OITAVA “ODE PÍTICA” DE PÍNDARO

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OITAVA “ODE PÍTICA” DE PÍNDARO
Humberto Zanardo Petrelli
Mestre em Filosofia pela USP
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Píndaro (P…ndaroj) foi o mais brilhante poeta do século V a.C.. Nasceu numa
província próxima a Tebas, provavelmente em
a.C., na pequena cidade de Cinoscéfalos,
na Beócia. Era de família aristocrática e fez seus estudos em Atenas. Escreveu sua primeira
Ode, a Sétima Pítica, com menos de vinte ( ) anos de idade, para Alcmeônidas de
Mégacles, em
a.C., segundo os estudiosos P. E. Easterling e B. M. W. Knox (
)
-.
Em vida, gozou de grande fama, a qual perdurou por toda a antigüidade. Ficou conhecido
pelo epíteto de “príncipe dos poetas”. Porque sua notoriedade se espalhara por toda a
Grécia, Píndaro tornou-se um poeta profissional itinerante. Entre outros, compôs por
encomenda para Hieron I de Siracusa, em
Arcesilau IV de Cirene, em
volta de
/
a.C., Teron de Acragás, em
/
a.C., e
a.C.. Morreu em Argos com quase oitenta ( ) anos, por
a.C..
Uma coletânea organizada por eruditos alexandrinos lista um total de dezessete ( )
livros de Píndaro, entre hinos, peãos, ditirambos, prosódions, partenions, hiporquemas,
encômios, trenos e epinícios. Chegaram a nós quarenta e cinco ( ) epinícios, divididos em
quatro livros: Olímpicas, Píticas, Neméias e Ístmicas. A ode mais antiga data de
a mais recente de
a.C., e
a.C..
Píndaro escreveu basicamente no dialeto dórico, porém, também fez uso dos
dialetos homérico e eólico. Por isso, sua escrita distancia-se um pouco da linguagem falada.
Seu estilo elevado e grandioso descreve os mitos com fantasia e muita originalidade.
Embora tenha composto vários tipos de poesia lírica, sua fama advém principalmente dos
epinícios, sempre compostos por ele por encomenda.
Os epinícios são odes corais em honra aos vencedores de jogos atléticos, como a
corrida, luta, arremesso de pesos, corrida de cavalos, etc.. Eram acompanhados em geral
pela cítara e pelo aulos e possuíam uma extensão bem maior que as composições da lírica
monódica. Segundo a tradição alexandrina, o epinício foi “inventado” por Simônides, de
Ceos, mas a modalidade foi cultivada principalmente por Baquílides e Píndaro. A estrutura
formal de um epinício obedece a seguinte ordem: (a) invocação dirigida a uma divindade
ou à cidade do vencedor; (b) elogio do vencedor; (c) relato mítico relacionado com a
família ou com a cidade do vencedor; ou, ainda, com a festa em que se comemorava a sua
vitória; (d) comentários e conselhos morais, freqüentemente inspirados no mito.
Assim como a poesia épica, a poesia lírica não utilizava a rima, e o metro baseavase em seqüências padronizadas de sílabas longas e breves. A estrutura métrica do poema
lírico era muito variável. Os ‘pés’ ou grupos de sílabas, com suas respectivas
representações, mais utilizados eram:
dáctilo: —  (longa-breve-breve)
espondeu: — — (longa-longa)
iambo:  — (breve-longa)
troqueu: —  (longa-breve)
ritmo guerreiro:  — (breve-breve-longa)
epitrito: —  — — (longa-breve-longa-longa)
Os versos dos epinícios eram construídos habitualmente com três estrofes de metros
complexos e muito variáveis. O mais utilizado por Píndaro era o epitrito combinado com
um dáctilo.
O livro das Odes Píticas (ΠΥΘΙΟΝΙΚΩΝ) contém doze ( ) odes triunfais
organizadas em ordem não cronológica. Com exceção da Ode Pítica II, as demais foram
dedicadas a vitórias obtidas nos Jogos Píticos. Estes jogos, celebrado em Delfos em honra
ao deus Apolo, ocorriam a cada quatro anos no terceiro ano após as Olimpíadas.
A Pítica VIII apresenta
versos e recomenda humildade ao jovem e bem sucedido
vencedor, citando os exemplos do gigante Porfírio, vencido por Apolo, e de Tifon, vencido
por Zeus. É dedicada a Aristomeno de Egina, lutador (
a.C.).
Píndaro foi muito lido e estudado ao longo da história, da antigüidade clássica à era
bizantina, do renascimento aos dias presentes. Para esta revista preparei a tradução da
Pítica VIII, que homenageia Aristomeno, jovem lutador egino vitorioso nos Jogos Píticos.
Esta Pítica foi composta provavelmente em
a.C., quando Píndaro passava dos
setenta ( ) anos de idade. A ode se inicia com uma invocação à Serenidade (Paz,
Concórdia), nos versos a . A Serenidade é quem sabe proporcionar o júbilo, mas quando
provocada se torna uma formidável adversária, como Porfírio e Tifon puderam
experimentar ( - ). A ilha de Egina é celebrada pelos heróis e pelos homens ( - ). No
entanto, o poeta se recusa a detalhar mais os acontecimentos ( - ). Depois disso, Píndaro
louva Aristomeno, que, por imitação do sucesso de seus tios no atletismo, merece que
Anfiarao profetize como os Epígonos combateram anteriormente em Tebas ( - ). Os
filhos também carregam as determinações paternas que, como no caso do próprio filho
Alcmeon, Anfiarao prediz que Adrasto sairia vitorioso, mas perderia seu filho ( - ).
Alcmeon é louvado por profetizar ao poeta sobre seu caminho para Delfos ( - ). Píndaro
menciona a vitória de Aristomeno nos festivais em Pito e Egina, em honra a Apolo, e
suplica aos deuses que continuem em seu favor ( - ). Se os homens adquirem sucesso sem
grandes esforços, muitos vão pensar que eles são sábios, mas o que os deuses determinam é
o que prevalece ( - ). Depois de listar as vitórias de Aristomeno em Megara, Maratona e
Egina, o poeta como que desenha o triste retorno para casa dos quatro oponentes que foram
vencidos em Delfos ( - ). Ao contrário deles, o vitorioso é enobrecido e anseia altas
aspirações ( - ). Mas o jogo é transitório e a existência humana é efêmera. Contudo,
quando os deuses nos reservam os grandes sucessos, a vida é doce ( - ). Finalmente, o
poema termina com uma súplica a Zeus e ao rei Eaco para preservar Egina livre ( Para esta tradução foi utilizado o texto estabelecido por Bowra (
).
).
BIBLIOGRAFIA
BOWRA, C.M. Pindari Carmina, cvm fragmentis, recognovit breviqve adnotatione critica
instrvxit, Oxonii, Typographeo Clarendoniano,
.
EASTERLING, P.E. & KNOX, B.M.W. The Cambridge History of Classical Literature,
Greek Literature I, Cambridge, Cambridge University Press,
.
PUECH, A. Pindare: texte établi et traduit, t. . Olympiques - t. . Pythiques - t. .
Néméennes. - t. . Isthmiques et fragments, Paris, Société d’Edition “Les Belles
Lettres”,
-
.
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