MATEMÁTICA NA MESOPOTÂMIA OBJETIVOS - Desmitificar a idéia de que a matemática é uma ciência pautada numa estrutura única. - Realizar breve contextualização histórica e como isso afetou o modo dos babilônicos produzirem matemática. - Apresentar o sistema de numeração sexagesimal e especificar as diferenças para o sistema de numeração decimal. OBJETIVOS - Capacitar, através de recursos computacionais, os alunos a realizarem operações com o sistema de numeração babilônico. - Apresentar uma nova interpretação para problemas babilônicos e resolvê-los na prática com procedimentos de “cortar” e “colar” figuras geométricas. INTRODUÇÃO Um dos mitos concebidos pela historiografia tradicional é o de que a matemática é uma ciência universal. Na verdade, diversas práticas matemáticas coexistiram desde os tempos primórdios, levando sempre em conta o contexto social dos povos - que influenciava diretamente em sua aplicação. INTRODUÇÃO A primeira forma de matemática que tem-se registro trata da matemática mesopotâmica. A palavra “Mesopotâmia”, em grego, significa “Entre Rios” e designa uma extensão geográfica. Dentre os povos que habitaram a Mesopotâmia, estão os sumérios e os acadianos. MAPA DA MESOPOTÂMIA ESCRITA E NÚMEROS O surgimento dos números é geralmente associado à necessidade de contagem, relacionado a problemas de subsistência. O frequente exemplo utilizado é o do pastor de ovelhas. Ele controla seu rebanho associando uma pedra para cada animal. Além de rebanhos, eram registrados insumos relacionados à sobrevivência e à organização da sociedade. ESCRITA E NÚMEROS ESCRITA E NÚMEROS As primeiras formas de escrita que temos registro datam do final do quarto milênio a.E.C. A pesquisadora Denise Schmandt-Besserat, propôs, nos anos 1990, a tese de que a forma mais antiga de escrita teria origem num dispositivo de contagem. Nas suas escavações, foram encontrados pequenos tokens – objetos de argila com diversos formatos. ESCRITA E NÚMEROS Eis os tokens: ESCRITA E NÚMEROS Esses objetos serviam à economia, na manutenção do controle de produtos agrícolas e, posteriormente, na fase urbana, controle de bens manufaturados. Com o desenvolvimento social, os métodos para armazenamento dos tolkens foram aperfeiçoados. Eles passaram, então a serem guardados em invólucros de argila e marcados na superfície. ESCRITA E NÚMEROS ESCRITA E NÚMEROS Posteriormente, os contadores perceberam que o conteúdo do invólucro se fazia desnecessário tendo em vista as marcas nas superfícies – que passaram a incluir sinais traçados com estilete. A substituição de tokens por sinais foi o primeiro passo para a escrita. Aos poucos, as impressões nos invólucros foram transportadas para tabletes. ESCRITA E NÚMEROS ESCRITA E NÚMEROS Atividade 1: Criação de tabletes de argila em sala de aula. ESCRITA E NÚMEROS Os primeiros numerais não eram símbolos criados para a representação de números abstratos, mas sim utilizados para a contagem de grãos. Os tabletes daquele período apontam que eram utilizados diferentes sistemas de medidas e bases, em função do assunto tratado nos balanços. ESCRITA E NÚMEROS A escrita protocuneiforme, isto é, que antecede a escrita cuneiforme - “em forma de cunha”. Esse desenvolvimento deu-se ao longo do terceiro milênio. Com a sua estabilização, ocorreram duas mudanças: a função de contagem de objetos discretos deu lugar aos cálculos e um mesmo sinal passou a ser usado para representar valores distintos. ESCRITA E NÚMEROS Evolução da escrita cuneiforme: O SISTEMA SEXAGESIMAL POSICIONAL A maioria dos tabletes cuneiformes são do período em torno do ano 1700 a.E.C. Os babilônios passaram a empregar um sistema em que um mesmo algarismo poderia assumir valores diferentes, dependendo da posição que ocupasse no numeral. Assim como o nosso sistema, esse era um sistema de numeração posicional. O SISTEMA SEXAGESIMAL POSICIONAL Esse sistema era construído a partir de dois símbolos básicos: um com valor absoluto 1 e outro com valor absoluto 10. Esses símbolos eram combinados por meio de um processo aditivo simples para formar os numerais de 1 a 59. A partir daí, o algarismo de valor absoluto 1 era novamente utilizado para representar o primeiro grupo de 60. O SISTEMA SEXAGESIMAL POSICIONAL Em sequência, os algarismos “a” de valores absolutos entre 1 a 59 eram usados para representar, respectivamente, os valores “a x 60”. Em suma, os símbolos de 1 a 59 eram formados a partir de um princípio aditivo e os símbolos a partir de 60 eram formados a partir de um princípio posicional. Portanto, é um sistema misto de numeração. O SISTEMA SEXAGESIMAL POSICIONAL O SISTEMA SEXAGESIMAL POSICIONAL Diferenças entre o Sistema Sexagesimal e o Sistema Decimal: - No sistema sexagesimal, algarismos de 1 a 59 são representados pela combinação dos símbolos 1 e 10, ao contrário do sistema decimal, em que os algarismos de 0 a 9 são representados por símbolos diferentes. O SISTEMA SEXAGESIMAL POSICIONAL - No sistema sexagesimal, não havia um símbolo para representar o algarismo zero. Tais diferenças eram responsáveis por sérias ambiguidades! OPERAÇÕES COM O SISTEMA SEXAGESIMAL Os babilônios resolviam operações de soma, subtração, multiplicação, divisão, potências e raízes quadradas e registravam todos os resultados em tabletes. Atividade 2: Realizar operações através do software “Cuneiform Calculator”. OPERAÇÕES COM O SISTEMA SEXAGESIMAL A “ÁLGEBRA” BABILÔNICA E NOVAS TRADUÇÕES Além dos tabletes contendo resultados de operações, os babilônios possuiam tabletes de procedimentos, como se fossem exercícios resolvidos. Veremos, a seguir, um exemplo de procedimento descrito em um dos tabletes: Procedimento: “Adicionei a área e o lado de um quadrado: obtive 0,45. Qual o lado?” A “ÁLGEBRA” BABILÔNICA E NOVAS TRADUÇÕES Atualmente, podemos resolver esse exemplo por uma equação do tipo Ax² + Bx = C, com A, B e C coeficientes. Contudo, essa técnica de resolução demanda a utilização de símbolos que não faziam parte da matemática antiga. As quantidades desconhecidas representavam comprimentos, larguras e áreas dadas por números, e não letras. Nesse caso, como evitar o anacronismo? A “ÁLGEBRA” BABILÔNICA E NOVAS TRADUÇÕES Recentemente, O historiador J. Hoyrup realizou novas traduções, que motivam uma interpretação geométrica desses procedimentos. Tradução do exemplo: Procedimento: “A supefície e a minha confrontação acumulei: obtive 0,45” A “ÁLGEBRA” BABILÔNICA E NOVAS TRADUÇÕES Atividade 3: Através de operações de “cortar e colar” figuras geométricas, encontrar a confrontação (lado da superfície, que é um quadrado). Consideração final: Tal prática não pode ser descrita como álgebra, sendo a expressão “cálculo com grandezas” a mais apropriada. BIBLIOGRAFIA ROQUE, Tatiana. História da matemática: uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas. 2° Reimpressão. Rio de Janeiro: Zahar, 2014. Link do site: http://it.stlawu.edu/~dmelvill/mesomath/calcula tor/scalc.html UMA BOA ELEIÇÃO PARA TODOS!