Ensino Médio 3ª Série. A economia segundo o FMI Projeção mundial para 2014. Brasil terá em 2014 o menor crescimento entre os emergentes, prevê o FMI O Fundo Monetário Internacional reduziu a previsão para o crescimento do Brasil em 2014 de 3,2% para 2,5%, segundo o relatório global da instituição, o World Economic Outlook (WEO) o relatório anterior, de julho, o FMI já havia revisado para baixo a estimativa de crescimento do PIB brasileiro em 2014, de 4% para 3,2%. O corte, de 0,8 ponto percentual, foi o maior entre as nações monitoradas pelo fundo. A previsão de crescimento para a economia mundial caiu de 3,8% para 3,6% e entre os emergentes e em desenvolvimento, o crescimento esperado foi reduzido de 5,5% para 5,1%. A expansão das economias avançadas foi mantida em 2%. No relatório atual, a queda na expectativa do crescimento do Brasil, em 2014, só foi menor que a da Índia, revisada de 6,2% para 5,1%. No Brasil, a inflação é apontada pelo FMI entre os principais problemas da economia brasileira porque “reduziu os rendimentos reais e pode pesar sobre o consumo, enquanto as limitações da oferta e da incerteza política podem continuar a restringir a atividade”. O Fundo recomenda redução dos gastos para lidar com a alta dos preços. Mudança de previsão de crescimento para as economias, em % 2014 Previsão anterior Previsão atual Brasil 3,2 2,5 Índia 6,2 5,1 Economia mundial 3,8 3,6 Economias avançadas 2,0 2,0 Economias emergentes e em desenvolvimento 5,5 5,1 2013 Brasil 2,5 2,5 Índia 5,6 3,8 Economia mundial 3,2 2,9 Economias avançadas 1,2 1,2 Economias emergentes e em desenvolvimento 5,0 4,5 Emergentes Os países emergentes e em desenvolvimento tiveram a expectativa de crescimento reduzida em 0,5 ponto, para 4,5% em 2013. Já as economias avançadas tiveram o crescimento mantido em 1,2% para este ano. No geral, o FMI reduziu a previsão de crescimento mundial de 3,2% para 2,9% em 2013. Segundo a análise da instituição, o menor crescimento deve se dar por conta do menor ritmo das economias emergentes. “A atividade nas principais economias avançadas começou a acelerar a partir de níveis moderados. Por outro lado, o crescimento da China e muitas outras economias emergentes na Ásia e na América Latina esfriou”, diz o estudo. O menor crescimento da China deve afetar muitas outras economias, principalmente as exportadoras de commodities, caso do Brasil. A indicação do Fundo é que a China impulsione permanentemente gastos de consumo privado para reequilibrar o crescimento da demanda sem exportações e investimento. O FMI também aponta as incertezas em relação ao programa de estímulo dos EUA, que gerou um intenso fluxo de capitais para fora das economias emergentes como um fator importante para a redução dos ritmo de expansão econômica. O estudo aponta que deve vir dos EUA grande parte do impulso de crescimento. Segundo o estudo WEO, os principais riscos para o crescimento econômico são: a área do euro pode entrar em estagnação, a recuperação do Japão pode vacilar sem reformas estruturais e planos de consolidação fiscal; o menor investimento e crescimento do produto potencial pode resultar em menor crescimento nos mercados emergentes. O movimento de desaceleração, porém, foi comum aos outros integrantes de peso do chamado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e a praticamente todos os mercados em desenvolvimento. O grupo dos emergentes, que desde a crise em 2008 foi o porto seguro da expansão global, está tendo dificuldades de lidar com a exaustão das políticas de estímulo do pós-crise, o fim da era de bonança externa (preços de commodities e condições financeiras), desajustes fiscais e inflacionários, gargalos de infraestrutura e regulatórios e o esgotamento do modelo de desenvolvimento (no caso de China e Rússia), segundo a análise do FMI, que faz esta semana sua reunião anual de cúpula. A economia indiana foi a mais sacrificada entre os emergentes, com a expectativa para o PIB caindo 1,8 ponto percentual este ano e 1,1 ponto no próximo, para 3,8% e 5,1%, respectivamente. A China teve a previsão cortada para 7,6% em 2013 (-0,2 ponto) e para 7,3% (-0,4 ponto) em 2014. Na Rússia, o recuo foi de 1 ponto este ano, para 1,5%, e de 0,3 ponto no próximo, para 3%. A principal contribuição à economia global será dos Estados Unidos, com alta do PIB estimada em 1,6% em 2013 e 2,6% em 2014. Isso significa que o ritmo de recuperação mundial depende do fim do impasse político nos EUA. Os juros deverão continuar subindo, diante da persistência da inflação na banda superior da meta de inflação, de 4,5% pelo IPCA, com margem de variação de 2 pontos para mais ou menos. A pressão inflacionária, avalia o Fundo, poderá segurar o consumo, motor dos últimos anos do PIB brasileiro, ao corroer o poder de compra da população. Constrangimentos de oferta, notadamente infraestrutura, e incertezas quanto às políticas públicas podem continuar limitando o ritmo de atividade. A situação fiscal dos emergentes, segundo o FMI, se deteriorou e os países devem evitar novos pacotes de estímulo, a não ser em caso de desaceleração muito acentuada. A dinâmica da dívida pública passou a ser negativa e é hora de reconstruir espaço de manobra fiscal. O recado se aplica ao Brasil, ao qual o organismo recomenda retomar reformas estruturais. “A urgência em agir varia de acordo com a economia: passos urgentes e decisivos são desejáveis em algumas economias nas quais o nível de endividamento já é elevado (Brasil, Egito, Hungria, Índia, Jordânia, Polônia e Malásia). Em algumas economias, riscos contingenciais crescentes aos orçamentos e à dívida pública devido ao aumento substancial de atividades quase-fiscais e déficits reforçam a necessidade de se reconstruir espaço fiscal (Brasil, China, Venezuela)”, adverte o Fundo.