PROPOSTA DE ORÇAMENTO, COM OMISSÕES «NORMAIS» Como se compreende, o Orçamento do Estado (OE) é um documento de natureza financeira, com incidência em todos os outros domínios; por isso, ao longo dos anos, a respetiva lei tem incluído medidas políticas várias. Alguns domínios, porém, ficam sistematicamente de fora, realçando-se em particular: na esfera social, a entreajuda e o voluntariado social de proximidade; na económica, a luta pela subsistência e a economia familiar; e, na esfera territorial, o desenvolvimento local, incidindo especialmente na criação de emprego. A proposta de OE para 2017 mantém estas omissões tradicionais. À primeira vista, parece razoável que a entreajuda e o voluntariado social de proximidade não figurem nos OE, dado que tais atividades não são realizadas pelo Estado mas sim pelas pessoas, nas suas relações de família, vizinhança, amizade...; mas se os OE estivessem mais voltados para os problemas sociais sem resposta adequada, incluiriam por certo a cooperação entre aquelas atividades e a ação social do Estado, central e autárquico. Também não faz sentido que a luta pela subsistência e a economia familiar estejam ausentes dos OE, atendendo a que uma e outra estão na base da vida humana; por isso, algumas dotações financeiras, mesmo limitadas, poderiam contribuir significativamente para o reconhecimento, viabilidade e qualificação destas atividades. No que se refere ao desenvolvimento local, a proposta de OE não assume a congregação de esforços das populações das freguesias e de suas organizações destinada ao conhecimento dos seus problemas, com realce para os de emprego, e à procura das respetivas soluções. A simples previsão orçamental de financiamento para núcleos de apoio técnico, necessários em todo o país, constituiria um bom sinal político a favor do desenvolvimento local; desse modo se contribuiria para o seu reconhecimento e também para o desenvolvimento do muito que já vem sendo feito pelas populações locais. Acácio F. Catarino