HISTÓRIA 1 Profª Isabel Cristina Simonato CHINESES – COMUNISTAS DE MERCADO O modelo chinês de produção se desenvolveu após 1976. O fim da Segunda Guerra significou para a China a retomada de um conflito que opunha nacionalistas e comunistas desde 1927. O líder dos nacionalistas, Chiang Kai-shek, resistiu ao avanço dos camponeses comandados por Mao Tsé-tung, até 1949. Em outubro desse ano, Mao proclamou a República Popular da China e reorganizou o país nos moldes socialistas; era a Revolução Chinesa. Chiang seguiu para Taiwan e fundou a República da China, considerada até hoje uma “província rebelde” pelo governo de Pequim. No início, o modelo adotado na China se inspirava no soviético. Técnicos de Moscou foram enviados ao país para ajudar em seu desenvolvimento. A China sofria com a escassez de alimentos e possuía um parque industrial reduzido. Entre os planos implantados nos primeiros anos estavam a nacionalização da indústria e a coletivização das terras. O país demorou algum tempo para começar a superar as dificuldades econômicas, e a política permanecia conturbada. Em 1966, Mao buscou apoio das massas jovens e lançou a Grande Revolução Cultural, que redundou, entre outras consequências, na perseguição dos adversários políticos. Com a morte de Mao, em 1976, Deng Xiaoping adotou reformas que introduziram práticas de economia de mercado. O modelo levou o país a crescer rapidamente economicamente, mas, politicamente, continuou uma ditadura fechada, sem participação política da população. Hoje, a China é uma superpotência econômica, rivalizando com os Estados Unidos. O regime adotado na China, com traços do Socialismo e do capitalismo, foi batizado por alguns teóricos de “socialismo de mercado”. Essa forma de sistema econômico é um desdobramento das experiências do socialismo real. As ideias socialistas tiveram como origem teorias formuladas no século XIX. - OS CÉREBROS DA CHINA O Partido Comunista Chinês é a maior agremiação política da atualidade. Têm 73 milhões de membros, mais gente que a população total de países como a Inglaterra e a França. Uma obediente turma de quepe faz parte do maior exército do mundo, o Exército de Libertação Popular Chinês, um mamute de 92 anos e mais de 2 milhões de soldados na ativa. Esse grupo de homens tem a sua disposição um bom punhado de bombas atômicas para qualquer emergência, mas uma das funções cotidianas dos soldados é manter o 1,3 bilhão de chineses sob controle. Mais de 1 milhão deles se dedicam à tarefa. O que os mantêm quietos é a perspectiva de ouvir seus temidos chefes: os membros do Comitê Central do Partido Comunista Chinês. O poder desse grupo de nove cavalheiros encontra poucos paralelos no resto do mundo. Eles são senhores absolutos da economia, da sociedade e de tudo o que pode existir entre um e outro. Não precisam prestar contas ao Legislativo nem ao Judiciário. Eles são também os responsáveis pelo maior fenômeno da História econômica mundial do último século. Se o Exército é seu tecido muscular, os membros do Comitê Central do Partido Comunista são os cérebros por trás da China. O Partido Comunista Chinês é a maior agremiação política da atualidade. Tem 73 milhões de membros, mais gente que a população total da Inglaterra e da França. Olhado de fora, o PCC é uma estrutura monolítica. Seus debates internos se dão sob um véu de segredo. O que sai publicado é a versão HISTÓRIA 2 Profª Isabel Cristina Simonato oficial do governo, nada mais. O chefão do partido – e, portanto, de toda a China – é Hu Jintao. Ele foi uma jovem estrela do PCC. Em 1992, o então mandarim Deng Xiaoping viu em Hu o futuro presidente da China. Melhor padrinho, impossível. Hoje, ele tenta imprimir sua marca. Seu objetivo é dar ao brutal crescimento econômico das últimas décadas um caráter mais, digamos, harmônico: menos poluição e mais igualdade entre os que prosperaram nos anos de abertura e os que ficaram para trás. O sucesso dessa burocracia pode ser explicado pela enorme competição entre seus membros. O Partido Comunista Chinês já foi comparado até mesmo ao banco de investimento americano Goldman Sachs, ‘meca’ da meritocracia no mercado financeiro. Os seus membros são testados o tempo inteiro. O partido deve sua cara atual a Deng Xiaoping, que fez do PCC um organismo extremamente sensível à opinião pública. Seu antecessor, Mao Tsé-tung, apostava na tirania e na repressão. Deng foi sagaz o bastante para perceber que isso era pouco. Com a abertura econômica, ele conseguiu dar ao partido uma legitimidade que não vinha da força. Desde então, faz-se um balanço entre coerção e agrado. O agrado vem na forma de crescimento da renda e do emprego. A coerção vem na absoluta censura, na prisão de dissidentes e, quando se julga necessário, no massacre sem piedade de opositores. Foi Deng, vale lembrar, quem deu a ordem para que o Exército reprimisse a bala o protesto de estudantes na Praça da Paz Celestial, em 1989. (Texto adaptado da Revista EXAME, 12.junho.2008) Blog: belsimonato.wordpress.com E.E.E.M. “Emílio Nemer” – Castelo/ ES 23 de abril de 2012