Por volta da quarta semana aparecem estas formações que são os

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Anatomia Dentária
20ª Aula Teórica – 17/12/2001
Desenvolvimento da cabeça e do pescoço (III)
A aula de hoje é sobre o desenvolvimento da cabeça e do pescoço e vamos
falar sobre os derivados dos arcos faríngeos, quem diz os arcos faríngeos diz
também, naturalmente, das bolsas faríngeas e das fendas faríngeas.
Por volta da quarta semana, altura em que ocorre uma parte do
desenvolvimento da cabeça, aparecem estas formações que são os arcos
faríngeos e que surgem da parte lateral da porção longocefálica da cabeça.
Portanto desta porção longocefálica surgem os arcos faríngeos, que crescem
naturalmente dorso-ventralmente até se unirem adiante da faringe, quer dizer
que estes arcos faríngeos rodeiam a parte mais anterior do intestino primitivo
que é a faringe, aquela que adiante que está tapada pela membrana
bucofarigea e que depois sobe, como já vimos, etc.
Ora bem, estes arcos são 6 e surgem em sequência crânio-caudal, aparece o
1º, depois o 2º, o 3º e assim sucessivamente até ao 6º arco . Pouco depois de
aparecer o 6º, o 5º desaparece e portanto ficam reduzidos a 5 arcos faríngeos.
Portanto os eixos de toda esta faringe primitiva que se vão encontrar adiante
fechando portanto aquilo que mais tarde vai ser a parte mais inferior da cabeça
e o pescoço.
E qual é a constituição destes arcos faríngeos? Têm com certeza uma camada
ectodérmica, terá uma camada endodérmica que vai produzir o epitélio que
depois se diferencia em variadíssimas coisas, como vamos ver, e entre estes
dois folhetos , o ectoderme e o endoderme, temos o mesênquima. Este
mesênquima tem 2 origens e uma delas será da porção cefálica das cristas
neurais , já vimos outros derivados das cristas neurais. E além desta porção
ou deste componente das cristas neurais tem também uma porção que
corresponde à mesoderme lateral, da porção que essa é indivisa, da porção
cefálica do embrião. Portanto temos mesoderme. Da parte lateral temos
mesoderme derivada das cristas neurais. Ora bem, cada arco, portanto,
constituído por estes 3 folhetos vai, com certeza, possuir um vaso que é próprio
e também um nervo. No que respeita ao nervo, como veremos adiante são
derivados dos arcos aórticos ,a enervação de cada arco e portanto dos
derivados desse arco tem um componente motor e um componente sensitivo.
O componente motor distribui-se a cada um dos arcos como um tronco único e,
naturalmente, depois se vai verificar como acontece por exemplo com o nervo
mandibular, com o nervo facial, já sabemos que são os nervos dos primeiros
arcos faríngeos. O componente sensitivo é inferior porque quando o nervo
sensitivo que entra ou se aproxima de cada um dos arcos e divide-se em 2
ramos: o pré-tremático e o pós-tremático. E a enervação sensitiva de cada arco
é feita pelo ramo pós-tremático desse arco e o pré-tremático do arco que lhe
fica imediatamente abaixo, subjacente, como nós aqui vemos e portanto o
componente que é o nervo do próprio arco recebe o pós-tremático deste e
pré-tremático do outro como vemos aqui a caminhar para aquele arco. Portanto
pré-tremático a formar-se do arco subjacente e o pós-tremático do próprio arco.
E agora vamos lá ver quais são esses nervos, como já sabem quais são. Ora já
percebemos que os vasos de cada um dos arcos, que têm naturalmente origem
apropriada, mas também cada arco vai ter o seu vaso e vamos ver que em
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cada arco há um arco chamado arco aórtico, que vamos já ver de onde é que
ele vem. Claro que esse arco aórtico é derivado do mesênquima de cada um
dos arcos. E que outros derivados do mesênquima nós temos além do vaso?
Vamos ter com certeza o componente cartilagíneo que nem todos os arcos
atinge toda a extensão do mesmo arco, só os dois primeiros, só o primeiro e o
segundo arco faríngeo, é que teriam o componente cartilagíneo que chega até
à extremidade do respectivo arco e portanto vai estar em contacto com o lado
todo. A cartilagem dos outros arcos aparece só na parte mais dorsal, mais
exterior de cada um dos arcos. E que outros derivados para além dos arcos
aórticos, da cartilagem, nós vamos ter a partir do mesênquima desse arco?
Com certeza que os músculos, que são músculos estriados e que por o facto
de pertencerem ou de serem derivados dos arcos faríngeos se chamam
músculos viscerais especiais, são músculos branquiais. Chamo-vos a atenção
para o interior desta cavidade faríngea onde nós vemos cada um dos arcos,
aqui representados, e vemos que entre cada arco há um espaço e nesse
espaço não há mesênquima, há uma camada ectodérmica e uma endodérmica
e portanto neste espaço entre cada um dos arcos não há mesenquima. E como
é que se chama esse espaço compreendido entre cada um dos arcos? Quando
observamos externamente chama-se sulco ou fenda faríngea, ao passo que
quando observado internamente chama-se bolsa faríngea. Quer dizer que cada
arco faríngeo ou arco branquial é separado do que lhe está imediatamente
abaixo internamente pela bolsa faríngea portanto de revestimento da
endoderme e externamente a fenda faríngea ou sulco faríngeo, cujo
revestimento é naturalmente a ectoderme. Vamos ver os derivados dos arcos
faríngeos e depois os derivados das bolsas faríngeas e também das fendas
faríngeas.
No que respeita aos derivados dos arcos, nós temos derivados do mesênquima
tendo portanto os tais arcos aórticos, que são estes, temos aqui cada um dos
arcos aórticos e temos depois estas artériazinhas que unem esta artéria
chamada artéria aorta dorsal e a artéria aorta primitiva e depois os arcos
aórticos que está a saindo que nessa altura é o desenvolvimento do coração.
E portanto cada arco vai ter o seu arco aórtico, cada arco faríngeo vai ter
exactamente cada uma das bolsas faríngeas, como portanto, no interior de
cada um dos arcos só temos estes arcos aórticos que nos fornecem a
vascularização aos derivados de cada um desses arcos faríngeos . E agora no
que respeita aos nervos sabemos já que o 1º arco faríngeo recebe enervação
do nervo mandibular pelo trigêmeo e o oftálio e o...........maxilar com certeza
que vão para a porção cefálica, nitidamente cefálica. O mandibular vai
acompanhar e distribuir-se aos derivados do 1º arco mandibular. O 2º arco é
invadido pelo nervo facial, que já sabemos, que é o nervo do 2º arco faríngeo,
do mesmo modo que o glossofaríngeo é o do 3º arco. E o do 4º arco e o do 6º
também, o 5º já vimos que desapareceu, são ramos do nervo vago, e vamos
ver que os derivados do 4º arco aórtico vão ser enervados pelo nervo laríngico
superior, que é derivado do vago, ao passo que os derivados do 6º arco vão
ser pelo nervo recorrente laríngico............ou recorrente simplesmente. Portanto
assim temos o componente nervoso de cada um dos arcos, o componente
arterial e agora vamos ver o componente cartilagíneo, portanto todos eles
derivados do mesênquima de cada um dos arcos faríngeos. Ora bem, já
falamos do prolongamento mandibular, e este prolongamento mandibular,
como sabemos, que dá várias coisas mas a estrutura óssea deste arco é com
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certeza a mandíbula. E depois vamos ter o 2º arco, que é o chamado arco
hióideo, com o seu componente cartilagíneo, e depois os dois outro arcos, o 4º
e o 6º com um componente cartilagíneo que é menos desenvolvido, não atinge,
conforme eu disse, toda a extensão do arco aórtico. E aqui nós vemos os
derivados da cartilagem de cada um dos arcos faríngeos. E assim vemos, por
exemplo, o 1º arco faríngeo que tem uma porção muito dorsal que vai dar
origem a este ossículo do ouvido que é a bigorna, portanto a bigorna deriva da
cartilagem da porção mais dorsal do 1º arco faríngeo. E depois da porção
ventral, toda esta que vemos aqui, que é cartilagínea e especialmente sai da
sua parte mais dorsal próximo portanto da parte completamente dorsal do arco
e dando origem ao martelo, que é outro dos ossículos do ouvido. E depois o
que é que acontece? É que para diante desta parte mais dorsal toda a parte
ventral perde as suas características cartilagíneas e vai dar origem a porções
que normalmente não são derivados cartilagíneos. E temos assim os dois
primeiros que são o ligamento anterior do martelo, um ligamento que vamos
dar e que está ligado ao martelo, que depois dá origem ao ligamento
esfenomandibular, quando falamos do ligamento esfenomandibular dissemos
que era derivado do 1º arco faríngeo e depois o mesênquima que resultou do
desaparecimento cartilagíneo desta porção mais extensa do1º arco faríngeo vai
servir de eixo orientador, naturalmente para a ossificação membranosa da
mandíbula. Quer dizer que derivados cartilagíneos do 1º arco faríngeo temos
só o arco chamado mandibular, temos só o martelo da porção mais dorsal da
porção mais anterior, e depois da porção mais dorsal de todo o arco a bigorna.
E estes são os únicos elementos cartilagíneos que permanecem, todo o resto a
que se chama cartilagem de Meckel é a tal que desaparece e fica só, tal como
se pode ver, aquela que vai dar origem...........ao ligamento e depois eixo
orientador da deposição óssea que vai formar a mandíbula. E o 2º arco
aórtico? O 2º arco aórtico é o 2º arco faríngeo que é chamado arco do Reichert
ou arco hióideo, chama-se arco hióideo porque vai dar origem a parte do osso
hióide naturalmente e não só. Além disso a cartilagem, enquanto no 1º arco
chamava-se cartilagem de Meckel, esta chama-se cartilagem de Reichert. E o
que é que vai dar origem a cartilagem deste arco faríngeo? A porção mais
dorsal dá origem ao outro dos três ossículos do ouvido que é o estribo, um
derivado cartilagíneo que depois ossifica, depois temos a apófise estilóide do
temporal. E depois com certeza que vamos ter uma porção em que
a cartilagem desaparece e fica o ligamento estilo-hióideo. E finalmente ainda
derivado cartilagíneo vamos ter o pequeno corno do osso hióide e a metade
superior do corpo do osso hióide. Portanto derivados cartilagíneos do 2º arco
faríngeo temos o estribo, a apófise estilóide, pequeno corno do osso hióide e
metade superior do corpo do mesmo osso. A unir a porção mais anterior do
vértice da apófise estilóide até ao pequeno corno do osso hióide desaparece a
cartilagem e fica só o ligamento estilo-hióideo. E o que é que acontece com o
3º arco faríngeo? O 3º arco faríngeo vai dar origem àquilo que faltava,( no 3º,
4º e 6º arco, conforme vos disse, a cartilagem não atinge toda a extensão do
arco ). E assim vamos ter só esta parte intermédia do terceiro arco faríngeo
que vai dar origem ao que resta do osso hióide, que são os grandes cornos do
osso hióide e naturalmente a metade inferior do corpo do osso hióide. O 4º e o
6º vão dar origem às cartilagens da laringe. Portanto a cartilagem do 4º e 6º
arcos faríngeos vai dar origem às cartilagens da laringe, a tireóidea, cricóide,
as aritenóides e as corniculadas que daremos no seu devido tempo.
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Portanto assim temos os derivados das cartilagens dos arcos farígeos.
 1º arco - arco mandibular, martelo e bigorna
 2º arco - estribo, apófise estilóide, pequeno corno do osso hióide e
metade superior do corpo do osso hióide
 3º arco - grandes cornos do osso hióide e metade inferior do corpo do
osso hióide
 4º e 6º arcos - cartilagens da laringe
Vimos já portanto derivados do mesênquima, vimos os vasos, arcos aórticos
derivados também do mesênquima e agora faltam-nos os músculos que são os
tais músculos viscerais especiais, já os conhecem, quando falamos da
enervação vimos quais eram os músculos. Por exemplo os derivados do 1º
arco faríngeo são aqueles que são enervados pelo nervo mandibular. E
portanto nós temos todos os músculos mastigadores, há mais um músculo que
não é mastigador propriamente dito e que é o milo-hióideo e quem fala no milohióideo fala também no ventre anterior do digástrico. Portanto os músculos
derivados do mesênquima do 1º arco faríngeo são os mastigadores, o milohióideo e o ventre anterior do digástrico, e mais dois músculos que são os
tensores, um deles já falamos que era o tensor do véu do paladar que vinha do
interior das apófises pterigoideas e caminhava depois em direcção ao bordo
posterior do palato ósseo e depois um outro, que ainda não falamos, que é o
tensor do tímpano. Vimos que o martelo e a bigorna, o ligamento anterior do
martelo derivava do 1º arco faríngeo e agora também um músculozinho que lá
vai estar anexo que é o tensor do tímpano vai ser derivado do 1º arco faríngeo.
E portanto todos estes músculos são enervados pelo nervo mandibular e todos
derivados da mesoderme do 1º arco faríngeo. E do 2º arco faríngeo? Já vimos
que o nervo mandibular enervava os músculos mastigadores, quando falamos
dos músculos de expressão facial e do occipitofrontal e do platisma dissemos
que eles eram enervados todos pelo facial. E se são enervados pelo facial é
porque todos eles derivam da mesoderme do 2º arco faríngeo. Mas além
destes, músculos superficiais da cabeça e do pescoço, vão ter outros dois que
já os conhecemos, que são o ventre posterior do digástrico e o músculo estilohióideo. E além disso há mais dois músculos que são derivados deste 2º arco
faríngeo que é o elevador do véu do paladar, portanto não o tensor mas o
elevador do véu do paladar, e o palatoglosso um outro que vem da abóbada
palatina e vai para a língua. Portanto estes músculos serão todos enervados
pelo facial já que derivam da mesoderme do 2º arco faríngeo. E do 3º arco
faríngeo? O 3º arco faríngeo é aquele que dá origem a uma série de coisas, já
vimos que no que respeita aos derivados cartilagíneos são a metade inferior do
osso hióide e os grandes cornos e a mesoderme deste 3º arco faríngeo vai dar
origem a um único músculo, que é o músculo estilofaríngeo, que é
naturalmente enervado pelo nervo glossofaríngeo, naturalmente é o nervo do
3º arco. Portanto temos só o estilofaríngeo a derivar do 3º arco. E do 4º e 6º
arco, que músculos é que vão surgir? Vão surgir os músculos da laringe e os
músculos da faringe. Mas do 4º arco vão surgir os constritores superiores da
faringe, já falamos deles, dos constritores superiores, médios e inferiores, e
ainda um músculozinho, que pertence à laringe, e que é o único que deriva do
4º arco que é o cricotireóideo. Este músculo cricotireóideo, tal como os
constritores da faringe vão ser enervados, com certeza, pelo mais superior
ramo do vago, nós sabemos que o vago é a parte circular do 4º arco da laringe
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superior, portanto vai enervar todos estes músculos constritores e o
cricotireóideo. O sexto arco dá origem aos restantes músculos chamados
músculos intrínsecos da laringe, excepto o cricotireóideo, que são enervados
pelo o nervo recorrente ou laríngico recorrente como também se pode chamar,
se deve chamar.
Então os músculos derivados são do:
 1º arco – músculos mastigadores, milo-hióideo, ventre anterior do
digástrico, tensor do tímpano e tensor do véu do paladar
 2º arco – músculos superficiais da cabeça e pescoço, ventre posterior do
digástrico, estilo-hióideo, elevador do véu do paladar e palatoglosso
 3º arco – estilofaríngeo
 4º e 6º arcos – músculos da laringe e da faringe
Ora bem posto isto, na cabeça temos mais músculos, além destes que
falamos já, além dos músculos do pescoço e da cabeça nós sabemos que
vamos ter uns músculozinhos que são os músculos extra-oculares, músculos
que fazem movimentar o olho e que estes têm a extremidade toda muito
pequenina. E estes músculos, que vamos ver no seu devido tempo, são quatro
rectos e dois oblíquos, recto superior, recto inferior, recto lateral, recto medial,
oblíquo superior e oblíquo inferior e mais um que é o elevador da pálpebra
superior, que já falamos também. Estes músculos têm origem neste
mesênquima que está a rodear a vesícula óptica e que se divide, por sua vez,
em duas partes uma que é a pré-mandibular ou pré-maxilar, como também há
quem lhe chame, e que vai dar origem até ao recto superior, ao recto inferior,
ao elevador da pálpebra superior e ao recto medial e o oblíquo inferior e que
são da responsabilidade do nervo oculomotor. E depois vamos ter o retromaxilar e que vão dar origem fundamentalmente ao recto lateral que é
enervado pelo abducente, com certeza, e este outro músculozinho que é o
oblíquo superior este com certeza que vai ser enervado pelo troclear. Assim
recto lateral enervado pelo abducente e o troclear enerva o oblíquo superior.
Portanto são estruturas musculares que não derivam dos arcos faríngeos, mas
que estão na cabeça. Ora bem há ainda que saber que derivam também dos
miótomos, aquelas porções em que se dividem a porção muscular de cada um
dos somitos e os miótomos vão até lá em cima daqueles somitozinhos, por
exemplo cuja parte dos osteócitos, que davam origem à porção do occipital
próximo do buraco occipital agora os miótomos cervicais mais superiores, os
occipitais portanto, vão dar origem aos músculos intrínsecos da língua. E estes
músculos intrínsecos da língua, com certeza, que já têm os miótomos occipitais
que vão ser enervados pelo nervo hipoglosso, o último, portanto o vaso
craniano com mais.........inferior. Claro que ainda há um outro músculo que é o
esternocleidomastóideo que surge em parte, é uma mistura por isso é que ele
tem aquela e enervação esquisita, que é uma mistura de derivados dos
miótomos cervicais superiores e também de alguma mesoderme dos arcos
faríngeos, portanto tem essa origem mista. E depois dos miótomos cervicais,
que outros músculos vão surgir? Todos aqueles músculos do pescoço que são
enervados pelos ramos do plexo cervical ou pelos nervos cervicais. Portanto
são todos os músculos extensores da cabeça, laterais e flexores, todos eles
derivados portanto dos miótomos cervicais. Lembram-se ainda dos miótomos,
o componente muscular de cada um dos somitos Portanto assim temos os
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derivados dos arcos faríngeos com o seu componente mesenquimatoso,
endodermico e ectódermico.
Ora nós falamos sobre os derivados da parte central portanto do mesênquima,
que deu a cartilagem, deu os arcos aórticos e deu os músculos. Ora bem e
agora o que vai surgir quer das bolsas faríngeas, que aqui estão
representadas, compreendidas das porções dos arcos faríngeos internamente
e temos externamente a primeira fenda ou sulco faríngeo. Aqui, com certeza
que só temos endoderme e ectoderme, o mesênquima não existe, nem nas
bolsas nem nas porções correspondentes das fendas faríngeas. Agora vamos
começar pelos derivados das bolsas faríngeas. A 1ª bolsa que fica entre o 1º e
o 2º arco faríngeo, vai ser penetrado, vai ficar com uma formação que se
prolonga em direcção ao disco faríngico que é o prolongamento tubo tímpanico
e que vai corresponder externamente a uma outra invaginação, e essa
invaginação com certeza que vai corresponder ao reforço do conduto auditivo
externo. Quer dizer que sulco faríngeo do lado de fora da primeira bolsa
faríngea, endoderme do lado de dentro da bolsa faríngea vão dar esta porção
que vai corresponder a toda esta zona que engloba todo o canal auditivo
externo, vai englobar com certeza a membrana do tímpano ou o ouvido médio
e depois a trompa auditiva, que é uma formação que liga o ouvido médio à
nasofaringe com sabemos, portanto derivados da 1ª bolsa faríngea e do 1º
sulco faríngeo. E para exemplificar vamos passar agora ao restante sulco
faríngeo. O que vai acontecer? Há um crescimento grande da mesoderme que
vem do 2º e do 3º arco faríngeo e que empurram a endoderme destes arcos
para se juntar à porção mais inferior da 4ª bolsa faríngea. E portanto isto
depois junta-se, volta-se e fica um quistozinho, uma formação de revestimento
epitelial, que é chamado, conforme aqui vêm o seio cervical. Ora este seio
cervical é uma formação transitória, aparece por esta excrescência da 2ª e da
3ª fendas faríngeas sobre a 4ª e fica reduzido a este seio cervical, que em
princípio deve ser reabsorvido, desaparece. O epitélio que o rodeia em
princípio desaparece, mas pode permanecer e não é assim tão excepcional ele
permanecer e vai dar origem à permanência ou à persistência do seio cervical.
E vamos dar melhor a seguir como esse seio cervical se exterioriza, muitas
vezes perto do pescoço. Portanto seio cervical e produtos obtidos dos
derivados das fendas faríngeas, estes permanecem e o seio cervical
desaparece. Ora bem desaparece o tubo faríngico tímpanico na 1ª bolsa
faríngea e o que acontece na 2ª, na 3ª, na 4ª e na 5ª bolsas faríngeas? Na 2ª
bolsa faríngea este epitélio prolifera, penetra no mesênquima e é aquilo que
mais tarde vai dar à amígdala palatina, portanto temos conduto auditivo externo
e abaixo vamos ter lá as amígdalas palatinas, aquelas amígdalas que estão ao
fundo da cavidade bucal. Falar disto inicialmente forma-se com um
desenvolvimento epitelial e só por volta dos três, quatro, cinco meses é que ele
começa a ser invadido por linfócitos, porque a amígdala é um orgão linfóide,
portanto vai ter aqueles linfócitozinhos só por volta dos três a cinco meses.
Portanto derivados da 2ª bolsa faríngea temos a amígdala palatina. Na 3ª bolsa
faríngea temos uma porção, que é a porção dorsal e uma porção ventral. E o
quê que vai surgir de cada uma destas formações? O epitélio endodérmico
diferencia-se e esta diferenciação dorsal vai dar origem à paratiróidea inferior,
é a que surge mais alta. E da diferenciação epitelial da parte ventral vai surgir o
timo. E vamos já ver o que vai acontecer à paratiróidea inferior e ao timo. E
depois da 4ª e 5ª bolsa que se acabam por juntar, o que vai surgir? Da parte
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dorsal da 4ª bolsa surge a paratiróidea superior. E da 5ª bolsa faríngea que se
juntou portanto à quarta, surge o chamado corpo últimobranquial, e chama-se
corpo últimobranquial porque é o último dos derivados destas bolsas faríngeas.
Voltemos agora ao seio cervical, há uma formaçãozinha que reaparecia e que,
em principio, deveria ter desaparecido mas muitas vezes permanece e forma
tal quisto cervical lateral, e vamos ver porque se chama lateral. Ora bem, este
quisto cervical pode estar isolado no meio de todo aquele mesênquima ou pode
então comunicar com o exterior ligado por uma fístulazinha ,que é uma fístula
branquial externa, que também aparece de vez em quando nas criancinhas que
têm um buraquinho, uma fístula, uma fístula quer dizer um buraquinho com
penetração para o interior. E com certeza que esta fístula branquial pode existir
sozinha ou associada ao quisto, do mesmo modo que o quisto pode ser
sozinho ou associado à fístula cervical externa. Mas há quem diz que o quisto
pode comunicar também com o interior e vai ter uma fístula branquial que é a
fístula branquial interna, que quando existe abre-se para o interior junto da
amígdala palatina. Os sítios mais frequentes destes quistos cervicais, têm esta
característica, um é tubo mandibular, outro é hióideo e o outro supra-clavicular
ou supra-esternal. O mais frequente é o que está mais ao menos ao nível do
osso hióide. E estes quistos sempre adiante do bordo do
esternocleidomastóideo têm a característica de serem laterais. Portanto
quando se vê uma tumefacção no pescoço de uma criança a primeira coisa,
quando é lateral, a primeira coisa de que se desconfia é que seja na verdade
um quisto cervical lateral, como este que está aqui. E vamos ver que é
diferente de uns que aparecem na linha média anteriormente, como vamos ver
são os quistos do canal tireoglosso. Bem agora vamos ver o que acontece,
temos aqui a primeira parte, uma segunda parte, amígdala palatina,
paratireóidea inferior, o timo, paratireóidea superior e corpo últimobranquial. Ao
mesmo tempo que está a suceder isto, está a formar-se a glândula tireóide e
que se forma por invaginação do epitélio faríngeo no espaço mediano que fica
entre o 1º e o 2º arco faríngeo que é o chamado buraco cego. Portanto surge
na língua, num buraquinho que lá aparece e depois há um canal que com
certeza vai levar ao cimo do canal tireoglosso, como vamos ver, onde se faz a
proliferação desta glândula tireóidea, que em certa altura atinge dois lobos e
continua a descer até ao pescoço. Quer dizer que à medida que se está a
formar a glândula tireóidea, que vamos já ver como se forma, que vai dar
depois o buraco cego, o que vai acontecer às restantes estruturas? Com
certeza que temos a trompa auditiva, temos aqui o ouvido médio, membrana do
tímpano e o ouvido externo, a amígdala palatina no seu divertículo da fossa
palatina e agora temos aqui a aparecer a paratireóidea inferior e timo, ora estas
duas formações descolam-se, disconexam-se da porção que tiveram a sua
origem e migram. O timo como nós sabemos vai ocupar esta posição supra
esternal e até retro esternal também principalmente num adulto e portanto vai
cortar-se adiante da traqueia. E a glândula paratiróidea inferior que apareceu
na sua origem, migrou com ela e depois a certa altura sai dela e vai para a
porção posterior da glândula tireóide, que entretanto apareceu aqui, e toma a
sua localização própria que é a paratireóidea inferior por trás do lobo respectivo
da tireóide, na sua parte dorsal. E isto aconteceu à paratireóidea superior que
surgiu abaixo da tireóidea inferior, migra mas tem um trajecto de migração
muito mais curto, pequenino e vai portanto cruzar por trás também da glândula
tiróide. Sabemos que a glândula tiróide há uma só e as paratireóideas há
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quatro: duas direitas, duas esquerdas, uma superior e outra inferior, esta
inferior é derivada da terceira bolsa faríngea ao passo que a superior é
derivada da quarta bolsa faríngea. E o timo foi o que se viu. E o que acontece
ao derivado da 5ª bolsa faríngea será o tal corpo últimobranquial, ele migra e
vai penetrar na glândula tiróide, vai para o interior, vão ficar cá trás como ficam
as paratireóides. E porquê que vai para o seu interior? É que este corpo
últimobranquial é aquele que vai dar origem às células C, chamada células C
ou parafoliculares, a glândula tiróide, que estamos a estudar histologicamente,
tem células foliculares que são próprias da glândula tiróide que segregam
tiroxina e a tirotrilamina e têm, por outro lado as células foliculares ou células C
que são as que segregam a calciculina, que é uma hormona importante
segredada pelas células C que derivam do corpo últimobranquial porque está
implicada no metabolismo bucal, que acumula níveis importantes do cálcio. E
pronto, assim temos os derivados quer das bolsas faríngeas, quer das fendas
faríngeas depois de termos visto os dos arcos faríngeos.
E agora vamos à glândula tiróide. Temos aqui todo o intestino primitivo aqui
portanto surgiram os diferentes arcos faríngeos e ali no intestino primitivo,
portanto na porção faríngea plena ou plena faríngea primitiva vai aparecer um
divertículo, que aqui vemos, que é o tal que vai dar a glândula tiróide. O
intestino primitivo, derivado da endoderme, é aquele que também vai dar
origem ao aparelho respiratório. Vai dar dois divertículos: um faríngico que vai
dar a glândula tireóide e depois outro chamado respiratório que vai dar origem
à traqueia, que depois dá os brônquios, os pulmões, por aí adiante. Ora bem, e
é aqui ao nível deste buraco, que aqui aparece, o tal buraco cego que é uma
invaginação da mucosa que segue este trajecto que aqui está a amarelo, que é
o tal canal tireoglosso, portanto une a tireóide à língua. Portanto a ligação é um
trajecto de migração do epitélio que depois se vai diferenciar e vai dar origem à
glândula tireóidea. Ora bem chama-se a este canal tireoglosso e à medida que
o epitélio vai descendo, e portanto a glândula vai-se chegando aqui à base do
pescoço adiante do osso hióide , à medida que este epitélio se vai
diferenciando o canal tireoglosso vai-se fechando, e a glândula vai descendo e
a parte de cima do canal fecha-se e chega-se ,se tudo correr bem, acontece
que aparece aqui a glândula tireóidea, não há vestígios do canal tireoglosso e a
única coisa que fica lá em cima é o buraco cego, todos nós temos na nossa
língua. Ora bem mas às vezes há persistência deste canal tireoglosso, há
sítios, isto é ele pode nunca se fechar, pode permanecer um canal aberto, fica
portanto a funcionar no adulto como funcionou durante o desenvolvimento
uterino, ou então pode deixar alguns espaços abertos em algum do seu trajecto
e fechar-se no restante trajecto. E isto acontece frequentemente no pescoço,
quando aparecem portanto os quistos tireoglossos, que são estes que
podemos ver, a sua representação frequente é também ao nível do osso
hióide, mas podem estar também ao nível da cartilagem tiróide, podem estar no
interior da língua ou na base da língua, mas mais frequentemente estão junto
do osso hióide. E estes diferenciam-se dos quistos cervicais laterais porque
são sempre quistos da linha média, nunca estão lateralmente. Portanto do
mesmo modo que quando se olha para um pescoço de um criança ou às vezes
num jovem e se vêm estas tumefacções se são laterais provavelmente são
muitos os tipos de tumores no pescoço que podem aparecer, mas estes são os
mais frequentes, e são fáceis de identificar porque sendo laterais serão com
certeza quistos cervicais laterais. Se forem da linha média serão quistos do
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canal tireoglosso. Portanto está entendido bem esta esta migração da glândula
tireóide. E vamos já ver o sítio onde ela aparece, portanto ali ao nível do buraco
cego, e isto aparece ou surge também no início da quarta semana e depois vai
progredindo e chega-se naturalmente à parte adulta.
Ora bem outro elemento que está intimamente relacionado com o
desenvolvimento das bolsas faríngeas é a língua. E o que é que vai acontecer?
Aqui temos nós o 1º arco faríngeo, o 2º, o 3º e o 4º e as respectivas fendas e
cá dentro as bolsas. Ora bem na 1ª bolsa faríngea, o mesmo é dizer na
endoderme que está a revestir a porção mais inferior do 1º arco surgem-nos
três eminências, uma nitidamente na endoderme do 1º arco e que são as
eminências linguais laterais e uma mediana que salta ou empurra e vem um
bocadinho para baixo, ocupa a parte mediana da 1ª bolsa faríngea e que é o
tubérculo ímpar. De qualquer modo o tubérculo ímpar e as eminências linguais
laterais são derivadas do 1º arco faríngeo e de uma parte da bolsa faríngea
que lhe fica imediatamente abaixo. Que mais acontece? Acontece agora que
do 2º, 3º e 4º arco surge uma outra eminência, maior que o tubérculo ímpar,
que se chama cópula ou eminência hipobranquial. E entre esta cópula e o
tubérculo ímpar é que fica o buraco cego, portanto esta endoderme que se
forma através daquele buraquinho cego, o tal prolongamento epitelial, que vai
descer por ali abaixo e que vai dar origem à glândula tireóide. Portanto assim
temos tubérculo ímpar. Para baixo ainda e derivados do quarto arco faríngeo, é
importante fixar que o:
 1º arco faríngeo – eminências línguais laterais e tubérculo ímpar;
 uma parte do segundo, todo o terceiro e uma parte do quarto – a cópula
ou eminência hipobranquial;
 e depois o quarto com uma eminência que aqui surge que é a eminência
epiglotica, já estamos a ver que é aquela que vai dar origem à epiglote.
E para fora dela de um lado e do outro vamos ter com certeza tumefacções
aritenóides, no interior das quais com certeza se vão desenvolver derivados do
4º arco, derivados cartilagíneos que neste caso serão as cartilagens
aritenóides tal como para a eminência epiglotica, ao nível também do 4º arco,
se vai encaixar nos derivados cartilagíneos deste 4º arco, no que respeita à
cartilagem laríngica que será a epiglote. Ora bem e agora o que é que vai
acontecer? Acontece que nestes três derivados do 1º arco faríngeo, da
endoderme do 1º arco faríngeo que os dois laterais descem muito, como nós
aqui vemos, e crescem inclusive sobre o ponto ao tubérculo ímpar e portanto o
tubérculo ímpar fica englobado, fica tapado por estas duas formações e logo o
seu conjunto dá origem aos dois terços anteriores da língua. Portanto os dois
terços anteriores da língua são derivados quer das duas eminências linguais
laterais quer do tubérculo ímpar, quando se atinge o estado adulto são a
sobreposição das porções correspondentes das tumefacções linguais laterais
em relação ao tubérculo ímpar e isto significa que os dois terços anteriores da
língua naturalmente ficam sempre para diante do buraco cego. E com um terço
separado da proliferação desta cópula, disse-lhes que o resultado comum, o
facto comum da maioria do 3º e um bocadinho do 4º, e o que é que aqui vai
acontecer? Vai acontecer exactamente a mesma coisa que aconteceu aqui em
sentido transversal, mas agora vai ser em sentido vertical, quer dizer que a
parte que deriva do 2º arco, parte do 2º arco e parte que deriva do 4º vão ficar
debaixo da parte que deriva do 3º. Quer dizer que esta porção que nós vemos,
que vai corresponder ao terço posterior da língua, fica para trás do buraco cego
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e desta linha que está aqui e que é o chamado veio lingual, esta porção é
fundamentalmente 3º arco faríngeo porque quer o 2º e quer o 4º ficam
encaixados e debaixo desta proliferação. Ora o que é que acarreta esta
derivação que é diferente dos dois terços anteriores da língua do terço
posterior da língua? É que os dois terços anteriores da língua, como são
regulados por derivados do 1º arco, vão com certeza ser enervados pelo ramo
do mandibular, que é o nervo lingual como vamos ver. O terço posterior da
língua que deriva fundamentalmente do 3º arco com participação de parte do 2º
e parte do 4º, vai ser enervado pelo nervo do 3º arco, que é o glossofaríngeo. E
assim temos a enervação da língua, a enervação sensitiva da língua, os dois
terços anteriores da língua vão ser enervados pelo lingual e o terço situado
para trás do tal veio lingual e do buraco cego vai ser enervado pelo
glossofaríngeo. E com certeza que depois quer a epiglote quer as cartilagens
aritenóides ou estes dois.............que sobem vão ser enervadas por ramos do
vago, seja o laríngico superior seja o recorrente da porção mais inferior, para
baixo das cartilagens aritenóides. Portanto o desenvolvimento da língua e por
parte do recobrimento do corpo daquilo que derivou da mesoderme do
respectivo arco faríngeo, são as cartilagens da laringe, quer a epiglote quer as
aritenóides. Vamos ver, que há um bocadinho, quando derem a língua vão ver
que a língua está na sua parte mais posterior e dorsal, com certeza que em
relação com a epiglote. Quando se quer fazer uma incubação endotraqueal dos
músculos laterais, a primeira coisa que o anestesista faz depois de o doente já
estar assim um bocado KO, é meter-lhe uma pinça na língua, apertar-lhe a
língua, puxar a língua para fora e atrás da língua vem a epiglote e fica portanto
o orifício da laringe aberto, ele mete à vontade lá para dentro o tubo até chegar
à traqueia. Portanto a língua vai estar intimamente ligada e colada a esta
cartilagem que aqui mostra, também vai reaparecer a prega glossoepiglótica
,que esta será a prega glossoepiglótica mediana porque depois vai aparecer
duas que são laterais. E ficam aqui umas escavações entre cada uma destas
pregas, a prega glossoepiglótica mediana e depois as duas laterais, que vão
ser chamadas valéculas, e estas valéculas com certeza que já vão ser
enervadas tal como a parte anterior da epiglote por ramo do nervo vago. Vão
ver depois ainda que esta enervação sensitiva pelo mandibular e pelo
glossofaríngeo da língua vai ter um componente que é o gustativo porque além
do frio, do calor, da dor, da pressão que nós podemos sentir na língua,
sentimos também o gosto que é uma sensibilidade especial, e essa então já
será da responsabilidade do nervo facial, como veremos no seu devido tempo.
E pronto, meus senhores, é isto que deverão ter que saber sobre os derivados
dos arcos, das fendas e das bolsas faríngeas.
Quero pedir desculpa por alguns espaço que encontrarão em branco, mas achei
preferível fazê-lo do que induzir-vos em erro. E também peço desculpa por eventuais
erros. As palavras sublinhadas significam que não estou 100% certa da sua
veracidade.
Aula desgravada por:
Francisca Sottomayor Negrão
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