MÉTODOS CONTRACEPTIVOS DE BARREIRA Impedem a ascensão de espermatozóides para a cavidade uterina. Podem ser mecânicos como os condons masculinos e femininos, diafragmas, esponjas, capuzes cervicais (ainda não disponíveis no Brasil). Ou ainda químicos: espermicidas (em gel, creme, espuma, óvulos e comprimidos vaginais). Podem ser usados em associação para maior eficácia. Em geral métodos de barreira não apresentam efeitos colaterais (exceto alergia ao látex ou a algum componente dos espermicidas). O maior benefício é a proteção contra DSTs. Os espermicidas são eficazes contra gonococos, herpes, treponema e tricomoníase. O condon é o único eficaz contra o HIV. Como anticoncepcional falha entre 3.6 36 gravidezes por 100 mulheres/ano de uso, mas isso por uso incorreto, é rara a ruptura. O condon feminino é mais eficaz ao prevenir DST, uma vez que recobre toda a vulva e vagina. Seu índice de falha é semelhante ao do condon masculino. Diafragma vaginal: calota de látex ou silicone, deve ter sua medida verificada através de toque vaginal por profissional da saúde para melhor adaptação. O diâmetro do diafragma corresponde à distância do fundo de saco vaginal posterior à face interna do osso púbico, medida pelo dedo médio. Confere-se a medição com um anel medidor que varia de 60 a 90mm. Usado com creme ou geléia espermicida aumenta sua eficácia, que varia de 83 a 96% de acordo com a experiência da usuária. Espermicidas: Têm como base o nonoxinol-9, octaxinol-9 ou menfegol. Seu uso isolado confere 80 a 97% de segurança. Devem ser associados a outros métodos de barreira. O nonoxinol-9 pode lesar a parede vaginal e facilitar a transmissão do HIV. MÉTODOS COMPORTAMENTAIS “métodos para planejar ou evitar a gravidez pela observação de sinais e sintomas naturais da fase fértil e infértil do ciclo menstrual.” Método do calendário (método da tabela, método de Ogino-Knaus) Parte do fato de que a ovulação ocorre 14 dias antes da próxima menstruação. Considera ainda, que o espermatozóide é capaz de fecundar até 72 horas após a ejaculação em ambiente propício. O cálculo é feito após observação de 12 ciclos menstruais. Determina-se o primeiro (ciclo mais curto menos 18) e o último (ciclo mais longo menos 11) dia fértil. O método é falho (14-47 gravidezes/100 mulheres por ano de uso), pois muitos fatores interferem no ciclo menstrual, como o estresse. Muco cervical Pela observação diária do muco cervical, o casal Billings descreveu o método em que a mulher poderá manter relações quando seu muco for espesso e deve abster-se por 4 dias após este tornar-se fino, fluido e cristalino “dia do pico”, que coincide com o período periovulatório. Sua falha é menor que o método da tabela (5-32 gravidezes/100 mulheres por ano de uso) A observação diária da temperatura corporal ao acordar. No período ovulatório a temperatura basal se eleva em 0.3-0.5°C. pela ação da progesterona sobre o centro termo-regulador do hipotálamo. Deve-se abster de relações sexuais do término da menstruação até 3 dias após a elevação da temperatura. Possui boa eficácia (1-6 gravidezes/100 mulheres ano em uso). Ao associar métodos há um aumento da eficácia. Ex. Associação da observação do muco ao método da temperatura com abstinência sexual a partir da alteração do muco até 3 dias após o aumento da temperatura corporal. No aleitamento materno exclusivo apenas 1-5% das mulheres têm escape ovulatório nos primeiros 6meses pós-parto. Quanto mais frequentes e mais longas as mamadas menores a chances de escape. DIU DIU não medicado Vários modelos foram testados até o advento do plástico e seus derivados permitirem, na década de 60, bons resultados. Assim o DIU pode moldar-se a um aplicador, retornar à sua forma intra-útero e permitir a colocação de apêndices caudais para facilitar se controle e remoção. Vantagens: Longo tempo de proteção contraceptiva Alta efetividade Não interfere na atividade sexual Reversibilidade imediata após remoção Sem efeitos sistêmicos Não interfere na lactação Pode ser inserido logo após parto ou aborto Pode ser usado na pré-menopausa Desvantagens: Aumento do fluxo menstrual nos primeiros meses de uso(DIU com cobre) Desconforto pélvico e cólicas (DIU com cobre) Aumennto da incidência de DIP (doença inflamatória pélvica) Modelos de DIU Inertes: alça em duplo S de polietileno recoberto por Ba em quatro tamanhos diferentes Bioativos: base de derivados de plástico com substância liberada aos poucos “T de cobre”. T Cu 200: forma de T com base de polietileno, recoberto por Ba, com fio de cobre do tipo mola recobrindo sua haste vertical. Dura cerca de 4 anos. T Cu 380 A: fio de cobre na haste vertical com anel sólido de cobre em cada lado da haste horizontal. Dura cerca de 10 anos. Mecanismo de ação: O mecanismo não foi definido. O impedimento da fertilização seria por alteração do transporte e/ou destruição dos espermatozóides. Descartou-se a hipótese de impedimento da implantação do óvulo já fertilizado. O cobre atua nos espermatozóides e nos óvulos estimulando a reação inflamatória, aumenta a produção de prostaglandinas e enzimas uterinas que alteram as condições locais, aumenta fluidos tubários. Assim alterase o transporte do espermatozóide ou ainda lesa-o assim como ao óvulo, dificultando a fecundação. Taxa de continuidade: Mede quantas pacientes continuam a usar o método após 1 ano de uso, ou mais a cada 100 mulheres usuárias. Após um ano essa taxa foi de 70-90.9/100 mulheres. Eficácia Um dos mais efetivos contraceptivos. Depende do modelo. Na prática é mais eficaz que os anticoncepcionais orais e tão seguro quanto os injetáveis, implantes e contracepção cirúrgica masculina e feminina. No Brasil quanto mais cobre no DIU mais seguro ele é. O DIU 380 A é um dos melhores contraceptivos reversíveis devido a alta efetividade e continuidade. Tempo de vida útil DIU não medicado: prazo indeterminado DIU medicado: variável com o modelo devido ao gasto diário do metal /medicamento. Época de inserção O DIU pode ser inserido em qualquer fase do ciclo menstrual, desde que certo a não existência de gravidez. Prefere-se o período menstrual quando se tem certeza de não haver gravidez, o canal cervical uterino encontra-se mais permeável, já há sangramento mascarando aquele provocado pela colocação do dispositivo. Pode-se ainda inserir no DIU no pós-parto imediato (com a mão ou aplicador próprio), no pós-parto tardio (quarta – sexta semana) ou após aborto não infectado. Técnica de inserção 1. exame ginecológico completo 2. afasta-se contra-indicações 3. conhecer a correta posição uterina – toque bimanual 4. colocação do especulo e emborcação cervical com ácido acético e solução de Shiller, apreensão do colo uterinocom pinça pra retificação 5. mede-se a cavidade uterina(histometria) – quando <5.5 ou >9.5cm contra indica o DIU 6. com luva estéril: abre-se o invólucro dobra-se para baixo o eixo horizontal colocando-o no aplicador 7. calibra-se o aplicador do DIU de acordo com a medida realizada 8. retifica-se o útero e insere-se o aplicador até o fundo do uterino 9. firma-se o êmbolo e puxa-se o aplicador para trás 10. retira-se o êmbolo e o aplicador 11. corta-se o fio a 1cm do orifício externo do canal cervical A inserção e retirada do DIU deve ser lenta e delicada para evitar o reflexo vasogênico ( náuseas, vômitos, lipotimia, convulsão e até parada cardíaca) Efeitos colaterais: o Irregularidade menstrual: o Dor pélvica A alteração do fluxo pode ocorrer por rompimento de pequenos vasos, pelo aumento da atividade fibrinolítica (↑macrófagos) ou ainda pelo posicionamento incorreto do DIU (também causa cólicas). O aumento do fluxo é em geral maior nas usuárias dos modelos não medicados, que nos modelos com cobre, sendo que nos últimos após um ano de uso o fluxo tende a normalizar-se. O aumento do fluxo como as cólicas podem ser combatidas pelo uso de AINES nos primeiros meses após inserção. O DIU pode ser expulso espontaneamente e deve ser retirado e substituído caso não exista gravidez ou infecção. O DIU mal posicionado deve ser retirado isso pode ser percebido pelo tamanho aumentado dos fios ou por US. Complicações: o Gravidez eutópica: a taxa varia com o modelo empregado, sendo menor nos mais modernos como T Cu 380. Se detectada gravidez deve-se retirar o DIU o mais breve possível, quando isso não é possível o risco de aborto é de 60%. o Gavidez ectópica: se a mulher engravidar usando o DIU o riso de a gravidez ser ectópica é maior, mas o DIU protege contra qualquer forma de gravidez, portanto, a incidência total é maior nas mulheres que não usam o dispositivo. o Expulsão: mais freqüente no primeiro mês e varia com o modelo. Outros fatores são: inexperiência de quem insere, pacientes jovens, nulíparas, dismenorréia, fluxo abundante, cavidade uterina > 9.5cm ou < 6.5cm. o Perfuração uterina: relaciona-se à correta colocação do dispositivo. É parcial (não ultrapassa a parede uterina) ou total (atinge a cavidade abdominal). Se o DIU é de cobre ao cair na cavidade abdominal é envolvido por epiplon e raramente causa problemas. o Doença inflamatória pélvica (DIP): mais freqüente em usuárias do DIU ou mulheres expostas a DSTs. As complicações da DIP levam ao aumento da incidência de gravidez ectópica, infertilidade e dor pélvica crônica. Estudos mais recentes mostram que o risco é 2,3, vezes maior nas usuárias do DIU. Outros fatores interferem na incidência de DIP: Inserção: DIP é mais comum até 20 dias após inserção e o uso de antissépticos reduz risco. Modelo do DIU: maior incidência - modelos não medicados. Exposição a DST: maior incidência - múltiplos parceiros. Idade: maior incidência - menores de 25 anos (vida sexual mais ativa) Duração do uso: incidência reduz como tempo de uso. DIU Medicado Chamado LNG-SIU (Sistema Intra-Uterino Liberador de Levonorgesterol),o Mirena. Contém um cilindro de levonorgesterol revestido por polidimetilsilixano que regula a liberação hormonal diária. Mecanismo de ação: além dos efeitos do DIU inerte o prostagênio altera o muco tornando-o inadequado ao espermatozóide e torna o endométrio atrófico. Taxa de continuidade: as maiores causas de descontinuidade são a hipomenorréia e a amenorréia. Eficácia: o DIU com prostagênio é o mais eficaz. Taxa de gravidez 0,3/100 mulheres no primeiro ano e 1,1 no sétimo ano de uso. Técnica de inserção: diferente dos modelos inertes, inicialmente deve-se deixar 1cm entre o DIU e o fundo uterino a seguir empurra-se o dispositivo par ao fundo. Retira-se o apliacador. Efeitos colaterais: tende a produzir irregularidade menstrual nos 3 primeiros meses seguida com redução do fluxo de 90% e amenorréia após um ano. Tornando esse DIU adequado para mulheres de fluxo muito intenso. Complicações: taxa de gravidez ectópica é de 0,2/100 mulheres/ano. CONTRACEPÇÃO DEFINITIVA FEMININA Salpingotripsia Bilateral É também conhecida como laqueadura tubária, ligadura tubária, ligadura de trompas e anticoncepção cirúrgica voluntária. Tem por objetivo suprimir de forma definirtiva a capacidade de reprodução através do coito. Os tipos cirúrgicos são: ligadura tubária, oclusão tubária com colocação de anel de silástico (anel de Yoon), eletrocoagulação tubária bilateral, colocação de clipe plástico obstruindo as trompas, salpingectomia bilateral (retirada das tubas). A cirurgia é indicada quando há risco reprodutivo e outros métodos são contra-indicados. Doenças como diabetes mellitus descompensado, doenças hematológicas, neurológicas ou cardiovasculares graves, repetidas mal formações fetais, multiparidade. Vantagens Desvantagens Alta eficácia e caráter permanente Realização abusiva sem seguir indicações e Baixa morbidade aspectos legais Baixo custo operacional Sem indicação correta, causa Não interfere nas relações sexuais arrependimento. Não ocasiona nenhum problema grave de saúde No Brasil, os aspectos legais envolvidos foram estabelecidos em 1996 pela lei 9.263.* Esterilização Transcervical (QUINACRINA) Consiste na inserção de seis pequenos comprimidos de Quinacrina por via transcervical com um insertor por uma ou mais vezes. Tal droga leva à destruição do epitélio tubário com hialinização e fibrose reativa. Provoca obstrução tubária. Falha de até 2,6 gestações por 100mulheres/ano. MASCULINA Deve ser considerada definitiva, mas se sabe que é possível a fertilização com células primordiais dos espermatozóides. Realiza-se obstrução do canal deferente impedindo a passagem de espermatozóides. Vantagens o Alta eficácia e caráter permanebte o Totalmente efetiva após cerca de 20 ejaculações o Não interfere na relação sexual o Baixo custo o Baixa complexidade (ambulatorial com anestesia local) o Raras complicações e efeitos colaterais imediatos Contra-indicações o Medo do paciente de ser prejudicado pela cirurgia o Hidrocele e varicolceles grandes o Infecções locais o Hérnia inguino-escrotal *Para quem quiser, esse trecho do artigo ta no Ginecologia ambulatorial: Art.10 da Lei 9.263 - Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações. I - em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de idade ou, pelo menos, com 2 (dois) filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce; II – risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório escrito e assinado por dois médicos. § 1º - É condição para que se realize a esterilização, o registro de expressa manifestação da vontade em documento escrito e firmado, após a informação a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepção reversíveis existentes. § 2º - É vedada a esterilização cirúrgica em mulher durante os períodos de parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores. § 3º - Não é considerada manifestação da vontade, na forma do § 1º, expressa durante ocorrência de alterções na capacidade discernimento por influência de álcool, drogas, estados emocionais alterados ou incapacidade mental temporária ou permanente. § 4º - A esterilização cirúrgica como método contraceptivo somente será executada através da laqueadura tubária, vasectomia ou de outro método cientificamente aceito, sendo vedada através da histerectomia e ooforectomia. § 5º - Na vigência da sociedade conjugal, a esterilização depende do consentimento expresso de ambos os cônjuges. § 6º - A esterilização cirúrgica em pessoas absolutamente incapazes somente poderá ocorrer mediante autorização judicial, regulamentada na forma da lei. Ginecologia e Obstetrícia GD: Anticoncepcionais não-hormonais – 20/04/2005 Orientar sempre: “escolha livre e informada” – quem escolhe o anticoncepcional não é o médico, mas o paciente. DIU É um objeto pequeno de plástico flexível, freqüentemente com revestimento ou fios de cobre. O dispositivo é inserido no útero da mulher através da vagina. É conhecido também por suas características específicas: o DIU com cobre -TCu 380 A (eficácia de 99%, dura 10 anos) e MLCu-375 (Multiload); o DIU que libera progestágeno (levonorgestrel) - LNG-20 (Mirena); e o DIU inerte, não medicado - alça de Lippes - que atualmente não está disponível. Mecanismo de ação: pré-fecundação – passagem do espermatozóide – e pós-fecundação – nidação. Aceitação: 88%. Efeitos adversos: alterações do ciclo menstrual; fluxo menstrual prolongado e volumoso; sangramento e manchas no intervalo entre menstruações; cólicas de maior intensidade ou dor durante a menstruação. Pontos negativos e riscos: não previnem contra DST; perfuração da parede do útero; maior susceptibilidade à doença inflamatória pélvica (DIP) – até 7 por mil no primeiro mês infertilidade; sensação de fraqueza durante inserção; deslocamento do DIU – perda do efeito contraceptivo. Benefícios: longa duração; muito eficaz; não interfere nas relações sexuais; não altera prazer ou apetite sexual; não têm efeitos colaterais hormonais (exceto o hormonal); reversível; não alteram lactação; podem ser usados pós-parto (exceto o hormonal) ou aborto induzido sem infecção; pode ser usado até a menopausa; não interage com fármacos; pode prevenir gravidez ectópica (menor risco); não é necessário um intervalo entre a retirada e colocação de um DIU. Critérios de elegibilidade: OMS 1 (sem restrições), OMS 2 (vantagens superam riscos), OMS 3 (riscos superam vantagens: HIV+, risco para DST), OMS 4 (não usar o método: gravidez, sangramento vaginal inexplicado, infecção pós-parto; DST ou DIP nos últimos 3 meses; Ca genital, endometrial ou tuberculose pélvica; doença trofoblástica gestacional maligna; distorção da cavidade uterina). Melhor inserção: durante menstruação – não gestantes – (descarta gravidez, menos dor e preocupação com sangramentos outros) diferenciando cólica menstrual de infecção pélvica (difícil verificar sinais). Dez minutos após retirar placenta. Imediatamente após aborto natural ou induzido (afastar infecções). Procedimentos: exame pélvico, orientações gerais (eficácia, efeitos colaterais comuns, uso correto, sinais e sintomas para retornar ao serviço de saúde, DST) e específicas (alteração de ciclo, comportamento de risco, DST). Inserção: prevenir infecção; inserir o histerômetro até o fundo uterino sem encostar nas paredes vaginais ou nas lâminas do espéculo; carregar o DIU no tubo de inserção sem retirá-lo do pacote estéril; inserir o tubo de inserção sem tocar as paredes vaginais ou lâminas do espéculo. Pode-se administrar analgésicos ou anti-espásticos para diminuir possíveis dor ou cólicas. Aguardar 10 minutos para liberar a mulher. Motivos para remoção: solicitação expressa; efeitos adversos; gravidez; DIP; perfuração do útero; expulsão parcial do DIU (ecografia transvaginal se houver suspeita); sangramento anormal inexplicado ou com anemia decorrente; DST; pós-validade; um ano após última menstruação. Remoção (durante a menstruação o canal cervical está dilatado, é mais fácil): prevenir infecção; pinçar e puxar os fios (dilatar o colo com pinça fina e longa); usar pinça ou outro instrumento apropriado se os fios estiverem ausentes. Acompanhamento: 1) ~1,5 mês; 2) em aberto; 3) anual – rotina. A mulher deve verificar se o DIU está no lugar (1x/semana no 1° mês; se tiver sintomas importantes; pós-menstruações). Verificando a posição do DIU (paciente): lavar mãos, ficar de cócoras, inserir 1 ou 2 dedos até sentir os fios (nunca puxá-los) do DIU. DIU com Levonorgestrel: 46-60 mg de levonorgestrel liberados em 20 microgramas/dia na cavidade uterina. Dura até 7 anos. Eficácia: 0,1% no primeiro ano. Mecanismo de ação: espessamento do muco cervical (aumenta barreira para espermatozóides); efeito anovulatório (25%); atrofia endométrio e inibe passagem do espermatozóide através da cavidade uterina. Benefícios extra: efeitos hormonais; previne anemia; reduz DIP e gravidez ectópica; não altera PA, metabolismo de carboidratos, lípedes ou das enzimas hepáticas; não altera HDL ou coagulação; controla menorragia. Riscos: os mesmos do DIU não hormonal. Condom: O condom, ou preservativo, é um método anticoncepcional utilizado por aproximadamente 45 milhões de casais em idade reprodutiva em todo o mundo. Previne a gravidez e as doenças sexualmente transmissíveis (DST), inclusive HIV/AIDS (proteção >50%). Pode ser usado junto com outros métodos anticoncepcionais para prevenção de DST/HIV e proteção anticoncepcional adicional. Tipos: Condom masculino de látex (camisinha ou preservativo – 3-14% de eficácia anticoncepcional no primeiro ano); Condom masculino de plástico (mais fino e mais forte que o de látex; dá maior sensibilidade; não disponíveis no Brasil); Condom feminino (bolsa de plástico leve com 2 anéis; inserido na vagina antes da relação sexual; eficácia de 5-21%). Mecanismo de ação: barreira física entre o pênis e vagina, impedindo a troca de fluidos. O uso de espermicida associado aumenta a eficácia proporcionando barreira química aos espermatozóides. Pontos negativos e riscos: ruptura (<5%); reações inflamatórias em atópicos (OMS 3-4); diminuem a sensação de prazer durante a relação sexual em alguns casos. Benefícios: prevenção de DST; contracepção; diminuem a indicidência de complicações causadas por DST; sem efeitos adversos hormonais; previnem gravidez ectópica; facilmente interrompível (contracepção ocasional); prolonga pré-orgasmo; dá ao homem maior responsabilidade no controle familiar; não há período específico para iniciar o uso. Modo de uso: cuidados relativos à abertura da embalagem; desenrolar (observar o lado correto) o preservativo à medida que ele se acomoda ao pênis (até a base do órgão); colocar em pênis ereto antes que o mesmo toque a vagina; evitar acúmulo de ar; remover o condom sem derramar sêmen no orifício vaginal; trocar o preservativo após ejaculação e inutilizá-lo. Podem ser associados lubrificantes (ajudam a manter o condom intacto) à base de água (não usar à base de óleo), geléias ou cremes espermicidas, glicerina, saliva ou conteúdo vaginal. Ruptura: espermicida; lavar pênis e vagina com água e sabão; anticoncepção de emergência. Cuidados com o preservativo: validade; longe da luz; não desenrolar antes de usar; abrir embalagem com cuidado; descartar em lugar seguro após o uso; desprezar em caso de qualquer desconfiança. Retorno: sintomas de DST; atopia; obter mais condons; frustração, dúvidas ou problemas com o método. Condom feminino: sem eficácia conclusiva contra DST. Vantagens: é confortável para o homem e para a mulher; provoca menos interrupções do ato sexual; não precisa ser retirado imediatamente após a ejaculação; fácil remoção; mais forte que o látex; pode-se associar lubribicantes oleosos; sem efeitos colaterais aparentes (nem reações alérgicas). Desvantagens: caro; exige maior treinamento para usá-lo; pode ser barulhento; pode parecer desajeitado; pode reduzir o prazer; pode provocar desconforto; pode atrapalhar penetração; é inapropriado para certas posições sexuais; a mulher tem que se tocar; descartável. Como usar: extremo fechado no interior da vagina (antes da relação sexual); o anel aberto fica fora da vagina; retirar após a relação sexual; não é reutilizável. Diafragma: É um método vaginal de anticoncepção, que consiste em um capuz macio de borracha côncavo com borda flexível, que cobre o colo uterino. É colocado na vagina antes da relação sexual. Deve ser utilizado com geléia ou creme espermicida. Tipos: borda plana, borda enrolada, borda em arco (internacionais); e diafragma semina (nacional) – silicone e aro em espiral de metal tratado; pode ser fervido. Mecanismo de ação: bloqueio da passagem dos espermatozóides para o útero e trompas. Eficácia de 6 a 20%. Pontos negativos: baixa adesão; não se sabe eficácia contra DST; pode causar alergia (látex e espermicida); difícil manuseio; infecções do trato urinário mais freqüentes; pode provocar dor pélvica, cólicas ou retenção urinária; lavar com água e sabão após o uso; síndrome do choque tóxico (excepcional). Vantagens: controle pela mulher; seguro; prevenção de DIP, infertilidade, gravidez ectópica e HIV (?); sem efeitos hormonais; pode ser interrompido a qualquer momento; pode ser inserido até 6 horas antes da relação sexual; validade de 5 anos; uso em qualquer período do ciclo menstrual. Contra-indicações: antes de 6 a 12 semanas após parto ou aborto; alergia ao látex (adotar o de silicone); variações anatômicas; condição que pode ser agravada com gravidez; choque tóxico prévio; lesão vaginal causada pelo método. Condições obrigatórias: exame pélvico (especular e toque bimanual); orientações específicas sobre o diafragma (eficácia, uso correto, DST, o que fazer se sentir desconforto). Acompanhar regularmente. Modo de uso: face convexa para baixo; espermicida na face côncova e nas bordas; colocar o mais fundo possível na vagina; verificar posição e ajuste do diafragma; retirar só após 6 horas da última ejaculação; retirar e guardar em local limpo. Espermicida: São métodos químicos de barreira, que consistem em dois componentes: o espermicida químico é uma base inerte, que é o meio usado para manter o agente espermicida aderido ao colo uterino. Tipos: químicos (nonoxinol-9 – mais usado –, menfegol e cloreto de benzalcônio); base inerte (creme, geléia, espuma, supositório, comprimido ou filme). Mecanismo de ação: química e física. Eficácia de 6 a 26%. Ação em DST devido a inativação dos agentes etiológicos. Pontos negativos: atopia; lubrificação excessiva; pode interromper coito; deve ser inserido no máximo 1 hora antes da ejaculação; requer contato em genitália feminina; irritação aumenta o risco de HIV/AIDS; pode aumentar o risco para candidíase genital, vaginose bacteriana e infecções do trato urinário. Vantagens: controlado pela mulher, previne gravidez; sem efeitos hormonais ou no leite materno; pode ser interrompido a qualquer momento; fácil uso; pode aumentar a lubrificação vaginal; pode ser usado logo após o parto; válido até 5 anos; pode ser usado em qualquer fase do ciclo menstrual.. Contra-indicações: alergia; condição que pode ser agravada com gravidez. Conduta: retornos freqüentes; explicar pontos específicos (eficácia, uso correto, DST, o que fazer se sentir desconforto). Métodos comportamentais: Consistem em formas de anticoncepção que consideram alterações decorrentes da oscilação hormonal no ciclo menstrual (alteração de temperatura, tabela de Ogino-Knaus, muco cervical – Billings –, sintotérmicos). Todos dependem da disciplina do casal, pois exigem abstinência sexual. A baixa eficácia, sustentada pela gama de irregularidades hormonais possíveis + a pouca disciplina dos casais + a alta subjetividade e a baixa especificidade dos métodos, demonstra a pouca confiança que pode ser aplicada ao método. Se associado aos métodos de barreira pode produzir boa eficácia, mas não deve substituir o método de barreira. Lactação + amenorréia: O método da lactação e amenorréia (LAM) consiste no uso da amamentação como um método temporário de anticoncepção. A LAM oferece proteção natural contra a gravidez e permite que a mulher planeje o uso de outro método na ocasião adequada. Modo de ação: manutenção do nível de estrogênio sem grandes oscilações, o que inibe a ovulação. Eficácia de 2%. Observações: assim que recomeçar a menstruação ou a introdução de outros alimentos na dieta do bebê deve-se reiniciar um outro método contraceptivo. Esterilização feminina: Permanente para mulheres que não desejam ter mais filhos. O método requer um procedimento cirúrgico, simples e seguro. A esterilização feminina é também conhecida como laqueadura tubária, ligadura tubária, ligadura de trompas e anticoncepção cirúrgica voluntária. Benefícios: alta eficácia; é permanente; não interfere nas relações sexuais; não altera leite materno; protege contra o Ca de ovário; sem efeitos colaterais a longo prazo. Contra-indicações: gravidez, puerpério, complicações puerperais, sangramento vaginal inexplicado, DIP há 3 messes, DST atual, Ca pélvico, doença trofoblástica maligna, útero fixo, endometriose, hérnia umbilical ou de parede abdominal, doença coronariana aguda, trombose venosa profunda (TVP), HAS não controlada, doença biliar sintomática, doenças que cursem com o abatimento do estado geral. Esterilização masculina: A vasectomia oferece anticoncepção permanente para homens que não desejam ter mais filhos. É um procedimento cirúrgico simples, seguro e rápido. Pode ser feito em uma clínica ou consultório, desde que se observem os procedimentos adequados para prevenção de infecções. Não afeta o desempenho sexual. É também conhecida como esterilização masculina e anticoncepção cirúrgica masculina. Modo de ação: impede a presença de espermatozóides no ejaculado através do fechamento dos ductos deferentes. Não há alteração do aspecto do sêmen ou do desempenho sexual do homem. Eficácia de 0,1%. Usar outro método durante as primeiras 20 ejaculações. Observações: é importante realizar o espermograma para verificar o sucesso da cirurgia; a reversão é um processo difícil e caro; não protege contra DST; o retorno à atividade sexual pode ser em 3 dias após a cirurgia. Qualquer piora (sinais de infecção) durante o pós-cirúrgico deve ser acompanhada pelo serviço de saúde – retorno em 7 dias. Esclarecendo mitos: impotência. Contra-indicações: alterações que ponham o paciente em risco cirúrgico; DST; sinais flogísticos na área genital; infecção da pele do escroto; hérnia inguinal; testículos altos que não migram para a bolsa escrotal. Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce. É melhor o homem fazer vasectomia ou a mulher submeter-se à esterilização feminina? Cada casal deve decidir por conta própria qual o melhor método para eles. Tanto um como outro método são eficazes, seguros e permanentes para casais que não querem ter mais filhos. A vasectomia é um procedimento simples e seguro. Além disso, é mais barata e ligeiramente mais eficaz (depois de 20 ejaculações ou depois dos primeiros três meses). Numa situação ideal, o casal deveria considerar os dois métodos. Se ambos são aceitáveis para o casal, a vasectomia deve ser o método de escolha, por razões médicas. Eficácia por Grupo Método Sempre alta eficácia Vasectomia Injetáveis Trimestrais Injetáveis Mensais* Ligadura DIU TCu-380A Mini-pílula na lactação Norplant Mirena Eficácia média em uso rotineiro. Alta eficácia LAM (só 6 meses) Uso Rotineiro 0.1 Uso Correto e Consistente 0.3 0.3 0.5 0.8 1 0.1 0,2 0.1 0.3 0.1 0.5 0.6 0.5 0.1 0,2 2 0.5 quando usado correta e consistentemente Eficácia baixa em uso rotineiro. Eficácia média quando usado correta e consistentemente Pílula combinada 6-8 0.1 Condom Diafragma/espermicida Abstinência periódica Condom feminino Espermicidas 14 20 20 21 26 3 6 1-9 5 6 (Número de gravidez por cada 100 mulheres que usam os métodos durante um ano) Adaptado do livro “The Essentials of Contraceptive Technology”, Johns Hopkins Population Information Program, 1998 * Newton, J.R. J. Obstet. Gynaecol, 1994.