Chamado Cósmico para a Quietude Sarah Varcas Enquanto o

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Chamado Cósmico para a Quietude
Sarah Varcas
Enquanto o chamado para a quietude continua, somos
levados a lembrar que quietude não é igual a fuga, e que é
importante reconhecermos quando escorregamos da primeira
para a segunda. Um coração verdadeiramente quieto,
silencioso, pode conter tudo o que existe, tanto a sombra
quanto a luz, a dor e o prazer, o amor e o ódio. A dualidade
da consciência do dia-a-dia pode ser amorosamente mantida
dentro de um coração silente e reconhecida pelo que é. Mas
quando escapamos da quietude e escorregamos para a fuga,
fica mais difícil encarar a verdade: a intensidade e poder de
nossas emoções, as dores do mundo, a quantidade de vidas
destruídas, incluindo as nossas próprias às vezes… estas
coisas são mais difíceis de suportar quando estamos na fuga,
pois não podemos abrir suficientemente nossos corações para
permitir que elas entrem.
Muitas vezes a vida está longe de ser uma tigela de cerejas e
às vezes corremos o risco de nos retirarmos para a fuga
disfarçada de quietude ou para a negação disfarçada de
positividade. É necessária uma percepção aguçada para
reconhecermos se fazemos isso e quando o fazemos, e também
para sabermos o que provoca essa mudança. Pode ser algum
medo que não conseguimos enfrentar e então nos afastamos
para a segurança do não-envolvimento. Ou talvez seja o
desconforto com a raiva, que nos faz sorrir um falso sorriso e
dizer “está tudo bem… o que for será”. Dizemos a nós
mesmos que um pensamento positivo será o suficiente para
superarmos uma vida inteira de ressentimentos, ou que uma
mudança de foco fará com que nossos “demônios”
desapareçam. Mas nada disso vem da quietude que, por sua
própria natureza, é quieta, imóvel. Ela não requer nenhum
movimento para mudar o que é. Tudo que ela faz é expandirse ao redor da situação, incluí-la e segurá-la, pois só assim
pode ter início qualquer mudança duradoura.
Isto não quer dizer que não podemos agir, porque, na
verdade, podemos e geralmente devemos, de modo a
transformar a nós mesmos, nossas vidas e os outros. Mas agir
antes de permitir que a nossa quietude interior penetre tudo o
que existe no momento, necessariamente reduz o poder das
nossas ações. Se não conseguirmos sentir a profundidade total
daquilo que desejamos curar, não conseguiremos curá-lo
totalmente. Se não conseguirmos encarar a devastação que
predomina em muitas vidas nos dias de hoje, não
conseguiremos respeitar a enormidade da alquimia necessária
para trazer vidas de volta ao equilíbrio. Tanto a enormidade
dessa tarefa quanto o poço infindável de cura do qual todos
nós podemos beber, são evidentes nos céus agora. Nenhum ato
de cura é grande demais para um cosmos infinito que
continua a se expandir, assim como nenhum sofrimento é
maior do que um coração tranquilo pode suportar. O grau em
que evitamos encarar os subprodutos da dualidade em nossas
vidas reflete o grau em que estamos desconectados daquele
coração silente dentro de nós. Se dermos as costas ao
sofrimento também daremos as costas ao seu remédio. Não
podemos cuidar de um ferimento que nos recusamos a
enxergar.
O maior desafio da condição humana é reconhecer a
profundidade do sofrimento no mundo, ao mesmo tempo em
que olha através da sua natureza ilusória para enxergar a
quietude que está além dele. Este é o desafio que se encontra
diante de nós agora, pois ao olharmos para ele e depois
através dele, podemos fazer muito mais do que olhando ao
redor, ou simplesmente dando-lhe as costas. Um coração
quieto é um coração aberto, com olhos abertos para enxergar,
ouvidos abertos para ouvir e mãos para doar. E nessa própria
abertura se encontra o caminho da cura e da inteireza, para
você, para mim, para todos os seres vivos e para este lindo
planeta em que vivemos e temos nossa existência.
Com amor para todos
Sarah Varcas
Direitos Autorais:
© Sarah Varcas. Todos os direitos reservados. É dada permissão
para compartilhar livremente este artigo em sua totalidade, desde
que seja dado todo crédito ao autor.
Tradução de Vera Corrêa
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