Poética, Manuel Bandeira O poema Poética de Manuel Bandeira é um dos paradigmas da estética modernista e uma das mais conhecidas bandeiras de luta dos modernistas por esta atualização poética. Podemos dividir o poema em duas partes: repulsa dos elementos da norma padrão e da ordem que transformam a arte em burocracia e pregação e divulgação de um lirismo espontâneo, sem censuras e repressões. Para expressar mais ainda sua insatisfação, o poeta incorpora estereótipos das estéticas anteriores para ironiza-las, utilizando expressões científicas e imagens típicas do cotidiano. As referências aos “lirismo comedido e bem comportado” , “lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo” e “abaixo os puristas” manifestam um desagrado do poeta com relação às valores estéticos formais de composição, típicos do parnasianismo, no qual a rigidez, as normas e a estética controlam a criação poética e faz com o que o poeta pare para verificar um vocábulo no dicionário. Critica a métrica, ou seja o lirismo não é matemática ("parte da tabela de co-senos") ele defende a idéia de liberdade, não ter regra de como fazer os poemas e sim a libertação da inspiração lírica. O poema possui a vanguarda futurista, percebida na exaltação do autor e insatisfação e critica presentes e o expressionismo pelo pessimismo, discurso em primeira pessoa, pela própria opinião e desejo de mudança apresentado ao leitor durante o durante o poema. Percebe-se também o abandono da forma soneto e das pontuações no poema, novamente rompendo com o tradicional nessa primeira fase do modernismo, a chamada fase heróica.