ANÁLISE DO PROCESSO DE MUDANÇA ESTRATÉGICA E ADAPTAÇÃO EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO: O CASO DO CENTRO DE EDUCAÇÃO BÁSICA FRANCISCO DE ASSIS Cristiele Deckert1; Rúbia Schwanke2; Jorge Sausen3; Priscila Lorenz4. RESUMO Com o intuito de criar um modelo pedagógico libertador de potencialidades das crianças de dois a seis anos a EFA começou a sua história na cidade de Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil. De forma ousada os primeiros profissionais da instituição propuseram para o município interiorano, colonizado por descentes de europeus, um Projeto Político Pedagógico diferente. Para consolidar este movimento pioneiro na região a EFA precisou utilizar algumas estratégias de mudanças, e da mesma forma, necessitou se adaptar aos novos ambientes. O objetivo deste trabalho é analisar como ocorreu esse processo de mudança e adaptação da Instituição, durante dezenove anos de sua história (1990 a 2009). Para isso, desenvolveu-se um estudo de caso singular, de natureza qualitativa. Usaram-se os estudos de Pettigrew, Ferlie e Mckee (1992) para entender como ocorreu esse processo de mudança organizacional, e desta forma, expor e interpretar os fatores significativos que causaram as mudanças dentro da EFA. O caso estudado trata-se de uma escola privada que atualmente é mantida pela Fidene também mantenedora da Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, a Unijuí. PALAVRAS-CHAVE: IV Simpósio Iberoamericano; Estratégia organizacional; Pesquisa bibliográfica e de campo; Desenvolvimento Regional; Pesquisa Direct research. INTRODUÇÃO Historicamente a escola é um lugar legitimado para as ações de ensino-aprendizagem, pensando desta forma a EFA propôs uma experiência inovadora se tornando um grande marco na cidade de Ijuí. Primeiramente trabalhou a educação permeada pela arte, pelas diferenças artísticas, e, depois por um projeto de escola de Educação Fundamental que tinha ideias marcadas pela autoria de ideias, pela criação e pela ousadia. A EFA desde sua criação ofereceu para a região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul uma proposta diferenciada de trabalho. Mesmo com todo seu diferencial, com o tempo, precisou adotar outras estratégias para permanecer no mercado. As estratégias utilizadas pelas organizações para promover mudanças ocorre através de decisões e ações tomadas pelos gestores, portanto, estas estratégias adotadas necessitarão de adequações na organização e também no ambiente em que esta inserida, o que a torna de natureza complexa. Este trabalho pretende, por meio de uma pesquisa qualitativa, analisar a seguinte questão: como ocorreu o processo de mudança estratégica e adaptação da EFA, durante o período de 1990 a 2009? A opção por este período considerou as mudanças pela qual a Instituição de Ensino passou, primeiramente pela busca de sustentação financeira, depois a autossuficiência financeira, e, por fim, a consolidação da Educação Profissional. 1 Mestranda em Desenvolvimento pela Unijuí, Linha de Pesquisa: Administração Pública e Gestão Social. Bolsista Capes da Fundação Getúlio Vargas/RJ. E-mail: [email protected]; 2 Mestranda do curso de Mestrado em Desenvolvimento da Unijuí na linha de Pesquisa Gestão de Organizações para o Desenvolvimento. E-mail: [email protected]; 3 Professor da disciplina de Estratégia e Mudança Organizacional no Mestrado em Desenvolvimento da Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. E-mail: [email protected]; 4 Mestranda do curso de Mestrado em Desenvolvimento da Unijuí na linha de Pesquisa Gestão de Organizações para o Desenvolvimento. Bolsista Capes. e-mail: [email protected]. O objeto de estudo desta pesquisa é o Centro de Educação Básica Francisco de Assis (EFA) mantida pela Fidene. Este estudo é dividido em quatro partes: primeiramente é feita uma breve contextualização do assunto, após é explicada a metodologia aplicada, na sequencia é exposta a análise do processo de mudança e adaptação estratégica organizada por eventos críticos e períodos estratégicos pelos quais a organização passou, considerando o modelo de Pettigrew, Ferlie e Mckee (1992)1. Por fim é feita uma analise teórica do estudo de caso através do método “direct research” proposto por Mintzberg (1979)2, e, as considerações finais. METODOLOGIA A metodologia aqui descrita tem abordagem qualitativa baseado em um estudo de caso singular e interpretativo sobre as mudanças e adaptações estratégicas ocorridas na EFA. Minayo (2004)3 explica que a pesquisa qualitativa procurar estabelecer níveis de realidade que não podem ser quantificados, pois trabalha com o universo de significados, motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes. Para expor e interpretar os fatores significativos que causaram as mudanças dentro da EFA utilizou-se da abordagem de Pettigrew, Ferlie e Mckee (1992), eles entendem que as mudanças estratégicas devem ser analisadas conforme o conteúdo (o que mudou), o processo (como mudou) e o seu contexto (porque mudou). O contexto pode ser considerado interno e externo, o primeiro se refere ao contexto nacional econômico, político e social, já o segundo, trata da estratégia, estrutura, cultura, gerenciamento e processo político. Os autores explicam que as mudanças não devem ser vistas como um fim em si mesmas, mas sim como meios para um fim. Pettigrew argumenta que a pesquisa sobre mudança deve envolver a interação contínua entre as ideias a propósito do contexto da mudança, o processo da mudança e o conteúdo da mudança juntos com a habilidade em regular as relações entre os três. Para realizar a coleta de dados foram feitas entrevistas em profundidade, pesquisa documental e bibliográfica. Inicialmente, optou-se por fazer a pesquisa bibliográfica para definir o período que seria analisado. Após foram feitas as entrevistas com duas professoras que participaram da administração da EFA em momentos marcantes na sua história, como na implantação do Ensino Médio e Ensino Técnico. Conforme Minayo (2004) nesta classificação de entrevista o informante é convidado a falar livremente sobre um tema e as perguntas do investigador, quando são, feitas, buscam dar mais profundidades às reflexões. Com base nas entrevistas iniciou-se ainda uma pesquisa dos documentos emitidos pela escola, como: relatórios anuais (guardados no Museu Antropológico Diretor Pestana) e em revistas publicadas em comemoração aos 30 e 40 anos da escola. A partir dos dados coletados e baseados nas mudanças estratégicas e adaptações que a EFA sofreu foi elaborado um quadro com os eventos críticos determinados importantes no período de 1990 a 2009. Depois de descritos os períodos estratégicos e eventos críticos se realizou uma análise teórica do estudo de acordo com os procedimentos de análise indicados pela abordagem da “direct research” proposto por Mintzberg (1979), que são: a) coleta de dados; b) inferência dos períodos e estratégias de mudança; c) análise dos períodos de mudança; d) análise teórica do estudo. Mintzberg escreve que a “direct research” pode ser denominada por estratégias de pesquisas baseadas na descrição e indução, confiança em algo simples, e, dimensão de muitos elementos em termos organizacionais reais, suportados por episódios (1983). PERÍODOS ESTRATÉGICOS E EVENTOS MARCANTES NO PROCESSO DE MUDANÇA E ADAPTAÇÃO ESTRATÉGICA DA EFA A EFA, atualmente designada Centro de Educação Básica Francisco de Assis, é uma escola que tem sua origem marcada pela ideologia da Fidene/Unijuí, na qual a orientação comunitária sempre prevaleceu na busca por uma educação diferenciada e de qualidade. Para fins de análise do processo de mudança e adaptação estratégica da EFA foram elencados três períodos estratégicos a partir do ano de 1990 a 2009, e nestes períodos, identificados doze eventos críticos que marcaram os principais acontecimentos estratégicos da escola, conforme listado na tabela abaixo. Mintzberg indica que fenômenos imensuráveis como a história, a ideologia, são na verdade os mais relevantes para o estudo da organização, (1979). Esse pensamento é reforçado por Salama quando afirma que “o estudo das histórias/biografias das organizações fornece ao pesquisador ricos insights teóricos sobre o desenvolvimento organizacional” (1994, p. 34)4. As categorias analíticas proposta por Pettigrew, Ferlie e Mckee (1992), as mudanças estratégicas devem ser analisadas conforme o conteúdo (o que mudou), o processo (como mudou) e o seu contexto (porque mudou). O conteúdo refere-se a área particular de transformação em estudo, o processo diz respeito as ações, reações e interações das várias partes interessadas no processo de negociação das propostas de mudanças, já o contexto divide-se em ambiente interno e externo à organização. Períodos Estratégicos Período Estratégico I: Busca de Sustentação Financeira O período entre os anos de 1990 e 1993 é marcado por profundas transformações na escola, tanto no sentido pedagógico quanto em adequações financeiras visando à auto-sustentação da EFA. Desta forma, podemos citar a existência de sete eventos críticos que marcaram as mudanças na escola: I - Desvinculação - EFA passa a ser mantida da Fidene – privatização da escola (1990): Em 1990 a Escola de 1º Grau Francisco de Assis, até então considerada um órgão suplementar do curso de Pedagogia da Unijuí, ganha status de mantida e passa a ser vinculada a Fidene. Ao assumir status de escola particular, a EFA parte do princípio da necessidade de se auto-sustentar. Naquele período, a escola prestava serviços públicos ao Estado. Existia um acordo entre a EFA e o governo do estado: o estado cedia professores para trabalharem na escola, e a escola, em contrapartida, atendia alunos carentes enviados pelo poder público. Isso era chamado na escola de “compra de vagas pelo estado”. Neste período a EFA era responsável, inclusive, pela alimentação dos alunos. À medida que o estado retira a parceria, a EFA passa a assumir os custos de manutenção dos alunos carentes e entra num período de significativo déficit orçamentário. II – Cobrança de mensalidades buscando auto-sustentação (1990): A partir deste fato, a EFA começa a cobrar mensalidade de seus alunos. É um período marcado por evasão daqueles que não tinham condições financeiras para pagar a mensalidade da escola. Também neste período foram feitas outras manobras internas visando à redução dos gastos e a viabilização da escola, como o cancelamento de algumas turmas e a junção de alunos (atualmente chamamos de junção de turmas). III - Elaboração da campanha publicitária para divulgação da EFA à comunidade (1991): Outra constatação da EFA neste período é a da necessidade de mudar a “imagem” que a escola tinha junto a comunidade, visando assim o aumento do número de alunos matriculados. Assim, a EFA parte do diferencial de ser referência na construção de tendências pedagógicas diferentes – do aprender vivendo a experiência do saber – e constrói uma campanha publicitária buscando mostrar a EFA como uma escola que proporciona o aprendizado a partir da experimentação. A campanha publicitária foi realizada em toda a região do noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. IV - Autorização para funcionamento do 2º grau – aprovação pelo CEE (1992): Com o amadurecimento da escola que se sucedeu após sua privatização, inicia-se um processo de busca da continuidade do ensino. Professores e comissão representativa dos pais de alunos se reuniram para aprimorar discussões sobre a implantação do segundo grau na escola e a formatação do projeto junto ao Conselho Estadual de Educação (CEE). A escola recebe a autorização para o funcionamento do 2º Grau no dia 02 de dezembro de 1992. Conforme a diretora Marisa Frizzo a inclusão do segundo grau na EFA também visou aumentar o número de alunos, visto que eles não mais abandonariam a escola quando concluíssem o primeiro grau, mas permaneceriam por mais três anos ainda, para realizar o ensino médio, e esse fato também poderia atrair outros alunos, que desejassem realizar o 2º Grau em uma escola como a EFA. V - Alteração do nome – passa a se chamar Escola de 1º e 2º graus Francisco de Assis (1992): A partir da aprovação da oferta de 2º Grau na EFA, a mesma passa a se chamar Escola de 1º e 2º Graus Francisco de Assis, para estar em conformidade com o plano estabelecido pela escola. A grade curricular inicialmente composta é de 3.960 horas/aula, trabalhadas nos turnos da manhã e algumas tardes, utilizando laboratórios da Unijuí (química, biologia, matemática, física, computação) como suporte para o aprendizado. VI - Primeira eleição para escolha de diretor da EFA e implantação do conselho de pais (1993): Até este momento, a escolha dos diretores da EFA era feito por indicação por parte da direção da Fidene. Em 1993 a escola abre um processo eleitoral para a escolha do novo diretor. Duas chapas concorrem a eleição: a primeira tem como candidata a diretora a professora Rosane Becker e Joyce Tiellet com vice, e na segunda chapa concorrem Mariza Frizzo como diretora e Eliane Mai como vice. Assume a direção da EfA, a partir desta eleição, a professora Rosane Becker. A partir deste momento também se busca uma aproximação com os pais de alunos. Assim, é criado o Conselho de Pais, formado por dois representantes de turma desde a pré-escola até o segundo grau. No total 26 membros auxiliam a tomada de decisões estratégicas na escola. VII - Primeira turma de 2º grau (1993): O segundo grau na escola é consolidado no ano de 1993. A primeira turma de ensino médio da EFA é formada a partir dos alunos egressos da 8ª série do ensino fundamental e de outros alunos ingressantes na escola. Período Estratégico II: Autosuficiência financeira Este período é marcado por eventos de busca de sustentação financeira. Destaca-se o início da oferta de cursos técnicos profissionalizantes, como uma alternativa para a busca de novas receitas para a escola. VIII – EFA começa a se auto-sustentar (1994): A partir da consolidação do segundo grau na EFA, a escola recebe uma receita maior, que auxilia na auto-sustentação financeira. Outras melhorias são feitas na escola em 1994, como a informatização da secretaria e também a alteração na base curricular, excluindo disciplinas técnicas e incluindo no 1º Grau a disciplina de informática. Ainda, as disciplinas de História, Geografia e Educação Artística tem sua carga horária aumentada. IX – Ano de déficit orçamentário (1995): Em 1995 a escola faz uma série de investimentos para ampliação do espaço físico ocupado na Sede Acadêmica, em virtude de estarem, a partir deste ano, implantadas as três turmas de ensino médio na EFA. São matriculados na escola 328 alunos, entre ensino fundamental e médio. Estes investimentos em infraestrutura determinam um ano de déficit para a escola. X – Compra de vagas pela 36ª DE para o 2º grau (1996): Assim como acontecia no primeiro grau, a DE realiza a compra de vagas para alunos carentes nas turmas de segundo grau da EFA. Esse fato aumenta o número de alunos e também da receita da escola. XI – EFA começa a se auto-sustentar: A compra de vagas no 2º grau pela EFA auxilia a escola a equilibrar seu orçamento e a escola tem novo ciclo de auto-sustentação financeira. XII – Reconhecimento do Banco Mundial como escola inovadora a nível nacional (1998): Um acontecimento marcante para a escola, no ano de 1998, foi o reconhecimento pelo Banco Mundial, através de pesquisa feita pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC), como uma das escolas que desenvolvem projeto educacional inovador à nível nacional. Esse prêmio veio como um reconhecimento aos esforços da escola em elaborar uma educação com filosofia diferenciada e, a partir da publicização desta informação em rádio e jornal, auxiliando na mudança de imagem da EFA junto à comunidade. XIII - Orientação para cursos profissionalizantes – oferta de cursos técnicos - iniciando com Técnico em Enfermagem - (2001): A oferta de cursos técnicos na EFA veio a atender uma demanda educacional local e regional. A escola buscava ser uma instituição formadora de trabalhadores de nível médio, além, é claro, de agregar mais um diferencial competitivo. O público-alvo dos cursos da EFA são trabalhadores de nível médio, cuja renda não propicia o ingresso na universidade, mas que buscam qualificação para ingressarem no mercado de trabalho. O primeiro curso implantado em 2001 foi o Técnico em Enfermagem, buscando atender uma demanda por profissionais nesta área por parte dos Hospitais de Caridade, Unimed e Bom Pastor. A partir deste momento, outros cursos foram lançados nos anos seguintes, como: Técnico em Gestão e Promoção Turística, Técnico em Desenvolvimento Web e Hipermídia entre outros. Período Estratégico III: Consolidação da Educação Profissional No último período estratégico analisado constata-se a consolidação da Educação Profissional na Escola, como a principal fonte de arrecadação financeira e também de respaldo da EFA. Além da oferta de cursos em Ijuí e Três Passos, a Escola cria novas unidades de educação profissional em Santa Rosa e Panambi, e firma parceria com Coordenadorias de Saúde de outros municípios, visando a qualificação de profissionais da região. XIV - Criada a Unidade de Educação Profissional EFA Três Passos (2001): Com a implantação do curso Técnico em Enfermagem em 2001 em Ijuí, a EFA aproveita a estrutura que possui junto ao Campus da Unijuí em Três Passos e inaugura a Unidade de Educação Profissional EFA Três Passos. Desta forma, a escola passa a oferecer turmas de cursos técnicos também neste município. XV – Início da oferta de cursos de qualificação (2002): Outra demanda percebida pela direção da escola neste período foi à busca por qualificação por parte de profissionais que já estavam atuando na rede pública e também alunos da área da Saúde da Unijuí que estavam em busca de capacitação e currículo. Desta forma, a EFA inicia em 2002 a oferta de cursos de qualificação. O primeiro curso oferecido foi o de Administração de Medicamentos Injetáveis para acadêmicos do curso de Farmácia da Unijuí. Outros cursos foram oferecidos na sequência: Recreação Hospitalar, Unidade de Tratamento Intensivo, Atendimento de Urgência e Emergência Pré e Intra-Hospitalar, entre outros. Os cursos de qualificação se tornaram outra fonte de renda para a Escola. XVI - EFA passa a se chamar Centro de Educação Básica Francisco de Assis (2007): Buscando ampliar ainda mais a área de atuação da escola, a EFA precisou realizar a troca do nome para Centro de Educação Básica Francisco de Assis, pois por lei, uma escola não poderia atuar em outros municípios, mas um centro de educação tem essa permissão. A troca de nome foi estratégica. A partir disso a EFA passou a concorrer com outras instituições, em outros municípios, pela oferta de cursos técnicos e de qualificação. XVII - Criação das unidades de educação profissional em Santa Rosa e Panambi (2009): Em 2009 mais uma decisão estratégica foi tomada pela escola. O conselho diretor da EFA aprovou a criação de mais duas unidades profissionais nos municípios de Santa Rosa e Panambi. Assim, Ijuí se constituiu como o município sede, tendo em Três Passos, Santa Rosa e Panambi outras três unidades prestadoras de serviços. Conforme Rosane Becker os convênios com o governo já existiam nesta data, mas valiam apenas para o município de Ijuí. Com a criação das unidades de educação profissional estes convênios foram expandidos aos demais municípios. XVIII - Parceria com Coordenadorias de Saúde para oferta de cursos técnicos e de qualificação (2009): Com a criação das unidades de educação profissional em outros municípios e a oferta constante de cursos técnicos e de qualificação, o governo do estado identifica a EFA como uma grande instituição formadora. A partir disso, todos os projetos que as coordenadorias elaboram através de condições como COJEBI, FIES vem para a EFA, que passa a concorrer com outros centros de educação a partir de licitação. Existe a partir deste momento um grande nicho para a venda de cursos nas áreas de vigilância e saúde, saúde bucal, entre outros. Além disso, a escola passa a oferecer seus serviços nos municípios da região. Rosane Becker ressalta que cada coordenadoria tem pelo menos 20 municípios agregados, o que oferece para a EFA excelente oportunidade de negócio. A EFA passa a formar profissionais para praticamente toda a região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. ANÁLISE TEÓRICA DO ESTUDO Período Estratégico I: Busca de Sustentação Financeira (1990 a 1993) O primeiro período estratégico foi marcado pela busca da escola por sustentação financeira e adequações no Projeto Pedagógico com a implantação do Ensino Médio. Nesse período a EFA se desvincula da Unijuí e torna mantida da Fidene, a partir desta estratégia sente-se a necessidade de buscar novas estratégias de mudança com o intuito de se auto sustentar. O processo de mudança, conforme citado por Petigrew, refere-se a ações, reações e interações das várias partes interessadas quando elas negociam em torno de propostas para mudanças. A implantação do Ensino Médio veio como uma reação ao mercado e também como mais uma forma de aumentar a sua receita, fazendo com que após terminar o Ensino Fundamental o adolescente não precisaria deixar a escola, pois teria a oportunidade de continuar sua formação até o ingresso no ensino superior. Desta forma, foi o mercado e não os gerentes que determinou as escolhas da organização. Conforme Whittington5 “as estratégias mais apropriadas de um dado mercado emergem em decorrência dos processos competitivos, permitindo, desta forma, que os melhores competidores sobrevivam”, (2002, p.21). Meireles e Gonçalvez (2005)6 citam Porter ao explicar que estratégias dizem respeito às escolhas tomadas pela instituição na implantação de ações e decisões emolduradas por dois motivos, padrão ou orientação. Desta forma, a EFA implanta o Ensino Médio por motivo padrão, quando se esperava a estratégia devido a escola já possuir Ensino Fundamental. Para isso, utiliza-se de estratégias emergentes onde o “futuro é fruto de escolha intencionais”, (MEIRELLES; GOLÇALVES, 2005, p.171). Acredita que a evolução ambiental possa ser prevista com razoável precisão, e que a intencionalidade das organizações individuais em planejar sua própria evolução possa ser bem sucedida. Neste sentido, o ambiente foi determinante para a escolha da estratégia de implantação do ensino médio. E é justamente este ambiente que determina outras ações da escola, que busca auto sustentação. Neste período a escola é vista pela comunidade como desorganizada, desregrada, sem capacidade de oferecer uma boa formação aos seus alunos, por possuir uma proposta de ensino diferenciada. O ambiente pode ser chamado, conforme tipologia de Emery e Trist (apud BOWDITSCH; BUONO, 1997, p.149)7 como plácido aleatório, sendo relativamente estável. A partir desta análise da influência do ambiente na escola, e na tentativa de reverter a imagem negativa vinculada a EFA, a direção optou pela criação de uma campanha publicitária. Esta estratégia visa tornar a escola mais competitiva frente às demais escolas particulares que competiam por alunos. A estratégia, desta forma, cumpre a função de orientar a busca por oportunidades, mercados, enfim, a própria sobrevivência organizacional, conforme citam Meireles e Gonçalvez. Todas as ações acima listadas são, indiretamente, ações que refletem na busca de sustentação financeira da EFA. Neste período ainda evidenciamos a cobrança de mensalidades, em virtude da ruptura do contrato com a CEE de compra de vagas para alunos carentes do Ensino Fundamental. Foi uma estratégia reativa, visando equilibrar as despesas com as receitas da escola. Esse período de busca de sustentação financeira é marcado pela perspectiva clássica, a qual tem como objetivo principal a lucratividade, e o meio que utiliza para obtê-la é o planejamento racional. Como foi evidenciado por Alfred Sloan, através de sua experiência na presidência da General Motors, as organizações utilizam estratégias de mudança com o objetivo de obter retorno capital, caso o contrário, estas estratégias devem ser mudadas ou então abandonadas. Período Estratégico II: Autossuficiência Financeira (1994 a 2000) Os muitos esforços, citados no primeiro período estratégico, realizados pela EFA levaram a escola, no ano de 1994, a obter autossuficiência financeira. Neste segundo período estratégico analisado a busca pela manutenção desta estabilidade financeira se consolida. A escola passa por alguns períodos de altos e baixos, mas a partir de inúmeras medidas, passa a se sustentar sem o auxílio financeiro de sua mantida, a Fidene. No ano de 1995 a EFA passa por mais alguns contratempos e acaba o ano em déficit orçamentário. Buscando reverter novamente este quadro, em 1996 a Escola firma parceria com a 36a DE que “compra vagas” para alunos de comunidades carentes para que estes estudem no 2º grau da EFA. Desta forma, a escola se beneficia economicamente com o aumento do número de alunos e conseqüentemente o aumento da arrecadação, e o estado cumpre sua função de oferecer educação de qualidade a alunos de comunidades carentes, que haviam ficado marginalizados pela inexistência de vagas nas escolas públicas e municipais. Ainda sobre esta estratégia podemos dizer que ela foi tomada levando-se em consideração uma abordagem sistêmica, segundo definição de Whittington (2002), pois a estratégia tomada pela Escola está diretamente vinculada a cultura e ao poder dos sistemas sociais do local onde ela se desenvolveu. A partir da decisão estratégica de ceder vagas no ensino médio para a DE a EFA passa novamente a adquirir sua estabilidade financeira. Segundo Bowditch e Buono (1997) essa transação pode também ser chamada de Aliança Interorganizacional e tem como vantagem o aproveitamento das capacidades das organizações envolvidas na aliança. No ano de 1998 a EFA recebe uma condecoração que premia os esforços de todos os educadores da escola que sempre primaram por uma educação de qualidade, desenvolvida sobre as bases do desenvolvimento pessoal não mecanizado. A EFA é reconhecida pelo Banco Mundial como escola inovadora em nível nacional. A Teoria dos Recursos, conforme descrito por Vasconcelos e Cyrino8 mostra que “a vantagem competitiva se encontra primariamente nos recursos e nas competências desenvolvidas e controladas pela empresa” (2000, p.25). O estilo inovador de educar desenvolvido pela EFA é fruto do estudo e do aprendizado dos educadores da Escola, sendo assim, surge não de um processo de imitação, mas sim do aprendizado interno e da busca por novos caminhos para educar, não mecanizado e sim potencializando as descobertas e o desenvolvimento pessoal a partir da experiência. O reconhecimento do Banco Mundial sobre o estilo de educar da EFA auxilia a escola a se auto afirmar junto a comunidade ijuiense, derrubando alguns mitos sobre a escola que era vista pela população local como desorganizada e desregrada. A partir do ano de 2001 a EFA, buscando expandir horizontes, ingressa no mercado formador de jovens para suprir as necessidades de profissionais qualificados no mercado de trabalho. Analisando o mercado local, a Escola identifica um potencial espaço para a formação técnica de jovens, visando atender as necessidades dos hospitais da cidade, que constantemente estavam em busca de profissionais qualificados. Essa estratégia é uma reação de adaptação ao mercado, explicada pelo Modelo da Ecologia Populacional, no qual a movimentação da empresa é ditada pelo ambiente. Segundo Bowditsch e Buono “mudanças no ambiente são fatores que exigem constante adaptação por parte das organizações para que estas sobrevivam”. (1997, p.152) Para Meirelles e Gonçalves “as organizações e os atores individuais pouco podem fazer senão esforçar-se por compreender tal ambiente e submeter-se a seus determinantes por meio de adequações”. (2005, p.9) Desta forma a EFA, reagindo a escassez de profissionais técnicos no mercado de trabalho lança, a partir do ano de 2001, cursos técnicos voltados a área da saúde, iniciando com o Curso Técnico em Enfermagem. Esta estratégia de se inserir na educação profissionalizando foi a principal responsável por afastar o fantasma do déficit financeiro da escola. Cabe ressaltar também que essa estratégia confere a EFA hoje o status de única mantida da Fidene que gera lucro e possui autosuficiência financeira. Período Estratégico III: Consolidação da Educação Profissional (2000 a 2009) O último período é marcado por mudanças radicais definidas por estratégia de competição, frente às transformações que a escola sofreu, surge então, a necessidade de a organização se adaptar ao novo ambiente. Foi um período marcado pela criação de oferta de cursos de qualificação, criação de três novas unidades da instituição de ensino, parceira com o poder público, mas principalmente, pela troca do nome que trouxe a organização um maior campo de competição, bem como, exigiu novas estratégias, principalmente de adaptação. Pettigrew (1992) explica que as mudanças ocorrem através de trocas sucessivas, limitadas e negociadas, onde se encontra um padrão de mudança estratégica radical que pode indicar que importantes novos desenvolvimentos tiveram lugar na organização. Mintzberg argumenta que períodos distintos de estabilidade e de mudança podem ser identificados, e que mudanças maiores de reorientação estratégica acontecem raramente e em saltos quantum, particularmente em organizações grandes, estabelecidas, e de produção de massa. Com o objetivo de aumentar a abrangência do seu público alvo, a EFA troca de nome e passa a se chamar de Centro de Educação Básica Francisco de Assis. Desta forma, começa a criar centros em outras cidades como: Panambi, Três Passos e Santa Rosa, onde há outros campus da Unijuí, instituição de ensino também mantida pela Fidene. Para explicar este momento de mudança que a instituição passou usa-se o modelo Perspectivas Genéricas sobre Estratégia utilizado por Whittington (2002), no qual ele apresenta quatro abordagens de estratégia: clássica, evolucionária, sistêmica e processual. A EFA utilizou as abordagens clássica e sistêmica. Na primeira, a escola utilizou um planejamento racional através de cálculos e analises deliberadas para maximizar a vantagem a longo prazo, a segunda abordagem se apresenta como relativista, mostrando que a estratégia está ligada, diretamente, às culturas e aos poderes dos sistemas sociais do local onde ela se desenvolve. A EFA passou a atuar nas demais cidades em que a Unijuí esta inserida, desta forma ampliou seu trabalho para lugares que já possuía estrutura e conhecia a cultura e a política de adaptação do lugar. “ [...] a estratégia reflete os sistemas sociais específicos dos quais ela participa, definindo os interesses segundo os quais ela age e as regras de sobrevivência. A classe social e o país fazem diferença no que toca à estratégia”, (WHITTINGTIN, 2002, p. 5) Vasconcelos e Cyrino expõem a estrutura da indústria para definir o cenário da concorrência. Eles explicam que o desempenho das firmas depende das diversas estratégias usadas relacionadas à compradores e vendedores no tocante a fixação de preços, níveis de cooperação tácita e competição, políticas de pesquisa e desenvolvimento, publicidade, investimento, entre outros. “O comportamento das firmas é, por sua vez, definido pela estrutura da indústria em questão, caracterizada pelo número e pelo tamanho relativo de concorrentes, compradores e vendedores, pelo grau de diferenciação de produtos, pela existência de barreiras de entrada de novas formas, pelo grau de integração vertical existente, etc.” (VASCONCELOS; CYRINO, 2000, p. 23). Os autores explicam que os processos de expansão das organizações são caracterizados tanto pelas oportunidades externas como pelas internas, decorridas do conjunto de recursos da firma. A implantação de novas Unidades de Educação, e também, a oferta de cursos de qualificação foi conduzida por estratégias de competitividade direcionadas à diferenciação, explicada por Porter (1991). A EFA pode usufruir da estrutura de laboratórios que a Unijuí oferece aos estudantes da graduação, e ainda, possui professores qualificados nas áreas que atuam e capacitados para trabalhar na docência, mas principalmente a instituição possui todos os seus cursos, como o técnico em enfermagem, com aulas presenciais. Para Porter existem dois fatores que determinam a vantagem competitiva: as condições iniciais e a escolha dos dirigentes. O teórico usa o modelo de Mason e Bain, o qual consiste em posicionar a empresa dentro do ambiente, nesse sentido o papel da estratégia é proteger a organização da ação das forças competitivas. “The goal of competitive strategy for a business unit in na industry is to find a position in the industry where the company can best defend itself against these competitive forces or can influence them in its favor [...]”, (PORTER, 1980, p.4)9. Em relação aos cursos de capacitação que a escola passa a oferecer, bem como, a criação dos Centros podem ser explicados também pelo Modelo Dependência de Recursos proposto por Hall no que tange as decisões tomadas no âmbito do contexto político proposto pela EFA, no interior da instituição de ensino. “Uma decisão é tomada entre um conjunto de alternativas tendo em vista a estratégia que a organização empregara em suas relações com o ambiente”, (HALL, 2004, p. 251)10. As estratégias são orientadas pela adaptação, baseados nos estudos de Porter (1991, 1996)11 Vasconcelos e Cyrino explicam a adaptação estratégia em duas dimensões: Em primeiro lugar, há a noção de adaptação externa implícita na lógica do posicionamento da firma na indústria. É a partir da análise objetiva de seu ambiente que a firma será capaz de identificar a posição mais favorável. A escolha da estratégia correta permitirá à firma adaptar-se à estrutura da indústria. Em segundo lugar, a estratégia deve ser internamente coerente, adaptando os elementos internos da firma à sua posição na indústria. As atividades da firma devem, dessa maneira, ser configuradas de maneira coerente, cada uma dando suporte e complementando a outra. É essa sinergia e coerência interna que tornam possível a execução de uma estratégia bem-sucedida. (2000, p. 24). Hrebiniak e Joyce (1985)12 trabalham a adaptação organizacional no que diz respeito a escolha estratégica e o determinismo ambiental nas organizações através de uma matriz dividida em quatro quadrantes que “[...]ajudam a definir o domínio e o escopo do poder em um relacionamento entre organização e ambiente (DAHL, 1963) e a vulnerabilidade relativa de cada um em um cenário interativo (JACOBS, 1974; PFEFFER, 1981)”, (HREBINIAK; JOYCE, 1985). O estágio de adaptação que a EFA começa a passar está posicionada no quadrante II, este quadrante trabalha o foco, escolha diferenciada e adaptações com restrições. A escolha é considerada alta, mas seletiva por causa do alto poder compensatório e excesso de recursos existentes no ambiente. Os autores trabalham que a adaptação é determinada de fora, a medida que o meio seleciona as organizações e permite apenas aqueles modelos com variações apropriadas para ficar. As organizações posicionadas no quadrante II são caracterizadas por serem grandes em indústria altamente reguladas, fechadas em diversas áreas como produtos característicos, representações de desempenho, requerimentos de capital, e restrições legais sobre os meios de conduzir negócios. Neste quadrante “[...] a escolha individual de estratégia é paradoxalmente alta devido aos fatores como tamanho, estrutura de mercado, múltiplos meios ou métodos de alcançar os resultados desejados e baixa dependência de fontes externas de recursos”, (HREBINIAK; JOYCE, 1985, p. 5). A parceria que a EFA concretiza com as coordenadorias de saúde para oferta de cursos técnicos e de qualificações propõe uma cooperação com o Ministério da Educação. Balestrin e Verschoore13 enfatizam que um dos principais desafios para as empresas contemporâneas é “[...] balancear as competências próprias e as de outras organizações, a fim de alcançar o equilíbrio entre a competitividade coletiva, obtida por meio da cooperação, e a competitividade individual, que torna a empresa real e valiosa entre as demais organizações que com ela cooperam”, (2008, p. 41). Esta estratégia coletiva utiliza pela EFA ressalta que as organizações podem coexistir em um mesmo ambiente, competindo e cooperando de forma racional com foco nos objetivos que ambas possuem. RESULTADOS CONCLUSIVOS Considerada uma escola que tem no seu Plano de Política Pedagógica como um dos principais fundamentos a educação permeada na ideia que a criança tem interesses e necessidades, a EFA durante muitos anos foi um referencia na educação em Ijuí. Atualmente, é referencia no ensino profissionalizante através de cursos técnicos e de capacitação, porém o grande diferencial que a instituição trabalha desde o início de sua história continua sendo ressaltada pela equipe de professores e colaboradores: o saber pensar. Esta pesquisa propôs analisar o processo de mudança e adaptação organizacional do Centro de Educação Profissional Francisco de Assis (EFA), no período de 1990 a 2009, sob as interpretações de uma ex-diretora e atual professora do Centro de Educação Profissional Francisco de Assis, e, uma exprofessora. Ambas fizeram parte da equipe que trabalhou para implantar o Ensino Médio na escola. Buscou esclarecer quais as mudanças estratégicas, como elas ocorreram, quais os fatores externos e internos que influenciaram tais mudanças, e ainda, quais as adaptações estratégias que a instituição de ensino utilizou para se adequar aos mais diversos ambientes pelos quais a escola passou. A história de instituição explicitou o conteúdo das mudanças estratégicas e o modo como elas foram desenvolvidas e foi complementado pela análise do contexto externo da EFA, que exerceu significativa influência nesse processo de mudança e adaptação estratégica. No primeiro período analisado, entre 1990 a 1993, é marcado pela busca da sustentação financeira. A EFA se desvincula e se torna mantida da Fidene, passa por esta mudança a fim de atuar como escola particular. Para isso sente a necessidade de utilizar estratégias radicais e emergentes, para então, se adaptar ao novo ambiente. Nesse período a escola começa seus trabalhos voltados à comunicação com o intuito de aprimorar sua imagem perante a comunidade. A escola acrescenta no seu currículo o 2º grau, esta mudança pode ser considerada como estratégia padrão Porter (1980), pois a escola já oferecia o ensino infantil e fundamental, o ensino médio era uma mudança prevista, pois o objetivo da escola era expandir. O segundo período é marcado pela conquista da autosuficiência financeira, inicialmente a partir da estratégia de compra de vagas pela DE para o segundo grau e, posteriormente, pela grande estratégia que orientou as decisões da Escola nos anos seguintes, que foi a implementação da educação profissionalizante e a oferta de cursos técnicos. Já a estratégia de incluir o ensino técnico, preparando jovens para o mercado de trabalho foi uma estratégia de adaptação ao ambiente, conforme explicitado pelo Modelo da Ecologia Populacional. Foi uma ação de diferenciação que determinou a sobrevivência da Escola e também contribuiu fortemente para a autossustentação da mesma. Ainda neste período o reconhecimento por parte do Banco Mundial que intitula a EFA como uma escola inovadora em nível nacional auxilia na reversão da imagem negativa da comunidade ijuiense, contribuindo para a autoafirmação da EFA, que atesta a sua vantagem competitiva frente as demais escolas do município de Ijuí. O último período analisado, 2001 a 2009, foi de extrema importância para instituição. Pois foi através da troca do nome da organização para Centro de Educação Profissionalizante Francisco de Assis que a EFA teve a oportunidade de atuar em outras cidades. Para explicar este momento de mudança usa-se o modelo Perspectivas Genéricas sobre Estratégia utilizado por Whittington (2002). A criação das três Unidades de Ensino nas cidades de Três Passos, Panambi, Santa Rosa, e também, o oferecimento de cursos de capacitação foram conduzidas por estratégias de competitividade direcionadas à diferenciação, explicada por Porter (1991). Em 2009, a EFA firma parceiras com as Coordenadorias de Saúde para oferta de cursos técnicos e de qualificação a pessoas em situação de vulnerabilidade social, assim firma-se estratégias de cooperação (BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008) enfatizando que através de estratégias coletivas as organizações podem coexistir em um mesmo ambiente, competindo e cooperando de forma racional com foco nos objetivos que ambas possuem. Ao final deste estudo de caso, concluiu-se que a EFA passou por períodos de intensas mudanças estratégicas. Algumas destas mudanças foram reações ao mercado, outras foram marcadas pela busca de diferenciação e sobrevivência financeira. Nem sempre as atitudes tomadas pelos diretores da Escola garantiram a autossuficiência financeira, mas é marcante neste caso a busca, sempre conjunta, de soluções para os problemas enfrentados pela EFA, sendo professores, pais, funcionários e alunos os grandes aliados da escola nesta caminhada. REFERENCIAS 1 Pettigrew, A. M. Ferlie, E. E Mckee, L. “Shaping Strategic Change”. London: Sage Publications, 1992. Mintzberg, H. “An emerging strategy of direct research”. Administrative in Science, v. 24, n. 9, 1972. 2 3 Maria Cecília de S. Minayo (Org) “Pesquisa Social: teoria, método e criatividade”. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. 4 Alzira Salama. “O uso da biografia de uma organização como método de pesquisa para a investigação do desenvolvimento organizacional.” Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro 28 (1): 34 – 42, jan/mar. 1994. 5 Richard Whittingtin. “O que é estratégia”. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. Meirelles, A. M.; Gonçalves, C. A. “Uma abordagem multiparadigmática para a disciplina de estratégia”. II Encontro de Estudos m Estratégicas – 3Es, 2005. Rio de Janeiro/RJ. Anais... 2005. 6 Bowditch, J. L. & Buono, A. F. “Elementos de comportamento organizacional”. São Paulo: Pioneira, 1997. 7 Vasconcelos, F. C.; Cyrino, A. B. “Vantagem competitiva: os modelos teóricos atuais e a convergência ente estratégias e teoria organizacional”. ERA – Revista de Administração de Empresas, out./dez, São Paulo: v. 40, n. 4, 2000. 8 9 Porter, M. E. “Competitive strategy”. New York: Free Press, 1980. 10 Richard Hall. “Organizações – Estruturas, Processos e Resultados”. São Paulo: Prentice Hall, 2004. 11 Porter, M. E. “Estratégia Competitiva”. Rio de Janeiro: Campus, 1991. Hrebiniak, L. G. & Joice, W. F. “Organizational adaption: strategic choice and environmental determinism”. Administrative Science Quarterly, v. 30, 1985. 12 Balestrin, A.; Verschoore, J. “Redes de cooperação empresarial – estratégias de gestão na nova economia”. Porto Alegre: Bookman, 2008. 13