Congresso Mirian II - neuropsicologia clínica aplicada à reabilitação

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Desempenho da função executiva em usuários de múltiplas drogas:
Programa de Orientação e Atendimento ao Dependente- PROAD
Mirian S. Corteze1; 3; Fernanda Moreira1; Evelyn Silveira1; Livia S. S. Valentin2; 3
1.Proad- Programa de orientação e atendimento ao dependente – Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de
Medicina– UNIFESP; 2. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo-FMUSP; ; 3. Centro de Estudo e Pesquisa Clínica Saúde-CEPCS
INTRODUÇÃO: uso das drogas traz consigo o fantasma do
abuso e da dependência. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde “a dependência química é compreendida
como uma doença crônica, progressiva e fatal que traz
implicações físicas, neurológicas e psíquicas”, podendo-se
acrescentar os comprometimentos neuropsicológicos1. O
quadro atual é alarmante, as pesquisas têm demonstrado o
rápido aumento da dependência entre os jovens de diferentes
classes sociais. Nas complexas intersecções entre mente,
cérebro, emoção e comportamento, a neuropsicologia busca
compreender as motivações, limitações e impossibilidades dos
farmacodependentes. O funcionamento executivo deficitário é
um dos aspectos mais relevantes ao considera-se os prejuízos
neuropsicológicos decorrentes do uso de substâncias
psicoativas2. O funcionamento executivo desempenha papel
importante na vida social e pessoal do indivíduo. A integridade
do funcionamento executivo constitui condição essencial para a
otimização das estratégias psicoterápicas oferecidas aos
dependentes químicos, como parte do programa de
recuperação e reinserção social. O termo ‘disfunção executiva’
abrange um conjunto de alterações cognitivas decorrentes de
lesões nos lobos frontais. Estas alterações comprometem a
capacidade de resolução de problemas, memória operacional,
planejamento
antecipatório,
organização,
iniciação
e
monitoramento de respostas. São considerados sintomas
comuns da disfunção executiva o pensamento abstrato
empobrecido, impulsividade, confabulação, planejamento,
euforia, seqüência temporal empobrecida, falta de insight
(perspicácia), apatia, desinibição (social), motivações variadas,
pouca afetividade, agressividade, falta de preocupação,
perseverarão, inquietude, rebaixamento do processo inibitório,
dissociações, distratibilidade, processo decisório empobrecido,
despreocupação com regras sociais. OBJETIVO: Avaliar o
funcionamento executivo em usuários de múltiplas drogas dos
grupos de acolhimento no PROAD. Foram aplicados escalas
psiquiátricas (CES-D e DUSI), testes neuropsicológicos (Raven,
Stroop Test, Go-no-go, Dígitos, Controle Mental, FAS e
categoria animal, Color Trail Test, Trail Making). MÉTODO:
Foram avaliados 32 pacientes (N= 32) do sexo masculino, entre
15 e 65 anos, dependentes de múltiplas drogas (DUSI), e
prevalência de depressão (CES-D).
RESULTADOS: 53,1% dos sujeitos dessa amostra revelaram
ter feito uso de drogas nas últimas 48 horas que precederam
a coleta dos dados. A escala CES-D, revelou que 81,3% dos
homens avaliados tinham transtorno depressivo. Observou-se
comprometimento neuropsicológico, na memória operacional
e processos atencionais (65,6% inferior a média, 18,8% médio
inferior - Dígitos, Color Trail test, Trail Making); sensibilidade a
interferência e flexibilidade mental (Trail Making, 40,6% médio
inferior e 43,8% inferior a média; Color Trail test 21,9% médio
Inferior, 15,6% inferior a média), iniciação, estratégia, inibição
e linguagem (50% médio inferior FAS categoria).
CONCLUSÃO: A amostra (N=32) apresentou disfunção
executiva (>40%) associada à depressão, o que dificulta o
processo de adaptação ambiental; bem como a compreensão
para normas e regras sociais, interferindo na qualidade de
vida, na aderência aos tratamentos psicoterápicos, no
processo de reinserção social.
Palavras-Chaves: Funções Executivas; Drogadição; Testes Neuropsicológicos.
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