PROVA 3 Exercício 1: No vale da Sabedoria vivem 5000 indivíduos, todos com o mesmo nível de rendimento, no montante de M. Você é o gestor de uma empresa que deseja vender livros e revistas para este Vale, estando, por isso, interessado em conhecer melhor o potencial deste mercado. Estudos de mercado indicaram que as preferências de cada um destes indivíduos podem ser descritas por U ( x, y, z ) ln( x) ln( y ) z , onde x e y representam as quantidades consumidas de livros e revistas, respectivamente, e z representa o rendimento utilizado no consumo dos restantes bens. a) Escreva a restrição orçamental de cada habitante do Vale, sendo Px e Py os preços de livros e revistas, respectivamente. Explique cuidadosamente. Resolução: A restrição orçamental seria: px x p y y z M . b) Determine as funções procura individuais e agregadas dirigidas a livros e a revistas. (Cotação: 1.5 valores) Resolução: As funções de procura individuais resultam de resolver o problema: Max ln x ln y z . s.a. p x x p y y z M As condições de primeira ordem levariam a: 1 1 x p x x p x 1 p 1 y y , y py 1 z M p x p y x y p x p y z M y x onde as duas primeiras são as expressões das funções de procura individual de livros e revistas, respectivamente. As funções procura agregadas serão: 5000 x p x . y 5000 py 1/6 c) Os bens livros e revistas são substitutos ou complementares? Quanto aumentaria a procura de cada um dos bens se o rendimento aumentasse em 1%? Resolução: Os bens são independentes, porquanto as elasticidades preço cruzadas são nulas. Por outro lado, se o rendimento aumentasse, as procuras manter-se-iam constantes, sendo o acréscimo de rendimento integralmente dispendido em outros bens. d) Suponha que o rendimento de cada habitante do Vale é igual a 100 e que os preços de livros e revistas são, respectivamente, p x 1 e p y 0.5 . Quantos livros e quantas revistas espera vender no Vale, se alcançar 10% de quota de mercado? Resolução: Substituindo os valores nas funções procura agregada, obter-se-ia a procura total de 5000 livros e 10000 revistas. Se a empresa alcançar uma quota de mercado de 10% venderá 500 livros e 1000 revistas. Exercício 2: Uma certa empresa tem uma função de custos de curto prazo descrita por C ( q, K ) q3 1 2 q K 2 q , onde q é a quantidade produzida e K é o factor K 2 fixo no curto prazo. a) Verifique que a função de custos de longo prazo é descrita por C (q, K ) 2q 2 q . Qual o nível óptimo de K, para cada nível de produção? Resolução: O nível óptimo de longo prazo para o factor K obtém-se resolvendo o problema: q3 1 2 min K C (q, K ) q K 2 q , K 2 ou seja: q3 2 K 0 K q. K Portanto, substituindo esta função por K na função de custos de curto prazo obtém-se a função de custos de longo prazo, C (q, K ) 2q 2 q . Na sequência de uma política de liberalização dos preços das matérias primas, os custos desta empresa são incertos (dependendo dos preços internacionais das matérias primas), podendo assumir o valor de 45 com probabilidade 0.6 ou de 105 com probabilidade 0.4. A empresa é neutra ao risco e, em virtude de utilizar 2/6 contratos de longo prazo para a venda do seu produto, necessita de decidir a quantidade a produzir antes de saber qual o custo das matérias primas. Esta empresa é monopolista na produção deste bem, cuja procura é descrita pela expressão Q( p) 225 p . b) Qual a quantidade que a empresa vai produzir? Que preço praticará? Qual o lucro esperado? (Cotação: 1.5 valores) Resolução: Sendo neutra ao risco a empresa vai escolher a sua produção de forma a maximizar o seu lucro esperado: Max q 225 qq 2q 2 0.6 45 0.4 105q , ou seja: 225 2q 4q 69 0 q 26 . O preço será 199 e o lucro esperado será 2028. c) Quais os motivos que poderão justificar que a empresa deseje utilizar contratos de longo prazo para a venda do seu produto? Resolução: A empresa deverá utilizar contratos de longo prazo quando existir a possibilidade de comportamento estratégico, após a produção, por parte do comprador. Talvez seja o caso de a empresa produzir um produto com elevado grau de especificidade, que não possa ser facilmente vendido a outro comprador. d) Quererá a empresa realizar um contrato de longo prazo que permita fixar os preços das matérias primas, de tal modo que a função de custos seja sempre a menor (isto é C (q) 2q 2 45q )? Quanto é que a empresa estaria disposta a pagar por esse contrato? Resolução: Caso os custos da empresa fossem sempre descritos por C (q) 2q 2 45q a produção óptima da empresa resultaria de: Max q 225 q q 2q 2 45q , pelo que: 225 2q 4q 45 0 q 30 . O preço seria 195 e o lucro seria 2700. Portanto, a empresa estaria disposta a pagar até 672 para escrever esse contrato de longo prazo. Suponha que o monopolista realizou o contrato de longo prazo para compra de matérias primas pelo menor preço. Não satisfeitos com o lucro alcançado, os seus administradores desejam aumentar o lucro pelo o que contrataram um consultor externo que lhes propôs a adopção de uma política de descontos. 3/6 e) Qual o desconto óptimo? Será esta a única forma possível de aumentar os lucros? Resolução: A política óptima de descontos permitiria vender a quantidade eficiente: 225 q 4q 45 0 q 36 . O preço a ser pago pela última unidade teria de ser igual a 189. Uma política óptima de descontos poderia então ser a de praticar o preço de 225 e conferir um desconto de 16% (ou seja o preço de 189) nas unidades além de 18. Como é sabido existiriam muitas outras formas de determinar uma política óptima de descontos, mas tal poderia ser feito através de tarifas de duas partes, venda de cabazes de unidades, etc. O governo, entendendo que a empresa tem um poder de mercado excessivo, decidiu proibir a política de descontos de preços (ou qualquer outra discriminação de preços), abrindo também o mercado a outra empresa. A nova empresa, tem a função de custos C B (q B ) 2q B2 85q B . As duas empresas vão competir por via das quantidades. Porém, antecipando a entrada da nova empresa, a empresa já instalada actua como líder de quantidades. f) Quais as quantidades que serão produzidas pelas duas empresas, que preço será praticado e que lucros serão alcançados? (Cotação: 2 valores) Resolução: Trata-se de um duopólio de Stackelberg. A empresa B (seguidora) determina a sua quantidade resolvendo: Max (225 q A q B )q B 2q B2 85q B , pelo que: 140 q A . 225 q A 2q B 4q B 85 q B 6 Então, a empresa A (líder) produzirá por forma a: 140 q A Max 225 q A q A 2q A2 45q A , 6 pelo que: 940 1210 5q A 24q B 270 q A 32.414 . 29 520 5065 1767200 Portanto, q B 17.931 , p 174.655 , A 2101 .308 e 29 29 841 811200 B 964.566 . 841 Passado algum tempo, a concorrência entre as empresas atenuou-se, evoluindo para um acordo implícito de cartel. 4/6 g) Comente a afirmação: “Qualquer que seja a quantidade a produzir pelo cartel, para se alcançar o custo mínimo serão sempre utilizadas as fábricas das duas empresas.” Resolução: O cartel produzirá igualando os custos marginais nas duas fábricas. Como o custo marginal da primeira unidade produzida pela empresa A é igual a 45, e o da empresa B é igual a 85, para valores inferiores a 85 (isto é produções inferiores a 15) só se produzirá na empresa A. h) Calcule as quantidades que cada empresa deve produzir por forma a maximizar o lucro conjunto, o preço de mercado e os lucros das empresas, nestas circunstâncias. Resolução: As produções serão decididas como se de um monopolista com duas fábricas se tratasse: Max 225 q A q B q A q B 2q A2 45q A 2q B2 85q B , pelo que: 225 2q A 2q B 4q A 45 q A 25 . 225 2q A 2q B 4q B 85 q B 15 Os restantes valores são p 185 , A 2250 e B 1050 . i) Será este acordo estável a longo prazo? Responda em termos genéricos sem necessitar de realizar cálculos. (Cotação: 1 valor) Resolução: Este acordo não seria estável a curto prazo. A sua estabilidade a longo prazo depende do factor de desconto. Exercício 3: Descreva brevemente como se determina a função de custos de uma empresa, a partir da função de produção e dos preços dos factores. Resolução: Caso se disponha da função de produção e dos preços dos factores, a função de custos de uma empresa pode ser determinada a partir da resolução do problema de minimização do custo de utilização de factores sujeito à produção de certa quantidade. Exemplificando, se F ( K , L) for a função de produção e rK e rL foram os preços dos factores, resolve-se o problema: min rK K rL L . s.a. F ( K , L) q As condições de primeira ordem levam-nos a: F rK K F K K (q, rK , rL ) , rL L L L(q, rK , rL ) F ( K , L) q 5/6 que são as funções procura de factores. Substituindo estas funções na expressão dos custos obtemos a função de custo: C (q, rK , rL ) rK K (q, rK , rL ) rL L(q, rK , rL ) . 6/6