Cirurgia Infecção em Cirurgia – 9ª aula Classificação dos procedimentos quanto ao risco de infecção: a) Cirurgia Limpa: São aquelas realizadas sobre a pele normal, sem infecção, ou que não envolvem áreas onde haja flora bacteriana(onde não há uma microbiota habitual); Portanto, não é regra usar antibiótico” Cirurgia cardíaca Cirurgia vascular periférica Neurocirurgia Cirurgia ortopédica Mastectomia Herniorrafias “A classificação de cirurgia limpa é totalmente teórico pois não há cirurgia 100% limpa” Obs: As cirurgias limpas não expõem o paciente ao risco de infecção e portanto, não há necessidade de antibiótico profilaxia. No entanto, isto não é verdade absoluta pois as cirurgias limpas acima fazemos antibiótico profilático para evitar futura infecção(as cirurgias citadas fazem parte de exceções). Isto porque estas cirurgias utilizam próteses(cirurgia ortopédica, cardíaca, vascular e herniorragias:tela) e portanto, contaminação do campo operatório pode infectar a prótese e posteriormente o paciente. Toda cirurgia limpa com utilização de prótese necessita de antibiótico profilaxia. Nas cirurgias cardíaca e neurocirurgia não usamos próteses mas indicamos antibiótico profilaxia pelo desastre em caso de possível infecção cirúrgica(efeito devastador). Na mastectomia há muito descolamento de tecido , sangramento e a região axilar apresenta muita flora bacteriana e portanto, risco maior de infecção em área exposta pela cirurgia. No entanto, a cirurgia de nódulo na tireóide não há necessidade de antibiótico profilaxia. Não ocorre em área de grande flora bacteriana, não há deslocamento intenso de tecidos e sangramentos. b) Cirurgia potencialmente contaminada: São aquelas realizadas sobre área onde há flora bacteriana ,sem que haja infecção (laboratorialmente não pode ter infecção). Cirurgia de vias biliares o Toda vez que manipulamos as vias biliares expõem o paciente á infecção e portanto, temos que fazer antibiótico profilático Cirurgia gastroduodenal Cirurgia eletiva do cólon o Mesmo realizando preparo mecânico do cólon antes da cirurgia (retirada do conteúdo fecal) é necessário indicação para antibiótico profilaxia). Procedimentos urológicos o Cálculo, por exemplo Traqueostomia (Esta cirurgia é uma exceção) o Não se usa antibiótico profilaxia na maioria dos casos. Isto porque nesta cirurgia a própria cânula de traqueostomia serve como dreno e ,portanto, não deixando acúmulo de secreções no local e posterior infecção. Cesariana o Embora seja estéril, usa-se antibiótico pois está próximo ao trato urinário. Obs: Estas cirurgias podem-se usar antibiótico profilaxia ou antibiótico terapia. c) Cirurgia contaminada: São aquelas realizadas sobre áreas onde não há controle sobre a flora bacteriana e que pode atingir áreas não colonizadas (“Basicamente cirurgia de emergência”. Perfuração de alça(delgado) < 4 horas de evolução Cirurgia de cólon(urgência) sem preparo mecânico Ulcera péptica perfurada no piloro Obs: Neste tipo de cirurgia realizar antibiótico terapia sempre!!! d) Cirurgia infectada: São aquelas realizadas sobre áreas onde um processo inflamatório ou infeccioso está instalado, ou quando houver tecido desvitalizado(necrose). “Todas doenças inflamatórias agudas” Trauma penetrante com perfuração de alça com mais de 4 horas de duração Apendicite aguda Infarto mesentério(isquemia) Abscesso renal Gangrena úmida de membros(isquemia) Hérnia estrangulada (comprometimento vascular) Obs: Estas cirurgias precisam de antibiótico terapia sempre Fatores de riscos de infecção do paciente cirúrgico: a) Fatores de risco microbiológico: Cirurgia sobre área colonizada: o Trato digestivo(E. Coli, Klebsiella pneumoniae) e trato respiratório superior. Cirurgia em vigência de infecção: o Trato urinário(E.coli, S.epidermites), abscessos intracavitários. b) Fatores de risco relacionados ao Paciente: Idade: Idosos são imunossuprimidos e as conseqüências da infecção é mais grave Estado Nutricional: Desnutridos fazem sepse com mais facilidade Diabetes: Vasculopatas que perfundem mal e combatem menos a infecção. Obesidade: Imunologicamente debilitados e o tecido adiposo não é muito vascularizado possibilitando infecção e hipoventilação(permite infecção respiratória alta( cirurgia no andar superior do abdome) Neoplasias: Debilidade imunológica Infecção à distância: deve-se tratar primeiro e depois fazer cirurgia. Só se faz a cirurgia se for de urgência (por exemplo: paciente com hérnia inguinal mas se estiver com inflamação no trato urinário não operar c) Fatores relacionados à Cirurgia (fatores que conferem risco para infecção cirúrgica): Período de internação pré-operatória: Quanto menos tempo melhor.Em 48 horas muda-se a flora bacteriana em paciente internado no hospital. O paciente deixa de ter a flora comunitária(de pouca resistência) e passa a ser colonizada por germes hospitalares resistentes. Preparo específico para a cirurgia: “Em cirurgia no cólon: Preparo mecânico” 1) Banho do paciente 2) Degermação na sala 3) Assepsia Obs: A tricotomia deve ser realizada na sala de cirurgia:geralmente aparelho eletrônico que não causa micro-lesões e possíveis locais de infecção. Já a quanto a degermação da pele(deixar sabão agindo por 2-3m), retirar o sabão e depois aplicar solução alcóolica fixando as poucas bactérias restante no local possibilitando ação efeciente do nosso sist imune sobre estas bactérias. Além disso, Polvidine não é usado para fins de curativo e sim, preparo da pele. Ambiente Cirúrgico: A circulação de ar deve ser sempre laminar para evitar suspensão de bactérias, portas fechadas, entrar e sair menos gente possível da sala de cirurgia, falar pouco na cirurgia. Duração da cirurgia: Quanto mais longa for, mais exposição à contaminação podendo ter o risco de realização de uma nova assepsia. Uso de sondas e drenos: São portas de entrada. Preferir sondas e drenos fechados (aspirativos: permitem fluxo com única direção) d) Fatores relacionados ao Cirurgião: Paramentação adequada Atitude adequada do cirurgião Boa técnica # Sítios de infecção X Patógenos # Pele, tecido celular subcutâneo(locais mais comum de infecção) e parede abdominal(apêndice aguda,colescite aguda,por exemplo): Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeuriginosa (grande queimado), E. Coli, Klebsiella pneumoniae. Vias urinárias: E.Coli, Staphylococcus epidermidis (infecção por esta bactéria ocorre só no hospital e difícil de tratar). Pacientes que constantemente fazem cateterismo vesical de repetição estão mais sucestíveis a infecção por bactérias entéricas Vias respiratórias: Pseudomonas Staphylococcus sp(MRSA). Aeuriginosa, Actinobacteria sp, # Diagnóstico de infecção em cirurgia # Evolução cuidadosa diária do paciente: anamnese e ex. físico, observar cicatriz,dor, peristalse e ausculta respiratória.Atenção para os drenos: se possível, drenos fechados e ser não for, analisar secreção drenada(cor, odor, presença de sangue e pus). Monitorização laboratorial: Hemograma completo(leucocitose , neutrofilia com desvio para esquerda e em infecção não controlada (plaquetopenia) e proteína C reativa titulada(marcador sensível de infecção) Diagnóstico por imagem: RX na suspeita de infecção respiratória( atelectasia e pneuminia), USG e TC # Causas de febre no pós-operatório # Depende de quantos dias de pós-operatório. Além disso, temos a T o até 38o C como normal pela reação à cirurgia e T0 › 38o ter atenção às causas da febre. Casos mais provável de febre pelos dias no pós-operatório: o 10 dia :Atelectasias: “Comum em cirurgia laparoscópica(obesos e caquéticos) pela insuflação do ar e compressão do diafragma sobre o pulmão. A ventilação deve ser bem colocada para expandir bem pulmão e não deixar que ocorra atelectasia.Além disso, cirurgia de andar superior do abdome por causa da dor o paciente hipoventila, então pode ocorrer a atelectasia e acúmulo de secreção e pneumonia”. o 2o e 3o dia : Infecção urinária: “Ocorre por exemplo em paciente que usam cateter vesical” o 4o dia : Pneumonia o 5o dia : infecção de ferida operatória: “É comum fluídos saírem por entre os pontos e sujar o curativos. Porém, após 72hs do pósoperatório não há mais vazamento porque a ferida sofreu epitelização(fase da cicatrização) mas no entanto, a secreção fica retida sendo meio de cultura para bactérias”. o 7o dia: Sinusite, Parotidite(palpação dos seios e TC):“Pacientes que precisou ficar mais de 48 horas com cateter nasogástrico(possível contaminação por Staphylococcus aureus).Além disso, paciente com nutrição enteral e suporte nutricional com cateter nasoentérico”. o 10o dia: Infecção de cateteres venoso-profundos:“A permanência segura dos cateteres é de 15 dias.Vários fatores influenciam na infecção por cateter: Técnica de colocação, Fio usado(os mais indicados são de nylon e não usar os de seda) e o uso de cateter central vai provocar bacteremia e infecção sistêmica grave. É necessário a hemocultura e cultura do cateter”. # Antibiótico profilaxia # Geralmente, ao acabar a cirurgia , para-se o tratamento antibiótico profilaxia Exceções: Cirurgia torácica, cirurgia vasculatura periférica , neurocirurgia (nestas cirurgia estender a profilaxia em até 48hs). # Tratamento da infecção # Antibiótico terapia Abertura de pontos e drenagem: quando a cirurgia tem grande risco de infecção dá-se pontos simples, porque se infectar, abre alguns pontos aleatórios e os outros permanecem segurando, aí pode-se lavar com soro fisiológico e drenar a ferida Drenagem per-cutânea guiadas por USG ou TC usada em infecções de cavidade ou repetir a operação. Gram positivos: Cefalotina e oxacilina (infecção hospitalar e de maior gravidade ou mudar para Vancomicina) Gram negativo (geralmente: digestivo ou urinária): Ceftriaxone,ceftazidima e ciprofloxacina Anaeróbios: Metronidazol,clindamicina Germes multi-resistêntes: gram-positivo e negativa e anaeróbio: Vancomicina, imipenem,aztreonam,clavulanato,ampicilina e piperacilina Obs: Infecções por Mycobacteirum abscessus e outras bactérias em cirurgia laparoscópica vem aumentando, decorrente da impossibilidade de colocar material na autoclave. Em casos de infecção devemos realizar desbridamento cirúrgico(enviar material para cultura de Micobactérias).Cultura positiva para mycobatéria devemos presecrever: Claritromicina 500mg VO 12/12 hs durante 4-5 meses.