Belo Horizonte, 22 de novembro de 2010. Comissão Nacional discute importância de identificação geográfica - FAEMG A Comissão Nacional do Café da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) começou a discutir, nesta quinta-feira (18), a importância de adotar critérios de identificação geográfica para o café. Esta metodologia permite a diferenciação do produto e abre a possibilidade de o cafeicultor receber mais pelo produto no momento de comercialização da safra. "A indicação geográfica é um caminho para se conseguir um diferencial em termos de preços. As características regionais e as qualidades de cada produto são consideradas e valorizadas no momento da venda", afirma o presidente da Comissão da CNA, Breno Pereira de Mesquita. No Brasil, os cafeicultores produzem vários tipos de cafés em diferentes regiões e, na maioria das vezes, as características desses produtos não são levadas em conta no momento da negociação porque o café é vendido como "commodity". Ele lembra que outros países produtores e exportadores de café já adotaram a política de identificação geográfica, como é o caso da Guatemala. "Apesar do bom momento em termos de preços, é preciso garantir mais espaço para o café brasileiro no mercado mundial e a indicação geográfica é uma alternativa", afirma. Além de técnicos da CNA, representantes da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), de universidades e institutos de pesquisa participaram da reunião, realizada na sede da CNA, em Brasília. Na reunião, especialistas informaram que há dois tipos de indicação geográfica (indicação de procedência e denominação de origem). Em ambos, a identificação é uma forma de agregar valor e dar credibilidade a um produto ou serviço, conferindo a ele um diferencial de mercado em função das características de seu local de origem. Para o consumidor, a indicação de origem garante a qualidade do produto que está sendo adquirido. CNA Insumo: Reajuste no valor da vacina contra aftosa não afeta custos do produtor - DBO Com a valorização do boi gordo, aumento no preço do medicamento foi anulado. Segundo levantamento da Scot Consultoria, em São Paulo, o preço médio da dose da vacina contra febre aftosa em novembro está em R$1,32, aumento de 8,2% sobre o valor cobrado pelo insumo em outubro. Quando comparado com a primeira etapa da campanha, realizada em maio, o atual valor médio representa um aumento de 12% e em relação a novembro de 2009, o reajuste foi de 32%. Para o pecuarista, no entanto, o cenário é favorável. A valorização de aproximadamente 50% no preço da arroba do boi gordo em 2010 anulou o aumento verificado para a vacina. Considerando a praça de São Paulo é possível comprar 86 doses da vacina contra aftosa com o valor de uma arroba de boi. Isto significa um aumento de 16% no poder de compra do pecuarista, ou 12 doses a mais, em relação à segunda etapa da campanha de 2009. Iagro já vacinou 30% do rebanho - Agrolink A Agência Estadual de Defesa Animal e Vegetal (Iagro) já imunizou 30% do rebanho da Zona de Alta Vigilância Sanitária (ZAV) em Mato Grosso do Sul contra febre aftosa. Nesta semana será finalizada a imunização das propriedades consideradas de maior risco como assentamentos, aldeias indígenas e o gado existente na periferia das cidades. Cerca de 250 profissionais entre técnicos e auxiliares trabalham para a vacinação das 800 mil cabeças de gado, em mais de seis mil propriedades nos 13 municípios da fronteira com Paraguai e Bolívia. Este ano a ação contará com a ajuda de 82 veterinários treinados e cadastrados pela Iagro para a realização do trabalho. Os veterinários, inscritos no Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado (CRMV-MS), receberam orientação do órgão de defesa para a execução de ações exclusivas do serviço oficial, incluindo as exigências internacionais, como forma correta de vacinação contra aftosa, identificação e inspeção de animais para trânsito fora da ZAV. De acordo com a diretora-presidente da Iagro, Maria Cristina Carrijo, os profissionais cadastrados podem retirar a vacina em um dos escritórios da Iagro. Depois da aplicação do líquido devem enviar à agência um relatório sobre os animais e propriedades imunizadas. Os produtores que não tiverem veterinário contratado podem procurar a Iagro e agendar uma data para receber a visita de um técnico oficial. A diretora explica que há dois anos e meio as propriedades da ZAV passam por vacinação a cada seis meses. “Podemos ter segurança de que o gado da fronteira está imunizado”, afirma Cristina, referindo-se ao rebanho fixo nas propriedades. O conhecimento sobre as exigências internacionais repassado aos veterinários que atuam na região de fronteira vai contribuir para assegurar a sanidade animal dentro da Zona de Alta Vigilância. Prazo Na região do Planalto a vacinação acontece até o dia 30 de novembro, no Pantanal até 15 de dezembro e na Zona de Alta Vigilância (ZAV) até 25 de dezembro. A expectativa é de que seja imunizado todo o rebanho bovino do Estado, cerca de 23 milhões de cabeças. Com economia interna aquecida, carne bovina é bom negócio Agrolink A demanda interna continuará sustentando a oferta de carne bovina brasileira em 2011 já que o cenário mundial deve manter a tendência de queda de consumo apresentada neste ano. As perspectivas do mercado pecuário até 2012 foram destaques do PecForum – Fórum Internacional de Pecuaristas, encerrado na quinta-feira (18-11), em Uberlândia (MG). “Essa previsão se deve a dois motivos: a valorização do real frente ao dólar e a estagnação do consumo de carne bovina na União Europeia, EUA, Rússia, principais compradores do produto brasileiro. Já que não há movimentos de abertura de novos mercados e as exportações tendem a se manter na casa de 2 milhões de toneladas embarcadas e receita total de 4 bilhões”, afirma Paulo Roberto Molinari, diretor do Grupo Safras & Mercado. O especialista também prevê que entre abril e outubro do próximo ano haja uma rigorosa estiagem em todo País devido os efeitos do fenômeno La Niña. Caso se confirme, esse fato certamente comprometerá a produção a pasto, mas poderá significar maior número de animais confinados na entressafra. “Em 2010, o confinador aproveitou os bons preços praticados no mercado em outubro e novembro. A cotação deve se estabilizar no início de 2011 em R$ 95,00 nas praças paulistas e na entressafra atingirá R$ 100,00. Apesar do possível aumento dos custos de produção, devido à baixa oferta de milho na safra de verão e safrinha, engordar o boi no cocho ainda será rentável”, observa Molinari. Na visão do profissional, no entanto, um fator preocupante é a estagnação mundial da produção pecuária nos últimos anos, já que até 2050 estimativas da FAO apontam que a população mundial crescerá no período 50% (9 bilhões de habitantes). “Há décadas a pecuária brasileira está perdendo espaço para as culturas de cana de açúcar, soja e milho. Os pecuaristas têm como desafio adotar novas medidas para ampliar a produtividade e, ao mesmo tempo, suprir a falta de animais que afetam países como a Argentina, Uruguai e Austrália”, analisa. Mais informações do PecForum pelo endereço www.probiz.com.br. As informações são de assessoria de imprensa. Indústria defende qualidade da carne brasileira – O GLOBO Campinas volta atrás em alerta sobre mal da vaca louca SÃO PAULO. Um comunicado divulgado na manhã de ontem pela Secretaria de Saúde de Campinas, informando da suspeita de que uma pessoa na cidade poderia estar contaminada pelo mal da vaca louca, gerou forte reação da indústria de carnes brasileira. A Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec) classificou de precipitada a conduta da secretaria e assegurou a boa saúde do rebanho nacional. E o frigorífico JBS, maior produtor e exportador mundial, defendeu em nota a qualidade da carne brasileira. De acordo com Antônio Jorge Camardelli, presidente da Abiecs, mesmo que se confirmasse a ocorrência da doença numa pessoa, a chance de contaminação do rebanho é quase nula, já que no Brasil o processo de produção de carne bovina é controlado. Se as regras são rígidas e os diagnósticos diferenciados, o risco só não é zero porque zero não existe em doenças epidemiológicas ? afirmou. Análise de sangue fica pronta em 15 dias Depois da reação dos produtores, à tarde o secretário da Saúde de Campinas, Francisco Kerr Saraiva, reconheceu ter havido uma "série de equívocos e informações desencontradas". Segundo ele, o paciente pode ter uma variante da doença, clínica e epidemiologicamente distinta do mal da vaca louca. A origem da proteína (que causa a doença) está sob investigação, mas a hipótese de vaca louca está praticamente descartada ? afirmou. O resultado da análise do sangue do paciente sob suspeita sai em 15 dias. Café volta a ser controlado pelo governo, e setor fica apreensivo – Folha de São Paulo Bebida deverá ter menos de 1% de impurezas, até 5% de umidade e análise de aroma e sabor Instrução normativa vigora a partir de fevereiro e visa retirar do mercado produto de baixa qualidade Após 20 anos de autorregulação, a indústria de café volta a ficar sob o controle do governo. A partir de meados de fevereiro, o Ministério da Agricultura passa a fiscalizar a qualidade do café colocado à disposição do consumidor. Quem for pego na contramão das novas regras poderá receber pesadas multas, que vão até R$ 5.000, mais 400% do valor do lote produzido, dependendo da infração. O que era para ser uma transição tranquila, já que essa proposta vinha sendo endossada pela própria indústria, tomou o rumo de calorosas discussões no final da semana passada, em Natal (RN), onde a indústria esteve reunida no 18º Encafé encontro anual do setor. O acerto corria bem porque somava interesses tanto do ministério como da indústria. Ao ministério interessa esse acerto com a indústria porque, por lei, o órgão tem de classificar todos os produtos destinados à alimentação, o que não vinha ocorrendo com o café. Já a indústria desenvolve um programa de pureza no setor, mas esbarra em dificuldades para punir infratores. O ministério, agora, poderá assumir esse controle. A proposta do governo deverá retirar do mercado cafés que são de baixíssima qualidade, mas que ainda vão para o consumidor. Dos 19,3 milhões de sacas que o país consome anualmente, 400 mil vêm de palhas, paus, sementes de açaí e milheto. Mas, a dois meses de entrar em vigor, a instrução normativa nº 16, que vai regular o setor, é vista com apreensão pela indústria, produtores e importadores de café processado. A Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) pediu o adiamento da vigência da instrução, mas o ministério promete mantê-lo. REGRAS A apreensão das indústrias ocorre porque a instrução entrará em vigor sem a montagem de uma estrutura adequada no ministério. Para se enquadrar às novas regras, as indústrias deverão produzir café com menos de 1% de impurezas e com 5% de umidade, no máximo. Além disso, o café terá de obter pelo menos quatro pontos em uma avaliação sensorial. A escala varia de zero a dez e essa avaliação é feita por meio de degustação, em que se apuram o aroma e o sabor da bebida. O setor aceita os controles de impureza e de umidade, mas quer o adiamento da avaliação sensorial. Essa será feita por um "classificador de produtos vegetais habilitado para degustação de café torrado e moído" -profissão ainda não regulamentada. Na lista dos que se enquadram na nova regulamentação estão engenheirosagrônomos, químicos, técnicos agrícolas etc., sem uma definição clara do aproveitamento dos técnicos que já atuam no mercado há muitos anos. A indústria vê problemas, já que a degustação sensorial exige muito treino e é um sistema subjetivo para determinar a qualidade do produto. Para agilizar a formação dos profissionais, o ministério fará dois cursos, mas, quando o segundo acabar, a instrução já estará em vigor. O ministério não vê problemas nessa análise sensorial porque poderão ser usados profissionais e estrutura que já servem as próprias indústrias. Motivo: a Abic já tem um programa de qualidade com grau de exigência ainda maior do que o que será implantado pelo governo. O jornalista MAURO ZAFALON viajou a convite da Abic Indústria busca nova geração de agrotóxico menos agressivo – Valor Econômico Antonio Smith, diretor de negócios de proteção de cultivos da Monsanto, diz que a soja Roundup Ready permitiu a redução no uso de defensivos mais tóxicos Em meio às crescentes discussões sobre sustentabilidade e à adoção de legislações ambientais cada vez mais rígidas, as principais indústrias de defensivos agrícolas - os popularmente conhecidos agrotóxicos - preparam uma nova geração de produtos que devem agradar a produtores rurais e, ao mesmo tempo, receber menos críticas de ambientalistas. O objetivo dessas empresas é também o grande desafio do setor: o equilíbrio entre a proteção dos cultivos, o aumento da produtividade da lavoura e o menor impacto sobre o ambiente e as pessoas envolvidas no processo. Nesse contexto, os novos defensivos que já chegam ao mercado promovem avanços em três frentes: reduzem o volume de doses aplicadas, solucionam o problema da resistência e fazem combinações para proteção de lavouras contra duas pragas, usando apenas um produto. Uma das maiores indústrias químicas do mundo, a multinacional alemã Basf lançou no ano passado um produto que consegue ser eficiente tanto contra fungos quanto insetos. De acordo com Oswaldo Marques, gerente de marketing para cultivos extensivos da empresa, em vez de o agricultor usar, por exemplo, 200 mililitros, sendo 100 para um inseticida e outros 100 para um fungicida, ele poderá concentrar o combate às duas pragas em 100 mililitros de um único produto. "Estamos retirando do mercado os mais antigos e substituindo por outros que combinem características e ações", informa Marques. "Além disso, seguimos com nossas pesquisas para o desenvolvimento de novas moléculas mais eficientes". Já a suíça Syngenta aposta no desenvolvimento de novas formas de ação de seus produtos. A ideia é que os defensivos atuem sobre as pragas em locais diferentes dos quais agem atualmente - como no sistema muscular, respiratório e nervoso, entre outros -, combatendo problemas de resistência, como os já identificados nos EUA e Argentina no caso do glifosato. "A importância disso está no fato de que, em vez de elevar a dose para controlar uma praga, o produtor use, com outro produto, a mesma dose ou possivelmente um volume ainda menor e tenha um efeito melhor", afirma Fernando Gallina, diretor de pesquisa e desenvolvimento de proteção de cultivos da Syngenta para a América Latina. Segundo Gallina, a estratégia da Syngenta para tornar seus produtos mais sustentáveis passa pelo manejo na resistência das pragas, mas também pela redução dos riscos para a saúde e o ambiente. Por isso, as pesquisas da Syngenta seguem também no tratamento de sementes - com objetivo de proteger a semente e usar menos defensivos posteriormente - e formulações mais adequadas, com a liberação controlada dos produtos. As apostas das multinacionais, contudo, não preveem apenas o desenvolvimento de novos defensivos para a agricultura. No caso da americana Monsanto, os planos da empresa seguem a linha da biotecnologia, deixando um pouco para trás os investimentos em novos ingredientes ativos. "A escolha pela biotecnologia foi a nossa opção. A soja Roundup Ready foi nosso primeiro produto de biotecnologia e permitiu a redução de 50% em cinco anos no uso de defensivos das classes um e dois, que são os de maior toxicidade", diz Antônio Smith, diretor de negócios de proteção de cultivos da Monsanto. Na avaliação de Smith, redução semelhante poderá ser observada também com o milho e o algodão resistentes a insetos. A Monsanto tem direcionado boa parte de seus investimentos para a inclusão de mais de uma característica de resistência a pragas na mesma semente. "Temos o compromisso de dobrar a produtividade das culturas em que atuamos até 2030 e reduzir a necessidade dos recursos naturais em um terço". Outro foco de ação é a redução da toxicidade dos produtos que chegam ao mercado, aliada a uma redução do tamanho das doses aplicadas. A americana DuPont desenvolveu uma família defensivos que já é considerada uma das mais revolucionárias. A empresa chegou a um inseticida para soja em que a dose aplicada por hectare varia de dois a dez gramas, dependendo do inseto a ser combatido. Além do baixo volume, o produto tem um grau de toxicidade de apenas 5 mil mg/quilo na unidade de medida de dose letal (DL50) - concentração de produto capaz de matar 50% dos animais em teste. Quanto maior o volume, menor o grau de toxicidade do produto, uma vez que é necessário um volume maior de produto para matar a mesma quantidade de animais. "Para chegar à molécula com essas características foram necessárias 2.500 outras moléculas. Também pesquisamos produtos para pastagem e um fungicida para legumes e hortaliças, em que a necessidade é de quatro gramas por hectare", diz Marcelo Okamura, diretor de marketing da DuPont. Há 40 anos, DDT precipitou restrições – Valor Econômico Como boa parte das descobertas científicas, os agrotóxicos mais eficientes foram encontrados por acaso. Foi assim com um dos maiores símbolos do campo, o DDT (sigla de diclorodifeniltricloroetano), criado em 1939 com o objetivo de combater mosquitos transmissores de doenças aos soldados aliados na Segunda Guerra. No Mediterrâneo, o DDT teve sucesso no combate ao tifo. Nos trópicos, derrubou os índices de malária. Terminada a guerra, o inseticida teve novos usos de aplicação, como a agricultura. Os produtores rurais o louvavam como um milagre - nunca antes tinham obtido resultados tão bons contra pragas. O uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes, aliado ao desenvolvimento genético de sementes, contribuiu para a "Revolução Verde", um amplo programa para elevar a produção agrícola no mundo. Tudo poderia ter sido diferente se o DDT ficasse onde fosse aplicado. Mas no fim dos anos 40, o FDA, agência para alimentos e medicamentos dos EUA, já encontrava os primeiros indícios do inseticida no leite retirado de vacas que não haviam tido contato com a pulverização. Dez anos depois, virtualmente todo americano tinha algum vestígio de DDT na gordura do corpo. Em 1962, a cientista Rachel Carson publicou "Primavera Silenciosa", a bomba denunciatória dos malefícios dos agrotóxicos ao ambiente. Relatos minuciosos mostravam como a química agia sobre a flora e a cadeia alimentar no território americano - a mortalidade de animais que explicava o silêncio daquela primavera. A indústria química reagiu. Rachel foi chamada ao Senado para explicar o conteúdo de seu livro. A obra ajudou a formar o movimento ambientalista, que continuou pressionando por restrições nas fórmulas e no uso desses produtos. Fomentou também questionamentos acadêmicos e leis, em diferentes esferas, que exigiram responsabilidade das empresas. O DDT foi banido pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA em 1972, decisão seguida por outros vários países. No Brasil, o agrotóxico foi banido apenas nos anos 90, mas países pobres continuam utilizando-o largamente, graças ao seu baixo preço e à alta eficiência de curto prazo. Ignorar a alta das commodities agrícolas é um grande risco – Folha de São Paulo As autoridades econômicas brasileiras vêm tratando com certa superficialidade o impacto do aumento dos preços das commodities agrícolas sobre a inflação. Assumem que variações desses preços são eminentemente temporárias e, portanto, reversíveis no curto prazo. Por isso, não seria necessário acionar os instrumentos de contenção da inflação mesmo diante dos sinais de alta captados pelos índices. Parecem seguir o exemplo de outros países, especialmente os mais desenvolvidos, onde as commodities são excluídas dos cálculos da inflação. Continuam agindo assim mesmo após a explosão dos preços dos ativos (inclusive commodities), que, não controlada, ensejou a atual crise financeira. No Brasil, uma economia ainda bastante indexada, essa estratégia pode ser perigosa. Além do mais, há fundamentos consistentes para um movimento duradouro dos preços reais das commodities para patamares consideravelmente elevados. No exterior, apesar da lenta recuperação dos países desenvolvidos, os emergentes e os em desenvolvimento deverão prosseguir em marcha batida, acenando para uma demanda firme por produtos agropecuários. Na esfera cambial, o dólar permanecendo baixo lastreia os níveis elevados dos preços das commodities. Se, como parece possível imaginar neste momento, a China vier a atender aos clamores da maioria dos países e apreciar um pouco o yuan, elevando o poder de compra do país, mais uma força significativa passará a sustentar a demanda mundial. Do lado da oferta, o panorama é de preços elevados e em alta contínua, pois as previsões apontam para a segunda redução consecutiva de produção mundial de cereais, com expressiva queda de estoques. No mercado interno, após o forte crescimento econômico de 2010, esperam-se taxas ainda relevantes para o PIB (em torno de 4,5%) e aumento importante no salário mínimo, com expansão das políticas assistencialistas. O IPR (Índice de Preços Recebidos) agropecuário já voltou ao recorde de 2008. A próxima safra, com previsão de estabilidade da colheita em relação a 2010, não promete ajudar suficientemente o Brasil a desempenhar o papel que o mundo lhe reserva. Face a essas perspectivas, as autoridades brasileiras deveriam considerar devidamente o que se passa no mercado de commodities agropecuárias. O enquadramento da inflação na meta de 4,5% vai obrigatoriamente envolver uma mudança de preços relativos em prejuízo dos demais setores econômicos. O que vem, ainda que moderadamente, facilitando esse processo é o câmbio valorizado. Um crescimento do PIB mais lento do que o desejado deve ser o segundo remédio, ainda que bastante amargo. Não é objetivo ser policialesco, diz ministério – Folha de São Paulo A nova normatização para o setor do café visa apenas a qualidade do alimento que chega ao consumidor. "Não é intenção do Ministério da Agricultura ser policialesco", diz Maçao Tadano, diretor do Dipov (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal). Pela nova instrução, as empresas terão dois caminhos para classificar seus produtos. Contratar o serviço de empresas registradas no ministério ou fazer o registro no ministério para ter um classificador. No momento, nenhuma das duas opções é possível. Fábio Fernandes Florenço, coordenador do Dipov, reconhece as dificuldades na montagem dessa estrutura, mas diz que os primeiros passos, após a vigência da instrução, serão mais orientativos. "É uma contribuição para melhorar o café", diz ele. Almir José da Silva Filho, presidente da Abic, diz que a reação de parte do setor ocorre porque o tempo é curto para implementar as medidas, "mas a instrução vai promover a melhora do produto do cafeicultor ao consumidor". Sidney Marques Paiva, do café Bom Dia, diz que, para a grande indústria, não haverá grandes problemas de adaptação, à exceção da burocracia para se cadastrar. Para Ambrozio Cohen Assayag, da Café Manaus (AM), "essas medidas vão burocratizar o que já é ruim. Quando entra o governo, começa o infortúnio de quem tem de cumprir a legislação". Mario Panhotta, da Cooxupé, maior cooperativa de café do país, diz que o produtor não produz café de baixa qualidade por opção, mas devido a problemas climáticos, como neste ano. "A instrução é um desafio e tem de ser implementada, mas o produtor não deve pagar a conta sozinho", diz ele. Guilherme Braga, do Cecafé (setor exportador), diz que, do lado dos exportadores, não há grandes alterações. Já os importadores -que começam a ter maior peso, com a entrada de produtos de valor agregado das multinacionais- estão preocupados. "Como classificar as cápsulas se o governo não tem equipamentos adequados para isso?", indaga um importador. Além disso, o produto pode ficar dias parado no sol no porto, prejudicando sua qualidade, diz esse mesmo importador. (MZ) Governo autoriza limite maior para resíduo em milho – Valor Econômico Na contramão das suas próprias iniciativas para reduzir o volume de agrotóxicos despejados nas lavouras do país, o governo autorizou elevar em dez vezes o limite máximo de resíduo (LMR) no cultivo de milho. O índice passou de 1 para 10 miligramas por quilo (mg/kg), o que significa que o grão conterá mais resíduos de herbicidas à base do princípio ativo glifosato. A alteração ocorreu porque o agrotóxico passará a ser aplicado na chamada "pós-emergência" do milho, ou seja, após o nascimento da planta. Até então, esse agrotóxico só podia ser usado na "pré-emergência", ou antes do surgimento da planta. O aumento no LMR impacta o total autorizado em recomendações de ingestão diária máxima de resíduos de agrotóxicos por pessoa. A alteração no limite de resíduo do milho impactou o índice de Ingestão Diária Aceitável (IDA), uma referência para o máximo que uma pessoa pode consumir. Esse limite global está fixado hoje em 0,042 mg/kg no Brasil. Com a mudança no milho, o IDA total chegou próximo de 35% do permitido pela legislação. Assim, ainda haveria esse espaço de 65 pontos percentuais para elevar os LMRs. O Codex Alimentarius, ligado às Nações Unidas, fixa o LMR do milho em 0,3 mg/kg, por exemplo. "Claro que a aumentar a exposição das pessoas. Mas muda a prática, aumenta o resíduo", justifica o gerente-geral de Toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Luiz Cláudio Meirelles. Mesmo com a elevação do limite, segundo ele, "o resíduo está dentro da ingestão diária". A cultura do milho "suportou", de acordo com testes da Anvisa, essa inclusão. "À luz do conhecimento, não tem como não seguir dessa maneira", disse. Ele admite que aumentar limites não é ideal. "Talvez devêssemos discutir isso antes. Vamos consumir mais resíduos, mas essa decisão deriva da tecnologia de transgênicos [que exige aplicação na pós-emergência], e não passa por aqui". O glifosato responde hoje, segundo a Anvisa, por 42% do consumo total de agrotóxicos no país. PMDB dá como certo assumir cinco ministérios – O Estado de São Paulo Partido aposta em Edison Lobão, Wagner Rossi e Moreira Franco no comando de pastas do futuro governo O PMDB foi avisado de que, no cronograma da presidente eleita Dilma Rousseff, o quinhão do partido na Esplanada dos Ministérios só será definido na segunda semana de dezembro, mas já dá como certo que sairá do embate com o PT com no mínimo cinco ministros. Embora o PMDB esteja à frente de seis pastas, o PT diz que o partido comanda de fato apenas quatro, porque duas delas - Saúde e Defesa - são da cota do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Peemedebistas dizem que assumiram as indicações de Lula e pleiteiam as seis vagas. Mas nem pensam em disputar a Saúde com os petistas. Ao contrário, dirigentes peemedebistas admitem que o ministro José Temporão foi apadrinhado pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), a pedido de Lula. E mais: dizem que o cargo é técnico e que o governo deve se responsabilizar pela escolha. Nesta semana Dilma vai anunciar a equipe econômica e, na próxima, deverá fechar a equipe palaciana, com os chamados ministros da Casa, para em seguida fechar a negociação com os partidos. A aposta geral no PMDB é de que três nomes já estariam praticamente certos: o senador Edison Lobão (PMDB-MA), o atual ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e o ex-vice-presidente da Caixa Econômica Moreira Franco, que deixou o posto para se dedicar à campanha presidencial. Wagner Rossi tem o apoio de Temer e a unanimidade da bancada peemedebista a seu favor para continuar no ministério. A ameaça vem do Rio Grande do Sul, onde o deputado Mendes Ribeiro (PMDB) montou uma verdadeira resistência pró-Dilma na campanha, quando a maioria dos deputados gaúchos decidiu apoiar o adversário tucano José Serra. Foi aí que ele ganhou a simpatia da petista e, com isso, pode acabar transferindo Rossi para uma estatal. Caso a presidente eleita opte pela deputada Marinha Raupp (PMDB-RO) para compor a cota de mulheres na Esplanada e desista de premiar Mendes Ribeiro pela lealdade, dirigentes do partido avaliam que será possível manter Rossi no ministério. O senador Lobão deverá voltar ao Ministério de Minas e Energia, onde conquistou a simpatia e a confiança da presidente eleita. Mas Dilma chegou a sondá-lo para comandar o Senado. O senador informou que não tem projeto de presidir a Casa. Além de o amigo José Sarney (PMDB-MA) ter interesse na reeleição para continuar no comando do Congresso por mais dois anos, Lobão também prefere deixar esta possibilidade para 2012. Dilma começa ganhando – ISTO É A presidente eleita desarticula manobra de aliados para ganhar espaço no governo e impõe ao PMDB derrota vexatória No café da manhã da quarta-feira 17, o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), foi apresentado oficialmente ao estilo Dilma Rousseff de comandar. Tão logo sentou-se à mesa, ouviu da presidente eleita uma mensagem direta, clara e objetiva: "As indicações para as pastas que considero de Estado serão exclusivamente minhas", disse Dilma. Assim, sem nenhum tipo de rodeio, a presidente eleita sinalizou que não se submeterá a pressões dos partidos aliados para a formação do ministério e colocou um ponto final nas pretensões do PMDB, que imaginava manter sob seu controle pastas como a Saúde e Comunicações. Para quem se posicionava desde a campanha como o grande fiador da governabilidade, o PMDB sofreu uma derrota pública ainda nos primeiros minutos do jogo. Quem ouviu foi Temer, mas a mensagem de Dilma serve para todos os partidos aliados. A conversa no café da quarta-feira foi, na verdade, o desfecho de uma operação que Dilma, Lula e o deputado Antônio Palocci deflagraram na noite anterior como reação a uma tentativa do PMDB de se impor perante os partidos aliados e barganhar espaço no futuro governo. Para tanto, o partido lançou mão, nos últimos dias, de velhos métodos baseados no fisiológico "toma lá, dá cá". Numa manobra articulada durante o feriado de 15 de novembro, sem avisar nem mesmo os coordenadores da transição, o partido montou, em parceria com quatro legendas governistas, um blocão com 202 deputados. Mas a operação que teve como artífices o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e o deputado Eduardo Cunha (RJ) foi um tiro no pé. Além do recuo de dois partidos - PP e PR - menos de cinco horas depois da criação do bloco, a iniciativa gerou um desnecessário desgaste com o governo a pouco mais de um mês do anúncio do novo ministério. O efeito será reverso: a fatia que caberá ao PMDB no ministério deverá ser menor do que as pretensões iniciais do partido. "O PMDB quer implantar o vice-presidencialismo no Brasil. Mas não obterá êxito", disse o deputado Paulo Delgado (PT-MG). O tamanho da megabancada criada pelo PMDB seria suficiente para derrotar, no Congresso, qualquer proposta de interesse do futuro governo. O partido desejava, com isso, se fortalecer na disputa com o PT pela Presidência da Câmara e manter sob seu comando os ministérios considerados hoje feudos do partido, como o de Minas e Energia, das Comunicações, da Saúde, da Agricultura, da Integração Nacional e da Defesa. Só que a reação do presidente Lula, de Dilma e de Palocci foi rápida. Na noite da terça-feira 16, decidiram trabalhar em conjunto a fim de retirar do bloco recém-criado os chamados partidos médios. Coube ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, a tarefa de telefonar para os aliados. "O PR é aliado de Dilma e não faremos nada em desacordo com o governo", declarou o presidente da legenda, ex-ministro Alfredo Nascimento (AM). O PP também pulou fora da coalizão. "Só ficaremos no bloco se for para negociar espaço na Câmara. Nada a ver com busca de terreno no governo", disse o líder do partido na Câmara, João Pizzolatti (SC). Esvaziado, o blocão virou um tiro de festim, mas serviu para demonstrar que no governo Dilma quem vai mandar é Dilma. Dilma vai forçar a queda dos juros? – Estado de São Paulo Não é por nada, não, mas parece que o governo Dilma Rousseff vai tentar a política dos sonhos dos chamados "desenvolvimentistas": combinar a redução do déficit e da dívida públicos com o aumento, isso mesmo, aumento dos gastos do governo em custeio, pessoal, previdência e investimentos. Não se trata de programa oficial, mas é o que indicam alguns sinais emitidos até aqui. Guido Mantega fica na Fazenda, diz-se, por seu perfil desenvolvimentista, que coloca o Estado investindo e financiando fortemente a atividade econômica. Por exemplo, comenta-se que uma de suas tarefas imediatas seria arrumar R$ 60 bilhões para o caixa do BNDES. Nos últimos dois anos, o governo tomou emprestado uns R$ 200 bilhões para repassar ao BNDES. Provavelmente, fará outra operação desse tipo. Além disso, estão em andamento diversas medidas que aumentam significativamente os gastos - como a elevação do salário mínimo, que cai direto nas contas do INSS - e outras providências que aumentam o endividamento, como a abertura de financiamentos para obras da Copa. Mas, ao mesmo tempo, diz-se que a tarefa principal de Mantega será conseguir forte redução da dívida líquida do setor público em relação ao tamanho do PIB, isso compatibilizado com a redução dos juros reais dos atuais 5,5% ao ano (a.a.) para algo como 2%, em quatro anos. E mais a redução da meta de inflação, hoje em 4,5% a.a. Pela lógica mais amplamente admitida entre os economistas, a sequência seria esta: uma forte redução da dívida pública abriria espaço para a queda da taxa real de juros. E essa redução da dívida teria de ser feita com a contenção ou diminuição das despesas não financeiras (custeio, pessoal, previdência e investimentos) ou com aumento da arrecadação de impostos ou com uma combinação. Como pretende aumentar os gastos e a capacidade de financiamento do Estado, o governo Dilma teria um caminho arriscado: o truque é inverter a história e começar por reduzir os juros. Hoje, o governo faz o superávit primário e com esse dinheiro paga juros, com o que reduz a dívida pública. Ora, as despesas com juros - pesadas, equivalentes a 5,5% do PIB - variam, em parte, com a taxa básica definida pelo Banco Central (BC), que incide sobre os títulos vendidos pelo governo. Uma boa redução dessa taxa, tal é o raciocínio, diminuiria a despesa financeira do governo, o que reduziria o tamanho da economia necessária para pagar juros. Ou seja, sobraria mais dinheiro para gastar com tudo o mais. É por isso, aliás, que o pessoal de Mantega sinaliza que pretende mudar a contabilidade do Orçamento público, incluindo as despesas com juros numa conta só. Ou seja, eliminando o conceito de superávit primário. Ficaria assim: de um lado, seriam postas todas as receitas; de outro, todas as despesas (custeio, pessoal, previdência, investimentos e juros). Hoje, estas superam as receitas em algo perto dos 2,5% do PIB. Esse é o chamado déficit nominal. Seu limite de prudência, pela teoria mais aceita, é de 3% do PIB. Mas é claro que, se for a zero, a credibilidade do País vai lá em cima. Por isso o pessoal de Mantega tem dito que a meta é déficit nominal zero, um excelente alvo. Mas, pelo jeitão, eles pretendem chegar lá não pela virtude do ajuste das contas públicas, mas pela forte redução da taxa básica de juros, definida pelo BC. Por isso se tem dito em Brasília que Dilma comandará pessoalmente a área econômica, em geral, e o BC, em particular. Mas como operar a queda dos juros? Hoje vale o regime de metas com BC autônomo. O Conselho Monetário Nacional fixa a meta de inflação (hoje 4,5% a.a., com tolerância de 2 pontos para baixo ou para cima) e o BC é encarregado de cumpri-la. Faz isso calibrando a Selic, hoje em 10,75% a.a. (uma campeã mundial). Outro ponto: a margem de tolerância é para situações excepcionais; o BC brasileiro persegue o centro da meta. Há uma ampla teoria e boa prática fundamentando a ação dos BCs mundo afora. Resumindo: montam-se os cenários e, se a inflação futura está em caminho de alta, o BC eleva os juros, e vice-versa. A ideia é chegar à taxa de juros neutra - que mantém a inflação na meta e permite que a economia cresça de acordo com seu potencial. Obviamente, as questões mais complicadas são: qual a taxa neutra e qual o crescimento potencial da economia? Muitos economistas dizem que é impossível responder de pronto, no cálculo teórico. A coisa seria mais no ensaio e erro. Hoje há uma divergência entre o BC e o setor privado. Para o BC, a taxa atual de juros nominais (10,75%) é suficiente para levar a inflação ao centro da meta (4,5%), mas isso ocorreria só no final de 2011. Fora do BC e do governo, o entendimento dominante indica que o BC terá de elevar os juros em 2011 para 12%, de modo a segurar a inflação nos 5%. Ou seja, nesse universo, ninguém crê que haja espaço, neste momento, para uma redução dos juros básicos. Mas na Fazenda, na turma de Mantega, e nas cercanias de Dilma Rousseff há quem entenda que os 10,75% são exagerados e que a economia do País já permite níveis mais baixos. Assim, seria preciso pessoas dessa tendência no BC para tentar essa alternativa. Que é perigosa. Se estiver errada, ou seja, se for fixada uma taxa de juros abaixo do necessário, a inflação, que já está em alta, vai subir ainda mais e estourar o limite de tolerância. E aí? Os juros reais seriam menores, mas pelo lado errado: o do aumento da inflação. E esta é desorganizadora. Que faria o governo? Toleraria essa inflação mais alta ou voltaria a uma ortodoxia? E seriam necessários juros ainda mais altos. Por outro lado, a conta de juros pode aumentar. O mercado, onde se compram e vendem os títulos públicos, forma os juros a partir da Selic e da avaliação de seu próprio cenário de inflação, o que inclui a credibilidade do BC. Se os compradores de títulos entenderem que o BC está sendo forçado a praticar juros básicos muito baixos, o risco de inflação cresce e, pois, os juros futuros. Ou seja, o custo da dívida aumentaria, num ambiente inflacionário, com dívida e gastos públicos elevados. Um desastre. E o resultado mais provável desse equívoco. Destruiria em poucos meses a credibilidade construída especialmente pela gestão de Henrique Meirelles no BC - este, sim, com seu BC autônomo, o principal responsável pela estabilidade. Computador prejudica o sono mais que cigarro, álcool e balada Hoje em Dia Estudo da Unicamp mostrou que 60% dos universitários dormem mal Ficar na frente do computador à noite é pior para a saúde do sono do que beber, fumar ou sair para a balada. Uma pesquisa da Unicamp avaliou 710 universitários e descobriu que, de cada dez pessoas que usam o PC à noite, até sete enfrentam problemas para dormir. Dentre todos os jovens analisados, 486 eram mulheres e 224 homens. Desse total, 60% (428) foram classificados como maus dormidores. Esse índice subiu quando eram avaliados apenas os internautas noturnos e os fumantes. O estudo concluiu que, entre os que usam a o micro das 19h à meia-noite, 73,3% foram classificados como maus dormidores. Para quem assiste à televisão no mesmo horário, por exemplo, o sono foi prejudicado em 59,7% dos casos. De acordo com a psicóloga Gema Galgani Mesquita, autora do estudo, a luminosidade do computador, assim como a da televisão e a das lâmpadas, estimula os neurônios e desregula a liberação da melatonina, o hormônio do sono. Isso impede que a pessoa chegue ao sono profundo e reparador. "O grande vilão do sono é a luz. Exposto à luminosidade, o organismo não metaboliza o hormônio na forma que precisa para ter um sono reparador". No caso do computador, os danos são ainda maiores por dois motivos: a proximidade com a tela e o conteúdo. Na comparação com a televisão, a internet demanda mais atividade mental do usuário. Para a psiquiatra Ana Paula Hecksher, especialista em sono, o computador é mais presente na vida do jovem do que o álcool e o cigarro. "O computador acaba sendo um vilão maior. Tem uma frequência mais intensa. E ele prejudica o jovem ainda que ele faça atividades adequadas, como uma pesquisa". O que agrava o cenário, segundo a autora do estudo, é que as novas gerações estão acostumadas a se comunicar pela internet, hábito que não vai ficar para trás ao longo da vida. "Para quem quer dormir bem, o ideal é sair às oito da noite do computador. Porque aí vai dar tempo de metabolizar o hormônio do sono". Mulheres sofrem mais O estudo da Unicamp revelou ainda que as mulheres são mais prejudicadas pelos efeitos do computador que os homens. Ao avaliar aquelas que usam o micro das 19h às 24h durante os fins de semana, 83,4% foram classificadas como más dormidoras. No caso dos homens, o maior índice não passou dos 62,5% e se refere àqueles que ficam conectados das 19 às 22h. De acordo com a autora do estudo, ainda não se sabe porque os resultados são diferentes para eles e elas. "Talvez seja uma diferença hormonal, na metabolização do hormônio do sono, ou talvez seja a maior resistência física deles. Não sabemos ainda. Essa será a próxima fase da pesquisa". Os efeitos do tabaco sobre o sono também foram significativos. Segundo a pesquisa, dentre os que fumam, 70,5% foram considerados maus dormidores. Já entre os não fumantes, 59,7% dormiam mal. "O tabagista apresentou mais distúrbios do sono, como acordar no meio da noite, demorar mais para dormir ou ter pesadelos". Apesar de o estudo ter avaliado pessoas com idade universitária, a pesquisadora afirma que os resultados devem se repetir em todas as faixas etárias. Com um agravante: para os adultos, idosos, crianças e adolescentes, as consequências são ainda piores. "Um jovem está no auge da resistência física, resiste muito mais às agressões da vida do que um adulto, idoso, criança ou adolescente". Riscos Os perigos de dormir mal é que, no decorrer do tempo, o hábito pode levar a distúrbios psíquicos, segundo a autora do estudo. Ela alerta que, no curto prazo, a memória e a concentração ficam prejudicadas e é aberto espaço para problemas gastrointestinais e outras doenças. "A diabetes tipo dois e a obesidade também estão associadas à diminuição do tempo de sono em geral". O estudo da Unicamp mostrou que até mesmo os exercícios podem prejudicar o sono se eles são combinados com maus hábitos. A pesquisa mostrou que aqueles que praticam exercícios, mas que ficam na frente do PC das 19h à meia-noite, tiveram mais problemas pra dormir do que aqueles que não praticavam exercícios e que passavam a noite no micro. Apesar de ser um resultado surpreendente, Gema afirma que a prática de atividades leva a uma melhor noite de sono, desde a pessoa tenha uma boa alimentação, e evite o álcool e o PC. "Não é malhar e depois ficar na frente do computador. Isso não adianta, não resolve nada".