Imperfeições cristalinas Podem ser de três tipos: pontuais, em linha e de superfície. Estão presentes na rede cristalina e exercem papel fundamental nas propriedades dos materiais. Pontuais: vazios, átomos intersticiais e átomos substitucionais. A presença de vazios (defeitos pontuais) pode interferir na difusão atômica, enquanto a presença de discordâncias (defeitos em linha), pode ser a explicação para a diferença entre o limite de escoamento teórico e o real. Para os processos de conformação, os defeitos em linha (discordâncias) do tipo cunha e hélice são os mais importantes por estarem relacionados com o mecanismo de deformação plástica. O controle da densidade de discordâncias no material por conformação mecânica e tratamento térmico, é uma importante maneira de controlar as propriedades dos materiais. O estudo dessas discordâncias é efetuado com o auxílio de um microscópio eletrônico de transmissão (TEM). Discordância em cunha – pode ser descrita como a inserção de um plano atômico extra na rede cristalina. A extremidade deste “meio plano” é a linha de discordância. O vetor de Burgers, que descreve a direção do escorregamento é perpendicular à linha de discordância. Discordância em hélice – neste caso, o empilhamento ocorreu de forma semelhante a uma espiral. O vetor de Burgers é paralelo à linha de discordância em hélice. Deformação plástica Em baixa temperatura, OS MECANISMOS DE DEFORMAÇÃO PLÁSTICA são: 1) movimento de discordâncias e 2) maclação A aplicação de uma força de cisalhamento pode resultar na movimentação da discordância, produzindo um “degrau” na superfície ou no contorno de grão, cuja profundidade é de uma distância atômica (alguns Ǻngstrons) Fenômenos do escorregamento O escorregamento de planos atômicos é o processo pelo qual uma discordância produz deformação plástica em um material. Quando a força de cisalhamento age na direção do vetor de Burgers, a discordância movimenta-se. Este movimento ocorre em um plano e direção mais densos. Este é o motivo para que materiais com diferentes estruturas cristalinas, apresentem propriedades mecânicas distintas. O escorregamento de planos é o responsável pelo “empescoçamento” do corpo de prova de tração. CFC Muitos planos de escorregamentos (12) Alta compactação CCC Muitos planos de escorregamentos (48) Pouca compactação HCP Poucos planos de escorregamentos (3) Alta compactação Seqüência do escorregamento de planos: mais denso e menos denso. Escorregamento do plano mais denso em uma célula HC. Movimento de uma discordância do tipo mista (Cunha+Hélice). MACLAÇÃO As maclas são um tipo de defeito de superfície e podem ser causadas por tensões térmicas ou mecânicas e são mais comuns em materiais com estrutura CFC, tais como o cobre. Essas tensões podem causar uma reorientação da microestrutura entre dois planos “espelhos”, resultando em uma orientação mais propícia para o escorregamento de planos. Influência dos contornos de grão A maioria dos metais apresenta-se na forma policristalina, isto é, sua microestrutura consiste de muitas regiões cristalinas pequenas (grãos), cada uma com uma orientação cristalográfica distinta. Considerando a interface entre dois grãos, se a diferença nas orientações resultar em um ângulo pequeno, o contorno pode ser considerado como um arranjo de discordâncias em cunha. Um alto ângulo na diferença entre as orientações cristalinas no contorno de grão, pode apresentar tensões locais devido a problemas com a acomodação dos átomos nestas regiões. Neste caso, o contorno de grão agirá como uma barreira à movimentação das discordâncias. Um tamanho de grão pequeno produz muitos contornos e as discordâncias podem mover-se apenas por uma curta distância antes de encontrar outro contorno. Assim, em baixas temperaturas, é possível dizer que a redução do contorno de grão promove um aumento do limite de escoamento do material. Trabalho a frio O trabalho a frio acaba por aumentar o limite de escoamento do material devido ao encruamento. Este processamento eleva a densidade de discordâncias de 105 – 106 cm-2 (cm/cm3), existente em um cristal recozido, para algo em torno de 1010 – 1012 cm-2. A presença de outras discordâncias, contornos de grão ou de precipitados pode agir como obstáculos ao movimento de uma discordância, resultando em um aumento da resistência. Por outro lado, a ductilidade do material é reduzida. Encruamento A resposta de diferentes materiais à deformação plástica depende de sua estrutura cristalina. O coeficiente de encruamento n é definido pela equação: K n na qual, corresponde à tensão real, à deformação real e K é o coeficiente de resistência característico do material. Para um metal HCP, n é baixo (pouca eficiência no encruamento), Para um metal CCC, n é maior, Para um metal CFC, n é máximo (indicando metais como Al e Cu, que podem ser significativamente encruados) Recozimento O aquecimento do metal laminado a frio, chamado de recozimento, reverte o efeito de perda da dutilidade e aumento da resistência imposta pelo processo. O recozimento ocorre em três estágios com o aumento da temperatura: recuperação, recristalização e crescimento dos grãos. Recuperação – com pouca energia térmica, a alta densidade de discordâncias pode mover-se para acomodar a tensão residual armazenada, formando uma estrutura de subgrãos poligonizados, que concentram os defeitos da rede cristalina em uma pequena parte do volume do grão. Isto aumenta a dutilidade sem diminuir muito a resistência. Recristalização – Nucleação e crescimento de novos grãos iniciados nos contornos de grão pré-existentes, e que demanda uma maior energia. Estes novos grãos são pequenos, equiaxiais, têm baixa densidade de discordâncias e possuem orientações aleatórias. O metal recristalizado apresenta baixa resistência e alta dutilidade. Crescimento de grão – Em altas temperaturas, os grãos crescem, consumindo os menores. Isto reduz a resistência e a tenacidade e é geralmente indesejável. Na fabricação de metais, vários ciclos de trabalho (processamento) e recozimento podem ser usados. O recozimento “amolece” o metal para que possa ser deformado. Trabalho a quente A laminação e o forjamento a quente deformam metais em temperaturas elevadas que podem ser acima da temperatura de recristalização. É um importante processo de fabricação, pois permite uma enorme deformação plástica. O motivo é a contínua recristalização que ocorre a medida que a peça é deformada, prevenindo o aumento da resistência e a redução da ductilidade características da laminação a frio. O controle dimensional é dificultado no trabalho a quente. Entretanto, os estágios finais de fabricação são conduzidos em temperaturas mais baixas. O controle da taxa de deformação, da temperatura de trabalho e da taxa de resfriamento após a deformação pode reter alguns dos efeitos da deformação, tais como, orientação preferencial dos grãos, estrutura refinada e densidade de discordâncias controlada. A laminação a quente controlada produz metais com excelentes combinações de propriedades. Velocidade de deformação A velocidade na qual a deformação é aplicada a um material pode ter uma importante influência na tensão de escoamento. O aumento da velocidade de deformação aumenta a tensão de escoamento.