GOVERNO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS - ENSINO MÉDIO POR BLOCOS DISCIPLINA GEOGRAFIA CARGA HORÁRIA POR BLOCO: 80 h/a Justificativa A discussão da Geografia no ensino médio oferece subsídios para que o aluno conheça a (re) organização do espaço na perspectiva das dimensões econômica, política, socioambiental, cultural e demográfica. O conhecimento inter-relacionado dessas dimensões aprimora a compreensão sobre os fenômenos naturais e humanos, evidenciando aspectos sócio-espaciais presentes na organização dos diferentes lugares. Entender esses processos e ações que compõem os diferentes fenômenos através da análise em escalas local, regional, nacional e mundial é fundamental para que o sujeito possa perceber-se como parte do processo de (re) organização espacial, e dessa forma atuar na busca por melhorias que incidam diretamente no espaço por ele ocupado. Fundamentos Teórico Metodológicos A Geografia, como as demais áreas do saber que compõem a matriz curricular das escolas de educação básica, procura desenvolver no aluno a capacidade de observar, analisar, interpretar e pensar criticamente a realidade tendo em vista a sua transformação.(Oliveira 1). Estes, ao nosso ver, não são os objetivos exclusivos da Geografia, mas de todo processo educativo. O ensino da Geografia deve particularmente possibilitar ao aluno compreender o espaço produzido pela sociedade em que vivemos, as relações de produção que se desenvolvem e a apropriação que essa sociedade faz da natureza e as desigualdades e contradições presentes neste. Isto deve permitir desenvolver procedimentos para captar a realidade, internalizar métodos e ter consciência da espacialidade das coisas . (CAVALCANTI, 2005)2 A abordagem dos conteúdos geográficos, de acordo com as orientações das Diretrizes Curriculares Estaduais, deve contemplar a discussão dos principais conceitos que fundamentam a disciplina, são eles: região, território, lugar, paisagem, natureza e sociedade. Os conteúdos vinculados a cada conceito devem ser abordados com base nas categorias de análise espaçotempo e sociedade-natureza, tendo em vista que ambas são essenciais para a análise da (re)organização espacial. Nesse sentido, é fundamental a utilização de questionamentos presentes nas Diretrizes Curriculares (O que? Como é este lugar? Por que este lugar é assim? Por que as coisas estão dispostas desta maneira no espaço geográfico? Quais as consequências deste ordenamento espacial?) e linguagens (cartográfica, literária, imagéticas, etc) que direcionam e auxiliam – respectivamente – as reflexões geográficas e garantam uma abordagem do objeto de estudo da Geografia - o espaço geográfico. 1 Oliveira, A. U. Educação e ensino de Geografia na realidade brasileira. In: ______. (org.). Para onde vai o ensino da Geografia? 9ª.ed. São Paulo: Contexto, 2008. 2 Cavalcanti, Lana. Ensino de Geografia e diversidade: construção de conhecimentos geográficos escolares e atribuição de significado pelos diversos sujeitos do processo de ensino. In: Castelllar, S. Educação Geográfica: teorias e práticas docentes. São Paulo. Contexto, 2005. Para a organização do fazer pedagógico o professor precisa considera a possibilidade de usar outros espaços para desenvolver a aula, os diversos materiais e recursos a serem utilizados e o tempo da aula. Ter claro o tempo disponível para a aula é fundamental, pois este determina o quanto se pode desenvolver do conteúdo, o ritmo das atividades a serem realizadas e se o tipo de atividade escolhida pode ser concluída ou realizada. Quando se analisa os aspectos metodológicos do Ensino Médio por Blocos percebe-se a necessidade de adequação do fazer pedagógico a fim de ajustar a discussão dos conteúdos à organização das aulas geminadas (duplas) e em um formato mais concentrado de aulas, com um número menor de disciplinas por semestre. Considerando esse aspecto temporal é possível quanto há uma diversificação do fazer metodológico, aprofundar os conteúdos discutidos em sala de aula e avalia-los ainda na mesma aula. Esta nova forma de organização do tempo da aula, possibilita uma maior diversificação dos recursos, trabalhando com análise de gráficos e mapas (construção e (re) construção), pesquisas, recortes de filmes, interpretações de imagens, produção de textos, músicas entre outros. Permitindo ainda um maior aprofundamento na discussão dos conteúdos e auxiliam nas relações interdisciplinares, já que é possível apropriar-se de discussões de outras ciências para a abordagem dos conteúdos geográficos. Conteúdo Básico por série As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná (DCE) entendem que os conteúdos básicos são conhecimentos imprescindíveis para a formação conceitual dos estudantes. Partindo dos conteúdos básicos apresentados nas DCE, que apresenta uma listagem para o ensino médio sem seriação, propõem-se aqui, para o Ensino Médio por Bloco uma seriação e sequenciação dos conteúdos básicos a ser desenvolvida. Enfatiza-se que os conteúdos básicos recebem abordagens diversas a depender do conteúdo estruturante a que se relaciona. 1ª Série A formação e transformação das paisagens. e produção. A dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de tecnologias de exploração geográfico. A distribuição espacial das atividades produtivas e a (re)organização do espaço produção. territorial. A formação, localização, exploração e utilização dos recursos naturais. A transformação técnico-científica-informacional e os novos arranjos no espaço da O espaço rural e a modernização da agricultura. O espaço em rede: produção, transporte e comunicação na atual configuração Formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios. O comércio e as implicações sócio-espaciais. 2ª Série As diversas regionalizações do espaço geográfico. O espaço rural e a modernização da agricultura. A circulação de mão-de-obra, do capital, das mercadorias e das informações. As relações entre o campo e a cidade na sociedade capitalista. A formação, o crescimento das cidades, a dinâmica dos espaços urbanos e a urbanização recente. Os movimentos migratórios e suas motivações. As manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural. O comércio e as implicações sócio-espaciais. 3ª Série produção. A revolução técnico-científica-informacional e os novos arranjos no espaço da A circulação de mão-de-obra, do capital, das mercadorias e das informações. Formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios. estatísticos. A transformação demográfica, a distribuição espacial da população e os indicadores Os movimentos migratórios e suas motivações. As manifestações sócio-espaciais da diversidade cultural. As diversas regionalizações do espaço geográfico. As implicações sócio-espaciais do processo de mundialização. A nova ordem mundial, os territórios supranacionais e o papel do Estado. Seriação/Carga horária Os conteúdos específicos relacionados a seguir compreendem alguns exemplos de uma divisão temporal a ser trabalhado. Enfatiza-se que há outros olhares sobre estes conteúdos considerando os conteúdos estruturantes: Dimensão Econômica, Dimensão Política. Dimensão Socioambiental e Dimensão Cultural e Demográfica do Espaço Geográfico. 1º ano Conteúdo Básico Especificidade da abordagem na série A formação e transformação das paisagens. Os elementos naturais e culturais que compõem as diferentes paisagens e as alterações provocado pela sociedade de acordo com seu interesses: econômicos, sociais e políticos. A dinâmica da natureza e sua Os elementos naturais das paisagens (tipo de solo, alteração pelo emprego de clima, vegetação, hidrografia, relevo) sua distribuição e tecnologias de exploração e transformação: tempo da natureza, dinâmica da produção. natureza, os domínios morfoclimáticos brasileiros e a alteração das paisagens terrestre. A distribuição espacial das atividades produtivas e a (re)organização do espaço geográfico. A relação das atividades produtivas com a dinâmica hidrológica: alteração do curso dos rios (represas), agricultura irrigada, fonte de energia, via de transporte, erosão e sedimentação costeira, poluição das águas. h/a 4 6 6 A produção agrícola nas comunidades quilombolas e indígenas no Brasil e diferentes manifestações culturais no campo. 4 Os complexos agroindustriais e a produção para a exportação: expansão das fronteiras agrícolas e a produção de materiais-primas. 6 A atividade industrial, a produção e os impactos socioambientais: aquecimento atmosférico, a poluição e a crise da água, poluição do solo, alterações climáticas e outros. A formação, localização, exploração e utilização dos recursos naturais. A exploração dos recursos naturais (renováveis e não renováveis) para a produção de energia: bio combustível, energia nuclear, eólica, carbonífera e suas implicações na ocupação do espaço. 6 6 6 Os recursos naturais (vegetal, animal e mineral) e as ações políticas para sua preservação: o extrativismo, sua importância na produção de matérias-primas, os conflitos gerados pela escassez e uso, e os acordos ambientais internacionais. Os avanços tecnológicos da/na indústria e sua A revolução técnico-científicadistribuição espacial: tecnopólos, indústrias globais e informacional e os novos Industrialização nos países pobres. arranjos no espaço da produção. O desenvolvimento da biotecnologia e os impactos na produção no espaço rural: transgênicos, Revolução Verde, agricultura orgânica. 6 As alterações espaciais resultantes da mecanização do campo, uso de agrotóxicos, insumos e o emprego de novas tecnologias na produção agropecuária. 6 O espaço rural e a modernização da agricultura. O uso e preservação do solo nos diferentes sistemas de produção agrícola: agricultura familiar, terraceamento (jardinagem), agronegócio. 6 6 Redes de transportes (portos aeroportos, rodovias, O espaço em rede: produção, transporte e comunicação na hidrovias), de comunicação e a circulação de produtos, pessoas e matérias primas. atual configuração territorial. 4 Formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios. A reconfiguração dos territórios e os impactos culturais, demográficos e econômicos : a dispersão das atividades produtivas. 4 O comércio e as implicações sócio - espaciais Protecionismo comercial e as barreiras alfandegárias e zoofitossanitárias: subsídios a produção agrícola européia e norte americana e as implicações para a agricultura dos países emergentes e pobres. Total de horas aula 4 80 2º ano Conteúdo Básico As diversas regionalizações do espaço geográfico. h/a Especificidade da abordagem na série A formação territorial brasileira em sua relação com os contrastes e semelhanças regionais. As diversas possibilidades de regionalizar o Brasil: regiões geoeconômicas, macrorregiões do IBGE, regiões de planejamento Estrutura agrária e a distribuição de terras no Brasil. O espaço rural e a modernização da agricultura. A expansão das fronteiras agrícolas e os impactos culturais, demográficos e econômicos no Brasil. Demarcação dos territórios indígenas e os conflitos resultantes da invasão das áreas pelas mineração e agricultura (grileiros). As implicações espaciais dos movimentos sociais dos trabalhadores rurais: áreas de assentamento e de disputa no Brasil. A circulação de mão-de-obra, Novas tecnologias e a alteração do espaço rural: do capital, das mercadorias e mecanização do campo, a (re) estruturação do trabalho, os complexos agroindustriais e a produção para a exportação das informações. 6 4 4 4 4 4 6 As relações entre o campo e a cidade na sociedade capitalista. Interdependência econômica, cultural, demográfica e política entre o campo e a cidade: produção e comercialização, políticas públicas, migrações etc. 4 A formação, o crescimento das cidades, a dinâmica dos espaços urbanos e a urbanização recente. Áreas de segregação no espaço urbano: favelas, condomínios fechados e outros, na espacialização das desigualdades sociais. 4 Ocupação do território por diferentes grupos sociais e étnicos: os micro territórios. 2 A espacialização das desigualdades sociais: especulação imobiliária, a periferias, e a ocupação das áreas de risco em sua relação como o crescimentos das cidades. 4 Urbanização desigual: conurbação, hierarquia das cidades, as cidade globais, as megalópole, metrópole, cidades grandes, cidades médias. 4 As implicações espaciais da formação e crescimento das cidades: função das cidades. Utilização e distribuição da água no espaço urbano: rede de saneamento e poços artesianos. Destino e consequências do lixo doméstico e industrial: aterros sanitários, reciclagem, depósitos impróprios (lixões). Os movimentos migratórios e Êxodo rural e a sua influencia na configuração espacial urbano e rural. suas motivações. Movimentos pendulares entre países e cidades 2 4 4 4 4 decorrentes das atividades econômicas. Deslocamentos mundiais da população motivados por questões econômicas. 4 As diferentes identidade culturais das cidades e o As manifestações socioespaciais da diversidade reordenação do espaço urbano: cidades sagradas, turísticas, os micro territórios urbanos. cultural. 4 O comércio e as implicações sócio - espaciais 4 Os espaços do consumo: ruas comerciais, shopping centers, feiras, hipermercados, espaços de lazer e suas implicações sócio-espaciais. Total de horas aula 80 3º Ano Conteúdo Básico h/a Especificidade da abordagem na série A revolução técnico-científica- A importância da revolução técnico-científica informacional informacional e os novos em sua relação com os espaços de produção, circulação arranjos no espaço da de mercadorias, e nas formas de consumo. produção. A revolução técnico-científica-informacional e os novos arranjos no espaço da produção: tecnopolos e as cidades globais. 4 A circulação de mão-de-obra, O comércio mundial: fronteiras internacionais, tratados do capital, das mercadorias e multilaterais e as organizações econômicas internacionais (FMI, Banco Mundial, OMC) das informações. 4 Formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios. A fragmentação dos territórios no pós Guerra Fria formação de novas territorialidades na Europa e Àsia 4 e 6 A constituição dos microterritórios e o comércio ilegal: contrabando, narcotrafico, o poder das milicias 4 Crescimento populacional – teorias demográficas, expectativa de vida, estrutura etária, taxa de fecundidade, transição demográfica, taxa de natalidade e mortalidade, envelhecimento da população e as políticas de planejamento familiar. 6 A distribuição espacial da população e os indicadores e socioeconômicos.-renda, população economicamente ativa, distribuição da população por faixa salariais, empregos por setor de atividade, escolaridade. 4 Os movimentos migratórios e Os deslocamentos populacionais decorrentes de fatores econômicos, políticos, ambientais e religiosos: os suas motivações. refugiados e zonas de atração e repulsão. 4 A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população. As políticas migratórias dos países ricos e as restrições aos imigrantes pobres: as ações xenofóbicas e a reafirmação da identidade cultural da nações. 4 As manifestações culturais dos diferentes grupos étnicos As manifestações socioespaciais da diversidade evidenciado na paisagem. cultural. 4 As diversas regionalizações do espaço geográfico. A nova ordem mundial no século XXI: as novas regionalizações espaciais e a formação dos Blocos Econômicos. 6 A formação dos Estados nacionais: a formação do território brasileiro e os processos de descolonização na América e Àfrica. 6 A constituição dos microterritórios e o comércio ilegal: contrabando, narcotráfico, o poder das milicias. 4 Os países emergentes e as mudanças na divisão internacional do trabalho: as áreas de produção. 6 Novos papéis das organizações internacionais mediação de conflitos internacionais: ONU e OTAN. 4 As implicações socioespaciais do processo de mundialização. A nova ordem mundial, os territórios supranacionais e o papel do Estado. na A formação dos territórios supranacionais decorrente das relações econômicas e de poder na nova ordem mundial. Internacionalização do capital e o sistema financeiro: o Neoliberalismo, abertura econômica e seus impactos econômicos e sociais nos espaços nacionais. Total de horas aula 6 4 80 h Avaliação A avaliação dos conteúdos da Geografia, de acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais. se dá através de um processo de intervenção contínua, diagnóstica e processual, de modo que ofereça ao aluno várias possibilidades de demonstrar seu aprendizado. O processo avaliativo deve ser utilizado dialeticamente, como instrumento de análise do processo ensino-aprendizagem, permitindo visualizar as fragilidades dessa relação e permitindo ao professor rever continuamente sua prática metodológica. Assim, a partir da seleção e sistematização dos conteúdos, o professor deve definir os critérios a serem utilizados para avaliar o conhecimento adquirido pelos alunos no processo ensino-aprendizagem. A definição dos “critérios tem por finalidade auxiliar a prática pedagógica do professor, posto que é necessário uma constante apreciação do processo de ensino-aprendizagem” (BATISTA, 2008) Os instrumentos de avaliação necessitam ser diversificados, fazendo uso da interpretação de textos, fotos, mapas, figuras, gráficos, tabelas e mapas; relatórios; pesquisas; seminários; construção de mapas e maquetes, etc. Tomando um conteúdo específico estabelecer-se-ão os critérios e os instrumentos de avaliação. Por exemplo: Conteúdo específico: os elementos naturais e culturais que compõem as diferentes paisagens e as alterações provocado pela sociedade de acordo com seu interesses: econômicos, sociais, políticos ; estabelece-a os critérios e os instrumentos de avaliação; Critérios de avaliação: O aluno deverá reconhecer os interesses que levaram as mudanças na paisagem localizada no entorno do lugar onde mora. Instrumento de avaliação: Produção de um texto. Portanto, selecionar os conteúdos, organizar o encaminhamento metodológico, definir critérios e escolher instrumentos de avaliação são elementos relacionados entre si. Elementos estes que repercutem no processo ensino aprendizagem dos alunos. Com o resultado da avaliação o professor tem condições de analisar o resultado de seu trabalho e a possibilidade de replanejar e inovar constantemente suas aulas. Referências Bibliográficas BATISTA, A.M.P. Critérios de avaliação com enfoque no Ensino Médio, OAC. PDE SEED, 2008. CALAI, H.C. O Ensino de Geografia: recortes espaciais para análise. In CASTROGIOVANNI, A . C. et all (org). Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Porto Alegre; ed. da UFRGS/AGB, 2003 CARLOS, A. F. A. (org.) A Geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999. CASTROGIOVANNI, A. C. (org.) Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Porto Alegre: Ed. UFRS, 1999. CAVALCANTI, L. de S. Geografia, escola e construção de conhecimento. Campinas: Papirus, 1998. CORRÊA, R. L. Região e organização espacial. São Paulo Ática, 1986. GOMES, P. C. da C. O conceito de região e sua discussão. In: CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da C e CORRÊA, R. L. (Orgs.) Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. GOMES, P. C. da C. Geografia e Modernidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. KAERCHER, N. A. Desafios e utopias no ensino de geografia. In CASTROGIOVANNI, A. C. (org.) Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Porto Alegre: Ed. UFRS, 1999. KATUTA, A. M. A linguagem cartográfica no ensino superior e básico. In: PONTUSCHKA, N. N.; OLIVEIRA, A. U. de (Orgs.) Geografia em perspectiva. São Paulo: Contexto, 2002. PONTUSCHKA, N. N.; OLIVEIRA, A. U. de Geografia em perspectiva: ensino e pesquisa. São Paulo: Contexto, 2002. SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996. ______. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1988. SCHAFFER, N. O. Guia de percurso urbano. In: CASTROGIOVANNI, A. C. (org.) Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Porto Alegre: Ed. UFRS, 1999. SIMIELLI, M. E. R. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: CARLOS, A. F. A.(Org.) A Geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999. SOUZA, M. J. L. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, I. E. et. al. (Orgs.). Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand, Brasil, 1995. VLACH, V. R. F. O ensino da Geografia no Brasil: uma perspectiva histórica. In: VESENTINI, J. W.(org.). O ensino de Geografia no século XXI. Campinas: Papirus, 2004. Ensino Médio em Blocos Proposta de sequencia didática Conteúdo Básico: O espaço em rede: produção, transporte e comunicação na atual configuração territorial. Conteúdo Estruturante: Dimensão política do espaço geográfico. Conteúdo Específico: Redes de transportes (portos, aeroportos, rodovias, hidrovias), de comunicação e a circulação de produtos, pessoas e matérias-primas Tempo: 4 aulas Recursos didáticos: Texto: “Redes: emergência e organização” - Leila Christina Dias Texto: “O binômio território-rede e seu significado politico-cultural” - Rogério Haesbaert Texto: “Por uma Geografia do movimento” - Milton Santos e Maria Laura Silveira Folhas: “Que tal uma volta?!” - Rosa Maria Nath Texto: “Abordagens pedagógicas do teatro na educação” - Ricardo Japiassu Problematização - Discutir com os alunos a configuração do espaço brasileiro a partir do crescimento das vias de transporte, considerando o histórico dessa organização que mostra como as rodovias predominam sobre as ferrovias. Problematizar sobre o surgimento das redes como elementos de territorialização do espaço, destacando agentes e elementos responsáveis por esse processo (merece destaque o processo de concessão das rodovias). Metodologia – Ler o texto “Redes: emergência e organização” como fundamento teórico para o professor discutir a organização do espaço a partir das redes. Ler o Folhas “Que tal uma volta?!” para entendimento do conteúdo abordado. Selecionar trechos para efetuar a leitura juntamente com os alunos (é importante o exercício da leitura). O professor fará a relação entre os textos sempre problematizando o conteúdo discutido (permitindo intervenções dos alunos nas discussões). A nomenclatura das rodovias brasileiras deverá ser utilizada como pretexto para a problematização sobre a formação de redes e territórios pelas iniciativas pública e privada, mostrando como as relações de poder se manifestam espacialmente. Vale destacar os elementos que estão fixados no espaço e como eles auxiliam na circulação espacial. Utilizar a teoria dos “fixos e fluxos” de Milton Santos como embasamento para a discussão. Atividades - Para garantir a compreensão do conteúdo, solicite que cada aluno desenvolva um pequeno texto dissertativo – no mínimo 10 linhas – que sintetize as informações sobre o processo de territorialização pela implantação das vias de transporte (é importante a prática da escrita). Além disso, desenvolva com os alunos – aproveitando-se da interdisciplinariedade com Arte – um jogo teatral que envolva elementos presentes na discussão anterior, ou seja, do processo de territorialização pelos fixos e fluxos do sistema de transporte no Brasil. (Utilizar como fundamentação o texto “abordagens pedagógicas do teatro na educação”). Exemplo: Em grupos com seis alunos (ou conforme a realidade da turma),recorte a temática e peça que cada pessoa diga uma frase – estabelecendo um diálogo - sobre a temática. A qualquer momento o professor pede pra “trocar” e imediatamente o último que falou tem de usar a mesma frase com outras palavras, mas sem perder o sentido do tema maior. Não esquecer que é preciso estabelecer um diálogo entre os jogadores, para que ninguém fique sem participação no jogo. Desenvolva o exercício com todos os grupos (contemple toda a turma), para que eles percebam novas características em torno da discussão. Quando todos os grupos concluírem, faça reflexões sobre as idéias surgidas durante o jogo e solicite uma revisão do texto produzido a fim de complementar as informações que já haviam sido registradas. Obs.: No folhas “Que tal uma volta?!” são sugeridas algumas atividades que complementam o entendimento da temática. São mais algumas opções! Avaliação – No processo de avaliação deverá ser percebido se o aluno conseguiu compreender os elementos e agentes responsáveis pela formação de território, sem perder de vista as redes como elementos da territorialização. Atentar-se para os exemplos trazidos por eles durante o desenvolvimento do jogo teatral e para os elementos que estão presentes nos textos produzidos. Os textos poderão ser coletados para leitura e análise do aprendizado de cada aluno. Considerar os aspectos que estão contemplando a reorganização do espaço geográfico, ou seja, elementos, agentes e ações. Atentar-se para o processo de aprendizagem, tirando o foco somente do final. Referências Bibliográficas DIAS. L. C. Redes: emergência e organização. In.: CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da C.; CORREA, R. L. (Orgs.). Geografia: conceitos e temas. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. HAESBAERT, R. Territórios alternativos. 2ª. ed. São Paulo: Contexto, 2006. JAPIASSU, R. O. V. Metodologia do ensino de teatro. Campinas: Papirus, 2001. NATH, R. M. Que tal uma volta?! Disponível em: <http://www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/folhas/frm_detalharFolhas.php?codInscr=3616&PHP SESSID=2010010810471984>. Acesso em 08/01/2010. SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 8ª. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005. Ensino Médio por Blocos Proposta de sequencia didática Conteúdo básico: O espaço rural e a modernização da agricultura. Conteúdo estruturante: Dimensão Cultural e Demográfica do Espaço Geográfico Conteúdo especifico: A produção agrícola nas comunidades quilombolas no Brasil e diferentes manifestações culturais no campo Tempo: 04 aulas Recurso didáticos: Textos: O Desafio da Agricultura Familiar - Alberto Duque Portuga Documentário: Quilombolas de João Sura -200 anos Mapa: Mapa politico do Paraná. Problematização: De que forma o desenvolvimento da agricultura familiar, repercutem na organização espacial das comunidades Quilombolas, localizadas no estado do Paraná? Identificando as relações existentes entre a atividade agrícola e as manifestações culturais. Metodologia: O texto a seguir tem por objetivo auxiliar os alunos no entendimento da agricultura familiar, sua influencia no desenvolvimento econômico das pequenas cidades e nas comunidades tradicionais (quilombolas, indígenas). A partir do texto é possível discutir com os alunos sobre este tipo de agricultura, onde é desenvolvida, sua importância na economia brasileira, sua diferenciação regional. Texto I O Desafio da Agricultura Familiar (07/12/2004) Alberto Duque Portugal A chamada agricultura familiar constituída por pequenos e médios produtores representa a imensa maioria de produtores rurais no Brasil. São cerca de 4,5 milhões de estabelecimentos, dos quais 50% no Nordeste. O segmento detêm 20% das terras e responde por 30% da produção global. Em alguns produtos básicos da dieta do brasileiro como o feijão, arroz, milho, hortaliças, mandioca e pequenos animais chega a ser responsável por 60% da produção. Em geral, são agricultores com baixo nível de escolaridade e diversificam os produtos cultivados para diluir custos, aumentar a renda e aproveitar as oportunidades de oferta ambiental e disponibilidade de mão-de-obra. Este segmento tem um papel crucial na economia das pequenas cidades - 4.928 municípios têm menos de 50 mil habitantes e destes, mais de quatro mil têm menos de 20 mil habitantes. Estes produtores e seus familiares são responsáveis por inúmeros empregos no comércio e nos serviços prestados nas pequenas cidades. A melhoria de renda deste segmento por meio de sua maior inserção no mercado tem impacto importante no interior do país e por consequência nas grandes metrópoles. Esta inserção no mercado ou no processo de desenvolvimento depende de tecnologia e condições político-institucionais, representadas por acesso a crédito, informações organizadas, canais de comercialização, transporte, energia, etc. Este último conjunto de fatores normalmente tem sido a principal limitante do desenvolvimento. Embora haja um esforço importante do Governo Federal com programas como o Pronaf, programas estaduais de assistência técnica e associativismo há um imenso desafio a vencer. (…) O desafio é maior se for considerada a diversidade de situações. Quando se analisa o cenário em que se insere a agricultura familiar observa-se que os problemas são diferentes para cada região, estado ou município. No Norte há dificuldades de comercialização pela distancia dos mercados consumidores e esgotamento da terra nas áreas de produção. No Nordeste são minifúndios inviáveis economicamente. No Sudeste é a exigência em qualidade e saudabilidade dos produtos por parte dos consumidores. No Sul é a concorrência externa de produtos do Mercosul. (…) Os exemplos são inúmeros. No Norte destacam-se a exploração econômica do palmito de pupunha e de frutas tópicas da região, a utilização de plantas nativas como a pimenta longa para produzir safrol ou a produção de sementes de dendê, livre de doenças, para exportação. No Nordeste, o controle da produção, processamento e comercialização por parte dos pequenos produtores, com a utilização de uma mini-usina de descaroçar e enfardar algodão, aumentou substancialmente a renda das famílias de um município da Paraíba. Pequenas fábricas de processamento da castanha de caju, paralelamente ao treinamento de mão-de-obra, permitiram que os pequenos agricultores comercializassem sua produção no mercado externo. São 120 unidades em cinco estados com capacidade anual de processar 20 mil toneladas de castanha. No setor de agricultura irrigada, o pequeno agricultor tem tido participação ativa na fruticultura que apresenta boa rentabilidade além de sinalizar um processo de desconcentração de renda na economia regional. No Sudeste e Sul é cada vez mais perceptível a transformação de pequenas comunidades rurais em unidades de processamento de frutas, legumes, lacticínios e agricultura orgânica. Hoje, nas prateleiras dos supermercados podemos encontrar uma diversidade de produtos oriundos dessas comunidades, com marca própria e registro nos órgãos oficiais de defesa sanitária. São várias associações que estão procurando padronizar o sabor de nossa cachaça para atender ao mercado externo que tem se mostrado ávido por esta bebida. No turismo rural, outra alternativa de renda para os pequenos produtores. São trilhas, pousadas, pequenos hotéis que oferecem aos turistas urbanos comidas típicas, a experiência de vida na zona rural, passeios ecológicos, etc. Em todos esses casos a pesquisa agropecuária esteve presente. Fornecendo novas variedades e cultivares mais produtivos e resistentes às doenças, disponibilizando novos processos de transformação do produto agrícola, contribuindo para qualificação da mão-de-obra para o uso das novas tecnologias e discutindo com os produtores quais as tecnologias, processos e serviços que a pesquisa agropecuária precisa desenvolver para a agricultura familiar.(...) Alberto Duque Portugal é diretor-presidente da Embrapa. Este artigo foi publicado na Revista Agroanalysis, no mês de março. Fonte: http://www.embrapa.br/imprensa/artigos/2002/artigo.2004-12-07.2590963189/. Acesso: 30 dez 2009. Atividade Com base no texto anterior, responda: 01 – Analise a importância da agricultura familiar nas pequenas cidades brasileiras. 02 – Faça um comparativo entre as regiões brasileiras, de acordo com o IBGE, sobre o desenvolvimento da agricultura familiar em cada uma delas. Após o levantamento elabore um mapa do Brasil com os produtos agrícolas que se destacam em cada uma das regiões. Elabore uma legenda que facilite o entendimento de seu mapa. 03 – Além da produção agrícola nas propriedades onde a agricultura familiar é desenvolvida, há outras possibilidade de obtenção de renda? Justifique. 04 – De acordo com o censo agropecuário de 2006, realizado pelo IBGE, a agricultura familiar era responsável por 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café (parcela constituída por 55% do tipo robusta ou conilon e 34% do arábica), 34% do arroz, 58% do leite (composta por 58% do leite de vaca e 67% do leite de cabra), 59% do plantel de suínos, 50% das aves, 30% dos bovinos e, ainda, 21% do trigo. A cultura com menor participação da agricultura familiar foi a soja (16%). Que conclusão podemos formular a partir destes dados. Metodologia: É necessário trabalhar a diversidade cultural na Geografia, considerando as características do território dos diferentes grupos étnicos e culturais que convivem no espaço nacional. Analisando as espacialidades das desigualdades socioeconômicas que permeiam a sociedade brasileira, levando os aluno ao entendimento dos diferentes territórios existentes no Brasil. Em especial os territórios quilombolas organizados no estado do Paraná, no Vale do Ribeira e as atividades econômicas desenvolvidas por eles. O vídeo disponibilizado em http://www.youtube.com/watch?v=1gcX-khUkPU, é possível discutir com os alunos a forma de organização da Comunidade Quilombola de João do Surá, localizado no município de Adrianópolis, no Vale do Ribeira, Paraná. Na sequência apresentamos uma atividade avaliativa que tem por objetivo levar o aluno a conhecer melhor como uma comunidade quilombola apresenta-se organizada, como as relações sociais ocorrem, como são desenvolvidas as atividades econômicas. Com a atividade além do conhecimentos geográfico abre a possibilidade de ampliar discussão com um foco sociológico. Para efetivar a relação interdisciplinar com sociologia alguns questionamentos podem abrir a discussão como: Quem são os sujeitos que fazem parte das comunidades Quilombolas? De que forma ocorre a integração das comunidades Quilombolas com a sociedade como um todo? Os endereços a seguir relacionados possibilitam a ampliação das discussões: http://quilombosnoparana.spaceblog.com.br/323663/CONDICOES-DE-VIDA-DEPRODUCAO-E-A-CULTURA/ http://www.palmares.gov.br/ http://www.koinonia.org.br/oq/quem_somos.asp http://www.mocambos.net/ Após a pesquisa orientar os alunos para a elaboração de uma entrevista coletiva sobre o assunto. A entrevista coletiva poderá ser organizada com os seguintes passos. 1º – Dividir a turma em equipes com aproximadamente 04 alunos. 2º – Orientar os alunos a realizar uma pesquisa sobre as comunidades quilombolas, seguindo os questionamentos da Atividade Avaliativa. 3º - Cada equipe deverá esta munido de elementos sobre estas comunidades, para participarem da entrevista coletiva. 4º – Após a conclusão da pesquisa a sala passará por outra configuração, cada equipe elegerá um representante. 5º – Estes representantes formarão um novo grupo. 6º – O grupo composto pelos representantes de cada equipe, ficará posicionado na frente da sala, e preparados para responderem aos questionamentos da platéia – a entrevista coletiva. 7º – A função da platéia neste momento é questionar o grupo de representantes sobre as comunidades quilombolas. 8º – O professor mediará a entrevista coletiva quando necessário. Atividades avaliativa Quilombo: O que realmente podemos definir por Quilombo? De que forma organizado? Como as pessoas vivem neste lugar? Quais são as atividades econômicas, sociais e culturais desenvolvidas? Qual é o incentivo do governo no desenvolvimento da agricultura familiar? Qual a ligação do desenvolvimento da atividade agrícola e as manifestações culturais? Temos muitos questionamentos sobre as comunidades tradicionais quilombolas, nosso desafio é buscar respostas para elas. Utilizando os Cadernos Temáticos: Educação para as relações étnicoraciais, e História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, os livros: Parana Negro e Tradição e cultura: Cozinha quilombola do Paraná, ambos disponibilizados na escola, entre de outros matérias que embasaram na busca de informações sobre o assunto. A pesquisa sobre os Quilombos servirá de base para a montagem da entrevista coletiva a ser desenvolvida/apresentada nas próximas aulas. Referências para consulta ANJOS, R. S. A. dos. A geografia, a África e os Negros Brasileiros. In: MUNANGA, Kabengele (org). Superando o racismo na escola: Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Fundamental, 2008. ARAÚJO. S. Tradição e cultura: cozinha quilombola do Paraná. Curitiba: SEED, PR, 2008. COSTA, P. A. B., JÚNIOR, J. G., SILVA, G. L. da. (org). Paraná Negro. Curitiba: UFPR/ PROEC, 2008. PARANÁ, SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Cadernos temáticos: inserção dos conteúdos de história e cultura afro=-brasileira e africana nos currículos escolares, Curitiba: SEED-PR, 2005. PARANÁ, SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. História e cultura afro-brasileira para as relações étnico-raciais/ Paraná. Curitiba: SEED-PR, 2006. http://www.embrapa.br/imprensa/artigos/2002/artigo.2004-12-07.2590963189/. www.itcg.pr.gov.br/arquivos/File/Quilombos.pdf http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1466&id _pagina=1 http://quilombosnoparana.spaceblog.com.br/323663/CONDICOES-DE-VIDA-DEPRODUCAO-E-A-CULTURA/ http://www.palmares.gov.br/ http://www.koinonia.org.br/oq/quem_somos.asp http://www.mocambos.net/