Cenário Atual Programa Seguranca do Paciente

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Victor Grabois
Coordenador Executivo do Centro Colaborador para a Qualidade do Cuidado e
Segurança do Paciente (Proqualis/Icict/Fiocruz)
[email protected]
Seminário Segurança do Paciente e as Redes de Atenção à Saúde
Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina
Dias 8 e 9 de abril de 2015
Florianópolis
Ao final dessa sessão você terá visto...
•
•
Um quadro atual da magnitude do problema da Segurança do Paciente no
mundo
Um pouco da ciência sobre a Segurança do Paciente
•
Um painel dos principais debates e iniciativas empreendidas por instituições
internacionais de referência, como a Agency of Healthcare Research and
Quality, Institute of Healthcare Improvement, Johns Hopkins, Cincinnati
Children’s Hospitals, e a The Health Foundation.
•
Antecedentes da criação do Programa Nacional de Segurança do Paciente
A magnitude do problema
OMS - Fatos sobre a Segurança do Paciente
 Em países desenvolvidos mais de 10% dos pacientes podem sofrer




danos enquanto recebem cuidado hospitalar .
O risco de infecções associadas à assistência à saúde em alguns
países em desenvolvimento é mais de 20 vezes maior do que nos
países desenvolvidos.
Em alguns países, a proporção de injeções dadas com seringas/agulhas
reutilizadas sem esterilização está acima de 70%. Injeções inseguras
causam 1.3 milhão de óbitos anualmente. 300,000 morrem na India por
seringas sujas e 30% são reusadas.
> 50% dos equipamentos médicos em países em desenvolvimento são
inutilizáveis, ou parcialmente utilizáveis, e podem resultar em grave
dano ou morte.
A chance de um passageiro sofrer um dano durante uma viagem aérea
é de 1:1,000,000. Um paciente tem uma chance de 1:300 de sofrer um
dano associado ao cuidado de saúde.
http://www.who.int/gpsc/5may/media/infection_control_webinar_19012010.pdf
7
Custos dos Eventos Adversos
Dados da Agência Nacional de Segurança do Paciente (NHS/UK)
(Dados apresentados na 20ª Conferencia da ISQua – Dallas – EUA – Nov/2003)





Ocorrem em cerca de 11% das admissões/ano, o que equivale
a 850.000 eventos/ano.
Custam aproximadamente 2 bilhões de libras/ano, com extras
em dias de internação (cerca de 6 a 8 dias extras).
400 pessoas/ano morrem ou são seriamente lesadas em
eventos causados por dispositivos médicos.
Mais de 400 milhões de libras são gastas por ano em função
de acordos judiciais por negligências clínicas.
As infecções associadas ao cuidado hospitalar custam 1 bilhão
de libras/ano.
8
A carga global do cuidado de saúde inseguro: modelagem
analítica de estudos observacionais
Jha, A.K. ; Larizgoitia, I. ; Audera-Lopez , C. ; Prasopa-Plaizier, N. ;
Waters, H. ; Bates , D.W.
Título original:
The global burden of unsafe medical care: analytic modelling of
observational studies
Fonte:
BMJ Qual Saf; 22(10): 809-815; 2013. DOI: 10.1136/bmjqs-2012001748.
Objetivo: Contextualizar o nível de dano causado pelo cuidado de
saúde inseguro em comparação com doenças específicas usando
a carga global de doença (CGD), um indicador utilizado para
mensurar o sofrimento causado por doenças específicas.
Conclusões: Estimativa de 421 milhões de internações
hospitalares e de aproximadamente 42,7 milhões de eventos
adversos em todo o mundo. Esses eventos adversos resultam na
perda de 23 milhões de AVAIs por ano. Aproximadamente dois
terços de todos os eventos adversos e dos AVAIs perdidos
por sua causa ocorrem em países de renda baixa ou média.
Incidência e evitabilidade
(estudo com foco em melhoria de qualidade)
Estudos
Incidência
Evitabilidade
Austrália
1992
16,6
51%
Nova Zelândia
1998
12,9
37%
Inglaterra 1999-2000
10.8
48%
Canadá
2000
7.5
37%
Dinamarca
2001
14.5
40%
França
2002
9.0
27%
(Mendes, 2009)
Incidência e evitabilidade
(estudos com foco em melhoria de qualidade publicados após revisão)
Estudos
Incidência
Evitabilidade
Espanha
2005
8.4
-
Suécia
2003
12.3
70%
Holanda
2004
5,7
40%
Brasil
2003
7.6
66.7%
Portugal
2009
11,1
53,2%
Tunísia
2010
10,0
60%
(Mendes, 2009)
As Principais Dimensões da Atenção à Saúde
de Boa Qualidade (Institute of Medicine, 2001)
 Segurança dos pacientes: evitar danos aos pacientes por parte dos serviços
cujo propósito é ajudá-los.
 Efetividade: proporcionar serviços pautados no conhecimento científico e
evitar proporcioná-los àqueles que provavelmente não se beneficiariam deles.
 Cuidados centrados nos pacientes: proporcionar cuidados que respeitem e
correspondam às preferências, necessidades e valores dos pacientes
individualmente e assegurar que os valores dos pacientes orientem todas as
decisões clínicas.
12
As Principais Dimensões da Atenção à Saúde
de Boa Qualidade (Institute of Medicine, 2001)
Adequação no tempo: reduzir as demoras às vezes prejudiciais tanto para os
beneficiados como para os profissionais de saúde e serviços.
 Eficiência: relação entre os resultados obtidos e os recursos empregados, e
evitando o desperdício de equipamentos, suprimentos, idéias e energia.
 Equidade: prover cuidados que não variem em qualidade em virtude de
características pessoais, tais como gênero, grupo étnico, naturalidade ou status
socioeconômico, expressos em critérios de risco e vulnerabilidade.
(Adaptação Victor Grabois)
13
Os pacientes correm risco?
14
O paciente é colocado sob risco durante uma
intervenção feita para melhorar sua saúde?
É possível causar algum dano ao paciente durante os
cuidados de saúde que proporcionamos?
15
A resposta alarmante é
SIM
16
Percepção do Risco
O mistério da quarto 311
Durante alguns meses acreditou-se que o quarto 311 do Hospital Dom Pedro
em Aveiro, possuía uma maldição. Todas as sextas-feiras de manhã os
enfermeiros descobriam um paciente morto neste quarto, na unidade de
terapia intensiva.
A equipe médica, perplexa, pensou que existisse alguma contaminação
bacteriana no ar do quarto. Alertadas pelos familiares das vítimas, as
autoridades conduziram um inquérito. Os pacientes do 311 continuaram, no
entanto, a morrer a um ritmo semanal e sempre à sexta-feira.
Por fim, foi colocada uma câmara no quarto e o mistério resolveu-se:
Todas as sextas-feiras de manhã, pelas 6 horas, a mulher da limpeza desligava
os aparelhos do doente para ligar o aparelho de limpeza!
O Mistério do Quarto 16 do Hospital Dom Aveiro
Características do Sistema de Saúde que
predispõem à ocorrência de falhas
 Ambientes incertos e dinâmicos
 Várias fontes de informação
 Mudanças, imprecisões e objetivos que se confundem
 Necessidade de processar informações atualizadas em
situações e circunstancias que mudam rapidamente
 Dependência de indicadores indiretos
 Problemas podem ser imprecisos
Harada e Pedreira (2013)
Características do Sistema de Saúde que
predispõem à ocorrência de falhas
 Ações tem consequências imediatas e múltiplas
 Momentos de intenso estresse permeados por longos





períodos de atividade rotineira e repetitiva
Tecnologia sofisticada com muitas redundâncias
Interface entre operador e equipamentos complexa e as
vezes muita confusa
Alto risco
Múltiplos indivíduos com diferentes prioridades
Um ambiente de trabalho altamente diferenciado por
normas de alguns grupos e pela cultura organizacional
Harada e Pedreira (2013)
Fonte: Sousa et al, 2009
A Teoria de Reason e os Cuidados de Saúde
Os cuidados de saúde são diferentes de outras indústrias de alto risco:
 Há uma escassez de relatórios profundos de acidentes na área da saúde
Tem um número de propriedades que o tornam significativamente diferente de outras organizações:
 Diversidade enorme de suas operações e equipamentos
 Frequência de emergências
 Grau de incerteza
 Vulnerabilidade dos doentes
A sua forma de produto é entregue ' 1-1 ' ou no máximo, um ' poucos a alguns " . No entanto, acidentes
organizacionais ocorrem nos ambientes de cuidado de saúde. O modelo de sistemas de falibilidade foi
endossado por um número de relatórios de alto nível sobre segurança do paciente. Mas precisamos
desenvolver " a sabedoria da linha de frente " (Reason, 2004)
A Abordagem Sistêmica na Segurança do Paciente
A Medicina tem tradicionalmente tratado os problemas de qualidade e
os erros como falhas por parte dos prestadores individuais, talvez
refletindo seus níveis de conhecimento ou habilidades inadequadas. A
abordagem sistêmica, pelo contrário, considera que a maioria dos erros
refletem falhas humanas previsíveis no contexto dos sistemas mal
desenhados (por exemplo, lapsos e deslizes esperados na vigilância
humana em face de longas horas de trabalho ou erros previsíveis por
parte de pessoal relativamente inexperiente enfrentando situações
cognitivamente complexas).
Fonte: Tradução livre –AHRQ 2104.
A Abordagem Sistêmica na Segurança do Paciente
Ao invés de focar os esforços de correção em repreender os indivíduos ou
em capacitações “curativas”, a abordagem de sistemas procura
identificar situações ou fatores susceptíveis a dar origem a erros
humanos, e implementar sistemas de mudanças que irão reduzir a
sua ocorrência ou minimizar seu impacto sobre os pacientes. Este
ponto de vista sustenta que os esforços para capturar erros humanos
antes que eles ocorram ou bloqueá-los de causar danos acabará por ser
mais proveitoso do que aqueles que buscam criar de alguma forma
provedores impecáveis.
Fonte: Tradução livre – AHRQ 2104.
Por que os incidentes ocorrem?
http://proqualis.net/blog/archives/756/43
Falhas latentes
Combinação de fatores os quais se originam diferentes níveis do
sistema
Falhas ativas
Atos inseguros cometidos por
quem está em contato direto
com o sistema (deslize, lapso,
engano)
33
HOJE !! Pensamento sobre Segurança
Organização
Local de
trabalho
Pessoas
Defesas
Acidente
Dano
Trajetória das condições latentes
Rubens Covello, 2011
Fonte: James Reason
34
Nova Visão sobre a
Ocorrência de um Dano
Organização e
Cultura
Decisões
Administrativas
e
Processos
organizacionais
Fatores
Contribuintes
Fatores ambientais do
trabalho
Fatores Individuais
Reason 2001
Defesas e
Barreiras
Atos Inseguros
Fatores da Equipe
Erros
Dan
o
Fatores da Tarefa
Fatores do Paciente
Falhas
Latentes
Problemas na
Prestação do
Atendimento
Condições que produzem
erros e violações
Violações
Falhas Ativas
35
Na abordagem sistêmica do erro, este é visto
mais como uma consequência e não causa.
Seria o resultado de se manter frágeis
barreiras contra eventos adversos. E a base
para a melhoria do gerenciamento de risco
neste contexto seria conhecer porque as
barreiras falharam.
36
As barreiras ocupam lugar de destaque na
abordagem sistêmica do erro. Idealmente elas
não poderiam falhar, mas na realidade elas
parecem “fatias de queijo suiço”... Com muitos
furos...
A presença dos furos em apenas 01 fatia,
normalmente não causa danos, mas sim se eles
forem sequenciais e multifatoriais.
37
O que contribui para a ocorrência?
 Fatores contribuintes: circunstâncias, ações ou
influências que desempenham um papel na origem
ou no desenvolvimento de um incidente ou no
aumento do risco de incidente.
 Podem
ser externos, organizacionais, estar
relacionados ao staff ou a um fator individual do
paciente.
Fatores contribuintes (Vincent, 2010)
 Fatores do paciente
 Fatores tecnológicos e da tarefa
 Fatores individuais (profissionais)
“Sharp-end”
(“Ponta afiada ou
cortante”)
 Fatores da equipe
 Fatores do ambiente de trabalho
 Fatores organizacionais e administrativos
 Fatores do contexto institucional
“Blunt-end”
Segurança do Paciente– Fatores Humanos
“ Por que falhamos no que nos dispomos à fazer”
Falibilidade inevitável
1950s
1960s
1970s
Ignorância
Ausência de compreensão da
ciência.
1980s
2000s
Inépcia
Conhecimento existente e
aplicado errado.
Falta de habilidade ou perícia.
Ações que exigem o
domínio de
conhecimentos
complexos e grande
acumulo de
informações.
O volume e a complexidade do conhecimento superam a capacidade individual de aplicar seus
benefícios da maneira correta, segura e confiável.
40
Segurança do Paciente– Fatores Humanos
1950s
1960s
1970s
Medicina Arte
1980s
2000s
Medicina/Cuidado de Saúde
Gestão da complexidade extrema
CID – 13.000 doenças
Para cada uma as providencias são diferentes
6.000 medicamentos
4.000 procedimentos clínicos e cirurgias
cada uma com diferentes especificações, riscos, e considerações
Paciente de UTI recebe 180 tarefas diferentes por dia
É MUITO PARA ACERTAR SEMPRE
41
PRÁTICAS DE SEGURANÇA DO
PACIENTE
Prática de Segurança do Paciente ou Prática Segura de Cuidado
Prática de Segurança do Paciente é um tipo de estrutura ou processo cuja aplicação
reduz a probabilidade de ocorrência de eventos adversos resultantes da exposição
ao sistema de cuidados de saúde através de uma gama de doenças e procedimentos
Estratégias para a concepção de sistemas de cuidados seguros
O desenho de sistemas de cuidados pode torná-los mais seguros por atender a três objetivos:
 conceber o sistema para evitar erros;
 elaborar procedimentos para tornar os erros visíveis quando eles ocorrem de modo que eles possam ser
interceptados;
 elaborar procedimentos para a mitigação dos efeitos relacionados aos erros, quando esses não são detectados
e interceptados .
Fonte: (Nolan, 2000)
Seis estratégias “à prova de erro” (em ordem
de efetividade)
Mais forte
1. Eliminar – eliminar a tarefa ou parte
2. Substituir – usar um processo mais confiável
3. Prevenir – dispositivo que dificulta a ocorrência de
falhas
4. Facilitar – torna o trabalho mais fácil de ser realizado
corretamente
5. Detectar – torna as falhas mais visíveis
6. Mitigar – minimiza os efeitos dos erros
Mais fraco
Conceber o sistema de cuidados para evitar os erros
 Atuar nas causas proximais (“sharp-end”) dos erros e dos eventos
adversos é fundamental no desenho dos processos para evitar sua
ocorrência.
 No entanto, os fatores menos óbvios e mais dependentes da
liderança (blunt-end) também precisam ser atacados, pois
influenciam as causas proximais dos erros e dos eventos adversos.
 Exemplos: instrumentos para detecção precoce da deterioração
clínica; protocolos com algoritmos, lembretes; medidas restritivas
que impedem o erro (impossibilidade de conexão de cateteres);
retirada de estoques das medicações de alto risco nos ambientes de
cuidado; padronizações; identificação diferenciada (cores) de
medicações com o mesmo aspecto ou com o mesmo som;
prescrições computadorizadas, etc.
Tornar os erros visíveis
Se os erros não podem ser reduzidos a zero
ERRAR É HUMANO
Podemos reduzir a zero as instâncias em que um erro prejudica um
paciente (Um sistema seguro tem procedimentos e atributos que tornam os
erros visíveis para aqueles que trabalham no sistema, de modo que eles podem
ser corrigidos antes de causar danos)
Exemplos: dupla checagem da medicação antes de sua administração; revisão
da prescrição médica pelo farmacêutico; pacientes instruídos a fazer perguntas
sobre as medicações a serem administradas se tiver dúvidas; checklists, etc.
Mitigando os efeitos dos erros
 Nem todos os erros serão interceptados antes de chegar ao
paciente
 Quando existirem, antídotos para medicamentos de alto risco
devem estar disponíveis.
From: The Top Patient Safety Strategies That Can Be Encouraged for Adoption Now
Ann Intern Med. 2013;158(5_Part_2):365-368. doi:10.7326/0003-4819-158-5-201303051-00001
Essas recomendações
são fruto de pesquisa
avaliativa sobre as
estratégias de segurança
do paciente, realizada
entre 2009-2013. Foi
financiada pela AHRQ,
que comissionou a Rand
Corporation, Stanford
University, UCLA, Johns
Hopkins University e o
ECRI Institute, e mais um
painel de 21 stakeholders
e experts em avaliação.
http://annals.org/article.aspx?articleID=1657884
Date of download: 5/21/2014
Copyright © American College of Physicians. All rights reserved.
Critérios que orientaram a busca de evidências científicas e a
recomendação de práticas de Segurança do Paciente (AHRQ, 2013)
 Prevalência do problema que é alvo da prática
 Gravidade do problema visado pela prática
 A utilização atual da prática
 Evidências sobre a eficácia e/ou efetividade da prática
 O potencial de dano associado à prática
 Dados sobre o custo, se houver
 Problemas e desafios na implementação
Fonte: http://www.ahrq.gov/research/findings/evidence-basedreports/services/quality/ptsafetyII-full.pdf
Práticas muito recomendadas pela AHRQ
1. A lista de abreviações perigosas que não devem ser
utilizadas
2. Barreiras de precaução, isolamento do paciente e
vigilância de rotina para a prevenção de infecções
associadas ao cuidado de saúde
3. Intervenções para melhorar a adesão à higienização das
mãos
4. Redução do uso desnecessário do cateter vesical e outras
estratégias para prevenir infecções do trato urinário
associadas a cateter
http://annals.org/article.aspx?articleid=1657884
Práticas muito recomendadas pela AHRQ
5. Prevenção de infecções da corrente sanguínea associadas
a cateteres venosos centrais
6. Conjunto de medidas destinadas a reduzir a pneumonia
associada à ventilação mecânica
7. Listas de verificação pré-operatória e de anestesia para
prevenir uma série de eventos relacionados à segurança na
cirurgia, como infecções do sítio cirúrgico e cirurgia em
local errado –destacar no texto a identificação no paciente
Práticas muito recomendadas pela AHRQ
8. Uso de ultrassom, em tempo real, para guiar a inserção de cateter
venoso central para aumentar a proporção de posicionamento correto
na primeira tentativa
9.Iniciativas multicomponentes para prevenir úlcera por pressão
10. Estratégias para aumentar a profilaxia adequada de
tromboembolismo venoso
As Pessoas Criam a Segurança
 É possível se antecipar aos riscos?
 É possível desenvolver maior atenção e consciência dos
riscos e perigos?
Gerenciamento
da Previsão de
Riscos
 Qual o papel da experiência, da sabedoria, da
flexibilidade e da capacidade de adaptação?
 Qual o potencial do trabalho em equipe?
Métodos para identificar problemas de
Segurança do Paciente
 Coloque questões aos profissionais envolvidos no cuidado
 Literatura científica/melhores práticas de cuidado
 Compreensive Unit Safety Pacient (CUSP) e rondas de segurança do
paciente
 Eventos sentinelas e queixas
 Resultados de visitas de agências reguladoras
 Sessões de Design Thinking
 Feedback do paciente e de sua família
Fonte: Error Reduction in Health Care A Systems
Approach in Imporving Patient Safety - Spath (2014)
55
A framework for measuring and monitoring of safety
Has patient care been safe in the past?
Ways to monitor harm include:
•mortality statistics (including HSMR and SHMI)
•record review (including case note review and the Global
Trigger Tool)
•staff reporting (including incident report and ‘never events’)
•routine databases.
Are we responding and
improving?
Sources of information to learn
from include:
• automated information
management systems
highlighting key data at a
clinical unit level (e.g.
medication errors and hand
hygiene compliance rates)
• at a board level, using
dashboards and reports with
indicators, set alongside
financial and access targets
Will care be safe in the future?
Possible approaches for achieving anticipation
and preparedness include:
•risk registers.
•safety culture analysis and safety climate
analysis
•safe safety training rates
•sickness absence rates
•frequency of sharps injuries per month
•human reliability analysis (e.g. FMEA)
•safety cases.
Are our clinical systems and
processes reliable?
Ways to monitor reliability include:
• percentage of all inpatient
admissions screened for MRSA
• percentage compliance with all
elements of the pressure ulcer
care bundle.
Is care safe today?
Ways to monitor sensitivity to operations
include:
• safety walk-rounds
• using designated patient safety officers
• meetings, handovers and ward rounds
• day-to-day conversations
• staffing levels
• patient interviews to identify threats to
safety.
Dimensões/instrumentos do referencial explicativo
sobre mensuração e monitoramento da segurança
do paciente
1.
Sobre o dano ocorrido (o cuidado foi seguro no passado?):
notificações de incidentes e de eventos adversos, estatísticas de
mortalidade, revisão de prontuários do paciente, bancos de dados
administrativos
2.
Confiabilidade dos sistemas e processos clínicos: grau de adesão a
protocolos e bundles
3.
Sensibilidade às operações (o cuidado é seguro hoje?): rondas da
liderança com foco na segurança do paciente; encontros, briefings;
entrevistas com pacientes; conversas informais; quantitativo de
profissionais;
4.
Antecipação e preparação (o cuidado será seguro no futuro?): taxas
de absenteísmo dos profissionais; avaliação da cultura de segurança;
FMEA; taxas de capacitação de pessoal;
5.
Resposta e melhoria: utilização de indicadores, planilhas voltados à
segurança do paciente no âmbito da liderança; disponibilidade de
informações em tempo real aos profissionais da linha de frente do
cuidado sobre adesão a práticas seguras.
Notificação: Notificar e aprender com os
incidentes
• Para que um sistema de notificação de incidentes seja efetivo, são
necessárias as seguintes características:
1. não punitivo;
2. confidencial;
3. independente – os dados analisados por organizações
4. resposta oportuna para os usuários do sistema
5. orientado para soluções dos problemas notificados
6. as organizações participantes devem ser responsivas as mudanças
sugeridas.
7. Fundamentado na cultura justa
(Wachter, 2012)
Algumas dificuldades relacionadas à notificação:
 do ponto de vista dos profissionais
• Falta de conscientização tradição dos profissionais em notificar ocorrências
• Temor e medo de represálias
• Baixa confiabilidade acerca dos resultados
• Problemas relacionados à taxonomia
 do ponto de vista dos gestores
• Desconhecimento de temas da Gestão de Risco e Segurança do Paciente
• Escassa retroalimentação dos resultados das análises do EA aos
profissionais
• Falta de clareza dos objetivos específicos quanto à notificação, a nível local
e da agência regulatória
59
Gerenciar Riscos através da
Previsão
Três Tópicos no Gerenciamento através da Previsão
•
O que aconteceu nas últimas 24 horas, que nós necessitamos
saber?
•
O que está previsto para as próximas 24 horas?
•
Problemas que necessitam ser resolvidos/em que paciente (s)
deve-se focar?
Fonte: Johns Hopkins University (2012) e
Cincinnati Children’s Hospitals (2013)
•
•
•
•
•
•
Briefings/Debriefings
Checklists
Achatar a Hierarquia
Padronizar a comunicação
Huddle (pequena conferência)
Consciência situacional
“Briefing”
 Uma discussão entre duas ou mais pessoas, em geral





uma equipe, utilizando informação concisa pertinente a
um evento.
Define o plano para o dia
Identifica papéis e responsabilidades para cada membro
da equipe
Aumenta a consciência sobre recursos que podem
tornar-se necessários
Permite à equipe planejar-se para o inesperado
Permite que expectativas e necessidades no âmbito da
equipe se articulem
Fonte: JHU, 2012
Quando realizar briefings?
 No início do dia – “Briefing da manhã”
 Antes da realização de qualquer procedimento em
qualquer ambiente de cuidado
 Situacional – mudança no status do paciente resulta em
um desvio no plano de cuidado
 Mudança de plantão
 Fonte: Jonhs Hopkins University, 2013
Cincinnati
Children’s
Version
Daily
Operations
Brief
8:35 AM
Department
Huddles
8:00AM
Unit-ClinicTeam Huddles
6:30-7:45AM
Briefing Diários de Operações –
Quem participa?
Saúde e Segurança
do Trabalho
Internação e UTIs
Cirurgia
Emergência
Ambulatório
Psiquiatria
Home Care
Farmácia
Fisioterapia
Fonte: Cincinnati Children’s Hospitals
Radiologia
Relações com a Clientela
Laboratório
CCIH
Logística
Sistemas de Informação
Engenharia Hospitalar
Outros
Mini conferências nos serviços de internação
Consciência situacional
 Membros da equipe têm uma compreensão do que “está acontecendo agora” e o
que é provável que “aconteça proximamente”
 As equipes estão alertas para desenvolver situações, sensíveis a pistas/alertas e
cientes de suas implicações (papéis e responsabilidades)
Consciência Situacional
Trabalho em equipe
 Padronização da comunicação: exemplo SBAR (Situation






Background-Assessment-Recommendation)
Treinamento da equipe: cognição, processos
comportamentais, afetos e resultados do desempenho
(KSAs)
Estabelecimento de metas diárias
Desempenho da liderança/coaching
Gerenciamento de conflitos
Aprender com o que “dá errado”
TeamSTEPPS
CUSP: Comprehensive Unit Based Safety Program
Fonte: JHU, 2013
Modelo de melhoria (segundo a metodologia proposta
pelo IHI)
Mudanças que resultam em melhoria apresentam as seguintes
características:
 Alteram como o processo de trabalho , ou a atividade são realizados ou a
composição de um produto
 Produzem diferenças positivas visíveis nos resultados referentes a padrões
históricos
 Têm impacto duradouro
Modelo de melhoria (segundo a metodologia
proposta pelo IHI)
Os princípios fundamentais para esforços de melhoria bem sucedidos são:
 Saber por que é necessário melhorar (Muitas vezes definido como o objetivo ou propósito do esforço de melhoria;
o objetivo deve ser claro e ambicioso o suficiente para guiar e energizar os participantes)
 Ter uma maneira de obter feedback acerca da ocorrência (ou não) de melhoria
 Desenvolver uma mudança que você acredite irá resultar em melhoria (As ideias de mudança devem ser
específicas o suficiente para que possam ser descritas e planejadas. Ter uma ideia não é suficiente, é necessário
que a mudança seja implementada e sustentável. É importante estar atento à tendência de passar direto de uma
ideia de mudança para sua implementação. Tornar as mudanças permanentes, ou seja implementá-las, sem
antes testá-las de alguma forma pode levar a resultados piores.
 Testar uma mudança antes de qualquer iniciativa de implementação (através desta ação é possível aprender
sobre alguns aspectos da mudança, assim ela será bem compreendida a ponto de ser implementada
corretamente e de forma sustentada.
Modelo de melhoria (segundo a metodologia proposta pelo IHI)
 As quatro etapas para testar uma mudança são:
 Planejar o teste: que, quando, onde, o quê, como, coleta de informações durante o
teste para saber o que de fato ocorreu
 Executar o teste: colocar o plano em ação, é fundamental estar atento a resultados
inesperados
 Resumir o aprendizado: revisar as lições aprendidas com o teste de forma que as ações
que o sucedem serão informadas pelo conhecimento maximizado por ele
 Decidir qual(is) ação(ões) é(são) necessária(s) com base naquilo que foi aprendido
durante o teste, como por exemplo, adotar ou adaptar a mudança, descarta-la ou
refiná-la.
Pedro Delgado, 2013 (IHI)
Pedro Delgado, 2013 (IHI)
Pedro Delgado, 2013 (IHI)
A realidade brasileira
Menos de 24 horas depois de ser vítima de
erro médico, senhora idosa de 77 anos,
morreu no Hospital Geral de Roraima (HGR).
Anteontem, um médico da unidade
implantou uma prótese em sua perna
direita, que não tinha problema, e deixou a
perna esquerda com o fêmur fraturado.
Idoso foi hospitalizado no dia 30
para amputar a perna direita
devido a complicações
decorrentes de diabetes. Na
madrugada de sexta-feira, os
familiares teriam notado, ao
visitar o paciente, que havia sido
amputada a outra perna.
A realidade brasileira

De acordo com o SIH-SUS
em 2008 ocorreram em todo o Brasil
11.109.695 internações
Com evento adverso
 844.109
internações (7,6%)
Com evento adverso
evitável
 563.020

internações
(66,7%)
cerca 40% óbito
Terça-feira, 12 de julho de 2011 | 18:27
Impressionante relato de um médico que conseguiu sobreviver a um grave
erro hospitalar
(...) um auxiliar de enfermagem colocou uma solução de 50 ml de soro fisiológico
com uma medicação chamada Nexium. que serviria para proteger meu estômago.
Não era o Nexium que estava ali dentro (...)
Uma sucessão de erros iniciados na farmácia da Casa de Saúde, que liberou uma
droga de uso restrito em centro cirúrgico para um andar de enfermarias, passando
pela diluição sem conferência pela enfermagem, culminou na administração de uma
droga chamada Nimbium em minha veia.
(...) esta droga, produz paralisia de todos os músculos do corpo, inclusive os
responsáveis pela respiração, mantendo a pessoa imobilizada, porém consciente de
tudo.
Agora, vocês podem imaginar o que eu, um anestesiologista, conhecedor profundo
dos efeitos desta droga, senti. Minha vida foi-se indo, sem forças para respirar, sem
forças para avisar aos meus anjos, que ainda atônitos me davam os primeiros
socorros de suporte a vida, sem ter a menor idéia do que havia acontecido (...)
(Publicado originalmente no blog do Dr. Eduardo Raia)
(In)Segurança na Mídia
(In)Segurança na Mídia
http://www.youtube.com/watch?v=1D
C:\Users\HAP\Desktop\Profissional de
Enfermagem mata criança com vaselina
na veia.wmv
(In)Segurança na Mídia
Estimativa do
Impacto no Brasil
Federação Brasileira de Hospitais: 7543 hospitais
Dados de 2006: cerca de 11.000.000 de internações pelo SUS
(Sistema Único de Saúde) e 4.000.000 de internações no setor
privado, em um total estimado de 15.000.000 de internações em 1
ano.
A partir de dados do estudo brasileiro, teríamos uma incidência
de 7,6% de pacientes com eventos adversos.
Teríamos, portanto, 1.140.000 pacientes sofrendo
eventos adversos no Brasil por ano.
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Linha do Tempo - Brasil
Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente
Acreditação
Hospitalar
Auditoria
Médica
(Revisão
de Casos)
Garantia de
Qualidade
1950
1960-1970
1980
• Auditoria Médica (fraude e adesão às
normas de certificação)
• Normas para licenciamento de
Unidades de Saúde
• Normas federais para controle de
infecção
• Normas e padrões de prática
estabelecidas por Sociedades
Médicas*
Qualidade
Total
Gestão
Melhoria
dos
processos
1990
Segurança
do Paciente
2000
• Criada a Comissão Nacional de
Qualidade e Produtividade em Saúde
(1994) no contexto do Programa Brasileiro
de Qualidade e Produtividade
• Diretrizes da Estratégia de Garantia de
Qualidade
• Indicadores de resultados
• Estabelecimento de um Programa
Nacional de Acreditação
• Ênfase na Qualidade Total e
Melhoria Contínua da Qualidade
• Estabelecimento de Diretrizes
Clínicas por Sociedades Médicas
• Controle comunitário*
• Prêmio Nacional de Qualidade
• Acreditação - CBA
• Acreditação – ONA
• Programa Nacional de Controle de
Infecção Hospitalar - ANVISA
Próximo slide
Linha do Tempo – Brasil (cont.)
Melhoria
dos
Processos
1990-1999
Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente
Segurança do Paciente
2000-2009
• HumanizaSUS
Slide anterior
• Rede Sentinela/NotivisaANVISA - segurança de produtos e
fomento ao uso racional de
medicamentos
2010-2013
• IDSUS – Índice de Desempenho do Sistema
Único de Saúde
• Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da
Qualidade da Atenção Básica" - PMAQ – AB (MS)
• Qualisus Rede (MS)
• Política Nacional de Sangue e
Hemoderivados – MS
• Portal Saúde Baseada em Evidências (MS)
• Programa Nacional de Avaliação
dos Serviços de Saúde –
PNASS/MS
• Rede Cegonha (MS)
• Adesão às iniciativas da OMS “Higienização das Mãos” e “Cirurgia
Segura Salva Vidas” ANVISA/MS
• PROQUALIS
• Qualiss (divulgação e indicadores) – ANS
• SOS Emergências (MS)
• Programa Nacional de Segurança do Paciente
(PNSP)- MS - Portaria nº 529 1/4/2013(MS)
Iniciativas - Setores Privado/Não Governamental
Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH - Selo de
Qualidade) – Associação Paulista de Medicina e Cremesp
Prêmio Nacional da Qualidade – Fundação Nacional da Qualidade
1991
1991
Acreditação Internacional de Serviços de Saúde – CBA (Metodologia JCI)
1998
Acreditação Nacional de Serviços de Saúde – (Metodologia ONA)
1999
Projeto Diretrizes AMB-CFM
2000
Projeto Sinha (Sistema Integrado de Indicadores Hospitalares) ANAHP
2002
Projeto Melhores Práticas Assistenciais ANAHP
2004
Acreditação Internacional de Serviços de Saúde Metodologia Canadense
2006
Programa Brasileiro de Segurança do Paciente (Instituto Qualisa de Gestão)
2008
REBRAENSP
2008
Programa Farol de Indicadores de Saúde - SINDHRIO
2009
Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos - ISMP Brasil
2009
Fatores conjunturais que levaram à edição do PNSP
 Relevância e magnitude dos Eventos Adversos (EA) – divulgação na mídia
 Importância transnacional - prioridade dada à
segurança do paciente na agenda política dos
Estados-Membros da Organização Mundial da
Saúde (OMS)
 Importância do trabalho integrado entre gestores do
SUS, Conselhos Profissionais e Instituições de Ensino e
Pesquisa sobre a Segurança do Paciente com enfoque
multidisciplinar.
Fatores conjunturais que levaram à edição do PNSP
 Iniciativas lideradas pela World Alliance of Patient Safety (WHO)
 Exemplos de sucesso na implementação de práticas seguras em
hospitais acreditados
 Trabalho realizado pela Anvisa e Rede Sentinela de Hospitais
 Pesquisas realizadas pela Fiocruz, USP, FGV-SP, e Universidades
relacionadas à Rede Brasileira de Enfermagem em Segurança do
Paciente (Rebraensp)
 Iniciativas de difusão de evidências científicas relacionadas à
Segurança do Paciente, como o Proqualis, ISMP, Rebraensp,
Congresso Safety, entre outras.
PORTARIA Nº 529 DE 01 DE ABRIL DE 2013
 Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP).
 Objetivo geral do PNSP: contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em todos
os estabelecimentos de saúde do território nacional.
 Objetivos específicos do PNSP:
 I - promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança do paciente
em diferentes áreas da atenção, organização e gestão de serviços de saúde, por meio da
implantação da gestão de risco e de Núcleos de Segurança do Paciente nos
estabelecimentos de saúde;
 II - envolver os pacientes e familiares nas ações de segurança do paciente;
 III - ampliar o acesso da sociedade às informações relativas à segurança do paciente;
 IV - produzir, sistematizar e difundir conhecimentos sobre segurança do paciente; e
 V - fomentar a inclusão do tema segurança do paciente no ensino técnico e de graduação
e pós-graduação na área da saúde.
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