LIÇÃO Nº 11 – MELQUISEDEQUE ABENÇOA ABRAÃO INTRODUÇÃO – Damos início ao quinto e último bloco deste trimestre, quando são dadas “rápidas pinceladas” a respeito da segunda parte do livro de Gênesis, que trata da dispensação patriarcal. – Com Abrão, Deus começa a formar a nação de Israel. I – O INÍCIO DA DISPENSAÇÃO PATRIARCAL – Diante da rejeição unânime de todas as nações, mister se fazia criar uma nova nação para que, nesta nova nação, totalmente criada por Deus, viesse o Salvador. – Para tanto, o Senhor escolheu Abrão, descendente de Sem e, não é por outro motivo que, logo após a notícia da confusão das línguas em Babel, o livro de Gênesis passe a tratar das “gerações de Sem” (Gn.11:10-32). – Terá, pai de Abrão, habitava em Ur dos caldeus, cidade que a arqueologia tem demonstrado ser uma das mais antigas metrópoles do mundo. – Ur dos caldeus era uma cidade idólatra. A tradição judaica confirma esta idolatria e chega a dizer que Terá, o pai de Abrão, era, ele próprio, um fabricante de ídolos, tradição esta que é reproduzida no Alcorão e outros escritos muçulmanos. – Segundo a tradição judaica, Abrão teria se dedicado ao estudo dos corpos celestes e, neste estudo, chegado à conclusão de que os astros não poderiam ser considerados deuses e que haveria apenas um único Deus. – Nesta sua consideração, teria entrado em atrito tanto com seu pai Terá quanto com os próprios moradores de Ur dos caldeus. – Quando Abrão tinha setenta anos de idade, o Senhor lhe apareceu e mandou que saísse de Ur dos caldeus, da sua parentela e da casa do seu pai e se dirigisse para uma terra que o próprio Deus lhe mostraria, porque faria dele uma grande nação, engrandeceria o seu nome e ele seria uma bênção (Gn.12:1,2). – Nesta chamada de Abrão temos o início da denominada “dispensação patriarcal” ou “dispensação da promessa”, período em que o Senhor trataria com o homem a partir da promessa da constituição de uma nação na qual seriam benditas todas as famílias da Terra. – Abrão somente deixou seu pai Terá quando tinha setenta e cinco anos de idade, deixando Harã com destino à terra que seria mostrada por Deus (Gn.12:4; At.7:2). – A observância desta ordem divina não se deu de imediato, a nos mostrar que a fé deve crescer ao longo de nosso relacionamento com Deus, é como o grão de mostarda, como nos ensina o Senhor Jesus (Mt.17:20, Lc.17:1-6), nascendo diminuta mas, depois, tornando-se a maior das hortaliças. II – A BIOGRAFIA DE ABRAÃO (I) – O HOMEM QUE É CHAMADO POR DEUS PARA A FORMAÇÃO DE UMA NOVA NAÇÃO. – Abrão (em hebraico “Avram”) – “pai da elevação”, “pai exaltado”, surge nas Escrituras em Gn.11:26. – A Bíblia pouco nos fala sobre a vida de Abrão antes de sua chamada. Apenas nos diz que era filho de Terá e que acompanhava a seu pai de forma obediente. Observações a respeito da chamada de Abrão: a) foi Deus quem chamou a Abrão b) para Abrão atender ao chamado divino, teve de sair de sua terra, de sua parentela e da casa de seu pai. c) a caminhada com Deus se inicia por um chamado de Deus, uma resolução de abandono do mundo e de suas concupiscências (Tt. 2:12), mas é, sobretudo, um ato de fé. d) o atendimento do chamado exige o modo estabelecido por Deus e) o chamado por Deus invoca o Senhor, é uma adorador. III – A BIOGRAFIA DE ABRAÃO (II) O HOMEM QUE, PARA ESPERAR O CUMPRIMENTO DA PROMESSA POR VINTE E CINCO ANOS, PRECISAVA REMOVER OS OBSTÁCULOS NA SUA VIDA COM DEUS. – Mesmo estando em comunhão com Deus, Abrão enfrentou o problema da fome na Terra de Canaã – eis a prova de que prosperidade material e comunhão com Deus nem sempre andam juntos. – Infelizmente, na hora da fome, Abrão deixou a direção de Deus e desceu para o Egito. – Seguir a nossa decisão, escolhermos o que fazer sem a direção nem a orientação de Deus é algo que nos deixa em péssima condição diante de Deus e dos homens. – Fora da direção divina, Abrão torna-se presa da mentira – a “meia-verdade” é sempre uma mentira por inteiro. – Fora da direção divina, Abrão teve prosperidade material no Egito – eis a prova de que prosperidade material e comunhão com Deus nem sempre andam juntos. – Descoberta a mentira, Abrão passou muita vergonha. Desmascarado publicamente, foi expulso do Egito, juntamente com sua mulher. – De volta do Egito, Abrão torna a edificar um altar ao Senhor. Volta para a direção de Deus, mas havia, ainda, um problema: Ló. – Ló não estava inserido na promessa de Deus a Abrão e a contenda estabelecida foi discernida por Abrão, que se separou de seu sobrinho. Tiremos os Lós de nossa vida! – Após a escolha feita por Ló, Abrão teve mais uma manifestação de Deus. – Sem os obstáculos criados por Abrão, restabelece-se plenamente a comunhão com Deus (Gn.13:18). IV – A BIOGRAFIA DE ABRAÃO (III) – O HOMEM QUE SOUBE ESPERAR O CUMPRIMENTO DA PROMESSA – Removidos os obstáculos, Abrão passou a viver em paz na terra de Canaã, embora fosse um peregrino, é , inclusive, protegido de grande guerra na região (Gn.14:1-11). – Abrão vai à guerra com seus confederados, mas mostra ter independência com relação a eles. Era o “hebreu”, alguém que vivia entre os moradores da Terra, não se misturava com eles, embora fosse por eles benquisto. – O hebreu evita qualquer comunhão com o rei de Sodoma, mas reconhece a soberania do sacerdote do Deus Altíssimo. – Como resultado pela sua separação do pecado e reconhecimento da soberania divina, Deus Se manifesta outra vez a Abrão. – Deus Se revela como o escudo e grandíssimo galardão de Abrão (Gn.15:1). Aspectos do sacrifício oferecido por Abrão a Deus e que se tornou prova da promessa divina: a) consideração divina dos dados culturais dos homens para Se comunicar com eles b) a necessidade de esforço humano para que se confirme e se demonstre, por fé, o que foi dito por Deus. c) a intimidade com Deus leva-nos a uma dimensão espiritual diferenciada d) a vida com Deus tem lutas e dificuldades. e) é preciso ser constante e vigilante quando assumimos compromissos diante de Deus Abrão, porém, falha mais uma vez, ao aceitar receber Agar e dela ter um filho. Inconvenientes da “solução Agar”(I): a) Agar não era nascida na casa de Abrão b) Agar era vestígio de um período de desvio c) Agar subverteria a ordem natural das coisas Inconvenientes da “solução Agar” (II): d) Agar era conseqüência da incredulidade e da desesperança em Deus e) Agar era uma solução feita com base na lógica humana e não na direção do f) A solução Agar fez com que caísse mais um período de silêncio divino na casa de Abrão. – Mas, apesar da “solução Agar”, Deus não Se esqueceu de Suas promessas e, treze anos depois, tornou a falar com Abrão. – Deus muda o nome de Abrão para “Abraão” (em hebraico, Avraham”) – “pai de multidões”, a indicar o cumprimento da promessa divina na vida do patriarca. Resultados da retomada do diálogo de Deus com Abraão: a) Deus visita Abraão e é esplendidamente recebido – Abrão mostra-se hospitaleiro b) Abraão intercedeu a favor das cidades da planície e sua intercessão livra Ló e suas filhas da destruição – Vinte e cinco anos depois, Deus cumpre a Sua promessa e Sara tem um filho com Abraão – Isaque. – O nascimento de Isaque revela a impossibilidade da convivência de Ismael e Agar na casa de Abraão e são eles despedidos por Abraão, que, desta vez, toma a decisão e, antes, procurou saber a direção de Deus. V – A BIOGRAFIA DE ABRAÃO (IV) O HOMEM QUE, CUMPRIDA A PROMESSA, TEM FÉ EXEMPLAR – Removidos todos os obstáculos, o Senhor resolveu pôr Abraão à prova e manda que Isaque lhe seja sacrificado no monte Moriá. – Abraão obedece a Deus e dá um dos mais sublimes exemplos de fé que se encontra nas Escrituras Sagradas. Abraão atinge o ápice da vida espiritual. – Abraão completa a sua tarefa arrumando uma mulher para Isaque dentre os de sua parentela, depois da morte de Sara. – Resolve casar novamente, mas, antes, tudo entrega a Isaque para que nenhum obstáculo se criasse no propósito divino. Casa-se com Cetura, tem outros filhos morre com 175 anos de idade. VI – MELQUISEDEQUE ABENÇOA ABRAÃO – O episódio ocorrido entre Melquisedeque e Abrão, relatado em Gn.14:18-24, faz parte da perícope (isto é, parte do texto bíblico que tem um sentido completo) que trata dos acontecimentos ocorridos após a vitória militar de Abrão sobre o rei Anrafel, de Sinar, e seus aliados. – Tendo vencido a batalha, o rei de Sodoma, Bera (Cf.Gn.14:2), veio ao encontro do patriarca e de seus aliados, uma vez que, na batalha, havia fugido juntamente com o rei de Gomorra (Cf. Gn.14:10), assim como o rei de Salém, Melquisedeque. – Melquisedeque parece ter chegado primeiro e trouxe para Abrão pão e vinho, tendo abençoado ao patriarca, chamando-o de “Abrão do Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra”, como também louvado ao Senhor pela vitória militar, reconhecendo que fora o Senhor quem entregara os inimigos nas mãos de Abrão e seus aliados. – O nome “Melquisedeque” significa “rei de justiça” (Cf. Hb.7:2) e a cidade de onde era rei é “Salém”, que significa “paz”. Temos aqui, portanto, um rei que representa “justiça e paz”. – Melquisedeque vai até Abrão e lhe traz pão e vinho, ou seja, quer com ele comer e beber, ou seja, para estabelecer comunhão, compartilhar com o patriarca a fé no mesmo e único Deus. – Melquisedeque ainda abençoa Abrão, na qualidade de sacerdote deste único Deus, e, como diz o escritor aos hebreus, ao abençoar Abrão, põese num patamar superior ao patriarca (Hb.7:7), gesto que foi aceito pelo “pai da fé”, que reconheceu tal superioridade. Melquisedeque não se limitou a abençoar Abrão, mas, também, louva a Deus pela vitória alcançada pelo patriarca, reconhecendo, assim, que tudo aquilo havia ocorrido pela intervenção do Senhor, mostrando, portanto, que este único Deus não só é transcendente, superior a tudo o que foi criado (Possuidor dos céus e da terra), como também imanente, um Deus que intervém na criação para fazer justiça. – Este episódio seria de grande valia no entendimento do plano de Deus para a salvação, como nos mostra o escritor aos hebreus, que, através dele, nos traria o sentido do que o salmista afirmou quando disse que o Messias seria sacerdote “segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl.110:4), mostrando a superioridade do sacerdócio de Cristo com relação ao sacerdócio levítico (Hb.7), a superioridade da graça em relação à lei mosaica. – Abrão mostra, neste episódio, estar em plena comunhão com o Senhor, tanto que, ao mesmo tempo que aceita ser abençoado por Melquisedeque e lhe dá o dízimo de tudo, recusa a oferta de Bera, nada tomando dos sodomitas como despojo pela sua vitória militar (Gn.14:21-24). – Abrão mostra que quem vive pela fé é desprendido das coisas materiais, dá prioridade às coisas espirituais e põe o material a serviço do espiritual. Neste episódio, Abrão nos mostra que somente serem justos se vivermos pela fé e que a fé exige que tenhamos comunhão com Deus, por meio do sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque e que tal comunhão nos abençoa e nos permite manter separados do mundo e de tudo que ele possa vir a oferecer. Temos vivido assim? Site: http://portalebd.org.br