Estrutura e conteúdo do Livro

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quantidades.
Estrutura e conteúdo do Livro:
Orelha do Livro - Antônio David Cattani
Apresentação - Heloi José Fernandes Moreira (Diretor da Esola Politécnica da UFRJ)
Prefácio - Ivan da Costa Marques
Introdução
Solidariedade Técnica: por uma formação crítica no desenvolvimento tecnológico
Sidney Lianza; Felipe Addor; Vanessa Ferreira Mendonça de Carvalho
Os autores informam ao leitor a visão do SOLTEC sobre a relação entre da Ciência, a
Tecnologia e a Sociedade. Destacam o papel da Extensão Universitária, sua
indissociabilidade com o ensino e a pesquisa. Informam sobre o surgimento, os objetivos
e os projetos do SOLTEC. Apresentam ao leitor a estrutura e os capítulos do livro.
Parte 1: Engenharia e Desenvolvimento Social
A Engenharia no Desenvolvimento Nacional
Carlos Lessa
O autor inicia seu texto com um apanhado histórico defendendo a importância de um
projeto de desenvolvimento nacional; segundo ele, o papel do engenheiro seria inútil caso
não houvesse um projeto. Exemplifica a criação de Brasília como um grande projeto da
Engenharia brasileira. O professor faz um relato sobre o surgimento da campanha “O
Petróleo é Nosso” e quão avançados podemos ser com o exemplo da Petrobrás, a maior
detentora de tecnologia para extração em águas profundas.
Lessa analisa o caso do Nordeste e seu imenso potencial para se transformar em um pólo
para atrair investimentos e gerar empregos e reforça a idéia de que existe uma defasagem
muito grande no ensino básico e defende um ensino universitário mais rígido onde o
aluno aprenda realmente a aprender e pensar por conta própria. Por fim, glorifica o país
com elogios ao potencial dos engenheiros e do crescimento brasileiro, mas expõe críticas
e sugestões para o desenvolvimento como: priorizar projetos de grandiosos como o do
Nordeste, o de infra-estrutura para transportes coletivos, eletrificação rural, saneamento e
abastecimento de água.
Há muito de Política na Decisão Técnica
Raymundo de Oliveira
O autor analisa a relação da engenharia com o desenvolvimento social do país debatendo
os seguintes temas: a relação entre tecnologia e política; a importância do domínio
tecnológico para a soberania nacional; a relação da engenharia com o avanço da
tecnologia nacional; a responsabilidade social do engenheiro; o papel da engenharia na
sociedade da informática; a força da engenharia de projeto e consultoria; a importância de
se construir um caminho tecnológico próprio; e a formação do engenheiro.
Raimundo levanta pontos sobre o processo de criação, exacerbando que a tecnologia
possui um caminho guiado pelo acaso e pela necessidade, mas sempre com interesses
políticos. Desta forma, levanta que para cada política existe um caminho tecnológico
diferente e que por esta razão é indispensável deter o domínio de profissionais
qualificados que criem estes caminhos.
O autor valoriza a tecnologia nacional explicitando que o engenheiro encontra-se entre os
dois maiores pólos para o desenvolvimento nacional: a matéria-prima e os resultados
finais do trabalho idealizado. Defende a idéia de que a engenharia não deve ser usada
apenas sobre aquilo que vem de fora, e acredita que a responsabilidade social do
engenheiro deve ser olhada mais a fundo. Ele fortalece as idéias de valorizar a
inteligência no desenvolvimento de um projeto do que na execução do próprio e de uma
reciclagem periódica do conhecimento do engenheiro.
Parte 2: Trabalho: Crise e Possibilidades
Por uma reconstrução da visão do trabalho
Rogério Valle
Valle utiliza como centro de análise o mundo do trabalho. Destaca a precarização das
condições de trabalho frente ao que foi visto do pós-guerra aos anos 70 e coloca o desafio
de uma nova forma de ver o trabalho, uma nova visão da sociedade brasileira em relação
ao seu mundo de trabalho.
O autor analisa os modelos de desenvolvimento da história do país e defende que o
crescimento é necessário, porém deve ser acompanhado de um programa integrado de
políticas sociais, que levará, inclusive, a uma revalorização do trabalho. Ele defende que
devem ser realizados projetos que aproveitem os recursos que estão sobrando no país:
terra e trabalho. Ele indica dois tipos de projeto: de ampliação da pequena produção; de
infra-estrutura social. Ambos poderiam ser feitos através de empreendimentos solidários,
que são viáveis e integráveis à economia capitalista. Apesar de enfrentarem diversas
dificuldades tem o benefício do valor da cooperação.
Valle conclui reforçando que “Precisamos olhar para a massa de trabalhadores
desempregados e subempregados desse país, não como um problema, mas como uma
possibilidade”.
A Pirâmide, a Teia e as Falácias: Sobre modernidade industrial e desenvolvimento social
Roberto Bartholo
Bartholo reafirma a tese de que política é a arte de fazer possível o impossível, em
substituição à idéia atual de que a política é a arte do possível – que acaba buscando
apenas meios de conviver com a situação corrente, quando o necessário é procurar meios
de transformá-la. Partindo de um reconhecimento das relações de trabalho do mundo
contemporâneo, onde as redes informacionais ganham espaço em relação às pirâmides
organizacionais, analisa as relações trabalhistas e a posição do trabalhador nesse novo
contexto. Algumas das características apontadas em relação a essa nova organização
empresarial são a precarização das condições de trabalho, a exposição às flutuações do
mercado e a segmentação da classe operária.
O autor defende que, no entanto, o desemprego não é uma conseqüência inevitável do
desenvolvimento das relações organizacionais e pode ser combatido, não apenas com a
gestão eficiente da crise, mas sim com políticas que visem suprimir as condições
geradoras da exclusão. Trabalhando na desmistificação de oito falácias sobre
desenvolvimento social, entre elas acreditar no crescimento econômico como suficiente
para acabar com a miséria e duvidar da eficiência das ações do Estado em relação a
causas sociais, o autor ajuda a construir um caminho para a política que torna possível o
impossível.
Responsabilidade Social Empresarial: o espírito da mudança e a conservação da
hegemonia
Ciro Torres
O artigo apresenta uma reflexão sobre as mudanças de mentalidade ocorridas desde as
décadas de 60 e 70 em vários países do mundo e como influenciaram na mudança de
rumo, comportamento e atitude da sociedade como um todo e principalmente das
empresas, sem, contudo, jamais questionar, de maneira estrutural, o modelo de produção,
as formas de apropriação do lucro e a distribuição (ou concentração) da riqueza gerada.
Apresenta um histórico sobre o início do movimento pela responsabilidade social das
empresas no Brasil e o estágio que as empresas que praticam Responsabilidade Social
Empresarial (RSE) se encontram nos dias de hoje. Ele coloca o termo “Mercado de Bem
Estar Social”, que representa a empresa substituindo o Estado (Estado de Bem Estar
Social) no papel de provedor de benefícios sociais e ambientais.
Aliado à mudança de mentalidade, os empresários já vêem a RSE como questão
estratégica, diferencial, para as empresas na relação com os consumidores. Então a RSE,
por um lado, amplia o acesso a bens, serviços e uma melhor qualidade de vida para uma
parcela da população, por outro, garante bons lucros, sobrevivência das corporações,
hegemonia do capitalismo e a estabilidade social necessária à manutenção do status quo
vigente.
Parte 3: Desenvolvimento Local e Economia Solidária
O desenvolvimento local e a arte de “resolver” a vida
Ana Clara Torres Ribeiro
A autora inicia seu texto descrevendo o movimento de crescimento da utilização de
estratégias de desenvolvimento de âmbito local que são substitutivas das antigas teorias
de desenvolvimento econômico, que possuem uma visão nacional mais centralizadora.
Pelo seu incipiente papel, a definição do conceito de desenvolvimento local ainda não é
fechada, porém sua característica de valorização das especificidades locais parece trazer
um novo modelo de desenvolvimento, diferente daquele impositivo e baseado na
“tecnociência”, possuindo um caráter menos instrumental.
Ela acentua a importância da consideração da cultura técnica local, e dos atores que a
constituem, na definição do modelo de desenvolvimento; valorização da arte de
“resolver” a vida. Ela finaliza defendendo que o avanço da técnica não deve ser ignorado,
mas sim relevado e analisado. Mas a utilização da técnica deve ser menos instrumental,
como habitualmente se mostra no modelo capitalista, e deve interagir melhor com a
cultura e os valores do lugar que pretende se desenvolver.
Planejamento do Desenvolvimento Local e Economia Solidária
Farid Eid; Andréa Eloísa Bueno Pimentel
O artigo pretende contribuir ao aprofundamento do debate teórico sobre a importância do
planejamento nas ações, em sinergia, Estado e Sociedade organizada, voltadas ao
desenvolvimento local onde empreendimentos auto-gestionários, associações e
cooperativas urbanas e rurais podem voltar-se à organização de cadeias produtivas
solidárias.
O autor inicia com duas concepções sobre desenvolvimento: crescimento igual a
desenvolvimento; e crescimento indispensável, mas não suficiente, para o
desenvolvimento. Analisa o papel dos distritos industriais na Inglaterra e na Itália no final
do século XX. Em seguida, discute a formação do “capital social” para o
desenvolvimento local, e a importância do desenvolvimento rural, que se dá de outras
formas além da urbanização. Então, um autor discute o papel da Economia Solidária, que
deve procurar a reprodução ampliada da vida, não se limitando a ser uma economia de
pobres para pobres. E finaliza colocando em pauta a divergência entre as cadeias
produtivas tradicional e solidária.
Políticas Públicas para a Economia Solidária no Brasil
Paul Singer
O artigo apresenta uma reflexão sobre o conceito de autogestão e afirma que a autogestão
é a fórmula de introduzir a democracia no mundo econômico. A tese da economia
solidária (ES) é que o conjunto de todos que trabalham na empresa, pode geri-la
democraticamente, e a autogestão pode ser de produção ou de consumo. Segundo Singer,
a ES é uma resposta à crise do trabalho, e vem crescendo no Brasil, principalmente o
cooperativismo popular.
Singer comenta da recente criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária
(SENAES), seu papel e suas ações dentro do contexto atual. O autor debate o modelo de
desenvolvimento capitalista, no qual são gerados benefícios, mas também malefícios e
propõe um novo modelo: desenvolvimento solidário, que beneficie a todos. Discute
também o contraste entre o tempo político/eleitoral e o tempo da revolução social, o que
leva muitos projetos ao fracasso.
Parte 4: Cidadania, Participação e Gestão Social
(Re)Visitando o Conceito de Gestão Social
Fernando G. Tenório
Tenório busca reapresentar o conceito de gestão social - que tem sido associado à gestão
de políticas sociais, organizações do terceiro setor, combate à pobreza – como uma
possibilidade de gestão democrática e participativa, onde a autoridade decisória seja
compartilhada entre os participantes da ação. Ao definir a expressão cidadania
deliberativa, com base nos pares de conceitos esfera pública e sociedade civil e
republicanismo e liberalismo, o autor a apresenta como intermediadora dos
relacionamentos sociedade-estado, sociedade-capital e dos três setores simultaneamente.
A cidadania deliberativa supõe que a legitimidade das decisões deve ter origem em
processos de discussão, orientados pelo princípio da inclusão, do pluralismo, da
igualdade participativa, da autonomia e do bem comum. Segundo o autor, a participação
e o compartilhamento de informações vêm ao encontro da cidadania deliberativa, já que
através deles tem-se a exposição das idéias da coletividade, com a opinião de todos e sem
a presença de possíveis detentores da informação e manipuladores. No decorrer do texto,
Tenório explica minuciosamente cada um dos conceitos e suas relações, de forma a
construir uma idéia clara a respeito da gestão social.
Perspectivas da metodologia de pesquisa participativa e de pesquisa-ação na elaboração
de projetos sociais e solidários
Michel Thiollent
Os projetos de pesquisa voltados para a identificação e, quando possível, a resolução de
problemas sociais, educacionais, organizacionais, tecnológicos no seio de comunidades
urbanas ou rurais podem ser concebidos à luz da metodologia participativa ou, em
particular, da metodologia de pesquisa-ação. Tais metodologias possuem características
valorativas e procedimentos operacionais potencialmente favoráveis à dimensão solidária
dos projetos, tanto no contexto universitário como no quadro de atividades promovidas
por outros tipos de entidades públicas ou por organizações da sociedade civil.
A partir de uma visão da evolução da metodologia de pesquisa-ação e pesquisa
participante, apresentamos algumas considerações sobre as possibilidades de aplicação
em várias áreas de conhecimento, em particular em gestão e engenharia de produção. São
abordadas questões remetentes aos aspectos qualitativos e aos relacionamentos culturais
entre, de um lado, os pesquisadores ou profissionais e, de outro, as comunidades em que
ocorrem os projetos sociais e solidários. Trata-se de evitar uma série de armadilhas
relativas aos riscos de imposição da visão tecnicista dos especialistas aos membros das
comunidades. Ademais, procura-se redefinição do papel da universidade no contexto
social de suas atividades de ensino, pesquisa e, sobretudo, extensão.
Rede de Tecnologias Sociais: pode a tecnologia proporcionar Desenvolvimento Social?
Jacqueline E. Rutkowski
A autora discute centralmente o papel da tecnologia no apoio a um desenvolvimento
solidário, includente e igualitário. Ela coloca em pauta a função das inovações
tecnológicas e como elas devem ser adaptadas para promoverem a inclusão social,
influindo no modelo de desenvolvimento a ser adotado. A partir disso, ela apresenta o
conceito de Tecnologia Social, apresentando sua conceituação, seus parâmetros e suas
diferenças para a “Tecnologia Convencional”.
A partir desse contexto, Rutkowski descreve a criação pelo Governo Federal da Rede de
Tecnologias Sociais, sua história, seus princípios, os envolvidos e seus objetivos e a atual
estratégia adotada para seu fomento e disseminação. Ela coloca em pauta ainda, a
importância da presença da academia, principalmente a parte ligada à tecnologia, para a
adoção de um novo modelo de desenvolvimento.
Parte 5: Experiências de Inovações Sociais e Tecnológicas
A Pesquisa-Ação na Cadeia Produtiva da Pesca em Macaé
Sidney Lianza; Felipe Addor; Fernando Antônio de Sampaio Amorim; Flávio Chedid
Henriques; Maurício Nepomuceno de Oliveira; Murilo Minello; Vanessa Mendonça de
Carvalho; Vera de Fátima Maciel Lopes.
O artigo relata o percurso metodológico participativo desenvolvido pelo SOLTEC, Polo
Náutico e o Núcleo de Pesquisas Ecológica de Macaé - NUPEM/UFRJ, visando à
sustentabilidade da cadeia produtiva pesca no âmbito do desenvolvimento solidário do
município de Macaé. O projeto envolvendo 100 cidadãos e 25 intituições no processo
decisório, definiu três Programas: a) Preservação do Meio ambiente e Promoção da Pesca
Responsável; b) Promoção do Coméricio e do Crédito Popular e Solidário, c)
Consolidadção da Escola Municipal de Pescadores de Macaé. Mostra nove projetos
articulados aos programas e destaca dois deles,: Incubagem de um empreedimento
econômico e solidário em beneficiamento de pescado e o de monitoramento da água e do
pescado em Macaé.
Projeto Minerva - Informática a Serviço da Educação Pública
Antonio Cláudio Gómez de Sousa; Rejane Lúcia Loureiro Gadelha; Ricardo Jullian da
Silva Graça
O artigo relata uma experiência de desenvolvimento social realizada pela Escola
Politécnica da UFRJ, com o objetivo de inclusão digital, e como parte da formação dos
alunos do curso de Engenharia Eletrônica da UFRJ. O Projeto Minerva tem como
objetivos a difusão do uso da informática em escolas públicas de regiões não
privilegiadas, e a participação dos graduandos da UFRJ nesse processo, atuando de forma
transformadora.
O texto começa com uma descrição das bases que possibilitaram o projeto, a seguir
apresenta uma visão da extensão universitária, da metodologia adotada, das principais
atividades desenvolvidas, e finalmente termina com uma avaliação dos resultados e as
conclusões políticas derivadas da experiência.
Economia Popular Solidária: um processo em pleno desenvolvimento
Paulo Leboutte
O autor inicia falando do modelo de desenvolvimento do século XX, no qual o social é
separado do econômico, causando diversas mazelas sociais. Em resposta a isso, surgem
movimentos na sociedade que buscam o “desenvolvimento integral” (social e econômico)
identificado e conceituado como Economia Popular Solidária, e que já são apoiados por
acadêmicos que discutem a questão das tecnologias sociais e da transferência de
tecnologia. Com esse objetivo nasceu a Incubadora Tecnológica de Cooperativas
Populares da COPPE/UFRJ. Ela procura a construção de uma “saída coletiva” dentro das
comunidades, fazendo parcerias estratégicas, utilizando uma metodologia ímpar, com
forte foco na educação dos cooperados. O autor conclui defendendo a importância desse
movimento e o papel fundamental das universidades no seu apoio, em ações como a da
Incubadora.
Universidade, Estado e Prefeituras: Integração para o Saneamento Ambiental de
Municípios Fluminenses
Isaac Volschan Junior
O artigo relata a experiência do desenvolvimento de estudos e projetos de engenharia
aplicada ao saneamento ambiental de áreas urbanas, no âmbito do convênio estabelecido
entre a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado do Rio de Janeiro
(SESARH) e a Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(POLI/UFRJ).
Na primeira experiência, 12 municípios foram beneficiados pelos estudos e projetos
elaborados, tratando de intervenções em esgotamento sanitário. As atividades foram
coordenadas por professores do Depto. de Recursos Hídricos e Meio Ambiente
(POLI/UFRJ) e conduzidas por uma equipe de 22 alunos do curso de graduação em
Engenharia Civil da UFRJ. No texto é apresentada a metodologia utilizada nos projetos,
os resultados alcançados e algumas conclusões tiradas da experiência.
Conclusão
O experimento da Utopia (arte de realizar sonhos)
Sidney Lianza; Felipe Addor
Os organizadores do livro vêem nos artigos do livro um esforço coletivo de construir
análises e propostas para viabilizar o “outro mundo é possível”. Em meio à globalização,
ao desemprego estrutural, ao crescimento da exculsão social, os autores tecem propostas
que possam propiciar que a sociedade experimete a utopia.
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