LUIGINA JOANA SPERA TÍTULO: DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE MICROESFERAS DE ETILCELULOSE CONTENDO PRAZIQUANTEL PARA SEREM VEICULADAS EM SUSPENSÃO PARA ADMINISTRAÇÃO ORAL. 2005. 153p. Data da defesa: 28/01/2005 RESUMO: O Praziquantel é o fármaco de escolha no tratamento da esquistossomose. No entanto, apresenta baixa hidrossolubilidade e rápida metabolização. Suas partículas apresentam sabor amargo e são altamente hidrofóbicas, apresentando, portanto, baixa molhabilidade, tornando difícil sua incorporação em formas farmacêuticas. Esses problemas podem ser minimizados, se o praziquantel puder ser incorporado em micropartículas poliméricas, já que a densidade das partículas aumentaria, o amargor poderia ser mascarado e a liberação do fármaco poderia ser prolongada, possibilitando a redução da dose. Além disso, o praziquantel só está disponível no mercado na forma farmacêutica comprimido. O desenvolvimento de uma forma farmacêutica alternativa, como suspensão de administração oral, é de interesse, particularmente para uso em pediatria e geriatria, por facilitar a administração e pela possibilidade de ajuste da dosagem. Dessa maneira, foram preparadas micropartículas de etilcelulose contendo praziquantel pelo método da emulsificação-evaporação do solvente. Variáveis, como o tipo de solvente e do crioprotetor, em diferentes concentrações, foram avaliadas, com objetivo de se obter o sistema mais apropriado para a veiculação do fármaco em suspensão. A morfologia e a distribuição granulométrica das partículas foram analisadas por microscopia óptica e microscopia eletrônica de varredura. A quantificação do fármaco microencapsulado foi realizada por espectrometria na região do ultravioleta. A avaliação das características físico-químicas das substancias utilizadas, das micropartículas obtidas e o tipo de interação entre fármaco e polímero foi realizada através de difratometria de raios-X, ressonância magnética nuclear de prótons e carbonos, espectroscopia na região do infravermelho e calorimetria exploratória diferencial. O ensaio de dissolução in vitro foi realizado para verificar a cinética de liberação do fármaco a partir dos sistemas obtidos. A caracterização da suspensão foi realizada por meio do ensaio de sedimentação e transmitância das partículas suspensas em água e variação do pH. As micropartículas obtidas apresentaram-se com forma predominantemente esférica e superfície regular. A granulometria não foi afetada pela presença de fármaco e a quantidade de aglomerados foi facilmente diminuída pela adição dos crioprotetores, mas algumas variações ocorreram em função do solvente e do crioprotetor utilizados. Micropartículas obtidas com glicose mostraram diâmetros mínimos menores (2,87 µm) que os obtidos com manitol (3,40 µm) e sacarose (2,95 µm). Entretanto, a glicose foi menos eficiente para evitar agregação, pois lotes preparados com este crioprotetor apresentaram partículas com diâmetro médio de 91,34 µm, enquanto que as partículas preparadas com manitol apresentaram 42,66 µm de diâmetro médio. Lotes preparados com diclorometano apresentaram partículas com diâmetros mínimos (3,97 µm) significativamente superiores àqueles das partículas obtidas com acetato de etila (2,10 µm) e com pouca variação de tamanho. Lotes preparados com acetato de etila apresentaram rendimentos de até 76,83% contra 33,59% para aqueles preparados com diclorometano. A eficiência de encapsulação também foi maior (73,0-94,1%) para lotes obtidos com acetato de etila (23,9-53,1% para os obtidos com diclorometano). O ensaio de liberação in vitro demonstrou que houve um prolongamento do tempo de liberação do praziquantel a partir das micropartículas em relação à dissolução do praziquantel não encapsulado. Em 2,5 h, todo o fármaco não encapsulado estava dissolvido em comparação com apenas 20% que foi liberado das micropartículas. Em 8 horas de ensaio 38 a 40% do fármaco foram liberados das micropartículas preparadas com acetato de etila e 25 a 30% daquelas preparadas com diclorometano. As suspensões apresentaram sedimentação lenta e fácil redispersão. Como a granulometria e, conseqüentemente, a velocidade de sedimentação das micropartículas puderam ser facilmente alteradas variando-se as condições do método de preparação, foi possível obter suspensões estáveis de praziquantel microencapsulado, que liberam o fármaco em taxas controláveis.