A redescoberta do Espírito Santo Na Teologia do Concílio Vaticano II Um olhar antes do Vaticano II: A Igreja professa a fé no Espírito Santo, como Aquele «que é Senhor e dá a vida». É o que ela proclama no Símbolo da chamado Niceno-Constantinopolitano, nome dos dois Concílios ― de Niceia 325) e de Constantinopla (a. 381) ― quais foi formulado e promulgado. Fé, do (a. nos •Também os papas trataram o tema com relevante apreço: • Nos últimos séculos o Espírito Santo este em evidência por mais de uma vez em diversas Encíclicas: desde Leão XIII, que publicou a Carta Encíclica Divinum illud munus (a. 1897), inteiramente dedicada ao Espírito Santo, a Pio XII, que na Encíclica Mystici Corporis (a. 1943) se referiu de novo ao Espírito Santo como sendo princípio vital da Igreja. •Já o Concílio Vaticano II, fez notar a necessidade de uma redescoberta do Espírito Santo, como acentuava o Papa Paulo VI: «À cristologia e especialmente à eclesiologia do Concílio deve seguir-se um estudo renovado e um culto renovado do Espírito Santo, precisamente como complemento indispensável do ensino conciliar» (Insegnamenti di Paolo VI, XI (1973), P. 477). •Quais seriam as fontes para o redescobrimento do Espírito Santo? •Fonte 1: Sagrada Escritura •Fonte 2: Tradição •Fonte 3: Magistério 1. Sagrada Escritura •No Antigo Testamento, o conceito de três pessoas em um Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, ainda não havia sido revelado. •Quanto ao TERMO Espírito •Utilizamos o termo Espírito, para traduzir o termo grego πνεῦμα (pneuma), que significa sopro, vento e está relacionado com πνοή (pnoé), que tem o significado de brisa suave, ou sopro. •Na Sagrada Escritura, a tradução da LXX traduz com o termo πνεῦμα a palavra hebraica ַרּוח (rúah – 264 vezes). Sendo que ַרּוח (geralmente feminino), aparece no Antigo Testamento 389 vezes. •Seu significado basilar é vento e alento, se tratando, evidentemente, do ar em movimento. O aspecto do sopro foi adotado quando a LXX traduziu a palavra hebraica ַרּוחpelo termo grego πνεῦμα e as versões latinas por spiritus, das quais passou para as línguas modernas. Novo Testamento: O Espírito Santo na vida de Jesus O Espírito Santo no Evangelho de São Lucas • Os primeiros capítulos apresentam de modo marcante a ação do Espírito Santo: 1,15: Sua presença com João Batista é prometida a Zacarias; • 1,35: O anjo Gabriel anuncia a Maria o nascimento de Jesus que somente será possível através do Espírito Santo; • 1,41: Isabel cheia do Espírito Santo saúda Maria; • 1,67: Zacarias profetiza através do Espírito Santo; • 2,25-27: Simeão vai ao Templo movido pelo Espírito Santo; • 3,16: João anuncia o Batismo no Espírito Santo através de Jesus; • 3,22: O Espírito Santo em forma corpórea desce sobre Jesus no Batismo; • 4,1: Jesus cheio do Espírito Santo é levado para o deserto; • 4,14: Jesus é levado para a Galiléia pelo Espírito Santo; • 4,18: Na Sinagoga, Jesus anuncia a sua missão pela força do Espírito Santo; • 23,46: Jesus entrega seu Espírito a Deus antes de morrer; • 24,49: Promessa de Jesus sobre a presença do Espírito Santo junto aos discípulos. •Como podemos observar, no início do Evangelho a presença do Espírito Santo é intensa. A partir do anúncio da missão de Jesus em Nazaré, Lucas não fala mais sobre a presença do Espírito Santo, somente no final, mesmo assim como promessa aos discípulos. Dando a entender que todas as ações de Jesus, neste intervalo, se dão no Espírito. Tradição •O Papa emérito, Bento XVI, afirma: “O Espírito Santo tem sido, de variadas maneiras, a Pessoa esquecida da Santíssima Trindade. Por isso quando, jovem sacerdote, fui encarregado de ensinar teologia, decidi estudar as testemunhas eminentes do Espírito na história da Igreja. E foi ao longo deste itinerário que dei comigo a ler, entre outros, o grande Santo Agostinho”. Santo Agostinho e a doutrina sobre o Espírito O Grande doutor da Igreja apresenta 3 intuições particulares relativas ao Espírito Santo enquanto vínculo de unidade no seio da Santíssima Trindade: 1.Unidade como comunhão, 2.Unidade como amor duradouro, 3.Unidade como dador e dom. •1. Amor como comunhão: Agostinho conclui: a qualidade peculiar do Espírito é a unidade. Uma unidade de comunhão existencial: uma unidade de pessoas em recíproca relação de dom constante; o Pai e o Filho que Se dão um ao outro. Quão iluminadora pode ser esta compreensão do Espírito Santo como unidade, como comunhão. •2. Unidade como amor duradouro •A segunda intuição de Agostinho – o Espírito Santo como amor que permanece – deriva do estudo que ele fez da Primeira Carta de São João, no ponto onde o autor nos diz que «Deus é amor» (1 Jo 4, 16). •O amor é o sinal da presença do Espírito Santo. As ideias ou as palavras que carecem de amor – ainda que se apresentem sofisticadas ou sagazes – não podem ser «do Espírito». Além disso, o amor apresenta um traço particular: longe de ser permissivo ou volúvel, tem uma missão ou um objetivo a realizar que é o de permanecer. Por sua natureza, o amor é duradouro. •3. O Espírito Santo como Dom •Aqui Agostinho deduz o Espírito como Dom do diálogo de Cristo com a samaritana. Aqui Jesus revela-Se como o dador de água viva (cf. Jo 4, 10), que em seguida será especificada como sendo o Espírito (cf. Jo 7, 39; 1 Cor 12, 13). O Espírito é «o dom de Deus» (Jo 4, 10) – a fonte interior (cf. Jo 4, 14) – que sacia verdadeiramente a nossa sede mais profunda e nos conduz ao Pai. REDESCOBRINDO A MISSÃO DO ESPÍRITO SANTO •1. CONTINUAR A MISSÃO DE CRISTO; •2. OPERAR A SANTIDADE (O NOME DO ESPÍRITO SANTO); •3. DOADOR DE DONS (Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor de Deus). Espírito e a Igreja •Lumen Gentium n.4: O Espírito Santo é o Amor e unidade para a Igreja ser sinal visível. •Houve, numa das sessões do Concilio, um padre do Oriente que se levantou e disse que Na Igreja do Ocidente o Espírito Santo é o grande desconhecido. •Atenágoras (1948-1972), Patriarca ortodoxo de Constantinopla, diz assim: “Sem o Espírito Santo: Deus está longe, O Cristo permanece no passado, O Evangelho é letra morta, A Igreja é uma simples organização, A autoridade é uma dominação, A missão é propaganda, O culto é uma velharia e O agir cristão uma obra de escravos. •Mas, no Espírito Santo: O cosmos é enobrecido pela geração do Reino, O homem está em combate contra a carne, O Cristo ressuscitado torna-se presente, O Evangelho se faz poder e vida, A Igreja realiza a comunhão trinitária, A autoridade se transforma em serviço que liberta, A missão é um Pentecostes, A liturgia é memorial e antecipação, O agir humano é