QUEBRANDO PARADIGMAS: A IMAGEM DA MULHER REPRESENTADAS NAS CRÔNICAS DE LYA LUFT NA REVISTA VEJA Morgani Guzzo (IC-voluntária – UNICENTRO) Níncia Cecília Ribas Borges Teixeira (Orientadora - Dep. de Letras – UNICENTRO) E-mail: [email protected] RESUMO O objetivo deste estudo é mostrar como a imagem da mulher é construída ou desconstruída nas crônicas de Lya Luft publicadas na revista VEJA em 2007. Os rótulos carregados pelas mulheres a tanto tempo, de submissão e inferioridade, são quebrados no discurso da escritora, que coloca a mulher no mesmo patamar que o homem. Tentando apenas ver a relação homem e mulher como algo comum, Luft não admite uma postura de vítima nas mulheres hoje em dia. Para ela, A mulher tem capacidades e poder para ser independente e concretizar o que deseja, sem precisar de intervenção masculina. O retrato das mulheres é generalizado na obra da escritora procura mostrar aos leitores a diversidade de estilos que as mulheres podem assumir. 1. INTRODUÇÃO O objeto deste estudo é a análise do discurso de Lya Luft em suas crônicas publicadas na revista VEJA, no período de janeiro a outubro de 2007 sobre a mulher e suas novas relações com os filhos, família, trabalho e vida pessoal. A mulher há muito tempo foi vista como o “sexo frágil” ou o “segundo sexo”, aquela que precisou, desde sempre, lutar por sua emancipação. Tal visão ainda é comum, mesmo com os progressos que a mulher vem conseguindo e pela conquista cada vez maior do espaço ocupado historicamente pelo homem. Hoje não se pode mais falar em mulher indefesa, frágil ou dependente do marido. Lya Luft deixa bem claro que essa visão é ultrapassada, e trata da mulher como um ser humano, não mais a diferenciando do homem pela utilização de gênero masculino e feminino. Materiais e Métodos A pesquisa bibliográfica será feita através de consultas a fontes especializadas, como livros de teóricos, historiadores e sociólogos que tratam do tema mulher e suas relações na sociedade e filhos; textos de sites e a própria revista VEJA, em que os textos de Lya Luft foram publicados. A teoria utilizada é da análise do discurso francesa. Além disso, serão fontes para a pesquisa textos teóricas sobre gênero e representação, como os textos de Teresa Lauretis, Michelle Perrot, Joan Scott, entre outros. Discussão A diferenciação entre homens e mulheres analisada através de estudos historiográficos gira em torno do conceito de gênero e da representação do masculino e do feminino. Na década de 1970, gênero tornou-se o termo usado para teorizar a diferenciação sexual e foi usado pela primeira vez pelas feministas da época. Para a historiadora Joan Scott, as distinções do sexo, a hierarquia, os aspectos relacionais entre homens e mulheres são necessárias para “descobrir a amplitude dos papéis sexuais e do simbolismo sexual nas várias sociedades e épocas, achar qual o seu sentido e como funcionavam para manter a ordem social e para mudá-la” (Scott, 1991, p. 1). Entretanto, não se trata apenas de teorizar a questão da diferenciação sexual, mas caracterizar o caráter social e cultural dessa diferenciação. Conclusões A mulher, em sua escalada para a independência, carrega rótulos de submissa, sofredora, dona-de-casa, entre outros tantos. O preconceito que ainda prende a mulher em uma posição inferior, em alguns casos, vem das próprias mulheres também, e isso é notado nas críticas que a escrita de Lya Luft faz ao gênero. A escritora não vê mais na mulher alguém incapaz ou impedida pelo homem de conseguir algo, ela vai contra todos esses rótulos. Negaos. O fato de algumas de suas crônicas publicadas na VEJA trazerem esse aspecto revolucionário da imagem da mulher, assim como a imagem das mulheres em seus livros, faz de Lya Luft uma escritora diferenciada. Ela traz uma imagem da mulher independente, mas não uma imagem feminista. Traz uma imagem de um ser humano comum, sem uma linha que a diferencie do gênero masculino. A escrita de Luft reformula a representação da figura da mulher. Retrata e critica a mulher nas suas ações do cotidiano e não em ações de heroína. A imagem de submissa que algumas mulheres carregam, não é submissão por fragilidade da mulher, mas sim “no jogo que também existe em qualquer relação, nem sempre um jogo positivo”. (VEJA, nº24, 20/06/2007, p.22). Dessa forma, a mulher não é mais incapaz de viver independentemente, não pode mais ser retratada como frágil e ingênua. A mulher em Lya é humana e real. BIBLIOGRAFIA FERNANDES, Claudemar Alves. Análise do Discurso: Reflexões Introdutórias. 2ºEd. São Carlos: Claraluz, 2007. BRANDOLT, Marlene Rodrigues. “O eu em O Rio do Meio de Lya Luft num discurso representativo da condição feminina”. Disponível em: <http://www.ppgletras.furg.br/disserta/marlenebrandolt.pdf>. Acesso 13 de novembro de 2007. LAURETIS, Teresa de. A tecnologia do gênero. In. HOLANDA, Heloisa Buarque de (org). Tendências e Impasses - O feminismo como critica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994 PERROT, Michelle. Os excluídos da história: Operários, Mulheres e Prisioneiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988 SCOTT, Joan. (1991), Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Tradução de Christine Rufino Dabat e Maria Betânia Avila. Recife: SOS Corpo. TEIXEIRA, Níncia Cecília Ribas Borges. “Lya Luft: Caos e Reconstrução”. Disponível em <http://www.klickescritores.com.br/pag_materias/materias07_part2.htm>. Acesso 11 de novembro de 2007.