Jamais Fomos Modernos: ensaio de

Propaganda
Universidade de São Paulo
Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
A produção da metrópole no período atual
Ricardo Mendes Antas Junior
Bruno Latour
JAMAIS FOMOS MODERNOS
Ensaio de Antropologia Simétrica
www.mbnery.net
Bruno Latour
Ele próprio se define como um "sujeito híbrido". Um antropólogo
da modernidade — mais especificamente, um antropólogo da
ciência ou da natureza.
Ele diz que em termos de "disciplina", o que faz não existe.
Os seus trabalhos se situam ao lado da história da nova história
das ciências — que se costuma a chamar de science studies, a
tradução em inglês da palavra grega "epistemologia".
Cf. LATOUR, Bruno. Por uma antropologia do centro. Mana [online]. 2004, vol.10, n.2, pp. 397-413. ISSN 0104-9313.
Jamais Fomos Modernos: ensaio de antropologia simétrica
(publicado na França em 1991, no Brasil em 1994)
Livro-manifesto.
Defende que nunca teríamos sido modernos de fato e que
nunca antes, nós os modernos, pudemos notar.
O projeto da modernidade, a Constituição Moderna, é algo fadado
ao fracasso.
O modernismo não é uma realidade, mas uma interpretação da
realidade na qual a busca pela purificação leva à hibridização.
Jamais Fomos Modernos: ensaio de antropologia simétrica
Utiliza a etnografia para criar instrumentos metodológicos que
permitam uma nova abordagem da ciência moderna.
Desmonta a ilusão moderna de que é possível isolar o domínio
da natureza (o inato) do domínio da política (a ação humana).
O livro é dividido em cinco capítulos.
A seguir considerações sobre os dois primeiros.
Jamais Fomos Modernos: ensaio de antropologia simétrica
O primeiro, intitulado “Crise”, refere-se à constante divisão que
se faz das áreas de conhecimento e das práticas cientificas.
Atualmente existem situações que a cultura intelectual não
sabe classificar.
Os trabalhos são incompreensíveis porque são recortados,
divididos em três categorias usuais dos críticos: a natureza, a
política e o discurso - como se fossem distintas em sua relação
com os indivíduos e a sociedade.
Por isso, nossa vida intelectual seria mal construída.
Jamais Fomos Modernos: ensaio de antropologia simétrica
“Entretanto,
estas
pesquisas
não
dizem
respeito
ao,
conhecimento, as coisas-em-si, mas antes a seu envolvimento
com nossos coletivos e com os sujeitos”.
Os críticos desenvolveram três repertórios distintos para falar
do mundo: naturalização, socialização e desconstrução. Cada
um potente em si mesmo, mas não pode ser combinado com
os outros.
A crítica entraria em crise ao tentar estabelecer essas divisões.
Jamais Fomos Modernos: ensaio de antropologia simétrica
Porém, Latour propõe uma antropologia do mundo moderno,
a qual torna possível se alterar a própria definição do mundo
moderno.
“Jamais Fomos Modernos: ensaio de antropologia simétrica”
No segundo capítulo, “Constituição”, trata dos valores
sociais que permeiam a sociedade moderna e leva Latour a
conclusão da inexistência da modernidade.
A conclusão é estabelecida ao descrever:
• a definição de modernidade.
• o humanismo (que separou humanos e não-humanos).
• a constituição (que separou o mundo natural e o
mundo social ).
Jamais Fomos Modernos: ensaio de antropologia simétrica”
A Constituição define os humanos e não-humanos, suas
propriedades e suas relações, suas competências e seus
agrupamentos.
Latour descreve a referida Constituição por uma situação
que define como “exemplar”: o momento em que Boyle e
Hobbes discutem a respeito da repartição dos poderes
científicos e políticos.
Jamais Fomos Modernos: ensaio de antropologia simétrica”
PRIMEIRO PARADOXO: A natureza nos transcende mas a
sociedade nos é imanente. SEGUNDO PARADOXO: A
sociedade nos transcende mas a natureza nos é imanente.
Constituição
GARANTIAS: 1: ainda que sejamos nós que construímos a
natureza, ela funciona como se nós não a construíssemos. [...]
2: ainda que não sejamos nós que construímos a sociedade,
ela funciona como se nós a construíssemos. [...] 3: a natureza
e a sociedade devem permanecer absolutamente distintas.
“Jamais Fomos Modernos: ensaio de antropologia simétrica”
Ao tratar o mesmo tempo Boyle e Hobbes seriamos levados
a explicar ao mesmo tempo a natureza e a sociedade.
Latour declara que esses dois autores estão de acordo
sobre tudo, exceto quanto à forma de praticar a
experimentação, à forma de tratar o contexto “social”.
O que nos fornece de um lado, a força social, o poder; do
outro, a força natural, o mecanismo – igualmente, o sujeito
de direito e o objeto da ciência.
“Jamais Fomos Modernos: ensaio de antropologia simétrica”
Os modernos prometem distinguir o que realmente é
cientifico e o que é ideológico, entre o racional e o irracional,
entre falsos saberes e verdadeiras ciências.
A Constituição moderna inventa uma separação entre poder
científico e político.
Entretanto, se o mundo moderno jamais funcionou de
acordo com as suas próprias regras, o que leva Latour a
concluir que na verdade ele nunca teria existido.
“Jamais Fomos Modernos: ensaio de antropologia simétrica”
Os modernos quanto menos pensam misturados, mais se
misturam.
A Constituição acelera ou facilita o desdobramento dos
coletivos, mas não permite que sejam pensados.
Portanto, deve-se estudar o que é permitido e proibido, o
que é revelado e o que escondido - deixando assim de ser
moderno no sentido da Constiuição.
“Quando vemos os verdadeiros
modernistas diante de nós,
ficamos horrorizados (...) porque
esta é a imagem que nós
mesmos demos ao mundo!”
Cf. LATOUR, Bruno. Por uma antropologia do centro. Mana [online]. 2004, vol.10, n.2, pp. 412.
Download