SONDANDO E CONHECENDO O CORAÇÃO DE DEUS 2 Ele é o Senhor e nós, seus servos “Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura. Eis que as primeiras predições já se cumpriram, e novas coisas eu vos anuncio; e, antes que sucedam, eu vo-las farei ouvir.” Is 42.8-9 Em nossa primeira lição, tomamos pleno conhecimento de que nosso Deus está disposto a compartilhar com cada um de nós Seus segredos mais profundos e Seus pensamentos. Este convite se tornou mais evidente após o sacrifico de Jesus, por quem foi estabelecida uma linha de acesso constante à presença do Senhor. “Mas agora, unidos com Cristo Jesus, vocês, que estavam longe de Deus, foram trazidos para perto dele pela morte de Cristo na cruz.” (NTLH) Ef 2.14 Como é que se toma conhecimento de pensamentos? Pensamentos não são aquelas nuvenzinhas retratadas em quadrinhos, que ninguém tem acesso, e muitas vezes são tão confusos, que nem mesmo seus protagonistas sabem dizer exatamente o que pensam. O pensamento é a tradução de algo que está no âmbito cognitivo e necessita ser compartilhado para se tornar efetivo. Ao ser compartilhado, passa por um processo de organização e compreensibilidade, tanto do emissor quanto do receptor que tem acesso a tais pensamentos. Logo, os pensamentos de Deus dizem respeito a todas as coisas que o Senhor tem falado e expressado a respeito de Si, dos Seus mandamentos, das Suas ações, os quais foram e são compartilhadas com Sua Criação. Os pensamentos de Deus não são Seus segredos, se é que Ele tem segredos para Seus filhos e Servos que O buscam de todo o coração. Na realidade, quem procura fazer segredo de si é o homem, não Deus. “Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas.” Am 3.7 “No dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho.” Rm 2.16 “Tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim, prostrando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemunhando que Deus está, de fato, no meio de vós.” 1Co 14:25 Qual o pensamento de Deus mais compartilhado e revelado à humanidade? Que Deus é Senhor! Que Deus exerce Sua soberania acima de tudo que existe, acima de todo pensamento humano, acima de toda ordem estabelecida. A soberania de Deus é suprema e absoluta em todas as dimensões e sobre todos os seres do universo. Face ao Seu senhorio, consequentemente, todos estamos na posição de servos. Por que há pessoas que reagem à idéia de Deus como Senhor traçando um perfil de um Ser distante e indiferente? Para se ter uma idéia do quanto o senhorio e a soberania de Deus tem sido compartilhada com a humanidade, a versão bíblica da língua portuguesa Revista e Atualizada faz uso do termo “Senhor Deus” em mais de 1600 versículos da Bíblia. E por que Deus foi tão assertivo em revelar sua identidade como Senhor? Porque é a Sua identidade propriamente dita. Quando Deus revelou seu nome a Moisés na sarça ardente, nominou-se como EU SOU O SENHOR! “Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros. Disse Deus ainda mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós outros; este é o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração em geração.” Ex 3.14-16 Qual seria o nome de Deus? “EU SOU”, ou “AQUELE QUE É”. Este poderia ser o significado para o nome de Deus, YHVH ( ). Este nome é impronunciável! Os eruditos vêem a pronuncia YAHVEH ou JAVE como a forma mais próxima da real pronuncia. Contudo a pronuncia mais popular é YEHOVAH ou JEHOVAH. Sua utilização surgiu a partir de uma combinação das vogais de outra palavra hebraica que quase sempre está acompanhando-a (YHVH) que é a palavra “ADONAY” ( ), cujo significado é “SENHOR”. Por tal combinação o significado para o nome que Deus atribuiu a si mesmo é: AQUELE QUE É SENHOR. Esta expressão ADONAY JEHOVAH já era de conhecimento dos hebreus pois foi com este nome, ADONAY JEHOVAH, que Deus estabeleceu sua aliança com Abrão em Gênesis 15. Esta Aliança alcançaria a todos os seus descendentes, chegando até aqueles dias, os dias de Moisés. Sendo assim, naquele momento, Deus estava reafirmando literalmente com Moisés a Aliança feita a Abrão, para que ele e todo o povo hebreu se lembrassem dela e de fato reconhecessem que aquela Aliança ainda era válida e continuava legítima. Mas do que Deus é Senhor? Ele é Senhor de tudo e de todas as coisas! Contudo há um aspecto deste senhorio que vale ser ressaltado. Na língua hebraica, para se dar a idéia de posse coloca-se a terminação “Y”. Por exemplo, a palavra El = Deus / Ely = meu Deus; rab = mestre / raby = meu mestre. Esta regra também se aplica à palavra “ADONAY” de modo que além de ser O Senhor, Deus é acima de tudo, o MEU SENHOR E DEUS! O senhorio individual e pessoal é que Deus espera que tenhamos com Ele. Nas palavras reveladas ao profeta Isaías (Is 42.8-9), Deus expressou o quanto Ele estimava ter com Seu povo um relacionamento íntimo, pessoal, exclusivo e de fidelidade. Afinal, durante toda a história de Israel, mesmo diante da rebeldia e infidelidade deles, o Senhor ainda assim se revelava, apresentando-lhes tanto Sua personalidade quanto Seus pensamentos. Além de usar Israel como ferramenta para comunicar ao mundo Sua vontade e mandamentos, estava no coração do Senhor convencê-los a abandonarem quaisquer que fossem as práticas idólatras, e assim, relacionarem-se exclusivamente com Ele em resposta a tudo quanto havia lhes revelado. Por que temos maior disposição para desobedecer que para obedecer? Infelizmente, Israel fez de YHVH um chavão religioso. Afinal, como se relacionar com Deus como seu Senhor sem uma atitude de obediência a Ele como servos? Israel não compreendeu a extensão do que era ser um Servo de Deus e por que devia obediência incondicional ao Senhor. Ao invés de um relacionamento de obediência, preferia a superficialidade litúrgica e cerimonial. “Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros.” 1Sm 15:22 As palavras de Samuel a Saul citadas no verso acima descrevem muito bem como era o coração de Israel. Se Davi foi o rei segundo o coração de Deus, Saul foi o rei segundo o coração do povo de Israel, que ao invés de se posicionar em obediência ao Senhor como servo, preferiu a rebeldia, mesmo que ela produzisse resultados negativos. Veja abaixo alguns das distorções e efeitos provocados pela rebeldia: o A rebeldia distorce o entendimento. Saul preferia temer ao povo a obedecer ao Senhor (1Sm 15.24). Podemos dizer que a decisão de Saul foi um verdadeiro atestado de insanidade, uma verdadeira demonstração de falta de entendimento quanto ao valor da vontade divina. o A rebeldia distorce valores e princípios. Saul tentou persuadir a Samuel quanto à nobreza de sua intenção em manter as melhores ovelhas e bois vivos (1Sm 15.21). Disse que queria sacrificá-los ao Senhor em Gilgal, mas Deus havia revelado a Samuel que o real interesse do rei era o despojo (1Sm 15.19). Como é comum encontrarmos pessoas que distorcem verdades divinas para justificar suas ações. o A rebeldia distorce a adoração. Saul estava mais interessado em adorar a criatura (ele mesmo) do que ao Senhor. Em 1Sm 15.12 Saul já havia demonstrado que sua intenção era a sua projeção diante do povo e ser exaltado por ele. Saul estava mais interessado em obter reconhecimento público e projeção política do que obedecer ao Senhor. o A rebeldia nos corrompe e nos expulsa da presença de Deus. Samuel disse a Saul que a rebeldia é semelhante ao pecado de feitiçaria, de idolatria e de consulta a necromantes, práticas abominadas por Deus as quais levaram os povos habitantes de Canaã seres expulsos daquela terra (Dt 18.9-13). A consequencia para Saul foi a rejeição ao seu reinando. O que é maior: ser Filho de Deus ou ser Servo de Deus? Como as coisas de Deus são compreendidas apenas por aqueles que têm o Espírito Santo sinto-me seguro e a vontade em fazer a seguinte afirmação: Apesar de sermos filhos, Ele nos chama para sermos servos. Acredito que o Apóstolo Paulo entenderia bem esta afirmação como algo coerente de dizer. Infelizmente, nos dias atuais, elas não são tão aceitas. Há em nosso meio certo preconceito em ser chamado de servo. Já vi muitos dizerem assim: “Não sou mais um servo, sou filho Deus!”; ou, “Deus não me chamou para viver como um servo, mas como um filho do Rei, um Príncipe!” Tal resistência tem crescido pelo fato de muitos pregadores estarem mais interessados em “trazer uma palavra de motivação à igreja” exaltando nossa condição de filho em detrimento da condição de servo. O que está por trás destas santas afirmações da condição de filhos? Por que são tão exaltados? Basicamente pelas associações feitas às seguintes condições vinculadas à condição de filhos: o Os filhos têm direito ao nome do Pai; o Os filhos têm direito a uma herança; o Os filhos têm direito a chegar livremente ao Pai para pedir-lhe algo. Estas associações são legítimas! Aleluia! Como é bom ser filho! É verdade! Somos filhos! Filhos de Deus! Que mal há em fazer uso delas? Nenhum. Desde que tenhamos a mesma posturas daquele que nos proporcionou a condição de filhos de Deus, e aí temos a grande divergência! Ao invés de vincular a condição de filhos à pessoa de Cristo, muitos do que se auto-denominam filhos de Deus, baseian-se em critérios humanos bem distorcidos. Alguns dos que se dizem filhos de Deus, fazem uso desta condição quando há algo de errado em sua vida e recorrem ao Papai do Céu para dar uma solução espiritual para eles. Assim, pedem perdão e acham que tudo foi resolvido, contudo não apresentam qualquer arrependimento ou disposição em mudança de vida, já fazendo os planos para a próxima “balada”. Outros utilizam a condição de filhos para fazer uso de uma presunção de autoridade. Quando são impedidos de fazer alguma coisa, imediatamente reagem dizendo: “Você sabe, por acaso com quem está falando”? Enchem-se de arrogância e vaidade espiritual! Sem falar que essa presunção de autoridade leva muitos a criarem uma fixação de que suas necessidades têm que ser atendidas, tal qual príncipes cujas vontades e mimos devem ser atendidos. Tais comportamentos estão muito distantes do comportamento que o Senhor Deus espera dos Seus filhos. Ele espera que nós tenhamos a mesma conduta de Jesus. Jesus, mesmo sendo o único e primeiro a ter todos os direitos de filho de Deus preferiu a condição de Servo, pois sabia que esta é a condição que mais agrada ao Pai. “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” Fp 2.11 Ao ler o texto acima, Paulo descreve que Jesus antes de vir como Servo. Estava na presença do Pai, fazendo usufruto pleno da Sua condição divina de 2ª Pessoa da Trindade. E qual foi sua escolha? Colocar a condição de Filho de lado e viver como Servo. Como Servo Ele conheceu a morte por conta da obediência e o resultado foi a exaltação recebida pelo Pai de forma sobrenatural. O Filho na condição de Servo recebeu posição mais exaltada do que antes. E qual a ordenança apostólica para nós, filhos de Deus? Que tenhamos o mesmo sentimento de Jesus, abrindo mão da condição de filho, se dispondo a viver como servo, pronto a obedecê-lo até encontrar a morte, em outras palavras, até a carne ser completamente mortificada, e tal qual Cristo, seremos exaltados sobremaneira. Sendo assim, quem será exaltado? O Servo, ou o Filho? Qual a condição de maior respeito e autoridade? Do Servo ou do Filho? E para aqueles que acharem a posição de Servo um fardo, mostraremos a seguir quão prazeroso é para um Servo obedecer: o Porque o Servo é capaz de ver Sua glória. – Temos o prazer em contemplar e compartilhar a Glória de Deus, compartilhar sua essência em toda a Sua plenitude; o Porque o Servo consegue ver o poder da Graça de Deus – Por conta do perdão ao qual o servo tem acesso em sua busca incessante para superar suas falhas pela mortificação da carne, ele consegue visualizar que de fato sua vida pode e vai mudar; o Porque o Servo não vê os mandamentos de Deus demasiado pesado – O Servo não consegue ver os mandamentos como pesados uma vez que ficamos embevecidos pela Sua gloria e acalentados por suas promessas (1Jo 5.3); o Porque o Servo conhece a direção a que o Senhor lhe conduz – O Servo sabe que o Senhor sempre o considerará o melhor para nós. Conclusão Obediência é o resultado evidente de um real relacionamento de um Servo filho, o qual se esmera em relacionar-se com Deus como Senhor, provando, de fato, o quanto Ele é verdadeiramente bom. “Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor requer de ti? Não é que temas o Senhor, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, para guardares os mandamentos do Senhor e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu bem?” Dt 10.13-14