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Artigo Técnico realizado pelos alunos, Bruna Meurer, Gefrance Xavier, Renato
Henrique Arents, Claudinei Perera, Jonathan Jesus Barbosa,
do segundo ano do curso técnico em agropecuária na escola agrícola localizada na zona
rural (Vila Cristina) da cidade de Ivinhema Mato Grosso do Sul.
Juntamente com a professora de zootecnia Carolina Toniedo.
Escola Municipal Rural Benedita Figueiró de Oliveira
Artigo técnico
Assunto: Biossegurança no sistema de criação de suínos.
Professora: Carolina Toniedo
Alunos (as): Bruna, Gefrance, Renato, Claudinei, Jonathan
Do segundo ano do curso técnico em agropecuária
Ivinhema / MS novembro de 2009
1. Resumo Na suinocultura moderna, biossegurança (ou biosseguridade) pode ser definida como
um conjunto de medidas (ou um programa), que visa diminuir os riscos de infecção e
conferir proteção à saúde e ao bem-estar animal. Entretanto, à medida que a
suinocultura evolui, também evoluem os seus desafios. Dentre os inúmeros desafios que
se apresentam à suinocultura moderna, destaca-se a crescente preocupação com a
transmissão de microrganismos dos animais aos seres humanos, a qual pode ocorrer de
forma direta aos indivíduos que trabalham em contato com os animais nos rebanhos, ou
através do consumo da carne desses animais, ou seja, através da cadeia alimentar. Assim
sendo, atualmente o estágio de evolução alcançado pela suinocultura moderna, e a
evolução por vir, demandam uma conceituação mais ampla ou abrangente, na qual,
além de visar a proteção da saúde e do bem-estar animal, a biossegurança deve também
visar a saúde dos indivíduos que manipulam e convivem com os animais, e das pessoas
que consomem a carne suína.
Entende-se por biossegurança o conjunto de normas e procedimento destinados a evitar
a entrada de agentes infecciosos (vírus, bactérias, fungos e parasitas) no rebanho, bem
como controlar sua disseminação entre os diferentes setores ou grupo de animais dentro
do sistema de produção.
2. Introdução –
No Brasil a preocupação com a biossegurança teve inicio em meados dos anos 80 com a
implantação de empresas fornecedoras de material genético. Entretanto programas de
biossegurança somente começaram a estar presentes nas discussões de rotina dos
profissionais da área apartir da implantação de explorações intensivas maiores e mais
organizadas, já nos anos 90.
Em função da abertura de alguns importantes mercados internacionais para o setor da
suinocultura, as preocupações sanitárias se tornaram mais intensivas e, com as
exigências internacionais por parte dos países importadores, os programas de
biossegurança se consolidaram como a peça fundamental em um sistema intensivo de
produção de suínos.
Os aspectos relacionados ao programa de biossegurança dizem respeito a todas as
variáveis pertinentes ao meio em que os animais são criados e que podem interferir
negativamente sobre o conforto e o estado de saúde dos animais. As principais variáveis
e normalmente contempladas em programas de biossegurança como as condições das
instalações, presença de barreiras sanitárias, cercas, entre outros fazem parte deste
programa.
A biossegurança esta se tornando um componente importante cada vez mais importante
na cadeia produtiva da suinocultura. À medida que os módulos de produção crescem em
número de matrizes e se intensificam com a realização de altos investimentos, as
medidas preventivas que diminuem a introdução de novos agentes infecciosos só tende
a crescer de importância, somado a isso devermos nos lembrar que cada vez mais vem
crescendo a exigência dos consumidores que querem alimentos seguros e livres de
resíduos químicos, o que vem limitando drasticamente o uso de promotores de
crescimento na alimentação dos suínos.
È importante sabermos que entre os principais efeitos das doenças no setor de
reprodução estão: a elevação da mortalidade de porcas e leitões, quadros de sub
fertilidade com leitegadas de tamanho reduzido e de menores pesos ao nascimento.
Já no setor de crescimento e terminação as doenças resultariam em piores conversões
alimentares e no aumento das taxas de mortalidade com elevação de gastos com
medicamentos preventivos e curativos. Poderíamos citar ainda dependendo do grau de
severidade das doenças, o impacto negativo sobre a qualidade de carcaça.
Assim pensando vemos que a falta da biossegurança ou o seu mal funcionamento pode
trazer prejuízos ao suinocultor e ao próprio consumidor.
A melhor definição para o termo biossegurança seria: "O conjunto de medidas e
procedimentos adotados com o objetivo de proteger os suínos e funcionários de
infecções capazes de causar impactos econômico-sanitários". Uma outra definição ainda
muito utilizada é: "Grupo de normas implementadas com o objetivo de eliminar ou
diminuir os riscos de introdução de qualquer tipo de agente prejudicial para uma
unidade de produção".
3. Desenvolvimento –
Os procedimentos que devem ser executados dentro de uma granja segundo as normas
são:
3.1 Isolamento
E importante que o sistema de produção esteja o mais isolado possível, principalmente
de outros criatórios ou aglomerados de suínos, de maneira a evitar ao máximo a
propagação de doenças.
3.2 Localização da Granja
Escolher um local que esteja distante em pelos menos 500m de qualquer outra criação
ou abatedouro de suínos e pelos menos 100m de estradas por onde transitam caminhões
com suínos. Isto é importante, principalmente, para prevenir a transmissão de agentes
infecciosos por via aérea e através de vetores como: roedores, moscas, cães, gatos, aves
e animais selvagens.
3.3 Acesso
Não permitir o trânsito de pessoas e/ou veículos no local sem prévia autorização.
Colocar placa indicativa da existência da granja no caminhinho de acesso e no portão a
indicação “Entrada Proibida”.
A granja deve ser cercada e a entrada de veículos deve ser proibida, exceto para
reformas da granja, e nestes casos os veículos devem ser desinfetados com produto não
corrosivo.
3.3.1 - Portaria
Utilizar a portaria como o único local de acesso de pessoas à granja. Construir a
portaria, com escritório e banheiro junto à cerca que contorna a granja, numa posição
que permita controlar a circulação de pessoas e veículos. O banheiro deve possuir uma
área suja, chuveiros e uma área limpa, onde devem ficar as roupa e botas da granja, para
que o fluxo entre as áreas seja possível apenas pelo chuveiro.
3.3.2 - Cercas
Cercar a área que abriga a granja, com tela de pelo menos 1,5 metros de altura para
evitar o livre acesso de pessoas, veículos e outros animais. Essa cerca deve estar
afastada a pelo menos 20 ou 30 metros das instalações.
3.3.3 – Barreira Vegetal
Fazer um cinturão verde (reflorestamento ou mata nativa), a partir da cerca de
isolamento, com uma largura de aproximadamente 50 m. Podem ser utilizadas espécies
de crescimento rápido (pinus ou eucaliptos) plantadas em linhas desencontradas
formando um quebra-vento.
3.3.4 – Introdução de Equipamentos
Avaliar previamente qualquer produto ou equipamento que necessite ser introduzido na
granja, em relação a possível presença de agentes contaminantes. Em caso de suspeita
de riscos de contaminação, proceder uma desinfecção antes de ser introduzido na granja.
Para isso deve-se construir um sistema de fumigação junto à portaria.
3.3.5 – Entrada de pessoas
Os funcionários devem tomar banho e trocar de roupa todos os dias na entrada da
granja, e serem esclarecidos sobre os princípios de controle de doenças para não
visitarem outras criações de suínos.
Restringir ao máximo as visitas ao sistema de produção. Não permitir que as pessoas
entrem na granja, antes de transcorrer um período mínimo de 24 horas após visitarem
outros rebanhos suínos, abatedouros ou laboratórios. Exigir banho e troca de roupas e
manter um livro de registro de visita, informando nome, endereço, objetivo da visita e
data em que visitou a ultima criação, abatedouro ou laboratórios.
3.3.6 – Veículos
Os veículos utilizados dentro da granja (ex: tratores) devem ser exclusivos. Os
caminhões de transporte de ração, insumos e animais não podem ter acesso ao complexo
interno da granja, sendo proibida a entra da de motoristas. Para evitar a entrada de
veículos de transporte de dejetos, o sistema de tratamento e armazenamento dos dejetos
deve ser construído externamente à cerca de isolamento.
3.4 Embarcadouro/Desembarcadouro de suínos
Deve ser construído junto a cerca de isolamento a pelo menos 20 m das polcigas. O
deslocamento dos suínos entre as instalações, e das instalações ate o embarcadouro ( e
vice – versa ) deve ser feito por corredores de manejo.
3.5 Transporte de Animais
O transporte de animais deve ser feitos em veículos apropriados, preferencialmente de
uso exclusivo.
Os caminhões devem ser lavados e desinfetados após cada desembarque de animais.
3.6 Transporte de rações e insumos
Deve ser feito com caminhões específicos, preferencialmente do tipo graneleiro. Não
usar caminhões que transportam suínos. O descarregamento de ração ou insumos deve
ser feito sem entrada no perímetro interno da granja. Caso exista fábrica de rações, esta
deve estar localizada junto a cerca de isolamento. Sempre que os silos forem esvaziados
devem ser limpos e desinfetados.
3.7 Introdução de animais na Granja
A introdução de uma doença no rebanho geralmente ocorre por meio da introdução de
animais portadores sadios, no processo normal de reposição do plantel. Portanto, devese ter cuidados especiais na aquisição desses animais.
3.8 Origem dos Animais
Adquirir animais e sêmen, para a formação do plantel e para reposição somente de
granjas com Certificado (Granja de Reprodutores Suídeos Certificados ), conforme
legislação ( Instrução Normativa 19 de 15 de fevereiro de 2002 ) da Secretaria de
Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ( MAPA )
que define que toda granja de suídeos certificada deverá ser livre da peste suína clássica,
doença de Aujeszky, brucelose, tuberculose, sarna e livre ou controlada para
leptospirose.Define, também as doenças de certificação opcional que são: rinite atrofia
progressiva, pneumonia micoplásmica, e disenteria suína.
Preferencialmente, adquirir animais procedentes de uma única origem sempre no
sentido granja núcleo-> multiplicadora -> granja comercial. A aquisição de animais de
mais de uma origem ( granja ) aumenta as chances de introdução de novos problemas
sanitários.
3.9 Quarentena
O objetivo da quarentena é evitar a introdução de agentes patogênicos na granja. È
realizada através da permanência dos animais em instalação segregada por um período
de pelo menos 28 dias, antes de introduzi-los no rebanho. O ideal é que a instalação seja
longe (mínimo de 500 m) do sistema de produção e separada por barreira física
(vegetal). Este período serve para realização de exames laboratoriais e também para
acompanhamento clínico no caso de incubação de alguma doença. Durante a quarentena
os animais e as instalações devem ser submetidos a tratamento contra ecto e endo
parasitas, independente do resultado dos exames.
3.10 Adaptação
Este período serve para adaptar os animais ao novo sistema de manejo e a microbiota da
granja. A primeira providência a ser tomada é abrir uma ficha de controle dos
procedimentos de adaptação, vacinação e anotação de cio para cada lote de fêmeas.
- Espaço de alojamento
Propiciar espaço mínimo de 2 m² por animal, alojando as leitoas em baias 6 a 10
animais. Alojar os machos recém chegados na granja em baias individuais com espaço
mínimo de 6 m² .
3.11 Controle de Vetores
A transmissão de doenças por vetores como roedores, moscas, pássaros e mamíferos
silvestres e domésticos deve ser evitada ao máximo. Entre as medidas gerais de controle
estão: a cerca de isolamento; destino adequado do lixo, dos animais mortos, de restos de
parição e de dejetos; a limpeza e organização da fábrica e depósito de rações e insumos
e dos galpões e arredores.
3.12 Destino de Animais Mortos
Todo sistema de produção acumula carcaças de animais mortos e restos de placenta,
abortos, umbigos e testículos que precisam ter um destino adequado, para evitar a
transmissão de agentes patogênicos, a atração de outros animais, a proliferação de
moscas, a contaminação ambiental e o mau cheiro, além de preservar a saúde pública.
Existem várias formas de destino para este material como:
a) compostagem
b) fossa anaeróbia
c) incineração, que é sanitariamente adequado, mas com alto custo ambiental e custo
financeiro incompatível com a suinocultura.
4. Conclusão –
Ainda temos muito a aprender sobre patogenia, microbiológica e imunológica das
doenças dos suínos. Enquanto aguardamos o desenvolvimento de novas ferramentas
para diagnóstico e controle de enfermidades deve-se continuar os esforços no sentido de
minimizar o impacto das doenças sobre o desempenho e a qualidade de carcaça dos
animais. Além disso, os consumidores estão exigindo a produção de animais saudáveis
criados com conforto e bem estar sem o uso de antibióticos em suas dietas. .
Para a obtenção de resultados zootécnicos e econômicos superiores, toda unidade de
produção necessita obviamente de uma equipe interna de funcionários capacitada e
motivada, além de procurar trabalhar com fornecedores de insumos (genética, nutrição,
medicamentos, outros) que sejam idôneos e que forneçam produtos e serviços
inovadores e da mais alta tecnologia.
Do ponto de vista de garantia de obtenção dos resultados zootécnicos e econômicos, é
fundamental que o sistema de produção de suínos moderno tenha adotado um programa
de biossegurança personalizado para sua realidade. Afinal, um único deslize em termos
sanitários pode significar impactos econômicos desastrosos.
Com isso concluímos que a Biossegurança exerce uma grande importância dentro de
um sistema de produção de suínos, trazendo benefícios tanto pra o criador como ao
próprio consumidor.
5. Referencias Bibliográfica –
Htt://www.genetiporc.com/download/biossegurança.pdf
Embrapa aves e suínos
www.asumas.com.br
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