainda apresentada dentro da figura citada acima a
Silepse de número , de gênero e pessoa.
Exemplos: Deu-me noticias da gente Aguiar; estão bons (OC, I, 1093)
- Imediatamente, pode Vossa Excelência ficar descansado!... (B.
Santareno, TPM, 119.)
Todos entramos imediatamente (O. Lara Resnde, BD, 25)
13. ALITERAÇÃO
12
A aliteração é a repetição de fonemas idênticos ou semelhantes apresenta
Faraco & Moura.
EX: Fulge um fino Fulgor na face fina (Mario Jubim)
14. ANADIPLOSE
Anadiplose consiste no repetir, no inicio de uma oração ou de um verso, a
ultima palavra da oração ou do verso, descreve a gramática de Faraco & Moura.
EX: Ofendia-vos, meu Deus, é bem verdade,
Verdade é meu Senhor, que hei delinqüido,
Delinqüido vos tenho, e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade (Gregório de Mattos).
15. ANÁSTROFE OU INVERSÃO
Segundo Faraco & Moura Anástrofe ou Inversão trata-se de uma figura de
construção decorrente do desvio da norma de colação das palavras na frase – a
ordem direta. A anástrofe é uma inversão mais suave que o hipérbato.
Exemplo: Tremia ela muito... (Dinah Silveira de Queiroz)
(Ordem direta: Ela tremia muito).
16. CLIMAX OU GRADAÇÃO
O Clímax ou Gradação consiste em apresentar idéias em andamento crescente
ou decrescente, por maio de palavras diferentes, de diferentes significados afirma
Faraco& Moura.
Exemplo: O ar que queima os seus pulmões sadios
Férreos, beróicos... (Luiz Aranha).
17. COMPARAÇÃO OU SIMILE
A Comparação ou Símile consiste no confronto de duas realidades, entre as
quais se depreendeu alguma semelhança. Por meio desse processo estabelece-se um
13
paralelo entre dois significados. Sendo um dos recursos básico da linguagem, é a
figura em que se fundamentam várias outras.
Exemplo: Partiu-se meu rosto em chispas
Como as estrelas num poço. (Cecília Meireles)
Em seguida serão apresentadas algumas figuras de estilo não citadas nas
gramáticas anteriores, cujos exemplos e definições estão na gramática de Rocha Lima.
18. Infinitivo Flexionado
Para o autor, certos casos de infinitivo flexionado antes se apresentam como
exigências da manifestação psíquica e do apelo.
EX> “Queres ser mau filho, mau amigo, deixares uma nódoa d’infâmia na tua
linguagem?” (Alexandre Herculano).
A esse respeito, explica o autor, que a flexão (deixares) não é requerida pela
clareza, senão pela ênfase: a intenção de reforçar a presença do sujeito (já presente em
queres).
19. Colocação dos Pronomes Átonos
Na colocação dos pronomes oblíquos, ressalta o autor sobre a construção do
pronome com o verbo, considerando estes como ênclise ou próclise.
EX:
“Dá-me” (essa construção esconde, de certa forma, o pronome,dando
maior ênfase ao verbo.
Assim cita o autor João Ribeiro, que explica a ênclise com o imperativo
um índice da atitude voluntariosa e atribua a próclise i caráter de delicada insinuação.
20. A interrogação
Através dessa questão da interrogação estabelecida pelo autor, aqui se pode
destacar o deslocamento do sujeito e do verbo no enunciado, de maneira, e que de certa
forma, representa uma comunicação cabível ao sentimento. Com os advérbios e
pronomes interrogativos determina-se uma ordem de conformidade.
EX: “Que desejas tu?” .
14
Com a locução idiomática colocamos em evidencia o termo pelo qual queremos
questionar.
EX:
“Que é que você deseja?”.
Com o desdobramento do pronome pode-se valorizar o interrogativo que.
EX:
“O que desejas aqui?”.
Quando o nosso interesse cai sobre o sujeito temos a faculdade de transpô-lo
para o inicio da oração.
EX:
As crianças como vão? ao invés de, Como vão as crianças?.
21. Estilo direto, indireto e indireto livre
Inclui tam bem o autor dentro dos casos de estilística sintática, os estilos:
1. Estilo direto: que dá a voz a personagem reproduzindo textualmente suas
palavras através de verbos dicendi (disse, acrescentou, perguntou, respondeu).
2. Estilo indireto: o autor encaixa no seu próprio discurso as palavras da
personagem.
3. Estilo indireto livre: o autor do texto constrói dois períodos dos quais
encerram o pensamento do falante.
EX:
Estilo direto: O delegado, que estava indeciso, perguntou de si para si:
“A quem interessará o crime?”.
Estilo indireto: O delegado, que estava indeciso, perguntou de si para si a
quem interessaria o crime.
Estilo indireto livre: O delegado estava indeciso. A quem interessaria o
crime?
22. FRASE DE ARRASTÃO
De acordo com Garcia, a frase de arrastão é o processo de estruturação de frase exige
pouco esforço mental no que diz respeito a inter-relação entre as idéias, satisfaz
plenamente quando se trata de situações muitos simples. Por isso, é mais comum na
língua falada, em que a situação concreta. É uma seqüência cronológica de
coordenações, arrastando a idéia, pormenorizando o pensamento.
15
EX: Cheguei à porta do edifício, toquei a companhia e esperei algum tempo mas
ninguém atendeu, pois já passava das dez horas.
23- Frase entrecortada
Moldada a imagem da phrase coupée dos franceses, ela foi alvo de chacotas e
acervos ataques dos críticos e representantes da literatura anterior ao modernismo, como
José Oiticica, que a chamava, com incontida indignação, “estilo picadinho” ou “frase
picadinha”. Essa atomização do pensamento apresenta, é certo, a vantagem de lhe tornar
mais fácil a compreensão. O leitor apreende prontamente o enunciado de cada unidade
nas pausas que intercalam. Se não há necessidade de mostrar a coesão intima entre as
idéias, suas relações de mutua dependência, esse tipo de construção o se torna bastante
expressivo.
No seguinte exemplo, de Érico Veríssimo, a frase entre cortada de pontos é
forma adequada à descrição da cena e aos propósitos do autor:
Cheguei em casa e perdi o sono. Li um pouco e depois fui deitar. Era mais de
meia noite e eu ainda não havia dormido. Ouvi um barulho na rua. Uma pessoa vinha
meio cantando meio chorando. Parecia uma voz conhecida
24– Frase de ladainha
Variante da frase de arrastão é que poderíamos chamar de ladainha. Dosado às
vezes de certo lirismo ingênuo, em tom coloquial ameno, mas caracterizado por um
primarismo sintático à outrance, esse tipo de construção, quando manejado por
principiantes, pode tornar-se monótono e cansativo na sua interminável sucessão de
orações coordenadas por “e”, com pouquíssimas subordinadas que não sejam adjetivas
introduzidas por “que”.
E ele encarará contra as ilhas, e tomará muitas delas; e fará deter o autor do
seu opróbrio e o seu opróbrio virá a cair sobre ele;
25 - Frase labiríntica ou centopeica
Na pena de certos escritores que chamamos de períodos “tenso” pode degenerar
numa frase caudalosa e confusa. Se, por exemplo, a prótase se alonga em demasia por
uma serie de membros que afastam o desfecho (apódose) para alem da resistência da
16
atenção, o efeito pode ser – e geralmente é – negativo: um período reptante, centopeico,
embaraçado nos seus numerosos “pés”, a maneira proustiana. Mas, ao contrario dos
miriápodes, não leva a lugar algum: perde-se nos meandros das suas artimanhas.
(p.131).
Nesse erro incide Pedro Lessa:
Hoje, quando no seio de uma família numerosa há um jovem que, por falta de
certa vivacidade de espírito e de outros predicados naturais, ou dos que se adquirem
pelo esforço e pelo trabalho, não pode granjear os meios de subsistências, e menos
ainda de obter qualquer colocação saliente, ou um ancião, vencido na vida, para quem
a fortuna foi descaroável madrasta nas profissões que tentou, sem disposição alguma
para o exercício de qualquer mister conhecido e licito;dá-se não raro uma espontânea
conspiração entre os conjuntos por parentescos de um ou de outro, os políticos
militantes e os detentores do poder, para elevar o inclassificável as varias posições
política, então, com o mais bem aventurado jubilo dos chefes das agremiações assim
enriquecidos, esse vai ser o legislador, esse vai ser o estadista.
Às vezes, um autor, cujo estilo é em geral simples, claro e conciso, deixa escapar
um período labiríntico lamentável.
26 - Frase fragmentária
Examinemos o seguinte trecho de Jorge Amado:
Há muito que os médicos haviam descoberto que aquela febre que matava até
macacos era tifo.
Existem aí quatro orações, mas uma só frase integra, que, no âmbito restrito da
analise sintática, se chama, como sabemos, período. Nenhuma dessas orações encerra
um pensamento completo, pois qualquer delas é parte de outra. Isoladamente constituem
fragmentos de frase:
- Há muito, é uma oração e não uma frase, seu sentido só se completa no resto
do período.
- que os médicos haviam descoberto, é também uma oração e não uma frase, seu
sentido só se completa no resto do período.
- que matava até macacos, adjunto adnominal.
- que aquela febre, objeto direto.
17
Donde se conclui que toda oração subordinada é um fragmento de frase, tanto
quanto os adjuntos. O trecho abaixo, adaptado de redação de aluno da bem uma idéia do
que é frase fragmentaria.
A festa da inauguração da nova sede estava esplendida. Gente que não acaba
mais. Todos muito animados. Mas uma confusão tremenda. E um calor insuportável.
De rachar. De modo que grande parte dos convivas saiu muito antes de terminar, muito
antes mesmo da chegada do Governador. Porque não era possível agüentar aquele
aperto, aquela confusão. E principalmente o calor.
27 - Frase caótica e fluxo de consciência: monologo e
solilóquio
Frase caótica, denominação que não tem nenhum sentido depreciativo. Trata-se
de uma frase que muito nos lembra “depoimento” feito em divã de psicanalista, como
expressão livre, desinibida, desenfreada, de pensamentos e emoções.
Sua feição mais comum é a do monologo interior, em que o narrador apresenta
as reações intimas de determinada personagem como se as surpreendesse como se elas
brotassem diretamente da consciência, livres e espontâneas. Daí, o sei feitio incoerente,
incoerência que pode refletir-se tanto numa ruptura dos enlaces sintáticos tradicionais
quanto numa associação livre de idéias aparentemente desconexas. O autor tenta assim
traduzir o “fluxo de consciência”.
Esse aspecto alógico, incoerente ou difuso, é o que distingue, segundo Robert
Humphrey, o monologo interior do solilóquio dramático do tipo hamletiano, que é
coerente e lógico por presumir a presença de leitor ou ouvinte, a quem indiretamente se
dirige. Mas tanto um quanto o outro se servem de preferência do discurso direto ou do
indireto livre.
28 - Frases parentéticas ou intercaladas
Existe, no âmbito da justaposição, uma classe de orações que não pertence
propriamente a seqüência lógica das outras do mesmo período, no qual se inserem como
elemento
adicional,sem
travamento
sintático
e,
freqüentemente,
se
não
predominantemente, com propósito esclarecedor. Múltiplas nas suas acepções, elas
denunciam, na maioria dos casos, um como o que segundo plano do raciocínio, uma
espécie de pensamento em surdina. Habitualmente intercaladas no período e, via de
regra, entre parênteses, elas se infiltram na frase pelo processo da justaposição; daí a sua
18
tríplice denominação: justapostas/ intercaladas/ parentéticas (ao pe da letra, nem todas
são, pelo menos materialmente, parentética – pois, podem vir entre virgulas ou
travessões – ou legitimamente intercaladas – muitas vem no fim e não no meio do
período).
Dentre as de acepções mais facilmente inidentificáveis, destacam-se as que
servem:
1. para a intercalação ou aposição: de um esclarecimento de valor circunstancial
(de tempo, concomitância, causa, conformidade, comparação), de um esclarecimento ou
informação adicional com valor de adjetivo ou de aposto, de uma espécie de aparte
afetivo-desiderativo, de uma escusa, de uma ressalva ou observação denotadora (de
exclusão, correção, hipótese, advertência, duvida, apelo, desejo ou esperança,
concessão)
2. para notações descritivas (de um gesto, atitude, modo de falar), inseridas pelo
narrador na fala de uma personagem.
3. para indicações, no discurso direto, do interlocutor que esta com a palavra,
bem como do autor ou fonte de uma frase citada.
29 - Conclusão
Para dar termino a este trabalho, é importante ressaltar que os conceitos são
muitos e varia conforme o ponto de vista de analise de cada autor, ao tratar de
determinado assunto, pois cada um aborda a maneira que lhe é cabido. Considerando a
gramática um aspecto fundamental na aprendizagem da língua portuguesa, entretanto,
muito complexa, não se encontra nada limitado aqui.
Esse trabalho de pesquisa tem um papel fundamental para a formação do
professor de língua portuguesa, pois se tem a oportunidade de aproximar mais com o
estudo formais e estilísticos da linguagem, considerando o nível aqui tratado, a frase.
19
BIBLIOGRAFIA
CUNHA, Celso – Nova Gramática do português contemporâneo / Celso Cunha, Luiz F,
Lindley Cintra. – 3. ed. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
FARACO & MOURA. Gramática. 19. ed. São Paulo: Ática, 2001. p. 428 – 567.
GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 21. ed. São Paulo: Fundação
Getúlio Vargas, 2002, p.99-146.
LIMA. Rocha. Funções da linguagem – Gramática e estilística. In. Gramática
normativa da língua portuguesa. 42ed.Rio de Janeiro: José Olímpio, 2002, p.475-492.
Download