Por que devemos ler “ Os Protocolos dos Sábios do Sião

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Por que devemos ler “ Os Protocolos dos Sábios
do Sião? .
O livro “Os Protocolos dos Sábios do Sião”, redigido no final do século 19, publicado em
1905, considerado o “best-seller” do antijudaismo do século 20, apresenta um aspecto
paradoxal, ao invés de caluniar os judeus, termina por elogiá-los. O livro nos certifica que
mais do que nunca o povo judeu foi tão “guia das nações” tal como foi proclamado em
Isaias 49,6.
De fato, ao inovar o anti-semitismo, passando da forma religiosa, a velha acusação dos
israelitas terem matado Cristo, para as acusações mais “modernas” de cunho políticosocial, os “Protocolos” mostram a expressiva participação judaica nos movimentos a favor
do desenvolvimento social e político do ser humano.
Tal transformação do antijudaismo foi bem muito bem apreendida por um dos maiores
escritores da língua portuguesa, Eça de Queiroz (1845-1900), no artigo Israelismo, Carta
de Inglaterra, dos fins do século 19. Ao tratar da onda anti-semita fomentada na Alemanha
pelo príncipe Bismarck, observou com a sua conhecida perspicácia:
“...Sempre que a igreja, que a feudalidade se sentia ameaçada por uma plebe
desesperada da canga dolorosa, desviava o golpe de si e dirigia-o contra os
judeus.Quando a besta popular mostrava sede de sangue-servia-se à
canalha sangue israelita. É justamente o que faz, em proporções civilizadas,
o Sr de Bismarque.... à falta duma guerra, o príncipe de Bismarque distrai a
atenção do alemão esfomeado- apontando-lhe o judeu enriquecido. Não
alude naturalmente à morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas fala nos
milhões do judeu e ao poder da Sinagoga. E assim se explica a estranha e
desastrosa governo´ (que justificava o governo pela decreto de severas restrições civis
aos judeus, concedidas na era napoleônica)
Os “Protocolos” refletem esta mudança:- também não incitam o ódio aos judeus por serem
“deicidas”, “matadores de Cristo”, mas por serem fomentadores dos subversivos ideais
iluministas da Revolução Francesa, da liberdade política, do Marxismo, liberdade da
imprensa, direitos do povo, sufrágio universal, direitos republicanos, a formação de
fileiras do exército socialista, comunista, anarquistas, sendo também responsáveis pela
sociologia, democracia, parlamentarismo, mudanças políticas e sociais que fizeram o
mundo progredir a avançar na busca do desenvolvimento humano,
A grande fraude dos “Protocolos” reside na sua apocrifia. A da obra é atribuída a um
‘sábio de Sião”, quando salta aos olhos de ser de autoria de um indivíduo bem enfronhado
nos temores das agitações sociais assaltavam as privilegiadas elites dos reinos autocráticos
cristãos da Europa dos séculos 17,18,19, mas jejuno em judaísmo, seus valores e seus
princípios.
Crítica externa dos “Protocolos”:_
Trata-se de “uma falsificação criada na Rússia pela Okhrana (polícia secreta), que
culpava os judeus pelas mazelas do país. Foi impressa pela primeira vez privativamente
em 1897, e tornada pública em 1905. Foi copiada de uma novela do século 19 escrita por
Hermann Goedsche (Biarritz, 1868) e alega que uma conspiração judaica planejaria
assumir o controle do mundo.
A história básica foi composta por Goedsche, novelista e anti-semita alemão, que usava o
pseudônimo de Sir John Retcliffe. Goedsche plagiou a história principal de outro escritor,
Maurice Joly, cujos Diálogos no Inferno Entre Maquiavel e Montesquieu (1864) tratavam
de um complô no inferno com o objetivo de se opor a Napoleão III. O que Goedsche
contribui de original consiste primordialmente na introdução dos judeus como
conspiradores para conquistar o mundo”
Os russos usaram grandes trechos de uma tradução para o russo da novela de Goedsche,
publicaram-nos separadamente como os Protocolos e alegaram ser os textos autênticos.
Seu propósito era político: fortalecer a posição do czar Nicolau II expondo seus
opositores como aliados dos que faziam parte de uma conspiração maciça para dominar
o mundo. Assim, os Protocolos são uma falsificação de uma ficção plagiada.
Os Protocolos foram denunciados como fraude por Lucien Wolf em The Jewish Bogey
and the Forged Protocols of the Learned Elders of Zion (London: Press Committee of the
Jewish Board of Deputies, 1920). Em 1921, Philip Graves, correspondente do London
Times, tornou pública a falsificação. Herman Bernstein em The Truth About "The
Protocols of Zion": A Complete Exposure (1935) também tentou e fracassou na tentativa
de convencer o mundo da fraude.
Os Protocolos foram publicados em 1920 num jornal de Michigan fundado por Henry
Ford com a missão principal de atacar judeus e comunistas. Mesmo após ter sido
denunciado como falso, o jornal de Ford continuou a citar o documento. Adolf Hitler usou
os Protocolos para ajudar a justificar sua tentativa de exterminar judeus durante a
Segunda Guerra
A farsa dos Protocolos continua a enganar pessoas e ainda é citada por certos indivíduos
e grupos como a causa de todos os males” .
De fato, a influência dos “Protocolos” na furiosamente antijudaica da ideologia nazista está
registrado no “Mein Kampf”- Minha Luta- de Adolf Hitler, o “Livro Sagrado” do II Reich. Reza tal
ideologia que o desenvolvimento da humanidade é resultado de uma “luta de raça”, ou seja do
conflito de sangue, entre a raça superior germânica, ariana, contra as raças inferiores, entre as
quais se destacaria a “raça judaica”, a pior dela, seguida dos povos mestiços, como os
habitantes do Brasil, os ciganos, etc. Todas elas fadadas ao extermínio, ou na melhor das
hipóteses serem transformadas em escravos no III Reich nazista de Mil Anos, planejado por
Hitler. Na realidade mão passou do curto período 12 anos, os mais brutais da história, quando
foram mortos 50 milhões de pessoas, dos quais 6 milhões de judeus, na II Guerra Mundial
(1939-1945
Os “Protocolos” estão citados no Mein Kampf, capítulo XI, Nação e Raça
... até que ponto toda a existência desse povo é baseada em um mentira continuada
incomparavelmente exposta nos Protocolos dos Sábios de Sião, tão infinitamente
odiado pelos judeus. Eles são baseados num documento forjado, como clama o jornal
Frankfurter Zeitung toda a semana: é a melhor prova de que eles são autênticos. O que
muitos judeus fazem inconscientemente, aqui é exposto de forma consciente. E é isso
o que importa. É completamente indiferente de qual cérebro judeu essa revelação se
originou; o importante é que com uma certeza positiva e terrível eles revelam a
natureza do povo judeu e expõe seus contextos internos bem como seus objetivos
finais. Todavia a melhor crítica aplicada a eles é a realidade. Qualquer um que examine
o desenvolvimento histórico dos últimos 100 anos, do ponto de vista deste livro, vai
entender de uma vez os gritos da imprensa judaica. Agora que este livro se tornou
uma propriedade do povo a ameaça judaica é considerada como interrompida (pgs
307-308).
Hitler, como sempre, está mais uma vez errado, nenhum povo civilizado, democrático e pacifico
odiaria quem o “denunciasse” de percussor da Revolução Francesa, das liberdades democráticas,
do regime democrático. Só regimes de força e opressão, autocráticos ou totalitários, regime
político que, sem admitir qualquer forma legal de oposição, tolera apenas um partido (ao qual se
subordinam todas as demais instituições), exigindo completa subserviência do cidadão ao
“Chefe”, ao Fuherer, cabeça do regime que empalma todos os poderes da nação, poderiam se
sentir ofendidos com a qualificação de democratas Certamente, o supremo insulto que poderia
ser dirigido a Hitler seria chamá-lo de “judeu, defensor das liberdades democráticas e dos
direitos do homem”
No Brasil, entre diversas edições dos “Protocolos” a de maior destaque é a Gustavo Dodt Barroso
(1888-1959). Entre outras coisas, este autor foi um dos ideólogos do Integralismo que enxerga
o mundo por meio da ideologia antjudaica do nazismo, Brasil - Colônia de banqueiros (1934);
História secreta do Brasil, 3 vols. (1936, 1937 e 1938). Nos últimos 25 anos, tais livros tem sido
publicados pela Editora Revisão de Siegfried Elwanger "Castan" e podem ser encontrado- texto
completo na Internet, alguns dos quais, com comentários típicos do ultradicionalistas,
conservadores, e reacionários, católicos contrários as decisões do Concílio Vaticano II e dos
papados João 23, e João Paulo 2, a mesma ideologia que sustentou o antijudaismo dos
‘Protocolos”.
As diversas edições sem os dados do editor e gráfica ou autor são ilegais em relação a "Lei de
Imprensa" brasileira. Os Protocolos são indicados como leitura obrigatória em sites de grupos
nazistas, ultrancionalistas, Poder Branco, KKK e até mesmo do MV - Movimento Pela Valorização
da Língua Portuguesa.
Crítica interna
A tese central dos “Protocolos” é o da conspiração mundial judaica para conquistar o
mundo cristão, revelada numa suposta ata de uma suposta reunião de ‘Sábios do Sião” A
estratégia básica desta conquista, não podendo ser obviamente militar, de vez que os
judeus daqueles tempos não contavam com um único batalhão (só começariam a ter um
exército de defesa na criação do Estado de Israel, 1948...)., deveria ser, pois, por meio da
subversão interna, a tomada de um conjunto de ações sistemáticas, efetuadas por
elementos internos, a minar e derrubar um sistema político da Europa dos séculos 17, 18,
19.....
As idéias básicas dos “Protocolos” residem no inconformismo do malogro histórico da
Santa Aliança, entidade internacional, uma criada pelos grande reinos cristãos autocráticos
da Europa, a saber, Rússia, Áustria, e Prússia (depois Alemanha) em setembro de 1815,
após a derrota de Napoleão. Estes reinos juraram sustentar os princípios cristianismo
conservadores, reacionários, anti-democráticos que estavam colocando em risco o sistema
de governo aristrocrático que nutriam um sentimento de assombro e pavor diante aos
ideais republicanos da Revolução Francesa instilados pela invasão napoleônica. Embora
tivesse contado com adesão de todos os reinos cristãos europeus, com a exceção da GrãBretanha de George VI, a Aliança por si só teve pouca sustentatibilidade por significar um
retrocesso social e político. De se notar dela no sentido histórico ficou apenas as
sanguinolentas e cruéis repressões na Itália e Espanha contra rebeliões ao despotismo
reinante nos reinos cristãos. A “Santa Aliança” tornou-se para historiadores e sociologos
um símbolo da política conservadora, obscurantista de monarcas autoritários para manter
a “ordem social” que caracterizou a política européia até aos meados do século 19. Os
“Protocolos” elaborados no fim deste século tenta atribuir às agitações sociais “judaicas”
para conquista do mundo cristão o colapso da desastrosa “Santa Aliança”.
A idéia em si, a conquista do mundo cristão pelo judaísmo, se opõe à razão e ao bom
senso:- como cerca de 0.02% da população européia, grande parte dela composta de
artesãos pobres, trabalhadores da industria, profissionais liberais, poderiam conquistar os
maiores e mais poderosos impérios do planeta? Os “Protocolos” atribuem a esta
comunidade o controle das finanças. Seria com o “ouro judeu” que estes artesãos,
operários, médicos, advogados iriam dominar os impérios e reinos cristãos e seus milhões
e milhões de habitantes.
Eça percebe o absurdo de tal idéia, muito difundida na campanha antjudaica que o
príncipe Bismarque promovia na Alemanha- o II Reich. O seu bom senso repelia a idéia de
os 400 mil judeus que viviam neste império poderiam dominar milhões de alemães
protegidos por forte Estado autocrático, governando com uma mão de ferro por um
príncipe que empalmava todos os poderes, inclusive o de cassar todos os direitos civis dos
judeus numa só penada, como de fato o fez, a pretexto de um suposto propósito deles
pretenderem conquistar o mundo cristão. Uma evidente mistificação, como compreendeu
logo Eça. Tal colossal poder era fruto não do ouro, mas da energia com que os israelita se
dedicavam ao estudo e ao trabalho. Como denunciava Eça: “O dever do alemão seria
exercer o músculo, aguçar o intelecto, esforça-se, puxar-se para frente para
ser, o mais forte. Não o faz, em lugar disso, volta-se miseravelmente,
covardemente, para o governo, e peticiona, em grandes rolos de papel que
seja expulso o judeu dos direitos civis, porque o judeu é rico porque o judeu é
forte..”.
Mas a balela do domínio do mundo pelo poder financeiro dos judeus tornou-se à custa de
muita repetição, e de muito pouco esclarecimento da parte judaica, um pilar do antisemitismo de nossos tempos. Assim, não foi surpresa alguma para mim, quando um
político, sincero amigo de Israel, me indagou um tanto constrangido, como explicaria o
controle do mundo pelos judeus por meio do sistema financeiro internacional, como se
fosse uma “verdade irrefutável”. Ao invés, de desqualificar a calúnia, um velho e
contraproducente vicio, o convidei a fazer uma reflexão diante a um fato concreto,
palpável. Partindo da evidencia que só se pode controlar um sistema financeiro se
apoderando das principais entidades financeiras, apresentei-lhe o exemplo do Brasil. É
bem sabido que a rede bancária do país composta por dezenas de estabelecimentos só
conta com um banco de propriedade de judeus, o Safra, que ocupa o 8 lugar do ranking.
Seria possível tal banco dominar e controlar o sistema financeiro do país, ou seja impor-se
ao Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Unibanco, empresas muitas vezes mais ricas e
poderosas como alardeia a campanha antijudaica? Este cenário não é exceção no mundo,
mas a regra geral. Posta esta realidade, indaguei do interlocutor se havia procedência na
acusação. Retrucou-me o sincero amigo de Israel:- - Bem, era esse o mito em que
acreditava até agora... mas por que vocês judeus não esclarecem isso, doutor
Marx?....Neste ponto, o da nossa falta de comunicação, estava coberto de razão.
Seria uma façanha e tanto do apócrifo autor dos Protocolos pudesse demonstrar o
contra-senso da idéia de milhões e milhões de cristãos da Europa sendo derrotados e
conquistados por um punhado de judeus. Mas- eis uma característica do anti-semitismopouco lhe importa a lógica e a racionalidade. Ao revés, quanto mais irracional, quanto mais
ofender o bom senso, quanto menos destituído de sentido, paradoxalmente, mais efeito
obtém. Essa linha, aliás, foi a se constituir a diretriz da furiosa campanha antijudaica na
Alemanha nazista (1933-1945) que desaguou no Holocausto. Tal qual, ocorreria 150 anos
depois, quando em outubro de 2003, a Conferência Islamita da Malásia acusa os judeus de
pretenderem conquistar o mundo, espalhando as idéias “satânicas” de democracia, antiIslã, de “direitos humanos, socialismo e comunismo”....
O antijudaismo dos “Protocolos” tem sua continuidade nos séculos 20 e 21 no movimento
católico ultradicionalista da ala de Lefrevre, reacionaríssimo, virulentamente antijudaico,
do qual participa nos dias atuais o notório Mel Gibson com seu fraudulento filme “Paixão
de Cristo”, a manifestar-se fervorosamente contra as resoluções do Concilio Vaticano II,
contra as decisões dos papados de João 23, e João Paulo II, principalmente no ponto em
que pregam a tolerância religiosa, visando eliminar da liturgia e doutrina cristã a
pregação de ódio aos judeus.
DO PRIMEIRO CAPITULO DOS “PROTOCOLOS”
Abrindo o livro, o apócrifo autor dos “Protocolos” expõe logo a técnica da elaboração do
texto “Formularei nosso sistema do nosso ponto de vista (sic !!!???) e do
ponto de vista dos cristãos”.
Como se constata, usando a primeira pessoa, o autor- religionário cristão assume o papel
de um “sábio judeu”, contrapondo um suposto sistema de opinião de um suposto sábio
judeu, com o sistema do “inimigo”- o cristão. Uma mistificação notória:- é um cristão
debatendo com ele mesmo...
Deste modo, começa por expor as supostas “idéias judaicas” de que “era preciso ter em
vista que os homens de maus instintos são mais numerosos que os de bons
instintos. Por isso, se obtém melhores resultados governando os homens
pela violência e pelo terror”
Mas não há nada judaico neste discurso, muito pelo contrário. O judaísmo,
completamente ignorado pelo autor da obra, tem concepção exatamente ao revés ao que
teria dito o suposto “sábio do Sião”. Considera os homens iguais entre si, por terem, sido,
todos eles filhos de Adão. Após o dilúvio, diz o capítulo do Gênesis da Torá, que as todas
as nações tiveram origem comum e que todos os homens são irmãos, com uma unidade
humana que tem sua raiz em D’us. A crença nesta moral e prática elevaram a civilização
Ocidental, fundada nos valores da Bíblia, muito acima do paganismo, fanatismo idolatra,
ao oferecer a promessa de paz universal.
Na Tora, o décimo capitulo do Gênesis tem se revelado retrato fiel de nações, povos e
lugares antigos, como descendentes dos filhos de Noé, os sobreviventes do dilúvio
universal, o mais velhos dos quais era Sem, seguido de Cão, e de Jafé. Os descendentes de
Cão e Jafé receberam menos atenção da Bíblia do que os de Sem, entre os quais se
encontrava o eminente patriarca do povo judeu Abrão, ou Abraão. Pelo décimo capitulo,
constata-se, por exemplo, que filhos de Jafé mostram ser os povos hindo-europeus que
habitavam a Ásia ocidental nos primeiro tempos da Tora, e assim por diante. A Bíblia não
descreve a segunda distribuição dos homens depois da Torre de Babel, mas é
absolutamente certo que o judaísmo nada tem a ver com o que o está registrado nos
“Protocolos”, a tratar os homens como bestas, feras, que só poderiam ser controlados pela
violência e terror.
O Talmud que"deve ser considerado, ainda hoje, como a única fonte da moral judaica" e
como "a fonte judaica das leis judaicas" se fundamenta nas Leis de Moises, impondo-lhe
eticamente proceder de acordo com os Dez Mandamentos, Êxodo 20, 21,22, que mostram
o respeito do judaismo a todos os seres da humanidade, sem restrições, devendo todos
serem tratados com humanismo, amor e humildade.
Aonde, pois, o postiço sábio de Sião teria ido buscar tal discriminação da sociedade
humana em homens de bons e maus instintos, para pespegá-la ao leitor como concepção
judaica?
Acha-se tal tese na exposição do pensador político cristão Vico, nas obras escritas em
italiano, La Scienza Nuova, dde 1725, La Scienza Nuova Segunda, 1744 . Vico para
descobrir a “direção” em que se movem os homens que são os artífices da história, inova
dos autores clássicos que o antecederam, e que se restringiram aos sistemas de governo da
Antiga Grécia e Império Romano, penetrando aos tempos obscuros da pré-história, depois
do dilúvio bíblico.
Vico, repetindo Lucrécio, assevera que os homens da “pré-história”, viviam na fase bestial,
“em que os homens decaídos se conduzem como animais, sem quaisquer
relações sociais, inclusive da família”. Neste cenário, surgria a família, o primeiro
avanço social da humanidade, dividindo os homens em criaturas de “bons instintos” as que
constituem famílias, os de “maus instintos”, os sem-familias, completamente associais,
sem a capacidade de interação social; anti-social
Dentro deste cenário, a conclusão do suposto “sabido do Sião” é de que se “obteriam
melhores resultados governando os homens pela violência e o terror do que
com discussões acadêmicas.” , o que nada tem a ver com judaísmo.
O que horrorizava a elite dos reinos cristãos da Europa do século 19 era a idéia da
liberdade política, tratada nos “Protocolos” como maquinação judaica:“A liberdade política é uma idéia e não uma realidade, teria escrito o postiço
sábio judeu. É preciso saber aplicar essa idéia, quando for necessário atrair as
massas populares ao seu partido com a isca duma idéia , se esse partido
formou o desígnio de esmagar o partido que se acha no poder (nota: ex: Rev.
Francesa)”
A Revolução Francesa para o reacionarissimo autor dos “Protocolos” tem
origem judaica....Um elogio eloqüente, talvez um tanto exagerado até, ao
povo judeu. Mas sem dúvida, pensadores políticos, filósofos judeus
contribuíram muito, com destaque para Spinoza, para a queda do
dogmatismo que cercava a ideologia de sustentação da origem divina do
poder autocrático.
Para o verdadeiro autor dos “Protocolos”, os judeus ao atraírem e seduzirem o povo
francês com a lançando a “isca” da liberdade política, tornaram-se fomentadores da
Revolução Francesa, um abominável movimento judaico aos olhos da elite cristã européia.
Tal idéia antilibertária do cristão autor do texto, é essencialmente é reacionária e
conservadora, nada tendo de judaica, mas muito da elite cristã, aferrada aos privilégios da
classe dominante, a aristrocracia autoritária da Santa Aliança, a articulação ocorrida no
inicio do século XIX, depois da derrota de Napoleão, que representava os ideais da
Revolução Francesa. Um destes ideiais é a libertação política da sociedade civil. Entende a
respeito o falso ‘sábio do Sião”;“A liberdade é irrealizável por que ninguém sabe usar dela dentro da justa
medida, continua os “Protocolos”, na suposta boca de um suposta sábio
judeu. Basta deixar algum tempo o povo governar-se por si mesmo para que
logo essa autonomia se transforme em licença. Então surgem dissensões que
em breve se transformam em batalhas sociais, nas quais os Estados se
consomem e em que sua grandeza se reduz a cinzas”.
...“O despotismo do capital, intacto em nossas mãos, aparece-lhe como uma
tábua de salvação, à qual, queira ou não queira, tem que se agarrar para
não ir ao fundo”...
Aqui o falso sábio exalta um suposto despotismo de capital judaico em contraposição ao
bendito despotismo político cristão, como se as monarquias cristãs durante toda a história
não tivessem o poder do Estado nas mãos, podendo, a qualquer momento, expropriar de
bens de judeus e expulsá-los de seus países, como ocorrera, exemplo frisante típico, na
península ibérica. Na realidade, o “ouro” expropriado da comunidade judaica pela
Inquisição, pelos reis católicos português e espanhóis explicita a vulnerabilidade do
“capital judaico”, que era freqüentemente expropriado pelos que detinham efetivamente o
todo poderoso poder do Estado.
O que havia de importante nos judeus expulsos eram os seus conhecimentos intelectuais,
comerciais, técnico-científicos bem cultivados em suas comunidade. A falta de
conhecimento, considerado como opróbrio entre os judeus, era um vicio vil, da plebe, da
burguesia, para os nobres da época, com raríssimas exceções.. Por isso, o êxodo dos
judeus, expulsos dos reinos cristãos de Portugual e Espanha para a Holanda empobreceu
as monarquias absolutistas ibéricas e enriqueceu país batavo, como bem lembraria o
Padre Antonio Vieira ao rei de Portugal, no sentido de fazer cessar o anti-semitismo
vigente em Lisboa.
Em suma, com o enorme fortalecimento dos Estados, a submissão do sistema financeiro
aos governos era, continua sendo, absoluta. Falar em dominio judaico é uma falácia,
enunciado ou raciocínio falso que entretanto simula a veracidade
A depreciação autocrática do ser humano, do regime democrático, exposta nos
Protocolos, exprime o desprezo da elite cristã ultradicionalista e reacionária pela cidadania
:- “Os homens, quer sejam ou não da plebe, guiam-se exclusivamente por
suas paixões mesquinhas, suas supertições, seus costumes, suas tradições e
teorias sentimentais: são escravos da divisão dos partidos que se opõem a
qualquer harmonia razoável. Toda a decisão da multidão depende de uma
maioria ocasional ou , pelo menos superficial, na sua ignorância dos
segredos políticos, a multidão toma resoluções absurdas, e uma espécie de
anarquia arruína o governo. A política nada tem a ver com a moral”.
Ou seja, as eleições, o direito para votar e ser votado ao governo seriam armadilha criadas
pelos judeus para enfraquecer as monarquias cristãs, para melhor derrotá-las.
Ao condenar as eleições democráticas, o postiço sábio judeu escolhe como a melhor forma
de governo a autocracia, poder ilimitado e absoluto, regime em que o governante
empalma todos os poderes, espegando-o ao leitor como se fosse pensamento judaico:-:
“Somente um indivíduo preparado desde a meninice para a autocracia (sic
!) é capaz de conhecer a linguagem e realidade políticas. Um povo entregue a
si próprio, isto é, aos ambiciosos do seu meio, arruína-se na discórdia dos
partidos, excitados pela sede do poder, e nas desordens resultantes dessa
discórdia”
Observa-se aqui o fenômeno psicológico da extrojeção, processo por meio do qual uma
pessoa lança seu pensamento a outrem, e a recebe de volta como se fosse do outro,
cobrindo a lacuna de sua própria ignorância. É como colocar na boca do outro o que vc esta
pensando. ...
O elogio ao Estado absolutista autocrático vencido pela Revolução Francesa, e a
condenação do governo democrático é cabal:- O texto coloca na boca do sábio judeu- o
que era abominável para a elite cristã da época- a Revolução Francesa e suas
conseqüências:“Fomos nós- teria dito o sábio judeu-os primeiros que, já na Antiguidade,
lançamos ao povo as palavras “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”,
palavras repetidas tantas vezes por papagaios inconscientes que, atraídos
de toda a parte por essa isca, dela somente tem usado para destruir a
prosperidade do mundo, a verdadeira liberdade individual, outrora tão bem
garantida dos constrangimentos da multidão”
Para um perfeito reacionário, a Revolução Francesa foi um processo
judaico horroroso, abominável para conquista do mundo cristão..
Para os judeus, de fato, o efeito mais importante da Revolução Francesa de 1789 foi a
emancipação social: a garantia do gozo dos direitos civis, o acesso a educação primária,
secundária e superior, e a liberdade de movimento de ir e vir, que formalmente os inseriam
na sociedade civil francesa. O arrefecimento do sentimento antijudaico se espalha para o
norte e outro lado do Reno, nos paises germânicos, por força da dominação napoleônica.
Voltou mais agudo depois da derrota de Napoleão em Waterloo. O rei da Prússia,
Frederico Gilherme, que tinha dado alguns passos iniciais para a legalidade civil dos
israelitas, ao final do Congresso de Viena 1814, cancelou os avanços, impediu o ingresso
deles nas escolas e universidades, despediu professores judeus, alegando que não havia por
que encorajá-los a semear sua idéias sediciosas na juventude. A Santa Aliança articulada
nesse Congresso, por proposta do Tzar da Rússia, tratava da restauração das dinastias
destituídas pela Revolução e consideradas "legítimas", tentando apagar os idéias sociais
napoleônicas, e impor, geralmente a força, o absolutismo aos países "renegados”. Atribuíase um papel muito importante aos israelitas na disseminação dos ideais revolucionários
No caso, segundo o falso sábio, Napoleão Bonaparte teria sido um agente judeu, um
papagaio a espalhar o ideal das liberdades republicanas pela Europa....
Continua o texto:- “Homens que se julgavam inteligente não souberam
desvendar o sentido oculto dessas palavras(disseminadas pelos judeus...) não
viram que elas se contradizem, não repararam que não há igualdade na
natureza, que nela não pode haver liberdade, que a própria natureza
estabeleceu a desigualdade dos espíritos,dos caracteres e das inteligências,
tão fortemente submetidos as suas leis; esses homens não sentiram que a
multidão é uma força cega; que os ambiciosos que elege são cegos em
política quanto ela; que o iniciado, por mais todo que seja pode governar,
enquanto que a multidão dos não iniciados, embora cheia de gênio nada
entende de política”.
Para o verdadeiro autor do livro a "multidão", a plebe, que se transformaria na sociedade
civil pela Rev. Francesa é uma força cega, que deve ser reprimida por um governo
autocrata.
Como este diagnóstico do mundo cristão ameaçado, prescreveria o verdadeiro autor dos
Protocolos:“Vereis pelo que se segue como isso (a divulgação das palavras judaicas da
“Liberdade, Igualdade, Fraternidade”) serviu ao nosso triunfo (triunfo dos
judeus...) ; isso, nos deu entre outras cousas, a possibilidade de obter o
triunfo mais importante, isto é, a abolição dos privilégios, a própria essência
da aristocracia dos cristãos, o único meio de defesa que tinham contra nós
(judeus) os povos e as nações. Sobre as ruínas da aristocracia natural e
hereditária elevamos a nossa ( judaica..) aristocracia da inteligência e das
finanças. Tomamos por critério dessa nova aristocracia a riqueza, que
depende de nós, e a ciência que é dirigida pelos nossos sábios”... “ por que a
força cega do povo não pode ficar dia só sem guia, e o novo poder não faz a
mais do que tomar o lugar do antigo enfraquecido pelo liberalismo”.....
A abolição dos privilégios reais cristãos, a queda da aristocracia cristã na Europa soava
como subversão abominável dos judeus no mundo cristão do século 19....
A leitura dos “Protocolos”, pois, é bem salutar, pois, ao revés do que o seu verdadeiro
autor quis divulgar, não avilta os judeus, mostram, no mínimo, que participaram da luta
contra a autocracia, a favor das liberdades republicanas, participando ativamente da
divulgação dos idéias da Revolução Francesa, coisas satânicas e abomináveis aos olhos da
elite cristã do século 19:“Nos dias que corre (século 19), o poder do ouro substituiu o poder dos
governos liberais. Houve tempo, em que a fé governou. A liberdade é
irrealizável porque ninguém sabe usar dela na justa medida. Basta deixar
algum tempo o povo governar-se por si mesmo pra que logo essa autonomia
se transforme em licença. Então, surgem dissensões que em breve se
transformam em batalhas sociais, nas quais os Estados se consomem e em
que sua grandeza se reduz a cinzas”
O capítulo I termina sugestivamente, “a idéia abstrata da liberdade (atribuída aos
judeus) deu a possibilidade de persuadir às multidões que um governo não
passa de gerente do proprietário do país, que é o povo, podendo-se mudá-lo
como se muda de camisa. A removibilidade dos representantes do povo
coloca-os à nossa disposição (dos judeus), eis dependem de nossa escolha”.
E por ai vai a obra anti-semita do século 19, a atribuir, claro que com bastante
exagero, a responsabilidade do progresso social do mundo que floresce no
século 21....
Os Protocolos transformam o antijudaismo de dois séculos atrás num portentoso elogio ao
judaísmo nos dias de hoje. O testemunho disso é dado pelos seus maiores inimigos Por
que não divulgar essa realidade para o mundo judeu, e não judeu, de que realmente
contribuímos e muito pela revolução social que é realidade em nossos dias?
OS PROTOCOLOS: LER, OU NÃO LER?
”É um tabu e uma tolice que a comunidade judaica não leia os Protocolos. Esse livro
deveria ser de leitura obrigatória nas escolas, discutido dentro de seu contexto
histórico e político para que cada judeu entendesse porque os anti-semitas empregam
este livro por mais de 110 anos. Ninguém consegue se esconder das palavras, negando
sua existência. Apenas com o conhecimento é que se pode combater este tipo de
ataque racista.
Já foi o tempo em que se podia alimentar qualquer esperança em relação a uma certa
contenção da propagação do texto dos Protocolos. Não adianta apreender livros
enquanto seu conteúdo, em quase todas as línguas é disponível gratuitamente na
Internet. Em uns 20 segundos de pesquisa se encontra a versão na língua desejada.
Aproveite a a internet e leia os Protocolos dos Sábios de Sião! Entenda sua retórica.
Perceba por que ele fascina os racistas. Entenda por que é preciso se defender deste
texto.
No dia do fechamento desta matéria havia cerca de 15.000 ocorrências sobre os
Protocolos em inglês e 460 em português”. Comece a conhecê-los hoje!
Shabat Shalom.
Marx Golgher
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