O Exílio

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O Exílio.
Existem muitas causas e formas de exílio. Na
Grécia tal prática aparece em Atenas no séc. V ªC.
Clístenes, avô de Péricles e remodelador do famoso
código de Sólon, para preservar o governo democrático
estabelecido criou a figura política denominada
OSTRACISMO. Aplicava-se tal pena de banimento da
vida pública aos cidadãos que cometessem crimes
políticos pondo em risco a normalidade democrática; os
condenados deveriam se retirar da cidade ou região
durante um certo tempo, de modo honroso. Chamava-se
tal pena de OSTRACISMO, cada cidadão deveria
depositar numa urna cacos de cerâmica, “óstracon”
derivação figurativa de “óstreion”, qual da ostra a
concha, com o nome da pessoa suspeita que seria exilada
se aprovado por 6.000 (seis mil) das 60 mil pessoas em
assembléia.
Tal não aconteceu comigo dessa maneira e por
tais motivos. Mas o efeito foi o mesmo. Em verdade fui
banido do convívio dos meus parentes e amigos por
muitos anos, pela falta de escola em nossa cidade que
pudesse atender aos anseios do meu pai em me ver letrado
em nível secundário. E lá fui eu em 1939 à Botucatu de
fato exilado. Esta situação se prolongou praticamente por
60 anos, conseqüentemente da minha lida no magistério
quase itinerante para não dizer de “judeu errante”, em
busca de promoção. Sofro as conseqüências de tal
separação até hoje me tornando no ano 2.000 um
desconhecido em minha própria Terra onde tenho raízes
profundas.
O Filho Pródigo.
Das luzes do alfabeto espalhando
O saber numa augusta empreitada,
Eis me de volta glórias sobraçando
Para ti minha Terra encantada!
Foi esse mister que por outra estrada
Dos amigos e pais me distanciando,
Fez-me andar em longa caminhada
Do magistério em seus jardins sonhando;
Sopesando a tristeza acumulada
No viver das raízes me afastando,
Deponho agora qual flor sublimada
No seu altar sublime ajeitando,
No solitário vaso a Rosa amada
Simbolizando a minha mãe orando.
Nélson
Malheiro.
Longe dos Nossos.
Roubaram muito do meu ser criança
Que lá ficou no tempo bem distante
No início e durante a minha andança...
Pois sendo ainda um simples tenro infante
Já me separei dos meus, sem tardança,
De algo em busca num sonho errante...
Só sei que não valeu muito à pena
Deixar da infância nosso tesouro,
Em busca de um saber que embora d`ouro,
Longe dos nossos só se apequena.
Nélson Malheiro.
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