Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Ciências Agrárias TEORIA DOS PREÇOS Prof. D. Sc. Wendel Sandro de Paula Andrade Economia da Engenharia – Teoria dos Preços Demanda individual = quantidade desejada de determinado bem ou serviço em certo período de tempo Demanda ≠ Compra ◦ Demanda = desejo de comprar certo bem ◦ Compra = aquisição de certo bem Expressa em fluxo por unidade de tempo Economia da Engenharia – Teoria dos Preços Preço do bem Preço dos bens relacionados ◦ Bens substitutos ◦ Bens complementares Renda do consumidor Gosto e preferência do consumidor Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 𝐷𝑥 = 𝑓(𝑃𝑥 , 𝑃1 , 𝑃2 , … , 𝑃𝑛−1 , 𝑅, 𝐺) Onde: Dx é demanda do bem x Px é preço do bem x Py é preço dos bens relacionados (i = 1, 2, ..., n-1) R é renda do consumidor G é gosto ou preferência do consumidor Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 2.1. Preço do bem Quanto maior o preço do bem, menor a quantidade demandada Exceções: ◦ Bens de Giffen ◦ Bens de Veblen Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 2.1. Preço do bem Bens de Giffen = bens de baixo valor, mas com grande influência no orçamento doméstico ◦ Quanto maior o preço maior a demanda ◦ Diminuição do poder de compra ◦ Ex.: Pão francês Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 2.1. Preço do bem Bens de Veblen = bens de consumo ostentatório ◦ Quanto maior o preço, maior a demanda ◦ Ex.: Carros de luxo Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 2.2. Preço dos bens relacionados Bens substitutos ou concorrentes ◦ O consumo de determinado bem pode substituir o consumo de outro bem ◦ Aumento do preço de um bem reduz sua demanda e aumenta a demanda de seu produto concorrente ◦ Ex.: Carne bovina e carne suína Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 2.2. Preço dos bens relacionados Bens substitutos ou concorrentes Py Px p1 p0 D’’x p0 D’x Dy q1 q0 Carne bovina (kg/mês) q0 q1 Carne suína (kg/mês) Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 2.2. Preço dos bens relacionados Bens complementares ◦ São bens consumidos em conjunto ◦ Redução da demanda de um bem também reduz a demanda de seu bem complementar ◦ Ex.: Ovo e farinha de trigo Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 2.2. Preço dos bens relacionados Bens complementares Py Px p1 p0 D’x p0 D’’x Dy q1 q0 Ovo (dúzias/mês) q1 q0 Farinha de trigo (kg/mês) Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 2.3. Renda do consumidor Relação entre demanda e renda = varia conforme as características do bem ◦ Bens normais ◦ Bens inferiores ◦ Bens de consumo saciado ou neutros Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 2.3. Renda do consumidor Bens normais = aumento da renda do consumidor causa aumento da demanda Pcarne p0 D”carne D’carne q0 q1 Carne 1a (kg/mês) Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 2.3. Renda do consumidor Bens inferiores = aumento da renda do consumidor causa redução da demanda Pcarne p0 D’carne D’’carne q1 q0 Carne 2a (kg/mês) Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 2.3. Renda do consumidor Bens neutros ou de consumo saciado = alterações da renda do consumidor não afetam a demanda Psal p0 D’sal = D’’sal q0 Sal (kg/mês) Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 2.4. Gosto ou preferência do consumidor Sofrem alterações com o tempo ◦ Ex.: Campanhas publicitárias P p0 D’’ D’ q1 q0 q2 D Q/U.T. Economia da Engenharia – Teoria dos Preços Relacionado às mudanças na quantidade da demanda dado alterações: ◦ No preço do produto ◦ Na renda do consumidor ◦ No preço dos bens relacionados Sensibilidade que a demanda do bem possui em relação a esses fatores acima Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.1. Elasticidade-preço da demanda Variação percentual na quantidade demanda de um bem, dada uma variação percentual em seu preço, caeteris paribus x E pd q1 q0 q dx dx dx q0 q p q x E pd dx p1 p0 p p q p p0 Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.1. Elasticidade-preço da demanda Valor sempre negativo ◦ Exceto bens de Veblen e de Giffen Comumente expresso em módulo E x pd 1 E x pd 1 E dx pd 1 Interpretação: a variação de 1% no preço do bem implica na variação de 1% na quantidade demandada, no sentido contrário Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.1. Elasticidade-preço da demanda 3.1.1. Demanda preço-elástica E x pd 1 Variação percentual da demanda é mais que proporcional à variação percentual do preço do bem Demanda sensível à variação do preço do bem Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.1. Elasticidade-preço da demanda 3.1.1. Demanda preço-elástica Exemplo: E x pd 1,2 Caso o preço do bem aumente 10% haverá uma redução na quantidade demandada de 12% Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.1. Elasticidade-preço da demanda 3.1.2. Demanda preço-inelástica E x pd 1 Variação percentual da demanda é menos que proporcional à variação percentual do preço do bem Demanda pouco sensível à variação no preço Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.1. Elasticidade-preço da demanda 3.1.2. Demanda preço-inelástica Exemplo: E x pd 0,8 Caso o preço do bem aumente 10% haverá uma redução na quantidade demandada de 8% Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.1. Elasticidade-preço da demanda 3.1.3. Demanda preço-unitária E x pd 1 Variação percentual da demanda ocorre na mesma proporção que a variação percentual do preço do bem Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.1. Elasticidade-preço da demanda 3.1.3. Demanda preço-unitária Exemplo: E x pd 1,0 Caso o preço do bem aumente 10% haverá uma redução na quantidade demandada de 10% Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.2. Elasticidade-preço da demanda e a receita total Estimação da elasticidade-preço da demanda antecede determinação do preço do bem Receita total = produto da quantidade vendida em determinado período (Q) pelo preço do bem (P) RT = Q x P Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.2. Elasticidade-preço da demanda e a receita total P Receita total Epdx = 1 Demanda Receita marginal Epdx < 1 Epdx > 1 Q/u.t. Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.3. Fatores que afetam a elasticidade-preço da demanda Disponibilidade de produtos substitutos ◦ Elasticidade-preço da demanda de produtos originados da agropecuária é baixa = boas safras ocasionam grandes quedas nos preços ◦ Queda do preço = absorção da nova produção pelo mercado, senão o mercado não será motivado a consumir mais Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.3. Fatores que afetam a elasticidade-preço da demanda Grau de essencialidade do produto ◦ Produto essencial = indispensável ao uso que se aplica ◦ Exemplo: Remédios destinado a doentes cardíacos Possuem baixa elasticidade-preço da demanda Mesmo com o aumento do preço, o consumidor será obrigado a se privar do consumo de outros bens e manter o nível do consumo de remédios Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.3. Fatores que afetam a elasticidade-preço da demanda Número de usos que se pode dar ao produto ◦ Quanto mais aplicações, maior a elasticidade-preço da demanda ◦ Viabilidade do preço do produto para as aplicações ◦ Exemplo: Milho Preço elevado = uso humano Preço reduzido = animais com elevada produtividade Preço ainda mais reduzido = animais com baixa produtividade Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.3. Fatores que afetam a elasticidade-preço da demanda Proporção da renda gasta com o produto ◦ Maior proporção da renda gasta com produto = mais elástico ◦ Exemplos: Criador de cavalos = cravos para ferradura menos elásticos que ração ou feno Família de classe média = palitos de fósforo menos elástico que carne Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.3. Fatores que afetam a elasticidade-preço da demanda Horizonte de tempo ◦ Maior elasticidade-preço da demanda ao longo do tempo = surgimento de produtos substitutos ◦ Exemplo: Petróleo Década de 70 = dependência brasileira Atualmente = tecnologia do uso de combustíveis renováveis Crise = demanda reduziria drasticamente Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.4. Elasticidade-preço cruzada da demanda Variação percentual da demanda de um bem x, dada uma variação percentual no preço do bem y, caeteris paribus q q q x y q0x q q p xy d y E x pd y y p1 p0 p p qd y y p p0 x 1 E xy pd x 0 x d x d y Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.4. Elasticidade-preço cruzada da demanda 3.4.1. Bens substitutos ou concorrentes E xy pd 0 Aumento no preço do bem y aumenta o consumo do bem x Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.4. Elasticidade-preço cruzada da demanda 3.4.1. Bens substitutos ou concorrentes Exemplo: E xy pd 0,5 Caso o preço do bem y aumente 10% haverá um aumento na quantidade demandada do bem x de 5% Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.4. Elasticidade-preço cruzada da demanda 3.4.1. Bens complementares E 0 xy pd Aumento no preço do bem y reduz o consumo do bem x Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.4. Elasticidade-preço cruzada da demanda 3.4.1. Bens complementares Exemplo: E 0,5 xy pd Caso o preço do bem y aumente 10% haverá uma redução na quantidade demandada do bem x de 5% Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.4. Elasticidade-preço cruzada da demanda 3.4.1. Bens independentes E xy pd 0 Aumento no preço do bem y não provoca nenhuma alteração na demanda do bem x Cuidado ao atribuir relacionamentos ilegítimos entre bens Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.5. Elasticidade-renda da demanda Sensibilidade da demanda Q do bem em relação a variações na renda R do consumidor Q Q R Q R Q ER R Q R R Q R Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.5. Elasticidade-renda da demanda Exemplo: Bens R = 1.000 R = 1.300 A 40 36 B 50 60 C 60 78 D 20 30 Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.5. Elasticidade-renda da demanda Exemplo: Bens R = 1.000 R = 1.300 A 40 36 Q (36 40) 4 0,1 10% Q 40 40 ER 0,33 R 1300 1000 300 0,3 30% R 1000 1000 ER < 0 = bem inferior ER < 1 = produto inelástico a renda Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.5. Elasticidade-renda da demanda Exemplo: Bens R = 1.000 R = 1.300 B 50 60 Q (60 50) 10 0,2 20% Q 50 50 ER 0,67 R 1300 1000 300 0,3 30% R 1000 1000 ER > 0 = bem normal ER < 1 = produto inelástico a renda Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.5. Elasticidade-renda da demanda Exemplo: Bens R = 1.000 R = 1.300 C 60 78 Q (78 60) 18 0,3 30% Q 60 60 ER 1,00 R 1300 1000 300 0,3 30% R 1000 1000 ER > 0 = bem normal ER = 1 = produto unitário a renda Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.5. Elasticidade-renda da demanda Exemplo: Bens R = 1.000 R = 1.300 D 20 30 Q (30 20) 10 0,5 50% Q 20 20 ER 1,67 R 1300 1000 300 0,3 30% R 1000 1000 ER > 0 = bem normal ER > 1 = produto elástico a renda Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 3.5. Elasticidade-renda da demanda Tipo de bem Valor relativo Valor absoluto da da ECP ECP Normal >0 Inferior <0 > 1 ⇒ elástica < 1 ⇒ inelástica = 1 ⇒ unitária Economia da Engenharia – Teoria dos Preços Oferta = quantidade Q do bem x por unidade de tempo que os vendedores desejam oferecer no mercado Fatores que influenciam a oferta: ◦ ◦ ◦ ◦ Preço do bem Preços dos insumos utilizados na produção do bem Tecnologia utilizada na produção do bem Preço de outros bens Economia da Engenharia – Teoria dos Preços Sx = f (Px, Pi, T, Pz, ...) Onde: Px = Preço do bem x Pi = Preço dos insumos utilizados na produção do bem x T = Tecnologia utilizada na produção do bem x Pz = Preço de outros bens Além de outras possíveis variáveis que possam influenciar a oferta Economia da Engenharia – Teoria dos Preços Assumindo-se a hipótese de caeteris parebus: Ox = f (Px) Preço do bem x ($) 10 8 0 Quantidade ofertada Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 4.1. Elasticidade-preço da oferta Sensibilidade da oferta O do bem em relação a variações no preço P do bem Q Q P Q P Q ERO P Q P P Q P Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 4.1. Elasticidade-preço da oferta Quando a oferta é linear, a elasticidade é constante ao longo da curva P EPO > 1 EPO = 1 EPO < 1 Q Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 4.1. Elasticidade-preço da oferta P EPO > 1 EPO = 1 EPO < 1 Q Valor Absoluto da EPO <1 Oferta elástica ao preço =1 Oferta unitária ao preço >1 Oferta inelástica ao preço Economia da Engenharia – Teoria dos Preços Preço de equilíbrio = iguala quantidade demandada do bem com quantidade ofertada do mesmo bem, de modo que compradores e vendedores fiquem satisfeitos Determinado pela oferta e pela demanda do bem Economia da Engenharia – Teoria dos Preços Px Demanda Oferta 20 14 10 20 40 100 150 170 Qx Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 5.1. Tratamento matemático Curvas de demanda e de oferta expressas linearmente Exemplo: ◦ QDx = 280 – 4Px ◦ QOx = -20 + 2Px Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 5.1. Tratamento matemático Px QDx = 280 – 4Px QOx = -20 + 2Px 30 280 – (4 x 30) = 160 -20 + (2 x 30) = 40 40 280 – (4 x 40) = 120 -20 + (2 x 40) = 60 50 280 – (4 x 50) = 80 -20 + (2 x 50) = 80 60 280 – (4 x 60) = 40 -20 + (2 x 60) = 100 Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 5.1. Tratamento matemático Oferta = demanda 280 – 4Px = 20 + 2Px 300 = 6Px Px = 50 Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 5.2. Tabelamento Em concorrência perfeita = tabelamento do preço pelo Governo em um valor inferior ao de equilíbrio causará escassez do bem ◦ Excesso de quantidade demandada sobre a oferta Solução = elevação do preço de mercado ◦ Impossível = Tabelamento ◦ Administração da escassez Economia da Engenharia – Teoria dos Preços Mercado = local onde encontram-se vendedores e compradores de determinados bens e/ou serviços Localização geográfica subsistente ◦ Compras pela internet ◦ Comprar por telefone Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 6.1. Concorrência perfeita Características ◦ Existência de um grande número de pequenos vendedores e compradores ◦ O produto transacionado é homogêneo ◦ Há livre entrada e saída de empresas no mercado ◦ Perfeita transparência, ou seja, perfeito conhecimento pelos compradores e vendedores, de tudo o que ocorre no mercado ◦ Perfeita mobilidade dos recursos produtivos Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 6.1. Concorrência perfeita Não é facilmente encontrado na prática Mercado de produtos agrícolas = mais se aproximam da concorrência perfeita Referencial de perfeição para análise de outros mercados Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 6.2. Monopólio Existência de um único vendedor Legal ou técnico 6.3. Oligopólio Existência de pequeno número de vendedores ou, mesmo existindo grande número de vendedores, uma pequena parcela destes domina a maior parte do mercado Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 6.4. Monopsônio Existência de um único comprador 6.5. Oligopsônio Existência de um pequeno número de compradores ou ainda que, embora haja um grande número de compradores, uma pequena parte destes é responsável por uma parcela bastante expressiva das compras ocorridas no mercado Economia da Engenharia – Teoria dos Preços 6.6. Monopsônio Trata-se de um mercado em que, apesar de haver um grande número de produtores (e, portanto, ser um mercado concorrencial), cada um deles é como se fosse monopolista de seu produto, já que este é diferenciado dos demais Economia da Engenharia – Teoria dos Preços Esta classificação não é a única existente Diferenciação entre estruturas de mercado = grau de controle sobre o preço pelos compradores e vendedores ◦ Concorrência perfeita = isoladamente, nenhum comprador ou vendedor possui influência sobre o preço de mercado ◦ Demais estruturas = ou o vendedor ou o comprador, isoladamente, pode impor um preço ao mercado