Artigo Publicado nos Anais do XXXVII – Congresso Latino-Americano de Escolas de Administração - October 22 up to 25, 2002 - Porto Alegre - RS _________________________________________________________________ NEGOCIE COM SEUS CLIENTES E OBTENHA SUCESSO NO COMÉRCIO VAREJISTA Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo, Mestre em Administração e Professora Universitária no Centro Universitário Moura Lacerda, de Ribeirão Preto. [email protected] Osvaldo Elias Farah, Mestre e Doutor em Administração pela FEA-USP, Diretor do Centro de Ciências Administrativas e de Negócios da UNICSUL e docente do Programa de Mestrado em Administração do Centro Universitário Moura Lacerda, de Ribeirão Preto. Dante Pinheiro Martinelli, Mestre, Doutor e Livre Docente em Administração e PósDoutorado nas Universidades de Quebec, em Trois Rivières e na HEC (École des Hautes Études Commerciales), em Montreal, e Professor na FEA-USP - Campus Ribeirão Preto. Resumo Diante de um novo quadro competitivo mundial, as organizações estão reformulando suas estratégias, com o objetivo de mudar constantemente. Nesse contexto, buscou-se avaliar as empresas do comércio varejista que comercializam eletroeletrônicos, móveis e utilidades para o lar. Procurou-se identificar as vantagens oferecidas aos clientes através da negociação, para fidelizá-los à empresa. Para recuperar clientes e fidelizá-los, a negociação faz com que algumas empresas adquiram vantagem competitiva sustentável em relação aos concorrentes. As empresas pesquisadas revelam que seu sucesso é devido ao compromisso com o cliente, procurando diferenciar-se no atendimento. Para tanto, foram realizados estudos multicasos com lojas que operam no segmento de eletroeletrônicos, móveis e utilidades para o lar no Estado de São Paulo, visando atingir esses objetivos. Os resultados obtidos podem contribuir para o crescimento de outros setores do comércio. Palavras-chave: Negociação, Clientes e Comércio Varejista. Varejo: realidade em mudança De acordo com PARENTE (2000), o varejo vem assumindo uma importância crescente no panorama empresarial, no Brasil e no mundo. Notícias sobre varejo aparecem quase diariamente nos cadernos econômicos dos principais jornais brasileiros e também oferecem oportunidades para pessoas que querem iniciar seus próprios negócios. Por outro lado, muitos empresários do setor varejista estão entre as pessoas mais ricas, nos Estados Unidos. Com o acelerado ritmo de consolidação que vem caracterizando as atividades varejistas brasileiras, cresce o número das organizações classificadas como as maiores empresas do Brasil. À medida que elas se expandem, passam a adotar avançadas tecnologias de informação e de gestão, e desempenham, cada vez mais, papel importante na modernização ____________________________________________________________________________________ Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Autorizada à reprodução desde que citada a fonte e autores 1 Artigo Publicado nos Anais do XXXVII – Congresso Latino-Americano de Escolas de Administração - October 22 up to 25, 2002 - Porto Alegre - RS _________________________________________________________________ do sistema de distribuição e da economia brasileira. O varejo é certamente uma das atividades empresariais que vêm atravessando maior ritmo de transformação, respondendo às modificações do ambiente tecnológico, econômico e social em que está inserido, ainda conforme o autor supracitado. Para LEVY e WEITZ (2000), os varejistas encarregam-se de negociar e efetuar funções que aumentem o valor dos produtos e serviços vendidos aos consumidores. Essas funções são: fornecer uma variedade de produtos e serviços, dividir lotes em pequenas quantidades, manter estoque, fornecer serviços. Uma vez que as atividades efetuadas pelos varejistas são importantes para os consumidores, o varejista é uma instituição econômica significativa e um grande negócio em nossa sociedade. Negociações A busca de relações duradouras nas negociações pode levar a novas negociações no futuro, além de manter e, inclusive, aperfeiçoar o contato já existente entre as partes no processo Martinelli (2002). De acordo com Scare & Martinelli (2001), a negociação é um conceito em contínua formação, que está amplamente relacionado à satisfação de ambos os lados. No entanto, para estes autores, houve uma mudança de foco no objetivo do negociador ao longo de sua história. No passado, o negociador buscava resultados satisfatórios momentâneos e, nos tempos atuais, esse mesmo negociador busca um relacionamento duradouro e contínuo, para que a médio e longo prazo, atinja-se os benefícios para todos os envolvidos na negociação. Para Sebenius (1998), a negociação é um processo científico quando estabelecemos o problema conjunto que deve ser resolvido: criar, reivindicar e sustentar um valor ao longo do tempo; mas a maneira como esse problema conjunto é resolvido mistura-se ciência e arte, o processo é muito criativo e oportunista, visto que se está pedindo tudo que é possível obter em determinada situação; e a comunicação interpessoal tem componentes de arte e de ciência, como nos mostram a psicologia; de qualquer forma, acho que quase todo mundo pode melhorar substancialmente seu talento para negociar , estudando e praticando (Sebenius, p.8286). Na visão de Shell (2001), a negociação é uma forma básica, especial da comunicação humana, mas não é sempre que percebemos que a estamos praticando. Uma negociação é um processo de comunicação interativa que pode ocorrer quando queremos algo de outra pessoa ou quando outra pessoa quer algo de nós (Shell, p.6-7). Segundo Martinelli e Almeida (1998), para uma boa negociação, as partes envolvidas precisam definir alguns aspectos-chaves. Primeiramente, precisam conseguir separar as pessoas envolvidas do problema em questão. Seguidamente, devem concentrar-se nos interesses básicos, examinando os interesses de ambas as partes da negociação. A busca por alternativas de ganhos mútuos deve ser outro aspecto considerado, assim como a busca por critérios objetivos para a solução do problema. Fisher (1997) assim define o perfil ideal de um negociador: firme, amistoso e criativo. E, para que uma negociação seja eficiente, todo negociador deve ter como habilidade uma ____________________________________________________________________________________ Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Autorizada à reprodução desde que citada a fonte e autores 2 Artigo Publicado nos Anais do XXXVII – Congresso Latino-Americano de Escolas de Administração - October 22 up to 25, 2002 - Porto Alegre - RS _________________________________________________________________ comunicação eficaz, bom relacionamento, descobrir o interesse da outra parte, elaborar os diversos acordos possíveis, convencer a outra parte de que está sendo tratada com justiça, definir quais são as opções para o acordo e chegar ao compromisso final. Para Colosi (2001), o limite de qualquer negociação é estabelecido pela organização que colocou você na mesa; seu relacionamento mais importante, portanto, não é com o “outro lado”, mas com sua própria empresa, com as pessoas que estão mais próximas. Elas têm autoridade para aprovar ou recusar qualquer acordo. Se esse relacionamento não for adequadamente administrado será difícil, se não impossível, lidar com a negociação em si (Colosi, p. 76-80). A Estratégia e a criação da Vantagem competitiva LEVI e WEITZ citam algumas oportunidades para que os varejistas criem vantagens competitivas sustentáveis: fidelidade do cliente, local, relações com fornecedores, sistemas de distribuição e de informações gerenciais e operações de baixo custo. Para HAMEL (2001), as empresas revolucionárias adotam como ponto de partida para a inovação o conceito empresarial e não o conceito de um produto ou serviço. Elas sabem que a concorrência não é mais entre produtos ou serviços, mas sim entre conceitos empresariais concorrentes. A inovação do conceito empresarial é a capacidade de reconceber os modelos empresariais existentes, para que criem um novo valor para os clientes, desequilibrem os concorrentes e produzam uma nova riqueza. Para PORTER, inovar significa oferecer coisas de modo diferente, criar novas combinações, ou seja, encontrar novas maneiras de combinar as coisas em geral. De acordo com WRIGHT, et al. (2000), grandes empresas que competem utilizando estratégias de custos baixos produzem bens e serviços sem sofisticação, que atendem a todo um setor. Elas atendem a um mercado de massa composto por clientes preocupados com preços. As empresas que utilizam essas estratégias tentam diminuir os custos em suas áreas funcionais. Na visão de HERNANDEZ, et al. (1999), por meio da utilização de um baixo custo em relação aos concorrentes, é possível, evidentemente, ampliar a participação no mercado, desde que a qualidade não seja prejudicada. A liderança de custos pode ser conseguida por meio de abordagens, tais como: economias de escala de produção, perfeitamente possível com a ampliação da participação da empresa no mercado, efeitos positivos da curva de aprendizagem, rígidos controles de custos de fabricação e despesas administrativas, minimização de custos em áreas com pesquisas e desenvolvimento, sinergia da força de vendas e publicidade. A estratégia de diferenciação, na visão de PORTER (1998), procura diferenciar o produto do serviço oferecido pela empresa, criando algo que seja considerado único no âmbito de toda a indústria. Os métodos para diferenciação podem assumir muitas formas: projeto ou imagem da marca, tecnologia, peculiaridades, serviços sob encomenda, rede de fornecedores e outras. ____________________________________________________________________________________ Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Autorizada à reprodução desde que citada a fonte e autores 3 Artigo Publicado nos Anais do XXXVII – Congresso Latino-Americano de Escolas de Administração - October 22 up to 25, 2002 - Porto Alegre - RS _________________________________________________________________ De acordo com HERNANDEZ, et al. (1999), a abordagem principal dessa estratégia é diferenciar a oferta de produtos, de modo que os clientes possam perceber, valorizar e estar sempre dispostos a adquiri-los, devido, principalmente, ao diferencial que é mais comum de ser visto, como a fidelidade a uma determinada marca, a qualidade dos serviços prestados aos clientes, ou o status do produto. Para PORTER (1998), a estratégia de foco tem como objetivo enfocar um determinado grupo comprador, um segmento da linha de produtos, ou um mercado geográfico. Tal estratégia repousa na premissa de que a empresa é capaz de atender a seu alvo estratégico estreito mais efetiva ou eficientemente do que os concorrentes que estão competindo de forma mais ampla. Conseqüentemente, a empresa que atinge a diferenciação pode satisfazer melhor as necessidades de seu alvo particular, ou custos mais baixos na obtenção deste alvo, ou ambos. Mesmo que a estratégia de enfoque não atinja baixo custo ou diferenciação do ponto de vista do mercado como um todo, ela realmente atinge uma ou ambas as posições em relação ao seu estreito alvo estratégico. Nesse sentido, TACHIZAWA e REZENDE (2000) afirmam que estratégia competitiva é o conjunto de ações que uma organização empreende com a finalidade de melhorar o seu desempenho presente e futuro, ou seja, são ações executadas para melhorar sua posição diante de concorrentes reais ou potenciais e materializam-se através da busca de: vantagens em relação aos concorrentes, atendimento às necessidades dos clientes, adaptação às mudanças ambientais. Para LEVI e WEITZ (2000), as decisões de logística têm se tornado um componente cada vez mais importante na estratégia corporativa geral de um varejista. Os varejistas descobriram que o crescimento do lucro não pode ser obtido somente por meio de crescimento das vendas. E descobriram que existe um potencial de lucro inacreditável nos sistemas de logística eficientes. Uma medida de desempenho de varejo é a capacidade de gerar um retorno-alvo sobre os investimentos (ROI - return on investment). Conforme citado por KOTLER (2001), estratégia push (pressão) versus estratégia pull (atração), que diz que o mix de promoção é fortemente influenciado pelo fato de a empresa escolher uma estratégia push ou pull para gerar vendas. Uma estratégia push envolve o uso da equipe de vendas e da promoção empresarial para induzir os intermediários a expor, promover e vender o produto aos usuários finais. A estratégia push é especialmente apropriada quando o grau de fidelidade à marca na categoria é baixo, quando a escolha da marca é feita na loja, quando o produto é comprado por impulso e quando os benefícios do produto são bem conhecidos. Na visão de PARENTE (2000), existem várias estratégias que um varejista pode escolher para expandir e melhorar seus resultados nos negócios, como: penetração de mercado, desenvolvimento de mercado, melhoria de produtividade e eliminação de desperdícios, integração vertical e horizontal, o que resultará em maior número de lojas na região, maior valor tíquete médio, maior número de clientes, maior freqüência de visitas, novos mercados geográficos, novas categorias de produtos, novos segmentos de mercado, evolução operacional, redução de custos, melhoria no mix de produtos e melhor composição de margens. ____________________________________________________________________________________ Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Autorizada à reprodução desde que citada a fonte e autores 4 Artigo Publicado nos Anais do XXXVII – Congresso Latino-Americano de Escolas de Administração - October 22 up to 25, 2002 - Porto Alegre - RS _________________________________________________________________ Para LEVY e WEITZ, todos os varejistas querem ter êxito financeiro. Uma forma de definir o sucesso financeiro é fornecer um bom retorno de investimentos aos proprietários da empresa. Apesar de os varejistas seguirem metas financeiras similares, eles empregam estratégias diferentes. Cita como exemplo o modelo de lucro estratégico, que é baseado em três índices financeiros muito comuns: margem de lucro líquido, rotatividade de ativos e retorno dos ativos. PARENTE diz que o lucro é um objetivo fundamental de qualquer empresa. Como o varejista define seus indicadores de lucro? Existem duas principais abordagens na avaliação dos lucros. A primeira utiliza o Lucro Líquido depois do Imposto de Renda que reflete a eficiência operacional da empresa, e, em geral, é avaliado como um percentual de lucro em relação às vendas. Finalizando esses aspectos da discussão, cabe destacar COSTA (2002), o qual comenta, que, para qualquer empresa ser bem sucedida no mercado global, é necessário: Tratamento ao cliente: ouvir, encantar, surpreender e antecipar as necessidades dos clientes; deve dar atenção às modificações e alterações de suas preferências e hábitos, lembrar que o cliente é pessoa, empresa e o juiz final e a opinião da imprensa e comunidade deve ser levada em consideração. Ênfase na qualidade: qualidade é aquilo que o cliente diz que é, é a satisfação, é quantificável e precisa ser medida para ser melhorada. Metodologia da pesquisa Considerando-se que o varejo é um segmento com elevado grau de mudança, onde as barreiras de entrada e saída são reduzidas (aumentando a concorrência), e que o mercado brasileiro vem enfrentando grandes mudanças competitivas, foi tomado como base o primeiro semestre de 2002 para a identificação das empresas participantes da pesquisa. A pesquisa foi realizada através de consultas em sites e revistas e na pesquisa de campo. As mesmas empresas aqui citadas e outras, sobre as quais não encontramos informações em sites, fizeram parte da pesquisa realizada mas não as identificaremos por nomes e sim por números. Resultados da pesquisa Empresa: Casas Bahia - Atua no segmento de comércio de eletroeletrônicos, móveis e utilidades para o lar. Atua fortemente no mercado, buscando atender às necessidades dos clientes de baixa renda. Seus encartes mostram o preço das parcelas a serem pagas e os clientes não se preocupam com esse fator. Procura expandir-se em cidades com grandes avenidas e em loteamentos e conjuntos habitacionais em construção. Verifica se a região tem potencial para crescer, busca imóvel próximo a locais de grande circulação, praça movimentada, muitos ônibus circulando, perto de terminais e centro comercial. Para recuperar clientes, perdoa dívidas de inadimplentes. Seu público alvo são os consumidores de baixa renda. Chega aos pontos estratégicos antes dos concorrentes. Empresa: Lojas Cem - Fundada em 1952, somente vendia e consertava bicicletas. Mais tarde, a loja passou a comercializar também eletrodomésticos. Investir em tecnologia é uma ____________________________________________________________________________________ Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Autorizada à reprodução desde que citada a fonte e autores 5 Artigo Publicado nos Anais do XXXVII – Congresso Latino-Americano de Escolas de Administração - October 22 up to 25, 2002 - Porto Alegre - RS _________________________________________________________________ constante na história das Lojas Cem. A matriz é totalmente informatizada e interligada às lojas via computador. Foi também a primeira empresa do ramo a implantar a terceirização e é a única a conceder crédito direto ao consumidor aprovado nas próprias lojas, sem a necessidade de um departamento específico para esse fim. Medidas como essa mantêm sua estrutura enxuta e garantem preços altamente competitivos, sem prejuízo da rentabilidade da rede, uma das mais sólidas de todo o varejo brasileiro. Atua na importação de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, atendendo às exigências do mercado, diversificando o mix de produtos. Empresa: Magazine Luiza - É um dos principais cases do varejo brasileiro. Sua trajetória de sucesso iniciou-se em 1957. Cresceu até se transformar em uma das maiores empresas do comércio varejista do país. Naquela época já diversificava a linha de produtos. O maior diferencial era, no entanto, o jeito especial no trato ao cliente. O nome da loja foi escolhido por meio de uma pesquisa entre o público, dando início à interatividade e à constante preocupação em conhecer a opinião dos consumidores. O pioneirismo da rede foi denominado Lojas Eletrônicas Luiza; atualmente é chamado de Lojas Virtuais. Com custo baixo e alta rentabilidade, as filiais não têm produtos expostos. As vendas, que inicialmente eram realizadas por meio de catálogos, vídeos e pôsteres, transformaram-se em modernas lojas, com computadores multimídia que possuem o maior banco de dados brasileiro sobre produtos. Empresa: Lojas Bernasconi - Fundada no ano de 1962, na cidade de São Carlos, atua há 37 anos no comércio de eletrodomésticos e móveis, com 27 lojas nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. Reconhecida por sua força e solidez no interior, a Bernasconi oferece aos seus clientes produtos nacionais e importados de qualidade, das melhores marcas. É tradicionalmente conhecida como LOJA DOS BONS NEGÓCIOS, pelos bons preços e atendimento personalizado dado aos seus clientes. Empresa: Lojas Americanas - Surgiu em 1929, de uma visão empreendedora de seu proprietário, que, visitando o Rio de Janeiro, identificou funcionários públicos e militares com renda estável e salários modestos, que precisavam de local para fazer suas compras. Seu modelo de negócios era único e inovador na América Latina, onde vários tipos de mercadoria eram oferecidos a preços populares, e utilizou como slogan Nada além de 2 mil réis. A expansão foi rápida e, em menos de um ano, mais unidades foram inauguradas, culminando com a abertura do seu capital como sociedade anônima, em 1940. A empresa começa o novo milênio com uma agressiva investida no e-commerce brasileiro, como acionista da Americanas.com e mais de 90 lojas em todo o país. Empresa: Lojas Colombo – Orgulha-se de completar 40 anos em constante crescimento e credibilidade. Conta com dois milhões de clientes cadastrados, tem mais de seis mil itens de produtos, entre eletrodomésticos, eletroeletrônicos, informática, móveis, camping, linha esportiva e bazar. Tem como missão comercializar e distribuir bens e serviços de forma ágil e inovadora, com competitividade e rentabilidade, atendendo às expectativas de seus clientes, funcionários, acionistas e comunidade. Além da variedade de produtos, oferece variedade de ____________________________________________________________________________________ Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Autorizada à reprodução desde que citada a fonte e autores 6 Artigo Publicado nos Anais do XXXVII – Congresso Latino-Americano de Escolas de Administração - October 22 up to 25, 2002 - Porto Alegre - RS _________________________________________________________________ marcas, entre as maiores e mais importantes do país. Possui alguns princípios fundamentais, como: Clientes - a excelência no atendimento; Ser humano: desenvolvimento, valorização, profissionalismo e respeito; Inovação: antecipar-se às necessidades do mercado; Comunicação: clara e objetiva; Qualidade: a melhor, na opinião do cliente. Empresa: Ponto Frio - Conta com mais de 50 anos de tradição. O sucesso provém é da construção de credibilidade no setor. Pode-se afirmar que sua história se confunde, muitas vezes, com a própria história da atividade comercial do país e ficou conhecida por adotar o sistema de crediário no Brasil. Investiu fortemente na informática para atender melhor ao cliente e atua com mais de trezentas e cinqüenta lojas. Utilizou a propaganda e o marketing em larga escala para alavancar suas vendas. Usa como slogan ser uma empresa forte, ágil e agressiva. Atuando também na internet, afirma que seu sucesso é devido ao compromisso com o cliente. Procura diferenciar-se no atendimento humano, amigo e, sobretudo, honesto. Investiu em tecnologias de ponta, mas tem como premissa básica que não se pode esquecer do ser humano. Dizem que este é o segredo do Ponto Frio: há mais de cinqüenta anos investimos muito em nossos clientes, na equipe e em nossos fornecedores. Pesquisa de Campo Para a pesquisa de campo foram enviados doze questionários às empresas selecionadas, mas apenas quatro, realmente, responderam. Na tabela 01, identificamos alguns fatores que as empresas buscam negociar com seus clientes para que obtenham maior vantagem em relação ao concorrente. Tabela 01: Quais os fatores principais que a empresa procura negociar com seus clientes? Empresa 1 2 3 4 Preço Dívidas em Atraso Qualidade Maior volume de itens adquiridos Abaixo do mercado, Com negociação de Maior satisfação Em com planos mais juros e dos clientes. eletroeletrônicos. facilitados. refinanciamentos. Quando o cliente Sim. Sempre. Venda adicional. tem uma cotação. Sempre estamos Procuramos sempre Os produtos mais abertos a os clientes em vendáveis são negociações com atraso para propor televisores, som, clientes. ótimas condições. vídeos e DVDs. Dentro da Procuramos É o norte da Procuramos possibilidade e adequar para empresa em definir linhas de comercialização facilitar a todos os produtos para definida, negociação para sentidos. facilitar escolha procuramos ambas as partes. do cliente, como negociar as itens sazonais. ____________________________________________________________________________________ Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Autorizada à reprodução desde que citada a fonte e autores 7 Artigo Publicado nos Anais do XXXVII – Congresso Latino-Americano de Escolas de Administração - October 22 up to 25, 2002 - Porto Alegre - RS _________________________________________________________________ facilidades. Fonte: Informações obtidas através de pesquisa realizada no 1º semestre de 2002. Na tabela 02, observamos alguns fatores que impedem as empresas de comercializarem seus produtos, o que elas fazem para recuperar os clientes que já foram seus um dia, para manter os que são fiéis e qual seu interesse nas vendas. Tabela 02: Quais os fatores principais dificultam a empresa de vender Empresa 1 Dificuldades de Recuperar Vendas clientes Baixo poder aquisitivo Através de mala do brasileiro, direta. economia instável. 2 Inadimplência e cotações que estão fora da realidade. 3 Situação econômica do País, que sempre atinge os consumidores. Instabilidade econômica que o país atravessa; baixo poder aquisitivo. 4 Manter clientes Vendas fiéis Ser verdadeira. Mais a prazo, pois mantém o cliente em contato com a loja. Pós-vendas, mala Ótimo À vista, devido direta. atendimento, ao grande pós- vendas, número de distribuição, inadimplência. tablóides com mala direta. Através de mala Através de mala A empresa tenta direta. direta de ofertas, vender à vista ou telemarketing. a prazo. Negociação de dívidas, ligações telefônicas, mala direta. Manter uma política agressiva com preços e prazos especiais e produtos de qualidade. Fonte: Informações obtidas através de pesquisa realizada no 1º semestre de 2002. Na tabela 03, perguntamos às empresas pesquisadas quais as vantagens oferecidas aos clientes e suas principais dificuldades em termos de negociação com os mesmos, para que elas se diferenciem de seus concorrentes, e obtivemos as seguintes respostas. Tabela 03: Vantagens oferecidas e dificuldades enfrentadas em relação aos concorrentes Dificuldades ____________________________________________________________________________________ Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Autorizada à reprodução desde que citada a fonte e autores 8 Artigo Publicado nos Anais do XXXVII – Congresso Latino-Americano de Escolas de Administração - October 22 up to 25, 2002 - Porto Alegre - RS _________________________________________________________________ Empresa Vantagens oferecidas Em termos de negociação Nome no SERASA, SPC e outros 1 Preços baixos, Não informado. facilidades de pagamentos, satisfação dos clientes. Quando consta alguma restrição, como as citadas acima, a empresa analisa caso a caso. 2 Qualidade atendimento, em 48 horas. no Preço – quando o entrega cliente possui várias cotações com preços bastante diferentes. Atendimento, Clientes que não produtos de qualidade, querem pagar condições de juros pelo atraso. pagamento. A venda só é feita à vista, não vendemos para clientes com restrições. 3 A empresa só vende à vista mas é conveniada a associações que fazem com que seu cliente seja diferenciado. 4 Atraso nos pagamentos A empresa envia cartas aos clientes e os colaboradores os visitam para tentar solucionar o problema. Cobrança por telefone, carta, na porta da residência, no trabalho, através de protesto, etc. Primeiro envia uma carta de cobrança; se o cliente não efetuar o pagamento é feito um contato pelo telefone e, se ainda persistir a dívida, será feita uma visita para tentar a melhor negociação possível. A empresa envia cartas, cobra através de ligações telefônicas e visitas. Planos sem juros, Altas taxas de Normas cartão de crédito de juros impostas estipuladas terceiros. pelo mercado, somente à vista não dando (dinheiro, cartão limites de de crédito). compra devido a baixo poder aquisitivo. Fonte: Informações obtidas através de pesquisa realizada no 1º semestre de 2002. ____________________________________________________________________________________ Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo Autorizada à reprodução desde que citada a fonte e autores 9 Artigo Publicado nos Anais do XXXVII – Congresso Latino-Americano de Escolas de Administração - October 22 up to 25, 2002 - Porto Alegre - RS _________________________________________________________________ Considerações Finais Embora apenas quatro empresas tenham respondido aos questionários enviados, percebemos que as negociações são fundamentais, independente da estratégia adotada, porque os consumidores e clientes acreditam na empresa para comprar seus produtos. Por isso, as empresas investem em campanhas agressivas de marketing para conquistar cada vez mais os consumidores e manter a fidelização do cliente. Mesmo com todos os problemas desse nicho de mercado, onde os hipermercados e supermercados comerciliazam os mesmos produtos, algumas redes ainda conseguem sucesso através da diferenciação no atendimento à clientela. Embora o objetivo estratégico represente tudo que é vital para uma organização, para manter sua capacidade competitiva e incrementar suas vantagens em relação aos concorrentes atuais ou futuros, as empresas precisam repensar suas estratégias, readequando seu mix de produtos para conseguir melhores margens de lucro a fim de compensar a alta dos custos, agregando valor aos clientes. Embora exista uma competição desenfreada nesse segmento e oscilação de preços, observamos que o cliente é peça fundamental em tais negociações e algumas empresas se sobressaem em relação às outras devido ao atendimento, cordialidade e condições de pagamento, tratando-os de forma personalizada. Embora a inadimplência seja um dos fatores mais agravantes nas empresas pesquisadas, observamos que tal problema é sanado de alguma forma, satisfazendo a necessidade de ambas as partes. Observou-se, nas empresas analisadas, que as de sucesso centram o foco no cliente, têm preocupação constante com a qualidade e geralmente conseguem ajustar-se rapidamente às mudanças de mercado, evidenciando agilidade nos processos administrativos, principalmente na tomada de decisões. Em virtude disso, pode-se concluir que a combinação de estratégia focada nos clientes e as estratégias de negociações adotadas fazem com que as empresas possuam um direcionamento de suas estruturas em prol do atendimento de suas necessidades. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANSOFF I. H.; McDONNELL, E. J. Implantando a Administração Estratégica. São Paulo: Atlas, 1993. BAZERMAN, M.H.; NEALE, M.A. Negociando Racionalmente, 2.ed. São Paulo: Atlas, 1998. BUZZELL, R. D.; GALE, B.T. 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