História do Conceito de Saúde Vera Regina Medeiros Andrade ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE I • Conteúdo Programático • Saúde e SUS • Saúde (conceitos e histórico) • Saúde Pública no Brasil (conferencias nacionais de saúde) • Sistema Único de Saúde • Saúde na Escola e saúde na vida das pessoas Doença? Saúde? Saúde Depende de valores individuais, concepções científicas, religiosas, filosóficas Períodos históricos Civilizações Determinantes sociais, econômicos, políticos e culturais Saúde não representa a mesma coisa para todas as pessoas Doença Depende da época, do lugar e da classe social Saúde Civilizações Períodos históricos Depende de valores individuais Determinantes Não representa a mesma coisa para todas as pessoas concepções científicas, religiosas, filosóficas sociais, econômicos políticos e culturais Depende da época, do lugar e da classe social Doença Saúde Houve um tempo que... Doença Masturbação - conduta patológica - causava desnutrição e distúrbios mentais Trata/ - dieta, imobilização, choques elétricos, costurar tirar a genitália Saúde Houve um tempo que... Doença Drapetomania enfermidade mental (desejo de fuga dos escravos) Samuel Cartwright (1851) Trata/ - açoite Pré-história Entre 4 e 1 milhão de anos a.C. apareceu o Homo sapiens Homem -> IM = 8 anos, longevidade máxima de 30 anos Causas morte: feras, alimentos, clima Unhas Garras Dentes Presas Pele Couro Inteligência: tacape, fogo, plantar Lambiam e sugavam os ferimentos, usavam ervas Idade Antiga - Egito Século XIX a.C. Egito Papiros Ebers e Smith Múmias com sinais de doença Documentos de medicina, manual de diagnóstico e tratamento (faraó Ramsés V - varíola) Deusa Sekhmet, deusa da vingança e das doenças Ideias mágicas associadas a arte de curar Idade Antiga - Índia Deuses castigavam os pecadores, permitindo aos demônios livre ação Escritos hindus com descrição das doenças, plantas medicinais, tratamentos e crendices em deuses e demônios Hindus Idade Antiga - Hebreus Hebreus - doença era sinal de Cólera Divina Hebreus - doença não só de demônios ou de maus espíritos, mas um sinal da cólera divina, diante dos pecados humanos Leprosos, epiléticos, sifilíticos Grécia Divindades Asclepius medicina Higieia saúde Panacéia cura Hípócrates, obser. empírica – séc. IV a.C. – teoria - solo, ar e água - doença dos maus-ares (miasmas) Platão (428 a. C.) o conceito de equilíbrio entre corpo e espírito ou mente Uso de plantas e métodos naturais, e não por procedimentos ritualísticos Platão (428 a. C.) o conceito de equilíbrio entre corpo e espírito ou mente Sócrates 469399 a.C. Aristóteles 384322 a. C. Galeno, pai da Farmácia (129199), teoria humoral, doença como endógena, dentro do homem Idade Média Influência da religião cristã manteve a concepção da doença como resultado do pecado e a cura como questão de fé Lepra – pecado – proibido contato com outras pessoas Noções de higiene – abate de animais por pessoas com doença de pele, comer moluscos e carne de porco Idade Média Santo Augustinho (354-430) A alma que pensa é a mesma que anima o corpo dando-lhe vida ... Doença era resultado do pecado Martilho Lutero (1483-1546) pestes, febres e outras doenças não são mais do que o trabalho do diabo René Descartes (1596-1650) Paracelsus (1493-1541), suíço, doenças eram provocadas por agentes externos, dos deuses e causas da natureza Química e Alquimia influenciam a medicina Doses de minerais e metais (mercúrio tratar sífilis) Pai da racionalismo Separação da mente/corpo Universo de homem visto como uma máquina perfeita regida por leis matemáticas Doença era avaria de um componente da máquina Curar a doença reparar a máquina Idade Contemporânea (1789) - Ciências Louis Pasteur (15221895) microscópio, teoria dos germes – alimentação e doenças Jonh Snow e a epidemia cólera – contabilidade da doença – Londres (1849 -54) Bismarck, 1883, criou um sistema de seguridade social e de saúde Brasil (1500-1889) - Período Colonial Açúcar, mineração, extração de madeira – trabalho escravo dos índios e negros Boticário, Físico-mor, Jesuíta (José de Anchieta), remédios vinham da coroa, mas eram saqueados por piratas Pajés usavam recursos da natureza para combater doenças, curar ferimentos e neutralizar picadas de insetos Brasil (1500-1889) - Período Colonial 1808 - Faculdade de Medicina da Bahia 1825 – Faculdade de Farmácia do Rio de Janeiro 1803 – Família Real, D. João no Brasil 1841 - Formulário e Guia Médico 1842 - Dicionário de Medicina Popular e das Ciências Acessórias Descrição das doenças, sintomas, tratamentos, receitas, plantas medicinais, alimentícias, água mineral no Brasil e em Portugal Brasil (1500-1889) - Período Colonial 1822 – Proclamação da Independência – produção de café Marechal Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto 1889 – Proclamação da República – ideias abolicionistas substituição do trabalho escravo por assalariado Imigração europeia e diversas doenças transmissíveis – epidêmicas e endêmicas Doenças no Brasil colônia Lepra ou hanseníase – bacilo Mycobacterium leprae Tuberculose – bacilo Mycobacterium tuberculosis, bacilo de Koch, transmissão direta, febre, prostração, dificuldade respirar, emagrcimento Febre amarela – vírus Arbovírus, gênero Flavivirus, família Flaviviridae, transmitida pelo mosquito Haemagogus janthinomys (bugius) e nas cidades o vetor é o Aedes aegypti (febre, hemorragias) Cólera – bactéria Vibrio cholerae (vibrião em forma de vírgula) – diarréia Malária – protozoário Plasmodium, transmitida pelo mosquito Anopheles, frio intenso com calafrios seguido de febre e sudação, anemia, lesões cerebrais, insuficiência hepática, renal, Leichmaniose – protozoário flagelado Leishmania, transmitido pelo mosquito, reservatório em cães e gambás, várias formas de doença (febre, anemia, leucopenia, diarreia, caquexia, fígado, baço) Varíola – vírus Orthopoxvírus variolae, transmitido de pessoa a pessoa ou objetos contaminados Doenças no Brasil colônia Lepra ou hanseníase – bacilo Mycobacterium leprae Tuberculose – bacilo Mycobacterium tuberculosis, bacilo de Koch, transmissão direta, febre, prostração, dificuldade respirar, emagrcimento Febre amarela – vírus Arbovírus, gênero Flavivirus, família Flaviviridae, transmitida pelo mosquito Haemagogus janthinomys (bugius) e nas cidades o vetor é o Aedes aegypti (febre, hemorragias) Cólera – bactéria Vibrio cholerae (vibrião em forma de vírgula) – diarréia Malária – protozoário Plasmodium, transmitida pelo mosquito Anopheles, frio intenso com calafrios seguido de febre e sudação, anemia, lesões cerebrais, insuficiência hepática, renal, Leichmaniose – protozoário flagelado Leishmania, transmitido pelo mosquito, reservatório em cães e gambás, várias formas de doença (febre, anemia, leucopenia, diarreia, caquexia, fígado, baço) Varíola – vírus Orthopoxvírus variolae, transmitido de pessoa a pessoa ou objetos contaminados Brasil (1889-1930) - Período da Primeira República ou Velha República Política do café-comleite (café e pecuária) Situação da saúde igual ao do período anterior Ações de saúde para controle das epidemias 1904 – imposição da vacinação contra a varíola Brasil (1889-1930) - Período da Primeira República ou Velha República 1920 – Carlos Chagas inova o modelo de Oswaldo Cruz – Programa de Educação Sanitária 1926 - Primeira Farmacopéia Brasileira de Rodolpho Albino Dias da Silva Farmacopéia Verde Criados órgãos de controle da tuberculose, lepra, doenças sexualmente transmissíveis Nascimento da Saúde Pública no Brasil, modelo sanitarista Surge a Previdência Social Século XX Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Liga das Nações Segunda Guerra mundial (1939-1945) – Organização das Nações Unidas – Organização Mundial de Saúde Século XX Grandes avanços no conhecimento e tratamento Conceito de Saúde Penicilina - Penicillium descoberta por Alexandre Fleming, disponível como fármaco desde 1941, sendo o primeiro antibiótico a ser utilizado com sucesso Doenças infecciosas doenças crônicodegenerativas “Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social... Bem estar físico Bem estar mental Bem estar social ...e não apenas a ausência de enfermidade” Saúde “É um direito do cidadão e um dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução dos riscos da doença e de outros agravos e o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (Constituição Brasileira, 1988) Questões • Condições socioeconômicas baixas prevalência de doenças alta? • Problemas de saúde estão relacionados às desigualdades sociais? • A pobreza, a saúde e a educação se relacionam numa rede com os baixos salários, a pouca educação, a dieta pobre, a habitação e as condições de higiene insalubres e o vestuário inadequado? Fatores de risco biológicos Saúde/ Doença Serviços de saúde Salários Moradia Transporte Educação Fatores de riscos ambientais Lazer Saúde “Saúde é o resultante das condições de alimentação, habitação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde.....” (Minayo, 1992, p.10) Educação Pesquisas epidemiológicas atividade física x saúde • Estudo com trabalhadores suecos mortalidade 3X em trabalhadores não-qualificados do que nos altos funcionários • Baixas classes ocupacionais associadas com a alta prevalência do fumo, baixa integração social, baixo suporte emocional e baixa capacidade de percepção da própria saúde • Mas, não foi encontrada associação das classes mais baixas com a pressão arterial, razão cintura-quadril, triglicerídeos e colesterol Estudos epidemiológicos atividade física x saúde • “nível educacional” + “salário” + “ocupação profissional” X fatores de risco cardíaco (fumo, pressão arterial, colesterol total e HDLcolesterol) indivíduos de baixo “nível educacional” tendem a exibir elevada prevalência aos fatores de risco, sendo mais evidentes quando se observa as associações com o uso do cigarro, em ambos os sexos e com o colesterol total e HDL-colesterol, nas mulheres • Homens e mulheres em cargos importantes de gerência e administração exibiram menores níveis de uso de cigarros, enquanto executivos do sexo masculino apresentam menores valores de pressão arterial Distribuição dos óbitos da população idosa brasileira pelas cinco principais causas e sexo Gráfico 3 DISTRIBUIÇÃO DOS ÓBITOS DA POPULAÇÃO IDOSA PELAS CINCO PRINCIPAIS CAUSAS E SEXO BRASIL, 1980 E 1997 Outras Doenças endóc nutric metab e transt imunit* M U L H E R E S Doenças do aparelho respiratório Neoplasmas Sintomas sinais e afecções mal definidas Doenças do aparelho circulatório 1997 1980 Outras H O M E N S Doenças do aparelho digestivo Doenças do aparelho respiratório Neoplasmas Sintomas sinais e afecções mal definidas Doenças do aparelho circulatório 0% 5% 10% 15% 20% Fonte: Ministério da Saúde, Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Nota: (*) O aumento dos óbitos pode estar sendo influenciado pela nova classificação de doenças. 25% 30% 35% 40% 45% 50% Estudos epidemiológicos atividade física x saúde • Conhecimento atual, grupos sociais com baixos níveis socioeconômicos mais vulneráveis às doenças (doenças crônicas) • Forte associação entre o baixo nível educacional e o sedentarismo • Como, então, a educação física se insere nas políticas públicas de saúde? Atenção Básica de Saúde • A atenção básica ou atenção primária em saúde pressupõe um conjunto de ações individuais e coletivas relacionadas à promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento e reabilitação é conhecida como a “principal porta de entrada" dos usuários nos sistemas de saúde • Estratégia de Saúde da Família Estratégia Saúde da Família • A Estratégia da Saúde da Família prevenção de doenças, vigilância e promoção da saúde e integralidade do cuidado, de forma a culminar a sua articulação com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) • Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) psicólogo, assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico ginecologista, profissional da educação física, médico homeopata, nutricionista, médico acupunturista, médico pediatra, médico psiquiatra e terapeuta ocupacional Educação Física na Saúde • Práticas corporais na prevenção e recuperação de saúde • Em espaços públicos como parques, praças, jardins Educação Física na Escola • Objetivos à educação e promoção da saúde • Atualmente modificações significativas no estilo de vida da população sedentarismo aparecimento de doenças crônicodegenerativas • Atividades físicas passam a adquirir grande relevância na medida em que se torna necessário compensar os efeitos nocivos provocados pelo modo de vida da sociedade moderna Educação Física na Escola Efeitos na infância e na adolescência • Desenvolvimento motor • Integração e socialização • Descobertas e discussões do mundo • Compreensão do corpo e seus limites • Autoestima • Outros • Saúde • Reduzir as condições para o desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas provocadas principalmente pelo estilo de vida sedentário, tais como: • Obesidade • Hipertensão arterial • Doenças do aparelho respiratório, entre outras Educação Física na Escola • A escola é o local ideal para a transmissão dos conteúdos da Educação Física para a promoção da saúde, e para conscientizar os alunos da importância de um estilo e hábitos de vida saudáveis na prevenção de várias doenças crônico-degenerativas Referências • SCLIAR, Moacyr. História do Conceito de Saúde. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 17(1):29-41, 2007. • AROUCA, Antônio Sérgio da Silva. O DILEMA PREVENTIVISTA: CONTRIBUIÇÃO PARA A COMPREENSÃO E CRÍTICA DA MEDICINA PREVENTIVA. Tese de Doutoramento apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. 1975. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diretrizes do NASF: Núcleo de Apoio a Saúde da Família / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010. 152 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Caderno de Atenção Básica, n. 27). • CARVALHO, Sergio Resende. Saúde Coletiva e Promoção da Saúde: Sujeito e Mudança. 3ª ed. Ed HUCITEC. 2013. • Educação Física e saúde - livro • CARMO, Natasha et al. A importância da educação física escolar sobre aspectos de saúde: sedentarismo. Revista Educare CEUNSP – Volume 1, Número 1 – 2013. • MIRANDA, Made Júnior. Educação física e saúde na escola. Estudos, Goiânia, v. 33, n.7/8, p. 643-653, jul./ago. 2006. • OLIVEIRA, Tamires Carneiro; MEDEIROS, Wilton Rodrigues; LIMA, Kenio Costa. Diferenciais de mortalidade por causas nas faixas etárias limítrofes de idosos. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro; 18(1):85-94, 2015. • ORFEI, Juliana Marin; TAVARES, Viviane Portela. Promoção da Saúde na Escola Através das Aulas de Educação Física. Disponível em: http://www.fef.unicamp.br/fef/sites/uploads/deafa/qvaf/escolares_cap10.pdf