ESTUDO DO DESEQUILÍBRIO 238U E 234U NA INTERAÇÃO ROCHA-ÁGUA EM GRANITOS DA SUÍTE INTRUSIVA DE ITU Bruno de Barros Collaço1; Rosana Nunes dos Santos2; Leila Soares Marques3; Roberto Keiji Kawauchi3 1 Bacharelado em Geofísica, IAG/USP – São Paulo; 2 Departamento de Geofísica, IAG/USP – São Paulo ([email protected]); Departamento de Física, CCET/PUC/SP – São Paulo; 3 Departamento de Geofísica, IAG/USP – São Paulo Este trabalho apresenta os primeiros resultados obtidos na investigação do comportamento dos radioisótopos 234U e 238U em processos de lixiviação de rochas da Suíte Intrusiva de Itu (SP), por meio de ensaios conduzidos em laboratório. Estudos recentes realizados em águas extraídas de poços profundos perfurados nessas rochas mostram elevadas concentrações de urânio, bem como enriquecimento significativo de 234U em relação ao 238U, com razões de atividade (234U/238U) de até 18. A Suíte Intrusiva de Itu localiza-se a cerca de 70 km da cidade de São Paulo, possui uma área de aproximadamente 400 km2 e abrange os municípios de Itu, Itupeva, Salto, Indaiatuba e Cabreúva. Quatro corpos principais compõem essa suíte, sendo que neste trabalho foram investigadas quatro amostras pertencentes a dois deles (Granito Salto e Granito Fazenda Cruz Alta) e situadas no entorno das cidades de Itu e Salto. Além disso, foram analisadas 48 amostras de água geradas em laboratório, percolando-se água destilada em amostras britadas dessas rochas por aproximadamente 6 meses. A metodologia aplicada envolveu a criação de um aparato experimental para simular, sob condições controladas, os processos de lixiviação que ocorrem na natureza. Para determinar as concentrações de urânio e as razões de atividade (234U/238U) foi empregada a técnica de espectrometria alfa, que forneceu resultados plenamente satisfatórios. Os rendimentos químicos variaram de 30 ± 1% a 98 ± 4%, com média de 58 ± 17% e a exatidão do método, avaliada pela comparação com dados de ICP-MS, forneceu erros relativos inferiores a 12%. Entretanto, duas amostras que possuíam baixa atividade e apresentaram rendimentos químicos inferiores a 20% forneceram resultados discrepantes. Isto reforça que a combinação baixo rendimento - baixíssima concentração (< 1 ηg/g) inviabiliza a utilização de resultados dessa natureza, devido à falta de exatidão. As concentrações de urânio nas águas investigadas situaram-se no intervalo de 0,090 ± 0,006 ng/g a 66 ± 2ng/g, apresentando de modo geral um decréscimo ao longo do tempo de estudo. Os resultados obtidos indicam que a maior parte do urânio é lixiviada logo nos primeiros dias de contato da rocha com a água. Após cerca de 200 dias, a quantidade total de urânio transferida para a água tende a assumir valores constantes. O desequilíbrio radioativo foi evidenciado em todas as amostras de água analisadas, com razões de atividade entre 1,98 ± 0,07 e 3,29 ± 0,03, apontando elevado enriquecimento de 234 U em relação ao 238U. Este fenômeno foi principalmente causado pela lixiviação do 234U oxidado e pelo efeito do recuo alfa. Esta característica era esperada, porque o desequilíbrio radioativo é comum em águas superficiais e subterrâneas. Embora a concentração de urânio das quatro rochas analisadas seja a mesma, considerando-se as incertezas analíticas, a quantidade lixiviada deste elemento variou significativamente, observando-se um maior enriquecimento nas águas que percolaram o Granito Salto. Este resultado se deve provavelmente ao fato da apatita, que é um mineral portador de urânio, sofrer alteração sob as condições experimentais empregadas, liberando esse elemento para a água. Agradecimentos: Ao CNPq pelo apoio financeiro ao projeto de pesquisa.