Ana Carolina Etrusco Zaroni PATOLOGIA Resumo – 4ª prova TRATO GASTROINTESTINAL ESÔFAGO – FISIOLOGIA tubo muscular oco com grande capacidade de distensão estende-se desde a epiglote (nível de C6) até a junção gastroesofágica (nível de T11 ou T12) → +/- 25cm três pontos de estreitamento: 1. nível da cartilagem cricóide, 2. meio do seu trajeto (posterior ao AE e brônquio esquerdo) e 3. local onde atravessa o diafragma áreas de alta pressão: esfíncter esofágico superior (EES) – adjacente ao músculo cricofaríngeo e esfíncter esofágico inferior (EEI) – próximo à junção gastroesofágica anatômica (nível do diafragma) parede do esôfago: mucosa + submucosa + muscular + adventícia o mucosa – camada epitelial pavimentosa estratificada não-queratinizada + lâmina própria + muscular o envoltório seroso – presente somente no segmento intra-abdominal. Tumores torácicos de esôfago → rápida disseminação ao mediastino posterior funções: conduzir de alimentos e líquidos da faringe ao estômago, evitar difusão passiva de substâncias alimentares para o sangue e evitar refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago ESÔFAGO – PATOLOGIA azia (sensação de queimação retroesternal): regurgitação do conteúdo gástrico para o esôfago disfagia (dificuldade para deglutir): alterações da função motora esofágica ou estreitamentos/obstruções dor e hematêmese: inflamação ou ulceração da mucosa esofágica ANOMALIGAS CONGÊNITAS ATRESIA E FÍSTULAS Causam regurgitação imediata à tentativa de alimentação, por isso são descobertas logo após o nascimento. Em geral, as atresias ocorrem associadas a uma fístula que conecta o fundo cego com a traquéia ou com um brônquio. atresia: fundo cego proximal conectado à faringe + fundo cego distal conectado ao estômago ESTENOSE, MEMBRANAS E ANÉIS membranas mucosas esofágicas: protusões incomuns da mucosa para dentro da luz esofágica. Mais comuns na metade proximal do esôfago. o síndrome de Paterson-Brown-Kelly ou de Plummer-Vinson – membrana esofágica + anemia ferropriva + glossite + queilose → risco de desenvolvimento de carcinoma esofágico pós-cricóide anéis esofágicos: placas concêntricas de tecido que se projetam para dentro da luz do esôfago distal. Acima da junção escamocolunar = anel; na junção escamocolunar = anel de Schatzki ou anel B estenose esofágica: espessamento fibroso da parede esofágica (submucosa) + atrofia da camada muscular → refluxo gastroesofágico (cicatriz inflamatória) LESÕES ASSOCIADAS À DISFUNÇÃO MOTORA ACALÁSIA Significa “dificuldade para relaxar”. três alterações principais: 1. falta de peristaltismo, 2. relaxamento parcial ou incompleto do EEI durante a deglutição e 3. aumento do tônus basal do EEI acalásia secundária: doença de Chagas → destruição do plexo mioentérico esofágico pelo Trypanosoma cruzi morfologia: dilatação progressiva do esôfago acima do nível do EEI manifestações clínicas: disfagia progressiva, regurgitação noturna e aspiração de alimentos não-digeridos. Aspecto mais grave – desenvolvimento de carcinoma esofágico de células escamosas. HÉRNIA DE HIATO Caracteriza-se pela separação dos pilares diafragmáticos e pelo alargamento do espaço entre eles e a parede esofágica dois padrões anatômicos de hérnia de hiato: axial (por deslizamento) e não-axial (paraesofágica – penetração no tórax de segmento da curvatura maior do estômago) complicações: comprometimento do EEI → esofagite de refluxo → formação de úlceras → hemorragia e perfuração DIVERTÍCULOS 1 Evaginação do trato gastrointestinal que contém todas as camadas viscerais. Falso divertículo → evaginação que contém apenas mucosa e submucosa. podem se desenvolver em três regiões: divertículo de Zenker (faringoesofágico – acima do EES), divertículo de tração (região média) e divertículo epifrênico (acima do EEI) LACERAÇÕES Fissuras longitudinais no esôfago. Chamadas de lacerações de Mallory-Weiss. Conseqüência de intensas ânsias de vômito ou vômito propriamente (alcoólatras → vômitos excessivos no coma alcoólico). morfologia: encontradas geralmente na junção gastroesofágica ou na mucosa gástrica proximal. Traumatismo + hemorragia recente + resposta inflamatória inespecífica. manifestações clínicas: hemorragia digestiva alta. Síndrome de Boerhaave – quadro raro de ruptura esofágica. VARIZES ESOFÁGICAS Hipertensão porta → formação de canais colaterais (comunicação porta-cava) na região inferior do esôfago. O aumento da pressão no plexo esofágico produz vasos dilatados e tortuosos (varizes). Causas mais importantes: cirrose (alcoólica) e esquistossomose hepática. manifestações clínicas: geralmente não causam sintomas até o seu rompimento → hematêmese maciça. Uma vez iniciada, raramente a hemorragia pára espontaneamente → necessária injeção endoscópica de agentes trombóticos ou tamponamento com balão. ESOFAGITE Inflamação da mucosa esofágica. 1. Esofagite de refluxo Principal causa de esofagite. fatores etiológicos: redução da eficácia dos mecanismos anti-refluxo (↓ tônus EEI, gravidez, tabagismo...), hérnia hiatal por deslizamento, eliminação inadequada do material refluído, esvaziamento gástrico demorado, exposição prolongada aos sucos gástricos morfologia: hiperemia, presença de células inflamatórias, hiperplasia da camada basal e alongamento das papilas da lâmina própria manifestações clínicas: disfagia, azia, regurgitação de fragmentos digeridos, hematêmese ou melena possíveis conseqüências: sangramento, ulceração, estreitamento, tendência para desenvolver esôfago de Barrett (mais riscos associados) 2. Esôfago de Barrett Complicação do refluxo gastroesofágico de longa duração (acomete 10% dos pacientes com RGE). É o fator de risco mais importante para o desenvolvimento posterior de adenocarcinoma esofágico. Incidência mais alta em ♂ brancos. critérios para diagnóstico: evidência endoscópica de epitélio colunar acima da junção gastroesofágica + evidência histológica de metaplasia intestinal na biópsia do epitélio colunar (presença de células caliciformes) morfologia: mucosa avermelhada e aveludada; substituição do epitélio escamoso esofágico por epitélio colunar metaplásico com glândulas mucosas. manifestações clínicas: sintomas de esofagite de refluxo, hemorragia, estreitamento e desenvolvimento de adenocarcinoma (mucosa de Barrett > 3cm → incidência 30 a 40x maior do que na população geral) 3. Esofagite infecciosa e química Principais causas: ingestão de agentes irritantes à mucosa (álcool, ácidos corrosivos ou bases, líquidos muito quentes, tabagismo exagerado), terapia citotóxica anticâncer, infecção bacteriana ou viral (herpes e citomegalovirus), infecção fúngica nos pacientes debilitados (candidíase) e uremia associada à insuficiência renal. morfologia: inflamação aguda com necrose superficial + ulceração + tecido de granulação + fibrose TUMORES BENIGNOS Os mais comuns são os tumores de músculo liso (leiomiomas). MALIGNOS Permanecem assintomáticos durante a maior parte do seu desenvolvimento e geralmente são descobertos tarde demais para serem curados. 90% dos cânceres esofágicos são de células escamosas (EUA: células escamosas ≡ adenocarcinoma). 1. Carcinoma epidermóide Tipo mais comum de carcinoma esofágico. Ocorre geralmente em adultos (negros) com mais de 50 anos. 2 etiologia e patogenia: influência de fatores ambientais (tabagismo) e alimentares (álcool) + predisposição genética + deficiência nutricional (potencializa o efeito cancerígeno das substâncias) morfologia: lesões iniciais – pequenas massas branco-acinzentadas. Três padrões morfológicos – (1) protuso (60%) → lesão exofítica polipóide; (2) plano → forma infiltrativa e difusa e (3) escavado (ulcerado). Apresentam diferenciação moderada a alta. Rede linfática – permite propagação extensa, circular e longitudinal das células neoplásicas. manifestações clínicas: início insidioso. Produz disfagia e obstrução crônica tardia. Alteração de dieta pelo paciente (sólida → líquida), emagrecimento e debilidade física geral. Hemorragia e septicemia (complicações de úlceras tumorais). Baixa tava de sobrevida (9% dos pacientes com carcinoma epidermóide esofágico sobrevivem 5 anos). 2. Adenocarcinoma Tumor epitelial maligno com diferenciação glandular. A maioria dos casos surge a partir da mucosa de Barrett. Afeta mais ♂ brancos. etiologia e patogenia: obesidade e tabaco (fatores de risco). A patogenia a partir do esôfago de Barrett é um processo demorado (longo período de latência + muitas alterações genéticas → desenvolvimento de displasia). Fatores genéticos: ↑ expressão p53, tetraploidia e aneuploidia (marcadores da progressão da doença). morfologia: localizam-se geralmente no esôfago distal (invasão do cárdia). Surgem como fragmentos aplanados → massas nodulares, infiltrantes ou ulcerativas. MICRO – glandular e produz muco (características do tipo intestinal). manifestações clínicas: dificuldade para deglutir, perda de peso progressiva, hemorragia, dor torácica e vômitos. Prognóstico ruim – sobrevida de 5 anos menor que 20%. ESTÔMAGO – FISIOLOGIA O estômago é dividido em cinco regiões anatômicas: cárdia, fundo, corpo, antro e piloro. A parede gástrica consiste em mucosa, submucosa, camada muscular e serosa. Todo o estômago é coberto pelo peritônio. As glândulas encontradas no estômago são: glândulas da cárdia – células secretoras de muco glândulas oxínticas (fundo e corpo) – células parietais, células principais e algumas células endócrinas. “Oxíntico” = formador de ácido. glândulas antrais ou pilóricas – células secretoras de muco e células endócrinas Os principais tipos celulares destas glândulas são: células mucosas – secretam muco e pepsinogênio (tipo I e II) células parietais – secretam ácido e fator intrínseco (liga-se à vitamina B12 no duodeno) células principais – secretam pró-enzimas proteolíticas (pepsinogênio I e II) → são ativadas em pepsina pelo pH baixo da luz gástrica células endócrinas – secretam gastrina (células G), histamina, somatostatina (células D) e endotelina (células X) → modulam a produção de ácido Proteção mucosa: a “barreira mucosa” que protege a mucosa gástrica contra a autodigestão é constituída por – secreção de muco e bicarbonato, barreira epitelial (ruptura do epitélio → regeneração rápida), fluxo sanguíneo mucoso, síntese de prostaglandinas (↑ produção de muco e de bicarbonato, ↓ secreção ácida e são vasodilatadoras). ESTÔMAGO – PATOLOGIA ANOMALIAS CONGÊNITAS restos heterotópicos de tecido normal: nódulos de tecido pancreático no estômago (heterotopia pancreática) e ninhos de mucosa gástrica ectópica no duodeno (heterotopia gástrica) hérnia diafragmática: defeitos no fechamento do diafragma → herniação do conteúdo abdominal em direção ao tórax. Pode ser assintomática ou causar problemas respiratórios fatais. brotamento de tecido pulmonar no estômago estenose pilórica: afeta mais meninos. Pode estar associada à Síndrome de Turner, trissomia do 18 ou atresia esofágica. Manifestações clínicas – regurgitação e vômitos persistentes em jato, sem bile (2ª ou 3ª semana de vida). Exame físico – massa ovóide firme e palpável na região do piloro (hipertrofia + hiperplasia da musculatura pilórica). Tratamento cirúrgico – separação do músculo (cura desta condição). GASTRITE Inflamação da mucosa gástrica. É um diagnóstico histológico. A inflamação pode ser predominantemente aguda (infiltrado neutrofílico) ou crônica (linfócitos e plasmócitos) com metaplasia intestinal e atrofia. GASTRITE AGUDA Processo inflamatório agudo da mucosa, geralmente de natureza transitória. Pode ser acompanhado de hemorragia e erosão de mucosa. Está associada a diversos fatores, tais como: uso de AINES (aspirina), consumo de álcool, fumo, 3 quimioterapia, infecções sistêmicas, estresse intenso, isquemia, tentativa de suicídio (ácidos e bases) etc. É uma condição muito comum. ↑ secreção ácida, ↓ produção de tampão bicarbonato, ↓ fluxo sanguíneo, ruptura da camada mucosa aderente e lesão direta ao endotélio morfologia: edema e congestão vascular na lâmina própria, presença de neutrófilos acima da MB, erosão (= perda de epitélio superficial) e hemorragia manifestações clínicas: pode ser assintomática; dor epigástrica variável, náusea, vômitos, hemorragia (hematêmese, melena ou perda sanguínea fatal). GASTRITE CRÔNICA Definida como a presença de alterações inflamatórias mucosas crônicas que ao fim levam à atrofia mucosa e à metaplasia intestinal, geralmente na ausência de erosões. As alterações epiteliais podem se tornam displásicas e constituir uma base para o desenvolvimento de carcinoma. patogenia: infecção crônica por H. pylori, auto-imunidade (anemia perniciosa), tóxica (alcoolismo e tabagismo), póscirúrgica, obstrução, bezoares, atonia gástrica, irradiação, doenças granulomatosas (doença de Crohn) etc infecção por Helicobacter pylori e gastrite crônica = associação etiológica mais importante o antibioticoterapia → tratamento da gastrite crônica e da úlcera péptica o modo de transmissão não definido (via oral-fecal?) o pessoas infectadas – apresentam maior risco de desenvolver úlcera péptica → câncer gástrico o H. pylori – motilidade (flagelos), produção de urease (tamponamento do HCl gástrico), adesinas e toxinas o exposição inicial → infecção por H. pylori → gastrite antral (↑ produção de HCl) → úlcera duodenal → atrofia com baixa produção de ácido → adenocarcinoma gastrite auto-imune: resulta da presença de auto-anticorpos contra componentes das células parietais → atrofia de mucosa → perda de produção de ácido e anemia perniciosa (↓ produção de fator intrínseco). Forma incomum de gastrite – associada com outras doenças auto-imunes (tireoidite de Hashimoto, doença de Addison e diabetes tipo I). morfologia: infiltrado inflamatório (linfócitos, plasmócitos e neutrófilos), alteração regenerativa (resposta proliferativa à lesão epitelial), metaplasia (células com morfologia intestinal – absortivas e caliciformes), atrofia (perda de estruturas glandulares) e displasia o gastrite auto-imune – lesão da mucosa do corpo e do fundo o gastrite por infecção por H. pylori – lesão da mucosa antral manifestações clínicas: geralmente causa poucos sintomas. Podem ocorrer náuseas, vômitos e desconforto na região superior abdominal. H. pylori → contribui para a patogenia do carcinoma gástrico e do linfoma DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA São definidas histologicamente como aberturas na mucosa do trato alimentar que se estendem através da muscular da mucosa em direção à submucosa ou mais profundamente. Locais mais freqüentes: estômago e duodeno. ÚLCERAS PÉPTICAS São lesões crônicas (geralmente solitárias) que ocorrem em qualquer local do trato gastrointestinal que esteja exposto à ação agressiva dos sucos pépticos ácidos. Locais mais freqüentes: duodeno, estômago (antro) e junção gastroesofágica. epidemiologia: atinge mais ♂ de meia-idade. Podem, após um período de semanas ou meses de doença ativa, curar com ou sem terapia. Relação homem/mulher = 3:1 (úlcera duodenal). Em mulheres – mais comum após menopausa. patogenia: desequilíbrio entre os mecanismos de defesa da mucosa gastroduodenal e as forças lesivas (ácido gástrico e pepsina) → redução do fluxo sanguíneo mucoso, retardo do esvaziamento gástrico e impedimento de restituição epitelial. Infecção por H. pylori (indução de resposta imune inflamatória, secreção de urease → formação de compostos tóxicos e de fosfolipases → lesam células epiteliais superficiais, impede a produção de bicarbonato duodenal, secreção de fator de ativação plaquetária → oclusão trombótica). Síndrome de Zollinger-Ellison = tumor → secreção excessiva de gastrina → produção aumentada de ácido → formação de múltiplas úlceras pépticas no estômago, duodeno e jejuno. morfologia: localizam-se (98%) na primeira porção duodenal ou no estômago (curvatura menor) → 4:1. É redonda ou ovalada, bem delimitada e com paredes lisas (digestão péptica de exudato produzido). A mucosa gástrica que circunda a úlcera pode estar hiperemiada e edemaciada (gastrite). HISTOLOGIA – necrose ativa → inflamação crônica com cicatrização até cura. manifestações clínicas: desconforto epigástrico, queimação ou dor aguda e contínua (tende a piorar à noite e melhora com substâncias alcalinas). São lesões crônicas e recidivantes. Complicações → hemorragia, perfuração, obstrução por edema ou cicatrização. ÚLCERA GÁSTRICA AGUDA 4 Complicação resultante de terapia com antiinflamatórios não-esteróides ou de estresse fisiológico intenso (“úlcera de estresse”) → pacientes com choque, grande queimado, septicemia ou traumatismo grave ou lesão intracraniana (↑ pressão IC). morfologia: Ø < 1cm, circulares, cor pardo-escura (digestão ácida do sangue extravasado), podem ocorrer em qualquer região do estômago. manifestações clínicas: desenvolvimento de evidências histológicas de lesão da mucosa gástrica. Determinante de cura → correção dos distúrbios primários. CONDIÇÕES DIVERSAS dilatação gástrica: obstrução da saída gástrica (estenose pilórica ou atonia funcional do estômago/intestino) formação de concreções intraluminais de material engolido não-digerível (bezoar): fitobezoares (material vegetal) e tricobezoar (cabelo) gastropatia hipertrófica: corresponde ao aumento gigante das pregas da mucosa gástrica (hiperplasia das células epiteliais mucosas, sem inflamação). Três variantes – Doença de Ménétrier, Gastropatia hipertrófica-hipersecretora e Síndrome de Zollinger-Ellison. varizes gástricas: desenvolvem-se na vigência de hipertensão portal (são menos freqüentes que varizes esofágicas) TUMORES Os tumores que surgem na mucosa predominam sobre tumores estromais e mesenquimais. TUMORES BENIGNOS Pólipo = no trato alimentar, refere-se a qualquer nódulo ou massa que se projete acima do nível da mucosa circundante. São classificados como neoplásicos ou não-neoplásicos. não-neoplásico (90%): natureza hiperplásica. Mistura de epitélio superficial hiperplásico + estrutura cística glandular dilatada + células inflamatórias + músculo liso. neoplásico (adenoma – 10%): epitélio proliferativo displásico (potencial de malignidade). Podem ser sésseis (sem haste) ou pediculados (com haste). Localização mais comum é o antro. Substrato usual para formação de adenomas → gastrite crônica com metaplasia intestinal. CARCINOMA GÁSTRICO É o mais importante e mais comum (90%) dos tumores malignos de estômago. epidemiologia: 2º tumor mais comum no mundo. Relação ♂/♀ = 2:1. Classificação (segundo a OMS) com base em critérios histológicos – tumores epiteliais, tumores não-epiteliais e linfoma maligno. patogenia: os fatores ambientais são mais importantes para a incidência do câncer do que os fatores genéticos o infecção por H. pylori – causa gastrite crônica → atrofia → metaplasia intestinal → displasia → carcinoma o ambiente – dieta (falta de refrigeração; consumo de alimentos em conserva, defumados ou salgados; contaminação da água com nitratos e falta de frutas frescas e vegetais) o hospedeiro – gastrite auto-imune → aumenta o risco de câncer gástrico, devido à inflamação crônica e metaplasia intestinal produzidas morfologia: o localização – piloro e antro (60%) e cárdia (25%); curvatura menor (40%) e curvatura maior (12%) → local favorável = curvatura menor da região antropilórica o prognóstico – baseado na profundidade da invasão. Carcinoma gástrico precoce → lesão confinada à mucosa e submucosa (independente da presença de metástases). Carcinoma gástrico avançado → se estende até a parede muscular. Três padrões macroscópicos → exofítico, aplanado e escavado. Classificação de Laurén = variante intestinal (glândulas intestinais neoplásicas que lembram as do adenocarcinoma colônico – padrão expansivo) e variante difusa (células mucosas do tipo gástrico, geralmente não formam glândulas – padrão infiltrativo; formação de mucina → expansão das células malignas → núcleo empurrado para a periferia → células com aspecto “em anel de sinete”). o metástases para linfonodo sentinela supraclavicular (Virchow) → primeira manifestação clínica manifestações clínicas: sintomas inespecíficos (detecção precoce difícil) – perda de peso, dor abdominal, anorexia, vômitos, hábitos intestinais alterados, disfagia, sintomas de anemia e hemorragia. Diagnóstico precoce = sobrevida maior. Tratamento de escolha → retirada cirúrgica (com ou sem quimioterapia/radioterapia). INTESTINO DELGADO E GROSSO – FISIOLOGIA ANATOMIA intestino delgado (6m): duodeno (25cm) + jejuno (1/3 proximal) + íleo (2/3 distal) intestino grosso (1,5m): ceco + cólon ascendente + cólon transverso + cólon descendente + cólon sigmóide + reto (15cm – metade distal é extraperitoneal) 5 vascularização (suprimento arterial): intestino, jejuno proximal até flexura hepática do cólon → artéria mesentérica superior. Restante do cólon até o reto → artéria mesentérica inferior. Reto → plexo hemorroidário (derivado da artéria mesentérica inferior, pudenda interna e ilíaca interna). MUCOSA DO INTESTINO DELGADO presença de inúmeras vilosidades – contém três tipos de células: o células absortivas colunares (microvilosidades → “borda em escova”) o células caliciformes (secreção de mucina) o células endócrinas glândulas (criptas) de Lieberkuhn – com células tronco para regeneração do epitélio glândulas de Brunner (duodeno): produção de muco → bicarbonato + glicoproteína + pepsinogênio II células de Paneth (dentro das criptas): contém proteínas antimicrobianas → imunidade inata da mucosa MUCOSA COLÔNICA função: recuperar da luz a água e os eletrólitos mucosa colônica: não tem vilosidades e é aplanada – criptas tubulares retas que se estendem em direção à muscular da mucosa colonizada por bactérias endógenas: E. coli, Proteus, Enterobacter, Serratia e Klebsiella alta capacidade regenerativa (3 a 8 dias) → maior vulnerabilidade a agentes que interferem na replicação celular (radioterapia e quimioterapia) FUNÇÃO NEUROMUSCULAR peristalse (intestino delgado e grosso) o controle neural intrínseco (via plexo mioentérico) – plexo de Meissner (base da submucosa) e plexo de Auerbach (entre a camada muscular circular interna e a longitudinal externa) o extrínseco (via inervação autônoma) INTESTINO DELGADO E GROSSO – PATOLOGIA ANOMALIAS CONGÊNITAS duplicação do intestino delgado ou do cólon, má rotação, onfalocele (falha na formação da musculatura abdominal → herniação do conteúdo abdominal para dentro de um saco membranoso ventral) e gastrosquise (protusão dos intestinos pela não-formação de uma região inteira da parede abdominal) atresia, estenose, intussuscepção (invaginação de um segmento intestinal para dentro do outro) e ânus imperfurado Divertículo de Merkel = divertículo verdadeiro (mucosa + submucosa + muscular) com forma de bolsa ou segmento em fundo cego. Podem ser encontrados (50% dos casos) restos heterotópicos de mucosa gástrica ou tecido pancreático. Em geral permanecem assintomáticos ou são diagnosticados incidentalmente. Megacólon agangliônico congênito (Doença de Hirschsprung) = doença congênita caracterizada pela ausência de células ganglionares em um segmento do trato intestinal (plexo de Meissner e de Auerbach) → perda da coordenação entérica (contração muscular do segmento afetado) → obstrução funcional e dilatação do intestino proximal. MORFOLOGIA – ausência de células ganglionares em amostras coradas para marcar acetilcolinesterase (diagnóstico definitivo). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – predomínio em ♂ (5:1) e em crianças com Síndrome de Down. Manifesta-se geralmente no período neonatal imediato pela incapacidade de eliminação do mecônio + constipação. ENTEROCOLITE DIARRÉIA E DISENTERIA diarréia: aumento da massa fecal, da freqüência das evacuações e/ou da fluidez das fezes, acompanhada de dor, sensação de urgência, desconforto perianal e incontinência. Causas: diarréia secretora (infecção, neoplasia), diarréia osmótica, doenças exudativas, má absorção e distúrbios de motilidade. disenteria: eliminação dolorosa e sanguinolenta, volume fecal pequeno ENTEROCOLITE INFECCIOSA Grave problema global (causa mais de 12000 óbitos por dia em crianças de países em desenvolvimento – desidratação + acidose metabólica → óbito). Atinge cada pessoa uma a duas vezes por ano (superadas apenas pelo resfriado comum). Tais infecções associam-se principalmente a água e alimentos contaminados. gastroenterite viral: rotavírus (140M de casos mundiais) – 25 a 65% das diarréias graves em lactentes e crianças – destruição de enterócitos maduros do intestino delgado → perda da função absortiva e ↑ secreção de água e eletrólitos → diarréia osmótica com nutrientes incompletamente absorvidos. MORFOLOGIA – vilosidades encurtadas e lâmina própria infiltrada por linfócitos, vacuolização, perda de microvilosidades da borda em escova e hipertrofia das criptas. 6 enterocolite bacteriana: mecanismos patogênicos – ingestão de toxina pré-formada (S. aureus), infecção por organismos toxigênicos (diarréia do viajante) ou infecção por organismos enteroinvasivos. Características bacterianas – capacidade de adesão às células epiteliais da mucosa e de multiplicação, elaboração de enterotoxinas e capacidade de invasão. MORFOLOGIA – padrão inespecífico de lesão da superfície epitelial, aumento do índice mitótico (“alteração regenerativa”), hiperemia e edema da lâmina própria, infiltrado neutrofílico variável na lâmina própria e na camada epitelial. Complicações – maciça perda de líquidos e destruição da barreira mucosa → desidratação, septicemia e perfuração. enterocolite parasitária: o nematóides – Ascaris lumbricoides (mais comum) → contaminação via fecal-oral. Diagnóstico feito pela detecção de ovos nas fezes. Outros: Stongyloides, Ancylostoma duodenale, Enterobius vermicularis etc o cestóides – Taenia Solium (porco) e Hymenolepis nana (tênia pequena) → infecção por ingestão de carnes cruas ou mal cozidas que tenham as larvas encistadas. Diagnóstico feito pela pesquisa de ovos nas fezes. o protozoárias: amebíase – Entamoeba histolytica (ameba) → causador de disenteria transmissível por via fecaloral. Manifestações clínicas → dor abdominal + diarréia sanguinolenta + perda de peso giardíase – Giardia lamblia → causa a infecção mais comum nos seres humanos. Protozoário intestinal que se espalha por alimentos ou água contaminados por fezes. Patogenia – proteínas tóxicas → lesão das microvilosidades → estado de má absorção. Manifestações clínicas – diarréia má absortiva, que lesa as células epiteliais mucosas. Diagnóstico – pesquisa de cistos nas fezes. SÍNDROMES DE MÁ ABSORÇÃO A má absorção caracteriza-se por defeito na absorção de gorduras, vitaminas lipossolúveis, proteínas, carboidratos, eletrólitos, minerais e água. A clínica mais comum exibe diarréia crônica/esteatorréia. É resultado de alteração em alguma das funções digestivas (digestão intraluminal, digestão terminal/borda em escova ou transporte transepitelial). No trato alimentar → diarréia, flatulência, dor abdominal, perda de peso e mucosite. DOENÇA CELÍACA Doença crônica, na qual há uma lesão mucosa característica do intestino delgado, por impedimento da absorção de nutrientes, que aumenta com a retirada de gliandinas do trigo e proteínas de grão semelhantes na dieta. patogenia: sensibilidade ao glúten (componente protéico do trigo) → perda de tolerância morfologia: enterite difusa com atrofia ou perda total das vilosidades; criptas com atividade mitótica aumentada e alongadas, hiperplásicas e tortuosas; lâmina própria com ↑ linfócitos, macrófagos, eosinófilos e mastócitos. A histologia da mucosa volta ao normal após exclusão do glúten da dieta. manifestações clínicas: diarréia sintomática, atrasos de crescimento (crianças), flatulência, perda de peso e fadiga; lesão cutânea vesiculosa, dermatite hepertiforme; doenças neurológicas. Diagnóstico definitivo – clínica de má absorção, biópsia demonstrando lesão do intestino delgado, melhora dos sintomas e da histologia da mucosa após retirada do glúten da dieta e detecção de anticorpos contra transglutaminase e gliandina dos tecidos. DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL IDIOPÁTICA Grupo de condições inflamatórias crônicas resultantes de ativação persistente e inadequada do sistema imune mucoso, determinada pela presença de flora intraluminal normal – doença de Crohn e colite ulcerativa. Postula-se que a doença inflamatória intestinal resulte de respostas imunes localizadas, exageradas e desreguladas aos micróbios comensais do intestino em indivíduos geneticamente susceptíveis. patogenia: predisposição genética, flora intestinal (exarcebação das reações imunes → ativação das células T) e respostas anormais dos linfócitos T (ativação excessiva ou controle reduzido) DOENÇA DE CROHN Caracteriza-se patologicamente por (1) envolvimento transmural típico e bem delimitado do intestino, por um processo inflamatório que lesa a mucosa, (2) presença de granulomas não-caseosos e (3) aparecimento de fissuras que dão origem a fístulas. epidemiologia: atinge principalmente a população ocidental, pessoas com idade entre 20 e 30 anos e judeus. Fumo → importante fator de risco exógeno. morfologia: envolvimento principalmente do intestino delgado e/ou cólon. Parede intestinal borrachosa e espessa (devido a edema, inflamação, fibrose e hipertrofia da camada muscular). Limite nítido entre os segmentos doentes e os segmentos adjacentes não envolvidos. Desenvolvimento de fissuras entre as pregas da mucosa. Achados histológicos característicos → inflamação da mucosa, lesão crônica da mucosa (metaplasia pilórica), ulceração, inflamação transmural, granulomas não-caseosos e estenose (↓ Ø lúmen intestinal). manifestações clínicas: são extremamente variáveis – diarréia, febre, dor abdominal, períodos assintomáticos, perda de peso e fraqueza. Complicações → estenoses fibrosantes, fístulas, perda maciça de albumina e má absorção (vitamina B12 – anemia perniciosa; sais biliares – estatorréia). 7 COLITE ULCERATIVA Doença úlcero-inflamatória limitada ao cólon, que afeta somente a mucosa e submucosa (exceto nos casos mais graves). Estende-se de forma contínua em sentido proximal, a partir do reto. Não existem granulomas bem formados. epidemiologia: incidência maior que a da doença de Crohn. Mais comum em brancos e ♀. morfologia: doença contínua (não exibe as lesões “em saltos” da DC). Inflamação → ulceração da mucosa do cólon → criação de pseudopólipos. Após cicatrização → atrofia progressiva da mucosa (achatamento e apagamento das pregas da superfície da mucosa). Não ocorre espessamento da parede e a serosa geralmente fica normal. Formação de abscessos nas criptas (infiltrado de neutrófilos). Lesão contínua que se estende a partir do reto, em sentido proximal. alterações epiteliais → desenvolvimento de displasia → progressão para carcinoma franco (baixo ou alto grau) manifestações clínicas: doença recidivante, marcada por surtos de diarréia com muco e sangue. A primeira crise freqüentemente é precedida por um período de estresse na vida do paciente. Prognóstico – depende da gravidade da doença ativa e da sua duração. Mais temida complicação a longo prazo → câncer (infiltrativo, sem massas exofíticas óbvias) → necessidade de diagnóstico precoce. DOENÇAS VASCULARES DOENÇA ISQUÊMICA INTESTINAL condições predisponentes: trombose arterial (aterosclerose, vasculite sistêmica e aneurisma), embolia arterial, trombose venosa (hipercoagulabilidade, anticoncepcionais orais), isquemia não-oclusiva (ICC, choque, desidratação e drogas vasoconstritoras) e outras (volvo, estenose, herniação interna ou externa). As lesões isquêmicas apresentam duas fases: lesão hipóxica inicial (comprometimento vascular) e lesão pela reperfusão secundária (suprimento sanguíneo não recuperado no tecido anteriormente hipóxico). manifestações clínicas: tende a ocorrer em idosos (prevalência de doenças cardíacas e vasculares). Dor abdominal grave, hipersensibilidade dolorosa, náuseas, vômitos, diarréia sanguinolenta ou fezes macroscopicamente escuras e diminuição/desaparecimento dos sons peristálticos. HEMORRÓIDAS São dilatações varicosas dos plexos venosos anal e perianal. Desenvolvem-se secundariamente à pressão venosa aumentada de forma crônica, dentro do plexo hemorroidário. fatores predisponentes: constipação associada a esforço para defecar e estase venosa (gestação) podem ser reflexo de canais anastomóticos que se desenvolvem a partir de uma hipertensão portal morfologia: varizes submucosas, dilatadas, de paredes delgadas, que fazem protusão sob a mucosa retal ou anal. Ocorrências associadas – trombose, ulceração superficial, fissura e infarto por estrangulamento. DOENÇA DIVERTICULAR O divertículo é uma bolsa em fundo cego que se origina no trato alimentar, revestida por mucosa, e que se comunica com a luz intestinal. Local mais comum de aparecimento → colón sigmóide. Prevalência de 50% em pessoas do Ocidente com mais de 60 anos. Geralmente são múltiplos (diverticulose). morfologia: parede delgada (mucosa atrófica + submucosa comprimida + camada muscular ausente ou adelgaçada), obstrução e/ou perfuração → alterações inflamatórias (peridiverticulite) → espessamento fibroso patogenia: (1) fraqueza focal da parede colônica (local de penetração de nervos e vasos arteriais → defeitos focais na parede muscular) e (2) pressão intraluminal aumentada (contrações peristálticas exageradas). manifestações clínicas: somente 20% dos casos são sintomáticos – cólicas intermitentes, desconforto abdominal baixo contínuo, constipação, distensão e sensação de incapacidade de esvaziar o reto OBSTRUÇÃO INTESTINAL Pode ocorrer em qualquer nível do trato gastrointestinal, mas o intestino delgado é o mais afetado (luz mais estreita). 80% dos casos originam-se de hérnias, aderências intestinais, intussuscepção e vôlvulo. Manifestações clínicas: dor e distensão abdominal, vômitos, constipação e incapacidade de eliminar flatos. hérnias: fraqueza ou defeito na parede da cavidade peritoneal → protusão de um saco (bolsa) revestido por peritônio (saco herniário). Locais mais comuns – parede anterior do canal inguinal, umbigo e locais de cicatrizes cirúrgicas. Estase e edema resultantes → aumento do volume da alça herniada → comprometimento da irrigação arterial e drenagem venosa → estrangulamento → infarto do segmento aprisionado. aderências: procedimentos cirúrgicos, infecções ou endometriose → inflamação → cicatrização peritoneal → desenvolvimento de aderências (possibilidade de formação de hérnias internas) intussuscepção: ocorre quando um segmento do intestino contraído por uma onde de peristalse, invagina-se subitamente para dentro do segmento de intestino imediatamente distal a ele. volvo: torção completa de uma alça intestinal ao redor da sua fixação mesentérica → obstrução intestinal → infarto TUMORES DO INTESTINO DELGADO 8 Mesmo o intestino delgado representando 75% da extensão do trato alimentar, apenas 3 a 6% dos tumores gastrointestinais acometem esta região (predomínio de tumores benignos – adenomas e tumores mesenquimais). adenomas (25%): a maioria ocorre na região da ampola de Vater (lesões pré-maligna) adenocarcinoma: a maioria ocorre no duodeno (podem causam icterícia obstrutiva precocemente). Importante fator de risco – inflamação crônica associada à doença De Crohn. TUMORES DO CÓLON DE DO RETO Pólipo é uma massa tumoral que se projeta em direção à luz intestinal. Podem ser formados em decorrência de maturação anormal da mucosa, inflamação ou devido a anormalidades da arquitetura (ex.: pólipo hiperplásico). Aqueles que surgem de proliferação e displasia são denominados pólipos adenomatosos (adenomas → precursores de carcinomas). PÓLIPOS NÃO-NEOPLÁSICOS Ocorrem principalmente no cólon e aumentam de freqüência com a idade (60-70 anos). Incluem: pólipo hiperplásico (90%), pólipo hamartomatoso, pólipo inflamatório e pólipo linfóide. ADENOMAS São neoplasias intra-epiteliais que variam de lesões pequenas e freqüentemente pediculadas a grandes neoplasias geralmente sésseis. São classificados em três subtipos: tubulares, vilosos e túbulo-vilosos. Os mais comuns são os adenomas tubulares (90%) → cólon. Surgem como resultado de displasia proliferativa epitelial. O risco de malignidade relaciona-se com: tamanho do pólipo, arquitetura histológica (lesão vilosa = maior chance de carcinoma) e gravidade da displasia epitelial. A displasia grave é encontrada freqüentemente em áreas vilosas (lesões mais preocupantes → adenomas vilosos > 4cm Ø). manifestações clínicas: podem ser assintomáticos, mas podem ser descobertos durante a investigação de uma anemia ou de sangramento oculto nas fezes. Adenomas vilosos – são mais freqüentemente sintomáticos (hipersecretam grande quantidade de material mucóide rico em proteínas e potássio → hipoproteinemia e hipocalemia) Independentemente da presença de um carcinoma, o único tratamento adequado para um adenoma é a ressecção total. CARCINOMA COLORRETAL 98% dos cânceres de intestino grosso são adenocarcinomas. epidemiologia e patogenia: pico de incidência entre 60 e 79 anos. Alguns fatores ambientais (hábitos alimentares) predispõe à maior incidência de câncer → ingestão calórica em excesso, ↓ conteúdo de fibras, ingestão de carne vermelha e ↓ ingestão de micronutrientes protetores (vitaminas A, C e E). AINES – efeito protetor (inibição da COX2, enzima superexpressa no epitélio neoplásico, que regula a angiogênese e a apoptose). morfologia: distribuição – 55% no cólon retosigmóide e 22% no cólon/ceco ascendente. Embora todos os carcinomas comecem com lesões in situ, eles evoluem para diferentes padrões morfológicos → lesões extremamente agressivas (infiltram-se precocemente). manifestações clínicas: permanecem assintomáticos durante anos. Desenvolvimento insidioso dos sintomas → fadiga, fraqueza e anemia ferropriva. Os cânceres do reto sigmóide tendem a ser mais infiltrativos do que as lesões proximais → prognóstico pior. O indicador mais importante do prognóstico do carcinoma colorretal é a extensão do tumor no momento do diagnóstico. sistema de classificação e estadiamento tumor-linfonódulos-metástases (TNM) TUMORES CARCINÓIDES Compreendem menos que 2% dos cânceres colorretais, mas quase a metade dos tumores malignos do intestino delgado. Representam uma neoplasia neuroendócrina bem diferenciada. morfologia: o apêndice e o íleo são os locais mais comuns de ocorrência. Apresentam consistência firme, devido à intensa desmoplasia. Qualquer que seja sua organização, as células tumorais são semelhantes, com citoplasma granuloso, escasso, rosado e núcleo pontilhado, redondo ou oval. manifestações clínicas: produzem sintomas locais, causados por angulação ou obstrução do intestino delgado. Os produtos da secreção de alguns tumores carcinóides podem causar várias síndromes ou endocrinopatias → síndrome de Zollinger-Ellison (↑ gastrina) e síndrome de Cushing (↑ corticotrofina e hiperinsulinismo). 9