Cristologia Escola Bíblica Dominical 2017

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O motivo da apresentação
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 Na história da Igreja, o debate cristológico mais
acalorado tem sido a respeito da compreensão da
pessoa e da obra de Jesus Cristo. Alguns teólogos
têm pesquisado a vida de Jesus baseados na
premissa de que ele não pode ser homem e Deus ao
mesmo tempo. Alguns têm estudado Cristo a partir
de cima, fundamentados na proclamação da igreja, já
outros, a partir de baixo, baseando sua concepção de
Cristo na investigação histórica.
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 Mais recentemente, surgiram diversas tentativas
populares, porém equivocadas, de reconstruir a vida
e os ensinamentos de Jesus. No entanto, hoje buscase uma perspectiva que utiliza a fé para interpretar a
história de Jesus, podendo assim fornecer uma
metodologia cristológica mais adequada.
Quem é Jesus Cristo?
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 O Filho de Deus. Mateus 16:16
 Jesus é Senhor:
 A palavra Senhor, no grego é Kurios. Quando o
imperador romano exigia ser tratado como Senhor
(SENHOR AQUI É O MESMO QUE DEUS) queria
ser reconhecido como Deus. Os cristãos diziam: Jesus
Cristo é o Senhor.
A Pessoa de Cristo
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 Jesus é uma única pessoa, mas dotada de duas
naturezas: uma perfeitamente divina e outra
perfeitamente humana (100% homem e 100% Deus).
Muitos questionamentos foram feitos no decorrer da
história da igreja e muitas concepções heréticas
surgiram:
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 Os Ebionitas – (107 d. C) negavam a realidade da
natureza divina de Jesus,dizendo ser Ele “um
homem com muita intimidade com Deus” ( o
ebionismo era o judaísmo dentro da igreja).
 Os Docetas – (do grego doketes – “parecer” – “crer
numa aparência”). Surgiram em 70 d. C e duraram
até mais ou menos 170 d. C. Negavam a humanidade
de Cristo. Para eles, o mal residia na matéria. Se
Jesus não tinha pecado, então não tinha matéria
também.
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 O Arianismo – (surgiram no ano 325 d. C). Ário, seu
fundador, negava a integridade e a perfeição da
natureza de Cristo. Não admitia Cristo como Deus.
Mas uma criatura maravilhosa e perfeita.
 Apolinário – (381 d. C). Negava a integridade da
natureza humana de Cristo. Dizia que Jesus tinha
corpo humano e mente divina, constituindo-se de
corpo, verbo e espírito. Cria que Deus não poderia se
unir a um corpo genuíno e completo porque assim
assumiria a pecaminosidade Dele.
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 Nestório – (431 d. C). Negava a verdadeira união
entre as duas naturezas de Cristo. Atribuía a Cristo
duas partes distintas: “Se dormia, o homem dormia,
se repreendia os ventos, era parte divina em ação”.
 Eutiques – Cria que as duas naturezas se fundiam,
formando uma terceira natureza, nem divina nem
humana. Negava a distinção coexistência das duas
naturezas. Pregava o monofisismo ( fusão das duas
naturezas). Criava uma 3ª natureza.
Provas da humanidade de Cristo
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1. Nasceu de mulher. Gl. 4:4
2. Foi menino. Mt. 2:11
3. Tinha genealogia. Mt. 1:1
4. Possuiu carne e sangue. Hb. 2:14
5. Estava sujeito à:
- Fome – Mt. 4:2
- Ao sofrimento da dor física – Lc. 22:44
- Sede – Jo. 19:28
- Ao cansaço ou fadiga do corpo – Jo. 4:6
- A tristeza por possuir uma alma racional – Mt. 26:38.
6. Sofreu tentação. Hb. 2:18
7. Morreu. Jo. 19:30-33.
A Deidade ou Divindade de Jesus
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 Há uma diferença entre a vida de Jesus e a dos
demais homens do mundo, que foi o seu nascimento,
de uma virgem, gerado pelo Espírito Santo. Não
existiu e nem existirá alguém na face da terra gerado
pelo Espírito Santo a não ser Jesus Cristo, e isso
porquê? Para mostrar a todos que Deus entrou na
humanidade.
Jesus é Deus
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1. Os atributos de Deus são dados a Jesus
 Criador: Hb. 1:2-10; Ap. 1:5 e 3:14
 Preservador do Universo: Hb.1:8-10; Cl., 1:15-17
 Eternidade: Hb. 1:3, 11, 12; Cl. 1:17
 Imutabilidade: Hb. 1:11, 12; 13:8
A busca do Jesus
histórico
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A primeira busca
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 Hermann S. Reimarus é considerado o iniciador desta
busca do Jesus histórico.
 Em seus ensaios demonstra a descontinuidade que
existiria entre o Cristo da fé e o Jesus da História.
 O Jesus histórico não seria um messias religioso, mas
segundo a esperança judaica do tempo, um libertador
político na linha messiânica davídica.

Problemas encontrados:
1) a elaboração de uma figura válida de Jesus
2)discussão sobre a natureza das fontes para isso.
Albert Schweitzer
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 A legitimidade teológica da busca foi colocada em discussão.
Albert Schweitzer afirmava que o Jesus de Nazaré da teologia
liberal nunca existiu. Ele era uma figura concebida pelo
racionalismo, dada à luz pelo liberalismo, vestida pela moderna
teologia de uma aparência histórica.
 Segundo Schweitzer todos os trabalhos sobre o tema se colocam
como definitivo a ponto de impossibilitar qualquer futura
pesquisa na linha da busca do Jesus histórico.
 Outro problema para Schweitzer o Evangelho de Marcos,
normalmente considerado como “a” fonte histórica, era um
trabalho teológico, e não um relato direto da atividade de Jesus.
 Nos cinquenta anos posteriores a suas críticas silenciou-se as
pesquisas nos temas restringindo-se apenas aos paradigmas
escatológicos.
Rudolf Bultmann
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 Colocava-se em continuidade com o ceticismo de Schweitzer
com sua demitoligização e seu destaque para o kerygma em
relação à possibilidade da busca do Jesus histórico.
 As fontes cristãs não estariam interessadas em lembrar-se de
Jesus como de uma figura do passado, mas enquanto o Cristo
presente e ressuscitado.
 Bultmann pensava que não se poderia chegar, a saber, quase
nada a respeito da vida e da pessoa de Jesus, dado que as
primeiras fontes cristãs não demonstram nenhum interesse
nelas, sendo além de tudo muito fragmentárias e legendárias; e
não se tem outras fontes sobre Jesus.
 A crítica à própria possibilidade de uma busca do Jesus
histórico chega aqui ao seu ponto mais alto.
A segunda busca
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 Ernst Käsemann (ex-aluno de Bultmann) propõe retomar a busca, pois
o Cristo da Igreja não pode ser abordado simplesmente como um ser
mitológico, mas deve ter alguma ligação, alguma continuidade com
sua existência histórica.
 Se assim não fosse a mesma fé cristã não poderia se sustentar, seria
colocada em xeque-mate.
 Com a proposta de Käsemann começa a chamada New Quest, a nova
busca do Jesus histórico.
 A característica central desta é a tentativa de trabalhar ao mesmo
tempo com as duas realidades: o Jesus histórico e o Cristo da fé,
pressupondo uma certa continuidade entre os dois. Procurando dar
um sentido teológico ao pouco de historicidade provada.
 A primeira preocupação da Nova Busca é aquela de isolar o material
realmente útil sobre o Jesus histórico. Os critérios para isso são
conhecidos: desde a dessemelhança das fontes judias e cristãs primitivas,
à analise do idioma particular de Jesus, até o critério da múltipla atestação.
A terceira busca
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 A Terceira Busca na verdade é uma simples
continuação da Nova Busca.
 O que diferencia será a recusa de qualquer interesse
teológico envolvido na pesquisa.
 Destaca-se nessa perspectiva John Dominic Crossan,
que trabalha uma metodologia, que combina
história, arqueologia e crítica literária com
antropologia e sociologia comparada.
Onde podemos chegar
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Mesmo com todos os esforços chegamos ao ponto inicial,
pois será possível ao discurso científico chegar ao
entendimento concreto do Jesus histórico sem antes não
cair na mesma questão na qual faz crítica? A saber, mais um
novo construto do Jesus de Nazaré, ou Galileu?
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Meier formulou uma frase paradoxal:
“O Jesus histórico não é o real. O Jesus verdadeiro não é
o Jesus histórico”.
Para Meier o Jesus da história nada mais é que uma
“moderna abstração e um constructo”.
O grande problema na pesquisa de Jesus na academia é
o risco de ser reduzida novamente ao que podemos
reconstruir e avaliar, utilizando-se dos instrumentos
científicos da pesquisa histórica moderna.
Jesus Remembered
James Dunn
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 Um novo paradigma para a pesquisa sobre Jesus,
onde deu a seu extenso e estimulante livro com o
mesmo nome Jesus Remembered.
 Dunn apresenta problemas metodológicos nas
antigas pesquisas: primeiro especialmente em
relação ao objeto de pesquisa, mas também em
relação ao direcionamento errôneo dessa pesquisa
segundo os modos de pensar de uma cultura
literária, e não oral, típicas nas sociedades no tempo
de Jesus.
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 De acordo com Dunn deve se a uma falácia que foi o
cerne de toda a busca, a pressuposição foi de que
para ter ciência real do Jesus histórico este deveria
ser diferente do Jesus da fé. Só que esse paradigma
fez com que a busca do Jesus histórico fosse diferente
tanto do Cristo da fé, como do Cristo dos
evangelhos. A grande motivação que provocou a
busca é valida e necessária, mas ai é que está o erro
dos métodos.
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 Uma falha que observamos nos métodos é que estes
não percebem que a vida de Jesus gerou um impacto
que catalisou a manutenção e continuidade das
comunidades cristãs. Fica claro que “já na tradição,
ou seja, na memória sobre Jesus entrou a impressão
(impact) deixada pelo próprio Jesus terreno – ainda
antes da crucificação e ressurreição – em seus
adeptos e adeptas
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 No fundo é indiferente se a fé em Jesus, que entrou
na tradição sobre ele, se alimenta de fontes
posteriores ou anteriores à pascoa.
 Seria no mínimo incoerente querer saber do Jesus
histórico sem levar em consideração a fé que ele
despertou na vida das pessoas enquanto esteve entre
eles.
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 O Jesus (Re)lembrado de Dunn pretende evitar o engano
fundamental que reina por mais de dois séculos. Para ele
estamos dependentes das narrações sobre Jesus e suas
lembranças.
 O conceito de lembrança de Jesus implica que nos
evangelhos essas lembranças (relevantes por sinal)
procedem de pessoas impressionadas e impactadas por
Jesus.
 A história sobre Jesus consegue chegar, no melhor dos
casos, só até as mais antigas lembranças de Jesus de
Nazaré, como assim já havia formulado Rudolf Bultmann,
que nesse contexto já falava da “mais antiga” tradição
sobre Jesus de Nazaré.
Conclusões
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 Esse novo paradigma só nos atesta que na melhor
das hipóteses que nós não podemos nos aproximar
daquele construto histórico ou Jesus da História, ou
o “assim denominado Jesus histórico do que até o
impacto (impact) que ele deixou em seus adeptos”.
Poderíamos dizer que essas lembranças serão sempre
tendenciosas, pois não temos instrumentos de
análise que poderiam subtrair o que de fato é “real”,
“histórico”, ou “lembranças verídicas”.
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 Seria pedir demais que um novo paradigma de busca
do Jesus histórico fosse um fim em si. A
confiabilidade das memórias já fora posta a prova
por Crossan. No entanto, querer fazer a refutação de
um paradigma através de outro não se chega a um
denominador comum.
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 Apesar de admitirmos que esse novo paradigma esta
sujeito a subjetivação ele se embasa numa
perspectiva anterior a própria história, o que é tão
relevante para entendermos o porque que as
comunidades primitivas se guiaram através delas e
constituíram por meio das memórias seu parâmetro
de vida comunitário tendo em Jesus de Nazaré como
a inspiração para dar continuidade e ser uma
comunidade carismática.
BIBLIOGRAFIA

CORNELLI, G. Metodologia e resultados atuais da busca pelo
Jesus Histórico. In: CHEVITARESE, A. L; CORNELLI, G;
SELVATICI, M. Jesus de Nazaré: uma outra história. São Paulo:
Annablume/Fapesp, 2006.
LANGSTON, A. B. Esboço de Teologia Sistemática. 11 e.d. Rio de
Janeiro: JUERP, 1994.
MEIER, J.P. Um judeu marginal: repensando o Jesus histórico. v.1.
Rio de Janeiro: Imago, 1993.
STEGEMANN, W. Jesus e seu tempo. São Leopoldo-RS:
Sinodal;EST, 2012.
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