disciplina: leitura e produção de textos filosóficos

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XIV Colóquio de Filosofia da Unisinos
8, 9 e 10 de novembro de 2011
Local: Unisinos (São Leopoldo, RS)
Chamada de trabalhos para o XIV Colóquio de Filosofia da Unisinos
Tema: Objetivo e Subjetivo: novas tendências em epistemologia e filosofia da moral (Objective and
subjective: new trends in epistemology and moral philosophy).
Evento comemorativo aos 10 anos do PPG em Filosofia da Unisinos.
„Objetivo‟ e „subjetivo‟ são termos frequentemente empregados em filosofia para dar conta de dois
pólos diferentes da experiência humana: de um lado, o pólo subjetivo, representado no sujeito; de outro,
o pólo objetivo, tido como exterior ao sujeito e identificado com o objeto. A separação, entre ambos, é,
no entanto, motivo de controvérsia. Desde a era moderna, cientistas e filósofos (como Galileu, Locke e
Descartes) ressaltaram que há certas qualidades que não residem propriamente nos objetos, mas no
sujeito – esse seria o caso das chamadas “qualidades secundárias” (como a cor, a dureza, sons e outros
atributos que dependem das capacidades perceptórias de indivíduos dotados de um aparato sensível
como o nosso). Alguns filósofos chegaram a questionar completamente a distinção; segundo esses
filósofos, nenhuma qualidade que atribuímos aos objetos é puramente objetiva (Hume, por exemplo,
concluiu que mesmo as chamadas “qualidades primárias” – como extensão e medida – seriam
dependentes do sujeito). Partindo disso, Kant concluiu que nada sabemos dos objetos tais como eles
seriam independentemente de nossa sensibilidade e de nossos modos próprios de cognição. Esse
idealismo peculiar a Kant sofreu críticas, todavia, nada convergentes, entre outros, de Schopenhauer e
Hegel. De fato, os filósofos modernos nunca entraram em acordo sobre esse tema, daí as diversidades
entre os sistemas conhecidos por “idealismo” e “realismo”, legados pela tradição.
Na filosofia contemporânea, o tema foi abordado por filósofos tanto da tradição “analítica” como da
tradição “continental”. A distinção é estudada atualmente em teoria do conhecimento e da percepção. Por
exemplo, seriam nossas percepções objetivas, isto é, seríamos por meio delas capazes de capturar
aspectos objetivos do mundo externo, ou seriam elas apenas capazes de nos proporcionar experiências
puramente subjetivas? Em havendo percepções objetivas, haveria algum tipo de percepção
exclusivamente subjetiva? Seria esse o caso das percepções que nos proporcionam o que chamamos de
“senso estético”? Ora, mesmo nesse caso, como explicar a distinção notória entre os juízos estéticos de
novatos ou inexperientes comparados ao juízo dos experts? Seriam os experts indivíduos capazes de
capturar aspectos objetivos ou seriam eles apenas sujeitos que desenvolveram, de forma quiçá eficiente,
uma certa capacidade, eventualmente algo sofisticada, de influenciar o julgamento estético de outras
pessoas? Além disso, qual a relação entre propriedades objetivas, especialmente aquelas que podem ser
descritas como derivadas de propriedades físicas – e químicas – e aquelas qualidades maculadas por
nossos vieses subjetivos ou mesmo pela subjetividade inerente a toda percepção? A distinção entre
„objetivo‟ e „subjetivo‟ também se reflete na polêmica entre realistas e empiristas construtivos acerca da
melhor explicação sobre nossas práticas científicas. Seriam os enunciados científicos sobre entidades
não-observáveis dotados de objetividade ou seriam tais enunciados apenas meras “aproximações
empíricas”? Neste caso, como poderíamos traçar diferenças entre viés e objetividade em ciência?
O problema da distinção entre „subjetivo‟ e „objetivo‟ estende-se igualmente para a filosofia da moral,
sendo uma das pautas do debate entre realistas e antirrealistas em ética. Está no cerne da disputa entre
subjetivistas, relativistas e objetivistas sobre o juízo moral. Filósofos morais de orientação naturalista
divergem sobre em que poderia residir a objetividade dos juízos morais, ou se, ao contrário, todo juízo
moral, sendo subjetivo, referir-se-ia apenas a nossos desejos ou preferências. Essas, entretanto, não
poderiam ser apenas efeitos idiossincrásicos; afinal, em que poderia se apoiar a base de acordos morais
caso todo juízo correto pudesse variar de forma aleatória? E quanto aos direitos humanos: seriam eles
nada mais que aspirações subjetivas, ou seriam tais direitos ancorados em certos aspectos objetivos da
condição humana?
Esses e temas correlatos serão objeto de discussão durante o evento e convidamos os interessados a
submeterem contribuições.
São estimuladas comunicações em três áreas fundamentais:
A) Objetividade e subjetividade em ética.
B) Objetividade e subjetividade em teoria da racionalidade, estética, filosofia da linguagem e teoria da
percepção.
C) Objetividade e subjetividade em política e direitos humanos.
Convidados estrangeiros confirmados:
Barry C. Smith (Institute of Philosophy of the School of Advanced Study, University of London, UK);
Cain Todd (Lancaster University, UK);
Enrique del Percio (Universidade de Buenos Aires).
Comissão Organizadora:
Professores Marco Azevedo (Unisinos), Adriano Naves de Brito (Unisinos) e Alfredo Santiago Culleton
(Unisinos).
Data limite para envio de resumos (até 500 palavras):
30 de setembro de 2011.
Os resumos submetidos serão avaliados pelo Comitê Científico do evento e a resposta será enviada por
email até 15 dias da data de envio de forma a permitir aos aprovados a busca por financiamento.
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