Departamento de Física e Química – Curso de Física Laboratório de Competências Experimentais II Circuito RLC – Uso do Osciloscópio Objetivos: Estudar a variação da resistência e das reatâncias indutiva e capacitiva em função da freqüência da tensão que alimenta o circuito RLC e determinar experimentalmente os valores de R, L e C. I - Introdução: Considere o circuito da Fig. 1, que contém um resistor, um indutor e um capacitor ligados em série (circuito RLC) e alimentados por uma tensão senoidal V Vm sen t , (1) onde 2 f Fig. 1: Circuito RLC alimentado pela tensão do gerador de sinais (GS). ( 2) é a freqüência angular. Sabemos que a tensão no resistor está sempre em fase com a corrente no circuito, enquanto, quando a tensão que alimenta este circuito é senoidal, as tensões no indutor e no capacitor diferem por ângulos de fase +/2 e -/2, respectivamente, da tensão do resistor. O valor máximo (ou de pico) da tensão, Vm , relaciona-se ao valor pico-a-pico, Vpp (que pode ser lido diretamente no ORC) e ao valor eficaz, Vef (que é lido no voltímetro analógico, sendo a raiz quadrada da média temporal do quadrado da tensão) através de Vm V pp 2 2 Vef . (3) Uma expressão análoga à eq. (3) relaciona também os valores máximo, pico-a-pico e eficaz da corrente no circuito. Se medirmos a tensão no resistor e a corrente no circuito, o valor da resistência é, de forma semelhante ao que decorre da Lei de Ohm num circuito de corrente contínua, R V R ,m Im V R , pp I pp V R ,ef I ef . ( 4) Um resistor ideal não apresenta variação de R com a freqüência, porém, na prática, R aumenta com a freqüência devido ao efeito pelicular. Este efeito se traduz por uma distribuição não uniforme da corrente pela seção transversal do condutor, de modo que a densidade de corrente cresce a partir do eixo em direção à superfície do condutor (ref. 1). Assim, a resistência de um condutor à corrente alternada, quando se considera o efeito pelicular, é chamada de resistência ativa, para diferenciar da resistência à corrente contínua. Se considerarmos agora a tensão (máxima, pico-a-pico ou eficaz) no indutor, a reatância indutiva é definida, em uma expressão análoga à da eq. (4), por XL V L ,m Im V L , pp I pp V L ,ef I ef (5) e relaciona-se à freqüência através de X L L 2 f L , (6) onde L é a indutância. Tomando-se a tensão no capacitor, temos a reatância capacitiva XC VC ,m Im VC , pp I pp VC ,ef , I ef ( 7) que relaciona-se à freqüência por XC 1 1 C 2 f C (8) (C é a capacitância). De forma análoga à resistência total que um circuito apresenta para um gerador de corrente contínua, o circuito RLC apresenta a impedância Z Vm V pp Vef I m I pp I ef ( 9) quando alimentado pela tensão alternada da eq. (1). A impedância do circuito está relacionada às grandezas resistência e reatâncias indutiva e capacitiva, anteriormente definidas, por meio da expressão Z R2 ( X L X C )2 . (10) O estudo detalhado do circuito RLC alimentado por tensão senoidal, contendo a dedução de todas as equações acima, pode ser encontrado, por exemplo, nas referências 2 e 3. II - Material: - 01 osciloscópio de 2 canais - 01 amperímetro analógico para c.a. - 01 gerador de sinais - 01 painel com resistor, capacitor e indutor - Cabos III - Procedimentos: 3.1 – Medida da resistência 3.1.1 – Monte o circuito da Fig. 1 usando o gerador de sinais (GS) como fonte alimentadora de tensão alternada. Insira o amperímetro analógico em série com os elementos do circuito em qualquer ponto do mesmo (neste ponto o circuito deverá ser interrompido para a inserção do amperímetro). Escolha no amperímetro a função para leitura de corrente alternada – deste modo, as leituras no aparelho serão obtidas diretamente em valores eficazes (Ief). Conecte os cabos do canal 1 do ORC aos pontos A e B da Fig. 1, para permitir a leitura da tensão no resistor. Vef 0.35 V pp , (11) 3.1.2 – Escolha a forma senoidal para a tensão do GS e coloque a mesma em amplitude máxima. Varie a freqüência do GS ao longo de uma larga faixa (por exemplo, de 50 Hz até 10 kHz) e vá anotando na Tabela 1 os valores obtidos para a corrente (eficaz) no circuito e tensão (eficaz) no resistor. Nos aparelhos de medida use as escalas mais adequadas para leitura. Se quiser, opte por valores de freqüência diferentes dos sugeridos na tabela. Lembre-se da PRÁTICA Nº 2 que no ORC podemos medir diretamente a tensão pico-a-pico, da qual a tensão eficaz é obtida por em concordância com a eq. (3). 3.1.3 – Com os valores anotados de VR,ef e Ief, para cada freqüência usada calcule a resistência através da eq. (4), anotando os resultados na última linha da Tabela 1. Tabela 1: f (Hz) VR,ef (V) Ief (A) R () 50 100 500 1000 5000 10000 3.1.4 – Faça um gráfico de R vs. f (ou de R vs. log f) com os dados da Tabela 1 e o interprete. Compare os resultados obtidos para R com o valor nominal (fornecido pelo fabricante) da resistência usada. 3.2 – Variação da reatância indutiva com a freqüência 3.2.1 – Passe os cabos do ORC para os pontos B e C, de forma a poder ler a tensão no indutor. 3.2.2 – Variando a freqüência do GS de acordo com os valores sugeridos, preencha a Tabela 2 com valores de VL,ef e Ief , de forma semelhante à da Tabela 1. 3.2.3 - Preencha a última linha da Tabela 2 com os valores de XL obtidos do uso da eq. (5). Tabela 2: f (kHz) VL,ef (V) Ief (A) XL () 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 3.2.4 – Faça um gráfico de XL vs. f. O comportamento do gráfico é compatível com a eq. (6) ? Se for, faça um ajuste linear. Comparando o coeficiente angular obtido do ajuste com o previsto pela eq. (6), estime o valor da indutância da bobina. 3.3 – Variação da reatância capacitiva com a freqüência 3.3.1 – Ligue os cabos do ORC aos pontos C e D para ler a tensão no capacitor. 3.3.2 – Usando os valores sugeridos para a freqüência do GS, preencha a Tabela 3 de modo semelhante ao das tabelas anteriores. Para calcular a reatância capacitiva, use a eq. (7). Tabela 3: f (Hz) VC,ef (V) Ief (A) XC () 100 200 300 log X C log2 C log f 400 . 500 600 700 800 900 1000 (12) 3.3.3 – Faça um gráfico de XC vs. f e de log XC vs. log f. Interprete os gráficos. 3.3.4 – Faça um ajuste linear no gráfico de log XC vs. log f. Da eq. (8) temos que Verifique se o coeficiente angular obtido do ajuste é compatível com o previsto pela última equação (coef. ang. = -1). Use agora o coeficiente linear obtido do ajuste e a eq. (12) para obter o valor da capacitância. Compare o resultado com o valor nominal especificado pelo fabricante do capacitor. Referências bibliográficas: 1 – KUZNETSOV, M. Fundamentos de Electrotecnia. 2a edição. Moscou: Editorial Mir, 1967. 2 – HALLIDAY, David, RESNICK, Robert & KRANE, Kenneth S. Física 4. 4a edição. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1996. 3 – TIPLER, Paul Allen. Física para Cientistas e Engenheiros, vol. 4. 3a edição. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1995.