História de Portugal Aula n.º 18 Portugal Restaurado Portugal Restaurado Após a Restauração, Portugal libertava-se completamente da união com Espanha, mas um longo período de crise ainda esperava os portugueses. Durante 28 anos, manteve-se a guerra com Espanha, que não se conformava com a perda do reino de Portugal. Por outro lado, também foi necessário manter a guerra com os holandeses, pela reconquista do Norte do Brasil, de Angola e de São Tomé. Além da guerra, a crise que se alastrava por toda a Europa não dava sinais de abrandamento. Fomes e epidemias afectavam Portugal, enquanto o comércio ultramarino continuava em decadência. Porém, nesta conjuntura surgiram novas ideias para dinamizar a economia portuguesa, apostando-se num aumento da produção através da criação de manufacturas. No fim do século XVII, a descoberta de ouro no Brasil veio iniciar um novo ciclo na economia portuguesa. Diplomacia e Guerra Para defender o país do perigo dos ataques espanhóis, D. João IV optou por proteger as fronteiras, para evitar a ameaça de uma invasão. Com este objectivo mandou reparar castelos, reorganizar o exército e adquirir armamento. Além da defesa do território, era também importante que as cortes europeias apoiassem a nova situação política em Portugal . Para o efeito, tornava-se necessário enviar diplomatas com a missão de conseguirem que os principais governos europeus reconhecessem os direitos da Casa de Bragança ao trono de Portugal. Os Acordos com França e com a Inglaterra A estratégia usada pelos diplomatas portugueses junto dos principais governos europeus consistiu em demonstrar que D. João IV não era um usurpador da Coroa, mas sim o legítimo rei de Portugal, por ser neto de D. Catarina, a quem o trono deveria ter sido entregue em 1580. Reconhecido este facto, impunha-se concluir não apenas que os governos dos três Filipes haviam sido ilegítimos, mas também que a Restauração de 1640 se limitara a restituir a D. João, duque de Bragança, o trono que por direito lhe pertencia. A Acção diplomática portuguesa incidiu sobretudo junto das cortes da Holanda, França e Inglaterra, por serem países inimigos de Espanha. As negociações com a França não se traduziram em grandes vantagens; contudo, além do fornecimento de material de guerra, foi possível assinar, em 1641, um tratado de amizade com o rei Luís XIII, e conseguir a vinda de oficiais e de soldados franceses para servirem no exército português. Com a Suécia e com a Dinamarca também foi possível estabelecer tratados de amizade e de comércio, e obter apoio militar, consubstanciado em tropas, armas e mantimentos. Durante o governo dos monarcas espanhóis, as relações com Inglaterra tinham sofrido alguns reveses. Em 1642, foi assinado um primeiro tratado de aliança entre Portugal e a Inglaterra, mas devido a mudanças ocorridas na política interna inglesa, Portugal chegou a estar em guerra com a sua velha aliada. Em 1654, foi assinada a paz entre os dois reinos, e os ingleses obtiveram a liberdade para comerciar no Império português. Em 1661, foi assinado um novo tratado de aliança e acordado o casamento de D. Catarina de Bragança, filha de D. João IV, com Carlos II de Inglaterra. Como dote da princesa, foram entregues aos ingleses a praça de Tânger, no Norte de África, e a cidade de Bombaim na Índia. D. Catarina Carlos II de Inglaterra As Relações com a Holanda Um dos maiores problemas da política externa portuguesa residia nas relações com a Holanda. Era importante assinar a paz com este país, para evitar os ataques às possessões ultramarinas portuguesas e para conseguir apoio militar contra a Espanha. Porém, a Holanda não estava disposta a desistir da sua política de conquistas em diversas regiões do Império português, pelo que era difícil conseguir-se qualquer acordo. Por essa razão, nas anos que se seguiram à Restauração, a Holanda continuou com as suas conquistas no Oriente, no Brasil e em África, onde ocupou parte de Angola e de São Tomé. A partir de 1644, iniciou-se no Brasil a revolta contra os holandeses, que, dez anos mais tarde, culminaria na vitória plena de Portugal. Angola e São Tomé também foram recuperados em 1648. Finalmente, em 1661, foi possível assinar um tratado de paz entre Portugal e as Províncias Unidas (Holanda). Maurício de Nassau, governador do Brasil holandês As Relações com Roma Ao contrário do que sucedera com a maioria dos países europeus, as relações com a Santa Sé foram difíceis, pois o sucessivos papas, devido à influência da Espanha, recusavam-se a reconhecer a separação política de Portugal e negavam-se a confirmar os bispos portugueses para as dioceses que iam vagando. Com o fim da Guerra da Restauração, e depois da assinatura, em Lisboa, do tratado de paz de 1668, o papa Clemente IX reconheceu, em 1669, a nova situação política portuguesa. Papa Clemente IX A Guerra da Restauração Após a sua independência política, Portugal teve de suportar durante 28 anos uma dura guerra com Espanha, que não queria reconhecer a nova situação portuguesa. As Batalhas A primeira grande acção militar de Espanha contra Portugal ocorreu em 1644, quando um exército espanhol, concentrado em Badajoz, invadiu Portugal. Os portugueses, comandados por Matias de Albuquerque, conseguiram resistir e vencer os espanhóis na Batalha do Montijo. Após este desaire a Espanha, que estava envolvida na Guerra dos Trinta Anos, suspendeu os ataques a Portugal porque não podia desviar mais tropas para a fronteira com Portugal. Esta situação permitiu que o exército português se reorganizasses e que se reparassem alguns castelos da raia, com vista a prevenir futuros ataques. A partir de 1659, quando a Espanha assinou definitivamente a paz com a França, as acções militares espanholas tornaram-se mais constantes e violentas. Filipe IV enviou então sucessivos exércitos para invadir Portugal, que foram sempre repelidos pelos portugueses As batalhas que então se travaram foram as das Linhas de Elvas (1659), do Ameixial (1663), de Castelo Rodrigo (1664) e de Montes Claros (1665) O Tratado de Paz Pelo tratado de paz de 1668, assinado em Lisboa entre o representante de Carlos II de Espanha e D. Pedro, regente de Portugal (futuro D. Pedro II), era reconhecida a legitimidade da Monarquia Portuguesa e estipulavase a devolução mútua de conquistas e de prisioneiros, e ainda a renúncia à exigência de pagamento de reparações. Ceuta, que se mantivera fiel aos reis espanhóis, e onde D. João IV nunca fora aclamado, ficava a pertencer a Espanha.