ANÔNIMO- Filosofia Clínica(Artigo)

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Filosofia Clínica
O que é a filosofia clínica?
É o uso do conhecimento acadêmico, das teorias filosóficas desde os clássicos
(Sócrates, Platão) até os contemporâneos (Jacques Derrida, George Berkeley)
aplicados à terapia do indivíduo. A filosofia clínica prioriza a pessoa como um todo,
em nível consciente. É realizado um trabalho em que a pessoa monta o quebracabeça de sua história, com a participação direta do terapeuta. Cada ser humano
é respeitado na sua singularidade. Isto é cada pessoa tem uma identidade única,
uma maneira própria de olhar e sentir a vida.
Origens
A filosofia clínica remonta 25 séculos, quando pensadores como Sócrates, Platão,
iam para as ruas dialogar com as pessoas.
Em Portugal, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Escócia as pesquisas sobre
filosofia clínica surgem na década de 80.
No Brasil, aparece em 1980 quando o filósofo gaúcho Lúcio Packter retorna de
uma temporada de estudos na Europa, em Edimburgo, e adota a filosofia clínica
como um método terapêutico.
Em 1995, Lúcio Packter cria o Instituto Packter, em Porto Alegre (RS) e o primeiro
curso para a formação de filósofos clínicos no País.
Formação e ética Hoje, o Brasil tem 1,1 mil profissionais graduados.São 12
associações em funcionamento (Belo Horizonte, Campinas, Curitiba, Goiânia,
entre outras) e mais quatro em formação (DF, PA, MA, ES).
Em Goiânia, a 1ª turma, com 16 filósofos clínicos, deve receber em breve o
Certificado A, que permite a atuação como terapeuta, uma vez que se trata de uma
pós-graduação.
O certificado B compreende apenas a atuação enquanto pesquisador do assunto.
Só é permitido cursar filosofia clínica quem possui diploma de filosofia, concebido
por uma universidade.
A filosofia clínica é autorizada pelo MEC via resolução CNE/CES, nº 1, de 3 de
abril de 2001, publicada no Diário Oficial da União, que estabelece norma
funcionamento de cursos de pós-graduação.–(Railton Nascimento Souza professor de filosofia e
filósofo clínico em formação)
Aconselhamento e Orientação Filosóficos
O aconselhamento e orientação filosófica não constituem ramos ou atividades
recentes da Filosofia, eles vêm da tradição filosófica. Desde a antiguidade clássica
que os filósofos refletem e intervêm sobre a realidade que os circunda.
Quem somos? De onde vimos? Para onde vamos? - questões radicais que a
Filosofia tem atualizado ao longo da história humana.
Eu, os Outros, o Mundo, a teia de relações que construímos e faz de nós o que
somos enquanto Humanidade e enquanto Indivíduos dotados de consciência e
liberdade - eis alguns dos problemas da Filosofia.
O aconselhamento e orientação filosófica visam, no plano pessoal, enfrentar os
dilemas morais, os conflitos éticos, as crises de sentido, valor ou identidade, os
desencontros entre a razão e as emoções.
O aconselhamento filosófico é a «terapia dos saudáveis».Ter problemas é normal,
as desordens emocionais não são necessariamente doenças e «não há nada mais
prático do que uma boa teoria».
No lugar do divã, a Filosofia Clínica
O Aconselhamento que tende a substituir a psicoterapia já é oferecido em centros
universitários e hospitais
A filosofia saltou das empoeiradas prateleiras das bibliotecas, se instalou nas
modernas cadeiras das escolas e cafés, recuperou espaço na grade escolar, subiu
na lista dos mais vendidos das editoras e, num ato de ousadia, expulsou Freud do
divã. Com nomes variados - filosofia prática, filosofia clínica, aconselhamento
filosófico - ganhou clientes e pacientes. Dividiu profissionais. Virou moda.
Alternativa à terapia., é, agora oferecida dessa maneira, Para muitos deixou de ser
filosofia.
O que é o amor? Leia Platão. Como lidar com as mudanças? Ovídio auxilia. O
trabalho não vai bem? Veja citações de Voltaire. Um dos responsáveis por esse
uso da filosofia na vida cotidiana é o filósofo canadense Lou Marinoff, autor do
best-seller Mais Platão Menos Prozac - A Filosofia Aplicada ao Cotidiano (Ed.
Record, 384 páginas, R$ 41,90). Professor da City College de Nova York, ele criou
o aconselhamento filosófico, que une filósofos para ajudar pessoas a lidar com
suas angústias.
Marinoff, que estará no Brasil pela primeira vez no mês que vem (leia entrevista
abaixo), encontrará por aqui a Filosofia Clínica - um atendimento semelhante ao
seu -, reconhecida como especialização pelo Ministério da Educação. Criada no
Rio Grande do Sul pelo filósofo Lúcio Packter, hoje é oferecida em centros
universitários, clínicas e hospitais.
"Eles não dão bula, nem receita. Indicam caminhos para você se conhecer melhor,
perguntar o que você quer e por que não toma providências para isso", afirma a
produtora cultural Vânia Silva, de 24 anos. Há oito meses com sessões semanais,
ela mudou de emprego e se libertou das amarras que deixavam sua "vida
monótona". Para ela, uma das compradoras dos inúmeros livros que falam de
filosofia de maneira mais simples, foi Marx, e a análise da sociedade capitalista,
quem a ajudou a enfrentar o medo de abandonar o trabalho.
Idealizador do método, o filósofo Lúcio Packter encontra nas variadas escolas de
pensamento a ajuda de que muitos precisam para suas "crises existenciais". Dos
conflitos amorosos aos problemas no trabalho, ele defende as interrogações que
a filosofia acrescenta na mente das pessoas. "Alguém depressivo que vai ao
médico e toma um remédio abortou o processo. Há depressões que são orgânicas,
patológicas. Outras são existenciais e o quadro orgânico é um coadjuvante", opina.
Nesses casos, diz, ao ouvir a história de vida e entender a maneira de pensar, o
filósofo ajuda o paciente a reverter o quadro. E abolir os remédios. Tudo isso em
sessões de 50 minutos, a partir de R$ 100,00.
E se ele se confundir e o quadro for patológico? Segundo Mônica Aiub, professora
do Centro Universitário São Camilo, que inclui a disciplina na graduação, a
formação do filósofo clínico dura dois anos e inclui aulas com um psiquiatra, que
ensina a identificar sintomas de problemas graves - necessariamente tratados por
médicos. Ela conta que entre seus alunos alguns optaram pela filosofia já
pensando em especializar-se nos atendimentos.
"Como no processo cartesiano, de dividir em partes, dividimos os relatos até
montar um quadro com a estrutura de pensamento da pessoa. Muitas vezes não
citamos filósofos."Em outros casos, recorre-se aos livros. "Havia uma paciente que
tinha muitos medos que a travavam. Trabalhamos a intencionalidade de MerleauPonty para ela ver como direcionar e focar suas emoções."
Pelo tom terapêutico, de ajuda, o método recebe críticas mesmo de quem defende
uma aproximação maior do mundo acadêmico com a sociedade. "Eu fico triste de
dizer que acho uma enganação. A filosofia não pode simplesmente ajudar alguém
no sentido da caridade. É um enfrentamento com a vida, e nesse exercício de
pensamento a pessoa pode se deparar com questões e respostas cruéis. É o
contrário da consolação da auto-ajuda", afirma a filósofa Márcia Tiburi, professora
e autora de livros de filosofia, que participa do programa Saia Justa, do GNT. "O
encontro que a filosofia teve com a prática foi a psicanálise", resume. Ela alerta
que, quando o profissional começa a dar o rumo para alguém, perde o potencial
crítico, essencial no olhar filosófico.
Pensar não tem de ser chato - pode ser uma aventura emocionante. Mas, sem cair
na "tentação dos discursos prontos e soluções fáceis", defende o filósofo Charles
Feitosa, professor de pós-graduação da UniRio e autor do livro Explicando a
Filosofia com Arte (Ediouro, 200 páginas, R$ 44), no qual tenta escrever filosofia
de maneira mais didática, mas sem perder o rigor acadêmico. "Se pop for sempre
sinônimo de uniforme, superficial e comercial, me inclua fora dessa, como dizem
os cariocas. A filosofia pop, tal como eu a entendo, pode, ao contrário, desconstruir
os preconceitos contra a reflexão", diz. "Quando dá soluções, escorrega." Entra no
terreno que para ele deixou de ser filosofia. E que para outros é a filosofia clínica.
Simone Iwasso Estado de São Paulo 26 de fevereiro de 2006
Mais Platão Menos Prozac!
Sinopse: Como lida com os desafios, perdas e conflitos de seu dia-a-dia?
Da forma mais racional e consciente possível? Se a resposta for positiva,
parabéns, você deve ser um dos poucos felizardos que compreenderam que a vida
não é tão complicada como muitos pintam. Mas se continuar à procura de novas
perspectivas para enfrentar velhos dilemas emocionais, que tal recorrer à filosofia?
Essa é proposta do filósofo Lou Marinoff, autor de «Mais Platão, Menos
Prozac!». Marinoff é um dos pioneiros nos Estados Unidos da nova corrente
filosófica que propõe retirar a filosofia dos debates acadêmicos e levá-la para o
quotidiano de todos os cidadãos. O autor indica o aconselhamento filosófico como
alternativa às terapias que, usando palavras dele, não passam de farmacologia
neural. De acordo com o filósofo, na década de 80 os psiquiatras calculavam que
um em cada dez americanos estava mentalmente doente. Na década de 90, um
em dois. “Em breve serão todos, exceto, é claro, os psiquiatras”, ironiza. Marinoff
acredita que a maioria dos distúrbios emocionais e comportamentais devem-se à
falta de estadistas visionários e de virtude filosófica. Ele reconhece que o
aconselhamento psicológico ou a assistência psiquiátrica, quando feitos por
profissionais competentes, ajudam as pessoas a encontrar soluções para vários
problemas, mas alega ser necessário, na maioria das vezes, aliar o tratamento
psiquiátrico ao aconselhamento filosófico. Mas como adepto da filosofia prática, o
autor defende que o aconselhamento filosófico é mais completo e tem respostas
para a maior parte das questões corriqueiras como conflitos amorosos e familiares,
mudanças na carreira e até o medo da morte.
Marinoff propõe o processo PEACE (problema, emoções, análise,
contemplação, equilíbrio) para lidar com os conflitos do dia-a-dia. O método
consiste em identificar o problema, expressar emoções de forma construtiva,
analisar as opções, contemplar uma filosofia que ajude a pessoa escolher e viver
com a melhor opção e, finalmente, resgatar o equilíbrio pessoal. “Praticar filosofia
significa explorar o seu universo interior. Você é a pessoa mais qualificada para
empreender essa viagem de autodescoberta, escreveu o autor, destacando que
cada um de nós tem a resposta para os problemas que enfrenta, basta despertar
a filosofia pessoal. O autor recorre aos maiores filósofos da história. Sócrates e
Platão, Séneca, Aristóteles, Bacon, Kirkegaard, Kant, Sartre, Rousseau,
Nietzsche, Confúcio, entre muitos outros grandes pensadores, para ajudar a olhar
o problema como um todo e considerar novas idéias para lidar com as diferentes
situações em causa. «Mais Platão, Menos Prozac!» pode ser alvo de críticas de
psicólogos e terapeutas. Alguns filósofos e acadêmicos podem alegar que Marinoff
banaliza o saber antigo ao levá-lo para os consultórios psiquiátricos. No entanto,
se seguíssemos os sábios conselhos do autor e dos grandes filósofos de sempre
e conseguíssemos ver as nossas frustrações, perdas e dilemas pessoais sob uma
perspectiva filosófica, certamente o mundo seria melhor e, possivelmente, a
indústria de antidepressivos estaria em vias de enfrentar uma grande crise.
Aconselhamento
Processo interativo, caracterizado por uma relação única entre Terapeuta e cliente,
levando este ao auto-conhecimento e a mudanças em várias áreas, sendo as mais
comuns: comportamento, elaboração da realidade e/ou preocupações com a
mesma, incremento na capacidade de ser bem-sucedido nas situações da vida
(aumento máximo das oportunidades e minimização das condições adversas), além
de conhecimento e habilidade para tomada de decisão. O Aconselhamento é parte
integrante do trabalho de todo verdadeiro Terapeuta, independentemente de quais
outros métodos adote.
Arquivo da conta:
DouglasgmNeves
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