ENERGIA CINÉTICA 1. ENERGIA Não existe uma definição de energia que seja satisfatória e a razão disso é que, na realidade , existem vários tipos de energia, como veremos ao longo do curso. No entanto é possível dar uma definição que, embora não seja completa, é adequada para um grande número de casos. Assim começaremos com essa definição e ao longo do curso iremos completando-a. Quando um corpo é capaz de produzir trabalho dizemos que esse corpo possui energia. Podemos então dizer, por exemplo, que a gasolina possui energia pois, após algumas transformações no motor de um automóvel, ela é capaz de movimentá-lo. Do mesmo modo podemos dizer que os alimentos possuem energia pois são eles que, após algumas transformações no nosso corpo, produzem os movimentos de nossos órgãos e permite que nos movimentemos. A gasolina e os alimentos possuem energia. Nesta aula apresentaremos o tipo mais simples de energia: a energia cinética. 2. ENERGIA CINÉTICA Quando um corpo tem velocidade (Fig.2) podemos dizer que ele possui energia pois, ao se chocar com outro corpo aplicará a ele uma força, podendo produzir trabalho. Essa energia de movimento é chamada de energia cinética; a palavra cinética deriva da palavra grega kinetiké, que significa movimento. Mas como calcular essa energia? Vamos fazê-lo calculando o trabalho necessário para fazer com que um corpo, inicialmente em repouso, adquira uma velocidade de módulo v. Na Fig. 3 representamos um corpo de massa m inicialmente em repouso na posição A. Aplicamos então ao corpo uma força horizontal constante. Supondo que não haja atrito a única força que atua no corpo é a a aceleração do corpo, teremos: , e assim , sendo F = m . a a = De acordo com a equação de Torricelli temos: ou: ou ainda : (I) O produto F.d é o trabalho da força podemos definir a energia cinética e esse trabalho é dado por . Assim , do corpo por: (II) Da equação I concluimos que a unidade da energia cinética é igual à unidade de trabalho. Assim, no Sistema Internacional, tanto a energia cinética como o trabalho têm a mesma unidade: o joule (J). Exemplo 1 Um automóvel de massa move-se com velocidade Calcule a energia cinética desse automóvel. . Resolução 3. TEOREMA DA ENERGIA CINÉTICA Consideremos um corpo em movimento, sob a ação de um número qualquer de forças. Suponhamos que um certo instante o corpo tenha energia cinética (energia cinética inicial) e algum tempo depois tenha energia cinética cinética final). (energia É possível demonstrar que o trabalho total realizado sobre o corpo é igual à variação da energia cinética: (III) Essa propriedade é conhecida como Teorema da Energia Cinética e vale para qualquer tipo de trajetória. Vale também para qualquer tipo de força , isto é, tanto no caso em que as forças são constantes como no caso em que as forças são variáveis. Convém lembrar que o trabalho total pode ser calculado de dois modos: 1°) Calculamos o trabalho de cada força e depois efetuamos a soma: 2°) Determninamos primeiramente a força resultante trabalho de e depois calculamos o : Exemplo 2 Um corpo de massa m = 4 kg está sob a ação de quatro forças como mostra a figura, e move-se para a direita . São dados: . Sabendo que o corpo passa pelo ponto X com velocidade calcule a velocidade do corpo ao passar pelo ponto y. , Resolução Vamos resolver esse exercício usando o Teorema da Energia Cinética e, para isso, vamos primeiramente calcular o trabalho total realizado pelas forças que atuam sobre o corpo. Esse trabalho pode ser calculado de dois modos. Um deles consite em calcular o trabalho de cada força e depis efetuar a soma: Um outro modo de calcular o trabalho total consiste em, primeiramente determinar a resultante das forças e depois calcular o trabalho de : Apliquemos agora o Teorema da Energia Cinética: Exemplo 3 Um bloco de massa m = 6,0 kg move-se sobre uma superfície horizontal, sob a ação de apenas três forças como ilustra a figura. A força tem direção cosntante mas seu módulo varia com a posição x de acordo com o gráfico ao abaixo. Sabendo que o bloco passa pelo ponto de obscissa com velocidade ao passar pelo ponto de abcissa Resolução , calcule a velocidade desse bloco . Calculemos primeiramente o trabalho de cada força. Os trabalhos de são nulos. O trabalho de na figura a seguir. é dado pela área da região sombreada Assim o trabalho total é: Apliquemos o teorema da Energia Cinética: EXERCÍCIOS 1. (UFAC – 2009) Um carro se desloca com velocidade de 72km/h na Avenida Ceará. O motorista observa a presença de um radar a 300 m e aciona imediatamente os freios. Ele passa pelo radar com velocidade de 36km/h. Considere a massa do carro igual a 1.000 kg. O módulo da intensidade do trabalho realizado durante a frenagem, em kJ, vale: a) 50 b) 100 c) 150 d) 200 e) 250 R: C 2. (ITA) Um projétil de massa m = 5,00g atinge perpendicularmente uma parede com velocidade do módulo V = 400m/s e penetra 10,0cm na direção do movimento. (Considere constante a desaceleração do projétil na parede e admita que a intensidade da força aplicada pela parede não depende de V). a) Se V = 600m/s a penetração seria de 15,0cm. b) Se V = 600m/s a penetração seria de 225,0cm. c) Se V = 600m/s a penetração seria de 22,5cm. d) Se V = 600m/s a penetração seria de 150cm. e) A intensidade da força imposta pela parede à penetração da bala é 2,00N. R:C 3. (UNICAMP) Sob a ação de uma força constante, um corpo de massa m = 4,0 kg adquire, a partir do repouso, a velocidade de 10 m/s. a) Qual é o trabalho realizado por essa força? b) Se o corpo se deslocou 25 m, qual o valor da força aplicada? R: a) 200 J. b) 8,0 N. 4. (PUC) Um corpo de massa 0,30kg está em repouso num local onde a aceleração gravitacional tem módulo igual a 10m/s2. A partir de um certo instante, uma força variável com a distância segundo a função F = 10 - 20d, onde F (N) e d (m), passa a atuar no corpo na direção vertical e sentido ascendente. Qual a energia cinética do corpo no instante em que a força F se anula? (Despreze todos os atritos) a) 1,0J b) 1,5J c) 2,0J d) 2,5J e) 3,0J R:A 5. (UNESP) Um veículo está rodando à velocidade de 36 km/h numa estrada reta e horizontal, quando o motorista aciona o freio. Supondo que a velocidade do veículo se reduz uniformemente à razão de 4 m/s em cada segundo a partir do momento em que o freio foi acionado, determine a) o tempo decorrido entre o instante do acionamento do freio e o instante em que o veículo pára. b) a distância percorrida pelo veículo nesse intervalo de tempo. R: a) 2,5 s b) 12,5 m 6. (UEM) Um corpo de massa m = 2 kg é abandonado de uma altura h = 10 m. Observa-se que, durante a queda, é gerada uma quantidade de calor igual a 100 J, em virtude do atrito com o ar. Considerando g = 10 m/s², calcule a velocidade (em m/s) do corpo no instante em que ele toca o solo. R: 10 7. (PUC – PR) Um corpo de massa 2 kg está inicialmente em repouso sobre uma superfície horizontal sem atrito. A partir do instante t = 0, uma força variável de acordo com o gráfico a seguir atua sobre o corpo, mantendo-o em movimento retilíneo. Com base nos dados e no gráfico são feitas as seguintes proposições: I - Entre 4 e 8 segundos, a aceleração do corpo é constante. II - A energia cinética do corpo no instante 4s é 144 joules. III - Entre 4 e 8s, a velocidade do corpo se mantém constante. IV - No instante 10 segundos, é nula a velocidade do corpo. É correta a proposição ou são corretas as proposições: a) somente I e II b) somente I c) todas somente III e IV R: A d) somente II e) 8. (UFAC – 2010) João e André empurram caixas idênticas e de mesma massa, com velocidade constante, do chão até a carroceria de um caminhão. As forças aplicadas pelos dois são paralelas às rampas. Desconsidere possíveis atritos, analise as afirmações abaixo e assinale a opção correta: MÁXIMO, A., ALVARENGA, B. Física. São Paulo: Scipione, 1999, p. 225. (com adaptações). a) O trabalho realizado por João é maior que o trabalho realizado por André. b) O trabalho realizado por João é menor que o trabalho realizado por André. c) O trabalho realizado por João é igual ao trabalho realizado por André. d) João faz uma força de maior intensidade que a de André, para empurrar a caixa até o caminhão. e) João faz a mesma força que André, para empurrar a caixa até o caminhão. R: C 9. (UNICAMP) Uma bola metálica cai da altura de 1,0 m sobre um chão duro. A bola repica no chão várias vezes, conforme a figura adiante. Em cada colisão, a bola perde 20% de sua energia. Despreze a resistência do ar (g = 10 m/s²). a) Qual é a altura máxima que a bola atinge após duas colisões (ponto A)? b) Qual é a velocidade com que a bola atinge o chão na terceira colisão? R: a) 0,64 m. b) 3,6 m/s. 10. (UNESP) Um bloco de madeira, de massa 0,40 kg, mantido em repouso sobre uma superfície plana, horizontal e perfeitamente lisa, está comprimindo uma mola contra uma parede rígida, como mostra a figura a seguir. Quando o sistema é liberado, a mola se distende, impulsiona o bloco e este adquire, ao abandoná-la, uma velocidade final de 2,0 m/s. Determine o trabalho da força exercida pela mola, ao se distender completamente: a) sobre o bloco e b) sobre a parede. R: a) 0,80 J. b) Zero. 11. (FUVEST) No rótulo de uma lata de leite em pó lê-se: "Valor energético: 1 509 kJ por 100 g (361 kcal)". Se toda energia armazenada em uma lata contendo 400 g de leite fosse utilizada para levantar um objeto de 10 kg, a altura atingida seria de aproximadamente: Dado: g = 10 m/s². a) 25 cm. b)15 m. c)400 m. d)2 km e)60 km. R: E 12. (UFMG) Um esquiador de massa m = 70 kg parte do repouso no ponto P e desce pela rampa mostrada na figura. Suponha que as perdas de energia por atrito são desprezíveis e considere g = 10 m/s². A energia cinética e a velocidade do esquiador quando ele passa pelo ponto Q, que está 5,0 m abaixo do ponto P, são respectivamente. a) 50 J e 15 m/s. c) 700 J e 10 m/s. e) 3,5 × 10³ J e 20 m/s. R: D b) 350 J e 5,0 m/s. d) 3,5 × 10³ J e 10 m/s. 13. (UEL) Uma mola, submetida à ação de uma força de intensidade 10 N, está deformada de 2,0 cm. O módulo do trabalho realizado pela força elástica na deformação de 0 a 2,0 cm foi, em joules, de a) 0,1 b) 0,2 c) 0,5 d) 1,0 e) 2,0 R: A