Research in Distance Education: A Status Report

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Investigação em Educação à Distância:
Um Relatório do seu Status
Farhad Saba
Abstract
Desde a década de 1950 e a expansão da investigação das ciências sociais, que
a educação à distância tem sido estudada em comparação com a instrução caraa-cara ou em sala de aula.
Embora os investigadores continuem a realizar estudos comparativos, sua
utilidade em revelar mais informação tem diminuído ao longo dos anos,
invariavelmente, têm mostrado um resultado de “diferenças não significativas”
entre as diferentes formas de ensino. Nos últimos anos, os pesquisadores têm
passado dos estudos ateóricos, comparativos e experimentais para novos
métodos, tais como o da análise do discurso, e da entrevista em profundidade dos
formandos. Estes novos métodos superaram muitas das limitações metodológicas
e teóricas com que a ciência física vê a educação à distância.
Esses estudos têm revelado a maior complexidade da educação à distância,
indicando as muitas variáveis envolvidas no conceito. Começando com a questão
central de instrução e interação baseadas na teoria da distância transacional, uma
nova vertente de investigação através de métodos relacionados com sistemas de
dinâmica e teorias de hierarquia e complexidade, que promete um entendimento
mais abrangente.
O que é investigação?
O objetivo deste artigo é apresentar uma visão coerente do estado da investigação
na educação à distância. Como tal, é necessário clarificar o que se entende por
investigação.
Tradicionalmente, a investigação tem sido sinônimo de método científico; e
na educação, até recentemente, a experimentação tem sido o principal modo de
inquérito (Best, 1977). A investigação experimental foi o método pelo qual as
ciências físicas chegaram a seus dramáticos resultados obtidos no último século e
alcançaram seu estado atual.
Originalmente concebido para o laboratório, onde o ambiente poderia ser
cuidadosamente controlado, a investigação experimental encontrou seu caminho
para as ciências sociais em que as condições de laboratório são difíceis, se não
impossível de obter. Assim sendo, os investigadores adotaram a idéia de uma
seleção aleatória de seus sujeitos para controlar o efeito das variáveis
experimentais. Em outras palavras, se os membros de apenas um dos dois grupos
de indivíduos selecionados aleatoriamente são expostos a uma variável
experimental (por exemplo, educação à distância) e, se a pontuação no teste
mostra uma diferença em relação ao grupo de controle, então as chances são de
que a diferença possa ser atribuída à variável experimental.
No entanto, na pesquisa educacional, a maior parte das salas de aula são préselecionadas por fatores outros que não os requisitos experimentais. Como tal, o
conceito de pesquisa experimental foi modificado e adquiriu o nome de
investigação quase -experimental para refletir esta mudança.
Até agora, a investigação da educação à distância, tem sido dominada pela
pesquisa quase-experimental que compara a eficácia do ensino à distância com a
educação em sala de aula face a face, ou educação tradicional.
Estudos Comparativos
Desde a rápida expansão da instrução pela televisão, nas décadas de 1950, e da
ascendência da investigação nas ciências sociais, após a Segunda Guerra
Mundial, a comparação da educação à distância com a chamada educação caraa-cara, tem sido a favorita dos pesquisadores da educação.
Na década de 1960, Wilbur Schramm realizaram estudos que compararam
a instrução pela televisão (ITV), com a instrução em sala de aula. Além disso,
Schramm (1962) resumiu os resultados de mais de 400 comparações
"cientificamente concebidas e estatisticamente tratadas " da ITV com o ensino em
sala de aula (p. 66).
E concluiu: "Podemos dizer com segurança que os alunos aprendem a partir dela,
e que aprendem rápida e eficientemente "(p. 66). Além disso, sua conclusão foi de
que não há diferenças significativas entre a aprendizagem a partir da televisão e
na sala de aula”(p. 66).
Após Schramm ter chegado a esta conclusão, muitos outros pesquisadores
compararam a instrução em aula à educação à distância. Um exemplo recente é
um estudo conduzido por Johnson, Aragão, Shaik, e Palma-Rivas (2000). Neste
estudo os investigadores compararam resultados de aprendizagem em um curso
on-line com um curso semelhante do ensinou cara-a-cara. O estudo concluiu que
“não houve diferença entre os dois formatos de curso nas várias medidas dos
resultados da aprendizagem "(Johnson et al., 2000, p. 29). Wetzel, RADTKE, e
Stern (1994) têm resumiu os resultados de estudos comparativos até meados da
década de 1990. Invariavelmente, os estudos comparativos da educação à
distância e instrução em aula demonstram não haver "nenhuma diferença
estatisticamente significante”.
Outra meta-análise recente de 19 estudos de um grupo inicial de 700, que seguiu
os critérios cuidadosamente selecionados pelos autores, Machtmes e Asher
(2000) confirmou as conclusões anteriores de que "não parece haver diferença no
aproveitamento dos alunos da educação à distancia e dos alunos tradicionais” (p.
43).
Uma ausência de Teoria Ausente da maior parte das investigações comparativas
em educação à distância está uma discussão dos fundamentos teóricos do
campo. As questões de investigação raramente são colocadas dentro de uma
moldura teórica ou baseadas em seus conceitos e construtos fundamentais.
Não obstante a pesquisa dentro de uma moldura teórica não seja um requisito
para a inquirição indutiva, uma discussão teórica pos facto dos resultados da
pesquisa seria útil para tornar os estudos relevantes para o trabalho de outros
pesquisadores e, possivelmente, até para os praticantes do campo. Aqueles que
pesquisam as comparações, no entanto, têm demonstrado pouco ou nenhum
interesse pela literatura teórica do campo, seja antes ou depois de conduzirem
seus estudos.
A Pesquisa Baseada na Teoria
Nos dez últimos anos, contudo, alguns pesquisadores realizaram rigorosos
estudos baseados nos fundamentos teóricos do campo, ou em teorias de campos
estreitamente relacionados com a educação à distância, Fulford and Zhang (1993)
estudaram a percepção que os alunos têm da interação na instrução e concluíram
que a percepção do nível de interação é um preditor crítico da satisfação dos
mesmos.
Eles estabeleceram que “a dinâmica da completa interação pode ter um impacto
mais forte sobre a satisfação dos alunos do que a participação estritamente
pessoal. A interação indireta pode resultar em uma satisfação maior dos alunos do
que a atenção dividida, necessária para assegurar o total engajamento de cada
participante” (Fulford & Zhang, 1993, p. 19). A ramificação desta conclusão para
o desenho instrucional é a de conceber estratégias para aumentar e melhorar a
percepção dos discípulos da interação total.
Gunawardena (1995) estudou a ramificação da teoria da presença social para a
construção de uma comunidade em conferência mediada computador (CMC). Ela
concluiu: "a despeito dos baixos sinais de contexto social dados pelo meio, as
percepções dos estudantes das qualidades humanas sociais do meio dependerão
da presença social criada pelos instrutores / moderadores e da comunidade online "(Gunawardena, 1995, p. 164). Tsui e Ki (1996) estudaram os fatores sociais
que afetam a comunicação mediada por computador, na Universidade de Hong
Kong.
O estudo revelou que as comunicações entre os participantes foram bilaterais.
Alguns participantes afirmaram que estavam relutantes em entrar num diálogo
iniciado por dois participantes, já que poderiam ter sido considerados como \
intrusos ". Além disso, os pesquisadores apontaram para a relativa falta de
conhecimentos dos participantes sobre CMC, destacando anterior achados por
Fulford e Zhang (1993), bem como Gunawardena (1995) de que estratégias de
interação devem ser incorporadas ao projeto de um curso ou sessão de instrução
para que ele seja eficaz.
McDonald e Gibson (1998) estudaram o desenvolvimento de grupos em
conferência assincrônica por computador, através de padrões de interação
interpessoal dos participantes.
Eles concluíram que os participantes podem lidar com e resolver problemas
interpessoais em um ambiente assíncrono de ensino e aprendizagem e formar um
grupo de trabalho coeso.
Chen and Willits (1999) conduziram seu estudo em um ambiente assíncrono de
vídeo conferencia, demonstrando que o conceito de interação neste e em outros
ambientes similares é multidimensional e inclui “discussões em aula, comunicação
eletrônica fora de aula, e interação face a face fora de aula” (p. 61). O estudo foi
baseado na analise teórica do aprendizado independente de Moore, bem como
na interação da educação à distância, classificada em três categorias de
interação: professor-aluno, aluno-material instrutivo, e aluno-aluno (Moore, 1989).
Interação: Um Tema Comum
Um tema comum na pesquisa da educação à distância é o conceito de interação,
o qual indica sua centralidade na conceituação do processo de ensino e
aprendizado. Além disso, esses estudos são geralmente pragmáticos. Isto é, sua
discussão da interação transcende a idéia da distância no sentido físico e adota a
discussão do ensino e aprendizado em geral.
O fato de que na educação mediada aluno e professor possam estar fisicamente
separados, é secundário na consideração dos fatores que afetam a qualidade de
sua interação. Por ser pragmática, esta linha de pesquisa também nega a
suposição implícita na maior parte dos estudos comparativos de que existe uma
interação significante em sala de aula, simplesmente devido à proximidade física
de professor e aluno.
Para Além dos Confins do Método Experimental
Uma outra consideração na pesquisa da educação à distância é a sua
metodologia. A definição de pesquisa apresentada no início deste artigo ficou
limitada à transferência do método experimental das ciências físicas para as
ciências sociais.
O método experimental puro, como foi mencionado, tinha de ser modificado para
quase-experimental para acomodar a consideração especial da pesquisa
educacional. Nas novas linhas de pesquisa esboçadas acima, são empregados
novos métodos que, não obstante empíricos e movidos pelos dados, ultrapassam
os estreitos limites da experimentação.
Estes novos métodos moldam uma rede mais ampla para capturar os dados
gerados pela interação entre professor e aluno, tanto em sua forma qualitativa
como quantitativa.
Estes pesquisadores usaram relatórios dos próprios alunos por meio de um estudo
analítico, (Fulford & Zhang, 1993; Gunawardena, 1995), entrevistas abrangentes
dos alunos (McDonald& Gibson, 1998), análises de conversação e discurso (Chen
& Willits 1999; Tsui & Ki, 1996) ou uma combinação desses métodos para coletar
os dados necessários.
Estes métodos indicam uma clara ruptura com o método cientifico tradicional e os
estudos experimentais para se entender importantes fatores do ensino e
aprendizado à distância. Além disso, eles se concentraram em um grupo menor de
sujeitos, porém examinaram mais profundamente os comportamentos verbais e
escritos dos sujeitos.
Isto está em flagrante contraste com os métodos empregados pelos
pesquisadores do quase-experimental que buscavam eliminar as diferenças
individuais entre os grupos experimental e de controle a fim de medir e demonstrar
o efeito do tratamento. Este é um passo importante no refinamento dos métodos
de pesquisa da educação à distância e para a captura de um alcance mais amplo
e mais rico de dados.
Construção e Pesquisa de Teorias
Os pesquisadores, então, estão dando cada vez mais atenção, em seus estudos,
aos temas metodológicos, dentro da moldura dos fundamentos teóricos
apropriados. Isto fica evidente nos artigos teóricos e metodológicos que têm sido
publicados nos últimos anos. Estas ramificações de literatura são analíticas por
natureza e têm o efeito recíproco, entre teoria e pesquisa, de que necessita um
campo em maturação para reforçar seus fundamentos.
Smith and Dillon (1999), por exemplo, revisitaram o assunto da comparação do
aprendizado à distância com o aprendizado em sala de aula e sugeriram uma
moldura para “definir categorias de atributos embutidos em cada sistema de
distribuição que podem apoiar o aprendizado de diferentes maneiras” (p.19). Os
autores pensaram que um novo conjunto de categorias e de “construtos
claramente definidos, tanto de mídia como de sistemas de distribuição” (Smith &
Dillon, p. 20) facilitaria estudos comparativos e poderia curar a síndrome da
“nenhuma diferença significante”.
Cookson and Chang (1995) apoiaram-se em pesquisas e teorias prévias de
análise de interação de pequenos grupos, análise da interação em sala de aula, e
áudio conferência, para “desenvolver um instrumento apropriado à tabulação,
análise e interpretação” (p. 18) de áudio conferências. Gibson (1996) descreveu
vários aspectos do autoconceito acadêmico como sendo um construto relacionado
à persistência e um freio de atrito da educação à distância.
Também, Gunawardena and Zittle (1997) continuaram o estudo que Gunawardena
havia iniciado e comunicado em 1995, e apresentaram outros dados,
acrescentando um método de análise mais elaborado. Igualmente, Sherry, Fulford,
and Zhang (1998) apresentaram um estudo de acompanhamento de Fulford, and
Zhang (1998). Esta continuidade em pesquisa é notável por ser rara na literatura
da educação à distância.
Avançando o Campo
Os estudos comparativos eram baseados no paradigma das ciências físicas e seu
decorrente método experimental. Eles exigiam a redução dos conceitos
experimentais a sua forma mais simples, bem como a eliminação de elementos
ambientais para estabelecer um relacionamento direto de causa e efeito ente o
estímulo experimental e a resposta emitida pelos sujeitos em massa. Além disso,
nestes estudos os sujeitos eram tratados como um grupo, e suas diferenças
individuais em aptidão de aprendizado e conhecimentos prévios do assunto eram
ignoradas ou eliminadas, para que os grupos experimentais e de controle
pudessem ficar comparáveis!
Concentrando-se na interação e examinando o aprendizado e outros resultados
educacionais, tais como a satisfação dos alunos, os pesquisadores citados acima
conseguiram:



Caminhar para além do método experimental e seus estudos
comparativos subordinados
Basear seus estudos em fundamentos teóricos do campo
Usar novos métodos de inquirição, tais como a análise do discurso.
Assim, eles fizeram valiosas contribuições ao campo, impulsionando a
pesquisa sobre educação à distância para territórios mais elevados.
Compreendendo o Campo
Estes esforços da pesquisa baseada em teoria, diferentemente dos primeiros
estudos comparativos não teóricos, revelam a complexidade da educação à
distância. Os estudos mencionados até aqui, preocuparam-se com os
resultados do aprendizado e a interação nos cenários instrucionais.
Tal como é importante para qualquer esforço educacional, o campo da
educação à distância ultrapassa a instrução para incluir um grande número de
outros interesses tais como, administração e efetividade de custos, desenho
instrucional, avaliação, bem como assuntos legais, sociais e internacionais,
para citar somente alguns.
Um dos principais desafios futuros dos pesquisadores em educação à distância
será a concepção de métodos para a coleta e análise de dados que
correspondam à complexidade teórica do campo.
Começado pelo tema central da interação instrucional na educação à distância
e fundamentando seus estudos no conceito teórico da distância transacional,
Saba and Shearer (1994) usaram a análise do discurso para coleta de dados, e
um método de simulação dinâmica de sistemas para análise dos dados.
Foi escolhido um método de sistemas para análise de dados que fosse capaz
de responder às complexidades dos conceitos e variáveis da educação à
distância.
Em acentuado contraste com o método experimental, os sistemas, como
método de inquirição, permite que os pesquisadores coletem dados de
variadas fontes tais como administração e legislação, além de estudar suas
ramificações sobre as conseqüências de instrução e aprendizado, bem como
diversas outras variáveis de sistemas.
A metodologia dos sistemas também oferece uma plataforma para a integração
de conceitos à teoria da hierarquia, bem como à teoria da complexidade, e
para o estudo do aprendizado à distância como atividade auto adaptativa e não
linear do aluno.
Baseados no estudo de 1994, estes métodos estão atualmente sendo
refinados para assegurar a inclusão das diferenças individuais. Prevê-se que
esta pesquisa levará ao desenvolvimento de sistemas de aprendizado
personalizados e auto-adaptativos.
Resumo e Conclusões
Desde os anos 50 e da expansão da pesquisa em ciência social, a educação à
distância vem sendo estudada em comparação com a educação cara a cara,
ou em sala de aula.
Não obstante os pesquisadores continuem a fazer estudos comparativos, sua
utilidade em revelar mais informação tem diminuído ao longo dos anos;
invariavelmente, eles têm retornado uma descoberta de “nenhuma diferença
significante” entre as varias formas de instrução.
Nos últimos anos, os pesquisadores ultrapassaram os estudos experimentais
comparativos e introduziram novos métodos tais como; a análise do discurso, e
as entrevistas em profundidade dos alunos. Estes novos métodos não somente
fornecem uma moldura teórica para tais estudos, algo que estava faltando nos
estudos comparativos não teóricos, como também contornam muitas das
limitações metodológicas e teóricas da visão que tem a ciência física da
educação à distância.
Estes estudos revelaram além disso a complexidade da educação à distância,
indicando as muitas variáveis envolvidas em qualquer cenário instrucional,
para não mencioar outros elementos tais como os temas sociais, econômicos e
globais que afetam o campo.
Começando pelo assunto central da interação instrucional e fundamentada na
teoria da distância transacional, um novo veio de pesquisa que usa métodos
relacionados com a dinâmica dos sistemas, assim como as teorias de
hierarquia e complexidade, promete fornecer um entendimento mais
abrangente do campo.
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