Faculdade CEAP Curso de Arquitetura e Urbanismo Disciplina: Clima e Conforto no Ambiente Construído Professor: João Paulo Nardin Tavares, Msc. Acadêmico(a):_______________________________ Unidade I – Meteorologia e Climatologia Capítulo 1 – A Atmosfera da Terra A nossa atmosfera é uma delicada camada de ar que envolve a Terra, dando suporte à vida. Vivendo na superfície da Terra, nós nos adaptamos completamente ao ambiente atmosférico que nos circunda. Apesar de não podermos cheirar, ver, ou sentir o gosto do ar, pode parecer surpreendente que entre os seus olhos e as páginas que você está lendo, há trilhões de moléculas de ar. E é ainda surpreendente que, podemos respirar normalmente em qualquer ponto da Terra viajando na horizontal, mas se viajarmos apenas 8 quilômetros de altitude, sufocaríamos. Se a Terra fosse comparada a uma bola de futebol, a atmosfera teria a espessura de uma folha de papel. Neste capítulo, iremos examinar vários conceitos e ideias acerca da atmosfera terrestre. 1.1 Visão Geral da Atmosfera da Terra A atmosfera terrestre é um “envelope” gasoso composto principalmente de nitrogênio (N2) e oxigênio (O2), com pequenas quantidades de outros gases, tais como vapor d’água (H2O) e dióxido de carbono (CO2). Imersas na atmosfera encontram-se nuvens de água líquida e cristais de gelo. A fina área azul perto do horizonte na figura 1.1 representa a parte mais densa da atmosfera. Cerca de 99% da atmosfera permanece a 30 km da superfície da Terra. Essa camada de ar protege constantemente a superfície terrestre e seus habitantes da energia radiante ultravioleta proveniente do sol, bem como de material do espaço sideral, que são perigosos. Não há limite superior definido para a atmosfera, ao contrário, ela se torna cada vez mais fina, até se misturar com o espaço vazio interplanetário. Figura 1.1 – A Atmosfera terrestre. As nuvens ocupam a parte mais densa da atmosfera e a faixa azul que se funde com o espaço é a parte mais rarefeita da atmosfera. 1.2 Composição da Atmosfera A tabela 1.1 apresenta os vários gases presentes em um volume de ar próximo à superfície terrestre. Note que o nitrogênio (N2) ocupa cerca de 78% e o oxigênio (O2) cerca de 21% do volume total. Se todos os outros gases fossem removidos, essas porcentagens de nitrogênio e oxigênio se manteriam constantes até uma elevação de aproximadamente 80 km. Ou seja, a proporcionalidade entre esses gases se mantém constante com a altura. Gás Proporção Nitrogênio 78% Oxigênio 21% Argônio 0,73% Outros 0,002% À superfície, há um balanço entre a destruição (output) e a produção (input) desses gases. Por exemplo, o nitrogênio é removido da atmosfera principalmente pelos processos biológicos que envolvem as bactérias do solo. E retorna à atmosfera em sua maior parte através da decomposição de matéria orgânica. Por outro lado, o oxigênio é removido da atmosfera quando a matéria orgânica se decompõe e quando o oxigênio se combina com outras substâncias, produzindo óxidos. Também é retirado da atmosfera durante a respiração, quando inspiramos oxigênio e expiramos dióxido de carbono. A adição de oxigênio na atmosfera ocorre através da fotossíntese, quando as plantas, na presença de luz solar, combinam dióxido de carbono e água para produzir açúcar e oxigênio. A concentração do invisível gás vapor d’água, entretanto, varia enormemente no espaço e no tempo. Próximo à superfície nas regiões tropicais quentes, o vapor d’água pode atingir até 4% em concentração na composição atmosférica, por outro lado, nas regiões polares, frias e secas, sua concentração cai para uma mera fração de um por cento! As moléculas de vapor d’água são, obviamente, invisíveis. Elas se tornam visíveis apenas quando se transformam em partículas maiores sólidas ou líquidas, como gotas em nuvens ou cristais de gelo. A mudança de estado de vapor para líquido se chama condensação, enquanto o processo inverso é chamado de evaporação. Na baixa atmosfera, a água está por toda parte. É a única substância que existe nas fases líquida, gasosa e sólida, nas condições de pressão e temperatura encontradas próximo à superfície da Terra (Figura 1.2). Figura 1.2 Mudanças de estado da água. O vapor d’água é um gás extremamente importante na nossa atmosfera. Não apenas se transforma em partículas líquidas e sólidas nas nuvens, que crescem em tamanho e caem como precipitação, como também liberam grandes quantidades de calor – chamado calor latente – quando muda de fase. O calor latente é uma importante fonte de energia atmosférica, especialmente para tempestades, inclusive os furacões. Além disso, o vapor d’água é um potente gás de efeito estufa, porque absorve fortemente uma grande porção da energia radiante emitida pela Terra (como os vidros de uma estufa de vegetação evita que o calor de dentro escape para fora). Logo, o vapor d’água exerce um papel significante no balanço de energia da Terra. O dióxido de carbono (CO2), um componente natural da atmosfera, ocupa uma pequena (mas importante) fração de um volume de ar, perto de 0,037%. O CO2 entra no sistema atmosférico principalmente através da decomposição da vegetação, mas também se origina de erupções vulcânicas, exalações de vidas animais, queimada de combustíveis fósseis (carvão, óleo, petróleo e gás natural) e do desmatamento. A remoção de CO2 da atmosfera ocorre no processo de fotossíntese, quando as plantas consomem CO2 para produzir biomassa. Então o CO2 é armazenado nas raízes, troncos e folhas. Os oceanos atuam como grandes reservatórios de CO2, à medida que o fitoplâncton (minúsculas plantas aquáticas) na superfície da água fixam o CO2 em seus organismos. O dióxido de carbono que se dissolve diretamente na superfície da água mistura-se nas correntes e circula até grandes profundidades. As estimativas indicam que os oceanos mantém mais de 50 vezes o conteúdo total de CO2 atmosférico. 1.3 Estrutura Vertical da Atmosfera A atmosfera pode ser dividida em camadas, de acordo com a variação de temperatura. A atmosfera está estruturada em três camadas relativamente quentes, separadas por duas camadas relativamente frias. Os contatos entre essas camadas são areas de descontinuidade, e recebem o sufixo "pausa", após o nome da camada subjacente. A Figura 1.3 mostra a variação de temperatura entre as camadas. De maneira geral, a temperatura diminui com a altura próximo ao solo. Nas altas camadas onde ocorre o contrário, a reação química entre o ozônio e a radiação ultravioleta do Sol provoca o aquecimento observado. Figura 1.3 – Estrutura vertical da atmosfera 1.4 Relações físicas entre pressão, densidade e temperatura na atmosfera Em superfície, a parcela apresenta a mesma temperatura e pressão que o ar ao redor. Ao subir, sua pressão diminui com altitude. O ar ao redor apresenta menor pressão. Pressão externa menor, ocorre expansão da parcela de ar. Na expansão, parte da energia da parcela é consumida, a velocidade média das moléculas diminui e então diminui sua temperatura. Na descida, ao descer até a superfície, a pressão externa é maior. Isso provoca compressão da parcela de ar, redução do volume e aumento da velocidade média das moléculas. Consequentemente, aumento da temperatura. Resumindo: Parcela de ar que sobe: expande e esfria Parcela de ar que desce: comprime e esquenta A Figura 1.4 ilustra a estrutura da atmosfera, com as principais características de cada camada. Figura 1.4 – Camadas da Atmosfera. Fontes Consultadas AHRENS, C.D. Essentials of meteorology – an Invitation to the Atmosphere. 3.ed. 2004 MASSAMBANI, O. O clima da Terra: Processos, mudanças e impactos. Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG/USP, 2009.