Revolução Mexicana

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Da economia colonial monoprodutora
exportadora à economia nacional
Caracterização do território antes do sécolo
XIX , a herança colonial
pobreza crónica da população, economia
agrária, subdesenvolvimento, instabilidade
política e social .
1. a economia agrícola e mineradora dominada pelo
mercado internacional, com o objectivo de gerar lucros
para
a
potência
dominadora;
2. a pobreza social como resultado de um sistema
económico externo e excludente, que privilegia uma
minoria financeiramente capaz de integrar-se aos padrões
de
consumo
europeus
;
3. a opressão de governos centralizadores contra as
minorias, produzindo genocídios e o caos social;
4. a exploração do trabalho e as péssimas condições de
sobrevivência para a grande maioria de sua população.
A formação colonial da América Latina nasceu
para fornecer as riquezas que a Europa
necessitava, sendo um fornecedor de metais
preciosos, materias primas, no século XVII,
quando os metais escassearam, o sonho de
riqueza acabou e a pobreza se enraizou. .
Na medida em que as terras já não atendiam
a essa demanda, foram abandonadas, ficando
como marca do passado as gerações
seguintes da população historicamente
explorada, pobre e sem perspectivas.
Dos metais, seguiu-se a exploração agrícola e pecuária a
partir principalmente dos séculos XVIII e XIX, por meio da
qual cada país, numa engrenagem perfeita com o sistema
económico internacional, se identificou e ainda se identifica
com um determinado produto na escala comercial.
A América Central se especializou no fornecimento de
frutas tropicais; o Equador, bananas; Brasil e Colômbia,
café; Cuba e Caribe, açúcar; Venezuela, cacau; Argentina
e Uruguai, carne e lã; a Bolívia tornou-se país fornecedor
de
estanho
e
o
Peru
de
peixe,
Chile
salitre.
O LATIFÚNDIO, FOI A FORMA PRINCIPAL DE PROPRIEDAD E
USO DA TERRA. O ACESSO DAS CLASSES POPULARES À TERRA
FICOU BLOQUEADO ATE O SÈCOLO XX e AINDA HOJE E UM
PROBLEMA
.
NÂO
RESOLVIDO.
.
• OS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIAS NACIONAIS
DAS DUAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XIX
NÃO
LIBERTARAM
DOMINAÇÃO
OS
COLONIAL,
NOVOS
PAÍSES
POIS
ESTRUTURA
A
DA
ECONOMICA ESOCIAL PERMANECEU IDÊNTICA.
: A ECONOMIA AGRÁRIO-EXPORTADORA DOMINADA
POR ELITES LOCAIS LIGADAS AOS MERCADOS
COMPRADORES
INGLATERRA.
–
PRINCIPALMENTE
A
• A fragmentação que o território latino-
americano sofreu após o movimento
libertador de Simón Bolívar, representa a
impossibilidade de formar uma unidade
nacional: cada elite identificou-se com um
pedaço do território e nela formou seu
país, de acordo com seu papel no
comércio internacional.
• O
IMPERIALISMO
BRITÂNICO
SUBSTITUIU
O
DOMÍNIO IBÉRICO NO SÉCULO XIX, FOMENTANDO
SEU PRÓPRIO DESENVOLVIMENTO ÀS CUSTAS DA
PRODUÇÃO DOS NOVOS PAÍSES E EXTERMINANDO
TODA
E
QUALQUER
TENTATIVA
DESENVOLVIMENTO AUTÓNOMO.
DE
OS
PAÍSES
PRODUÇÃO
VENDIAM,
NO
AGRÍCOLA
SÉCULO
XIX,
AOS
INGLESES,
SUBSTITUÍDOS UM SÉCULO DEPOIS PELOS EUA
SUA
A antiga empresa norte-americana United Fruit Company
era o "verdadeiro" poder na América Central, comandando a
área a despeito das vontades e anseios de sua população,
e inclusive promovendo golpes militares e instalando
governantes de confiança para garantir seus direitos (como
na
Nicaragua,
Republica
Dominicana,
Guatemala).
• A Guerra do Paraguai, de 1865 a 1870, é o exemplo
mais claro dos interesses interesses comerciais
britânicos, Brasil e Argentina promoveram um conflito
bélico contra o Paraguay , à época a republica mais
industrializada e comercialmente independente do
continente.
• O resultado foi o maior genocídio da história latinoamericana (1,3 milhão de mortos numa população de
1,8 milhão) e o enfraquecimento do Paraguai, que até
hoje não deixou de ser um protectorado sob a
ingerência brasileiao e argentina.
• NO SÉCULO XX, COM A DECADÊNCIA INGLESA,
SURGE
NO
CENÁRIO
OS
EUA
COMO
NOVA
POTÊNCIA GESTORA DA AMÉRICA LATINA.
• ,
JÁ
EM
1823,
OS
NORTE-AMERICANOS
PROMULGARAM A FAMOSA DOUTRINA MONROE: "A
AMÉRICA
PARA
SIGNIFICAVA
,
OS
OS
EUA
AMERICANOS“,
QUE
ESTENDERIAM
SEUS
INTERESSES SOBRE SEU CONTINENTE IRMÃO E
CONTINUARIAM
POLÍTICO.
O
CONTROLE
ECONÓMICO
E
• O INÍCIO DA LONGA E DURADOURA INTERVENÇÃO NORTEAMERICANA NO CONTINENTE DATA DE 1898, QUANDO OS
EUA
DERROTARAM
A
ESPANHA
NA
BATALHA
DE
INDEPENDÊNCIA DE CUBA, E SE APOSSARAM DOS DIREITOS
POLÍTICOS E ECONÓMICOS SOBRE A ILHA – OS QUAIS
MANTIVERAM ATÉ 1959, QUANDO FIDEL CASTRO E SEUS
GUERRILHEIROS DERRUBARAM O GOVERNO DE FULGENCIO
BATISTA E TOMARAM O PODER.
• Os interesses norte-americanos criaram ramificações
em outros países do continente, com destaque para a já
citada América Central e o México.
• Mesmo os países com certo desenvolvimento industrial
– Brasil, Argentina e México – não escapam dessa
dominação económica imposta pelas potências
internacionais.
GRANDE PARTE DAS RECEITAS COMERCIAIS DESSAS
NAÇÕES AINDA VÊM DA EXPORTAÇÃO DE MATÉRIAS
AGRÍCOLAS,
CASO
PECUÁRIAS
ARGENTINO)
(DESTACADAMENTE
OU
O
MINERAIS.
A AGRICULTURA E AS INDÚSTRIAS PRIMÁRIAS AINDA
SÃO
MARCOS
DOS
TEMPOS
COLONIAIS.
A industrialização latino-americana não nasceu dos anseios
de desenvolvimento sócio-produtivo, mas da impossibilidade
de importar produtos manufacturados durante a recessão
económica
mundial
dos
anos
30.
Formou-se uma indústria baseada na "substituição de
importações", reforçada durante os anos 50 e 60 com o
advento
das
crescimento
multinacionais
e
políticas
internas
de
a industrialização latino-americana nunca deixou de
estar ligada aos interesses estrangeiros, ao fornecer
produtos que tais mercados necessitavam e importar
tecnologias
que,
desenvolvimento,
em
vez
de
incrementar
o
só aumentavam a dependência.
1
AS JÓVENS REPÚBLICAS INDEPENDENTES, 1810-1870
Alguns dados
TASAS DE CRECIMIENTO DE LA POBLACIÓN Y EL PIB PER CÁPITA
MUNDIAL,
1500-1820 Y 1820-2008, POR REGIONES
Fuente: Ocampo y Bertola
2
GLOBALIZACIÓN, FORTALECIMIENTO INSTITUCIONAL Y
DESARROLLO PRIMARIO-EXPORTADOR, C. 1870-1929
EXPORTACIONES EN DÓLARES CONSTANTES (A PRECIOS DE 1980) TOTALES Y PER
CÁPITA, Y SUS TASAS DE CRECIMIENTO, 1870-1929
EXPORTACIONES MUNDIALES DE PRODUCTOS PRIMARIOS (AMÉRICA LATINA, PAÍSES DE
ALTOS INGRESOS Y PAÍSES DE BAJOS INGRESOS), 1913
ESTRUCTURA DE LAS EXPORTACIONES LATINOAMERICANAS POR
PRODUCTO,
1859/1861-1927-1929
TÉRMINOS DE INTERCAMBIO DE AMÉRICA LATINA: A) TOTAL (1820-1940)
Y B)
DE TRES GRUPOS DE PAÍSES (1870-1940): 1900=100
TÉRMINOS DE INTERCAMBIO Y PODER DE COMPRA DE LAS
EXPORTACIONES
(1870-74=100)
KILÓMETROS DE VÍAS FÉRREAS EN LOS PAÍSES LATINOAMERICANOS,
TOTAL Y PER CÁPITA (1840-1913)
PIB Y PIB PER CÁPITA DE ALGUNOS PAÍSES LATINOAMERICANOS,
1870-1929 (EN DÓLARES GEARY-KHAMIS DE 1990
PIB (MERCADO INTERNO Y EXPORTACIONES) Y PIB PER CÁPITA DE
PAÍSES LATINOAMERICANOS 1820-1870 (dólares de 1990)
SALARIOS DE PARIDAD DE PODER DE COMPRA DE AMÉRICA LATINA Y
OTROS PAÍSES
(GRAN BRETAÑA EN 1905=100)
NIVELES RELATIVOS DE LOS SALARIOS
LATINOAMERICANOS Y DE OTRAS REGIONES, 1870-1929
(EUROPA 3=100)
INDICADORES SOCIALES EN AMÉRICA LATINA, 18701930
Dados comparados
Os processos revolucionários
Os
historiadores
contemporânea
da
definiram,
na
história
América
Latina,
quatro
eventos que podem ser analisados como
tentativas de quebra do domínio imperialista das
grandes potências mundiais, buscando uma
política mais nacionalista.
• Revolução Mexicana –
• O acontecimento mexicano é descrito
como a primeira grande mobilização social
da América Latina no século XX.
• O processo começou como uma autêntica
revolução, isto é, com o objectivo de
promover uma transformação estrutural na
sociedade, para depois normalizar-se e
garantir algumas mudanças que não
representam um processo completo de
modificação.
Tanto é verdade que até hoje existem movimentos
sociais que buscam retomar o ideal da Revolução
Mexicana
para
completá-la
e
transformar
a
estrutura social e produtiva da sociedade do país.
• A guerrilha no Estado de Chiapas, ao mesmo tempo que
protesta contra o imperialismo norte-americano e contra
a pobreza da região, luta por uma reforma agrária justa
e pela memória de Emiliano Zapata, líder da revolução
do começo do século que ecoa no México até hoje.
• A revolução teve início em 1910. Liderados por Zapata,
os camponeses do estado de Morelos levantaram-se
contra os latifundiários da região e toda a exploração
que estes representavam. Logo o exército do país foi
chamado para conter a revolta, que não demorou a
espalhar-se para todo o território mexicano.
•
•
• No final de 1910, Díaz foi derrubado para a subida de
Francisco Madero ao poder. Este, apesar de ter a
confiança de Zapata, representava os interesses da
nascente burguesia mexicana: pouco lhe importava
tocar na estrutura agrária do país e criar impasses com
os latifundiários.
•
• A reforma agrária que estava na promessa revolucionária
não se realizou, e Zapata voltou ao combate. Reuniu os
camponeses, tomou para si mesmo o governo do México
em 1914 e iniciou um gradual processo de divisão agrária
e reorganização da produção agrícola em pequenas
propriedades.
• Inclusive convocou uma Assembleia Constituinte em
1917, na qual foi aprovada a Lei da Reforma Agrária.
A reforma agrária foi retomada no período 1934-1940, no
governo de Lázaro Cárdenas. Presidente com traços
populistas, Cárdenas aplicou de forma séria a lei de 1917,
distribuindo 18 milhões de hectares a 772 mil
camponeses, num ato predominantemente de oposição
aos
latifundiários.
Bondade do governante? Uma análise mais profunda das
transformações que a sociedade passava pode explicar os
motivos
de
tal
distribuição.
No mandato de Cárdenas, a indústria já despontava como
a base da economia mexicana, com o consequente
declínio
do
latifúndio
agrário-exportador.
Além disso, a distribuição acalmava os ímpetos
revolucionários dos camponeses e lhes dava um pedaço
de terra para desenvolver uma pequena agricultura
substancial, sem incomodar o grande latifúndio.
.
A Revolução Mexicana, assim, promoveu uma alteração
substancial na sociedade mexicana, ao estimular a reforma
agrária e a distribuição de terras para os camponeses.
Embora a estrutura social não tenha sofrido modificações
radicais, com o poder económico se concentrando nas
mãos da nova burguesia industrial, e muitos dos novos
proprietários, sem incentivo ou capacidade para
desenvolver a agricultura em sua terra, não tenha largado
seu estado de pobreza, tratou-se de um processo com
importância ao ser o primeiro grande movimento de
massas da América Latina contemporânea, provocando
reflexos no continente até hoje, evocada por movimentos
nacionalistas que buscam justiça social e reforma agrária.
Revolução Boliviana
Processo inspirado na Revolução Mexicana e que alcançou
grande amplitude, com as classes populares inclusive
tomando o poder e os meios de produção econômica.
No entanto, a incapacidade para manter esse controle, a falta
de força política e as pressões de sectores mais fortes,
incluindo o imperialismo norte-americano, acabaram por
minar as bases da revolução e seu potencial renovador que
pretendia transformar a exploradora e miserável estrutura
social boliviana numa sociedade mais justa e igualitária.
• O levantamento ocorreu no dia 9 de abril de 1952.
Incitados
pelo
MNR
(Movimento
Nacional
Revolucionário), partido de centro-esquerda formado
por pequenos burgueses que fora alijado do poder um
ano antes por um golpe militar, os mineiros do país
iniciaram uma greve por melhores condições de vida e
salários.
• Ao mesmo tempo, explodia a revolta nas
grandes fazendas, com os índios e
camponeses tomando as terras, e na
capital La Paz, onde a população mais
pobre se organizou, com a ajuda do MNR,
em milícias armadas que invadiram
quartéis e, numa incrível guerrilha urbana,
venceram o Exército mandado às ruas
para combatê-las.
• O povo boliviano, oprimido ao longo de séculos, tomara
o poder em todo o país, e o MNR parecia ser seu
representante legítimo para ocupá-lo. Aqui, entretanto,
começam as falhas do processo revolucionário do país.
• O partido, mais preocupado em retomar o
governo perdido um ano antes e formado
por elementos de classe média, não soube
atender às reivindicações básicas da
população,
minou
as
conquistas
dos
trabalhadores e abriu espaço para a
intensificação
da
penetração
do
capitalismo norte-americano na economia
Dois marcos da Revolução Boliviana, e que a
fazem carregar esse título, são as provas mais
evidentes de como o MNR apenas se apoiou na
revolta popular para tomar o poder, e não para
promover mudanças estruturais na sociedade.
O primeiro deles foi a lei de Reforma Agrária, promulgada
em Agosto de 1953 e destinada a organizar a desordem
instalada com a tomada de fazendas pelos camponeses,
um
ano
antes,
durante
o
processo
revolucionário.
A Lei evitou criar polémicas com os latifundiários,
determinando que os camponeses deveriam devolver parte
das terras ocupadas aos proprietários ainda vivos. Ficava
com
uma
pequena
faixa
de
terreno,
geralmente
improdutiva, antieconómica e pela qual ainda tinha de
pagar
indemnização
pela
posse.
Assim, o campesinato, que em 1952 ocupara a maior
parte das terras do país, fizera uma divisão
razoavelmente igualitária e eliminara estruturas
feudais de exploração de mão-de-obra, como o
servilismo, sofria um processo de regressão.
Sem incentivo fiscal e grande espaço nos mercados
consumidores, o pequeno proprietário, em sua maioria,
vinha a perder sua terra para o latifundiário, voltando a ser
seu empregado e morando em suas dependências por
caridade e em troca de trabalho pesado na lavoura
.
O sistema de exploração campestre voltara a ser o
mesmo: grande propriedade, monocultura, trabalho servil.
A diferença é que fora introduzido no campo formas
capitalistas de exploração comercial: a produção em larga
escala para venda em menor tempo e mais barata.
Mas a grande conquista camponesa – as terras -,
foram perdidas em sua maior parte graças à lei de
Reforma Agrária, feita às pressas pelo governo do
MNR e que revelava a incapacidade do partido de
se desvencilhar dos grupos economicamente mais
fortes do país para promover uma mudança radical
na sociedade.
• O segundo marco da revolução engana por sua
demagogia.
Em
outubro
de
1952,
o
governo
nacionalizou as minas de estanho, supostamente
rompendo com um domínio secular da principal fonte de
divisas do país por parte da família Patiño, dona das
minas e refinarias.
O acto poderia simbolizar um desejo de autonomia
nacionalista na exploração do minério, se não escondesse
certas conjunturas que serviram para reduzir ainda mais o
papel
e
a
importância
da
revolução.
Quando nacionalizadas, as minas de estanho já tinham
rendimento limitado, tão exploradas que foram pelos
Patiño.
Bolívia não teria muito minério para exportar e fazer divisas
no
mercado
internacional.
• Além disso, o estanho bruto tem valor reduzido no
mercado, tendo de ser tratado em fundições – e o país
não possuía nenhuma à época.
•
O país se acostumara a receber pouco pelo estanho
retirado das minas pelas empresas dos Patiño e levado
para ser fundido no exterior. Com a nacionalização, o
processo não se inverteu.
A
Bolívia continuou a receber pouco pelas toneladas
de minério, por exportá-lo bruto, e via em seguida as
grandes potências pagar caro pelo produto refinado.
A nacionalização das minas não trouxe autonomia
económica à Bolívia, nem melhorou a vida dos
mineiros, mas trouxe um problema: teve de herdar
minas decadentes e de baixa produtividade, livrando
os antigos proprietários de maiores prejuízos.
Como se não bastasse, estes receberam indemnizações
pela expropriação, num total de 22 milhões de dólares.
Vendendo muito e recebendo pouco, o governo do MNR
ainda tentou reativar a exploração do estanho, fundando
uma empresa estatal – a COMIBOL – para descobrir novas
jazigas
• A iniciativa, no entanto, só trouxe mais prejuízos e
quase nenhum estanho. A solução foi recorrer a
empréstimos junto aos EUA, em troca do fornecimento,
a baixos preços, de minérios e outros produtos, como o
petróleo e o gás natural.
•
• O processo de nacionalização das minas se transformou
rapidamente
numa
continuação
do
retrocesso
observado na reforma agrária: as conquistas dos
mineiros são gradualmente perdidas pelo líderes
políticos que, pertencentes à classe média e ao poder
económico, não podem negar suas origens.
• Os presidentes do MNR que governaram a Bolívia de
1952 a 1964 tentaram mudar a sociedade boliviana e
sua estrutura por meio de decretos, e nunca de forma
efectiva.
• A população não recebeu os benefícios da revolução:
pelo contrário, foi dominada ainda mais pela miséria e
teve sua força política reprimida quando as milícias
urbanas armadas foram suspensas para a reconstituição
do Exército, no final dos anos 50.
No entanto, a revolução boliviana, apesar de
frustrada em seus planos, serviu como exemplo para
movimentos sociais posteriores de como a
mobilização popular pode provocar abalos na ordem
estabelecida, em busca de melhorias em sua vida.
Foi denominada assim por ser um caso em que o povo foi
às ruas e batalhou por sua conta, por seus objectivos,
acima
de
ideologias
partidárias.
Talvez a ausência de um autêntico líder que canalizasse
suas aspirações reformistas, evitando o MNR e seu
oportunismo pequeno-burguês, tenha sido o principal
motivo da derrota das massas no processo revolucionário.
Mesmo sem alterar as estruturas sociais e produtivas do
país, a revolução deixou heranças, como a modernização
das
relações
no
campo
(apesar
da
exploração
prosseguir), a politização da sociedade boliviana e a
fundação da COB (Central Obrera Boliviana), sindicato
urbano de trabalhadores que teve papel fundamental no
combate às ditaduras nos anos 70 e 80.
Revolução Cubana –
O processo liderado por Fidel Castro é descrito até hoje
como a mais radical mudança política no cenário latinoamericano.
Cuba tornou-se, a partir de 1959, o primeiro país
socialista do mundo ocidental e o único em que tal
regime sobreviveu, quebrando a hegemonia norteamericana no continente
• A Cuba moderna, segundo o sociólogo Emir Sader,
incomoda os outros países por ser fruto de uma
revolução que, negando os EUA, deu certo e mudou a
estrutura social, apesar dos problemas económicos e
políticos que enfrenta na actualidade.
• Sader considera que uma revolução implica numa total
transformação do sistema sócio-produtivo da nação,
instalando um novo sistema e dando à sociedade novas
condições de sobrevivência.
• Para ele, a guerrilha de Fidel Castro, ao tomar o
poder, tinha em mente a necessidade de modificar
a estrutura cubana para conseguir o apoio da
população e autonomia internacional.
• É fundamental entender como era tal estrutura antes de
Fidel assumir o comando político de Cuba. Incentivada
pela colonização espanhola, a ilha se tornou grande
produtora de açúcar, cuja venda na Europa enriquecia
os
senhores
locais
e
atiçava
seus
desejos
independência para se libertar dos impostos coloniais.
de
• O processo de libertação do domínio espanhol
se consumou em 1898, mas o novo país,
localizado a poucos quilómetros dos Estados
Unidos, não escapou da ingerência económica
e política desta nação.
• Desde o início do século, os norteamericanos se instalaram em Cuba,
controlando o comércio de açúcar e
todos os demais sectores da
economia agrária.
• Os latifúndios dominavam a maior parte do território,
reinando a exploração dos camponeses e a opressão
política nos centros urbanos.
• Os EUA faziam e desfaziam presidentes à sua vontade,
até que o sargento Fulgencio Batista, a partir dos anos
40, dominou a cena política cubana e acalmou, à base
da repressão, as diversas manifestações que eclodiam
no país contra a recessiva política económica e os
privilégios norte-americanos.
• Um dos levantes que conteve foi em 1953, no assalto ao
quartel Moncada liderado por um jovem advogado
chamado Fidel Castro. Extraditado de Cuba com outros
colaboradores, Fidel foi viver no México para, três anos
depois, retornar e promover, a partir das sierras e com o
apoio camponês, a guerrilha contra a ditadura de Batista.
• Mesmo com parcos recursos e poucas armas, o exército
guerrilheiro cresceu e derrotou a maior parte das forças
de Batista, assumindo gradualmente o controle dos
principais distritos do país.
• Quando chegou à capital, Havana, em 1º de Janeiro de
1959, Batista já fugira para a República Dominicana, e
Fidel foi proclamado presidente e primeiro-ministro.
• Após assumir o poder, os revolucionários tiveram, de
cara, de enfrentar o governo norte-americano, que
ordenou a saída de todas as empresas nacionais do
território cubano e decretou o embargo económico
contra o país após a fracassada invasão da Baía dos
Porcos, em 1961.
• A medida norte-americana foi seguida pela maior parte
dos países do continente, que romperam as relações
comerciais com Cuba e inclusive votaram por sua
exclusão da Organização dos Estados Americanos
(OEA).
• De uma hora para outra, Cuba teria de buscar novos
parceiros para sobreviver e, principalmente, cumprir
seus objectivos de transformação social.
• .
• Para tanto, optou, em contrapartida ao capitalismo, pelo
socialismo e por acordos com os países do bloco
liderado pela União Soviética.
• Vendendo açúcar e níquel a essas nações, Cuba
recebia em troca maquinaria pesada e petróleo para
desenvolver indústrias de bens de consumo e gerar,
com a diversificação das exportações, divisas que
permitiam a manutenção de serviços públicos gratuitos à
população
A saúde e a educação, entre outros, deixaram de
ser privilégio daqueles que poderiam pagar, pois
se tornaram serviços estatizados.
Além disso, o governo passou a mandar
anualmente os universitários ao campo, para
ensinar os camponeses a ler e escrever.
O resultado desse processo contínuo é visível até
hoje.
Cuba é o país com maior índice de alfabetização no
continente, com 95%. O tratamento de saúde é
mantido pelo Estado, e os equipamentos são
elogiados ao redor do mundo pela qualidade e
tecnologia.
A própria estrutura produtiva – o campo –
foi
transformada.
O primeiro acto do governo revolucionário
foi promulgar uma Lei de Reforma Agrária,
que determinava a nacionalização de terras
improdutivas pertencentes a empresas
norte-americanas
e
latifundiários.
Além disso, o governo tomou para si terras
que foram abandonadas pelos donos, que
fugiram com a vitória guerrilheira.
• Aos camponeses foram oferecidas duas alternativas: a
organização em cooperativas ou a posse individual da
terra.
• O Estado importou maquinaria agrícola, treinou técnicos
para ensinar os novos proprietários como gerir a terra e
usar os novos mecanismos de produção, incentivou a
produção com apoio financeiro e subsídios.
As safras de açúcar cresceram e novas culturas foram
desenvolvidas, como o tabaco e frutas cítricas.
O índice de desempregados e empregados sazonais
(durante as safras) diminuiu, com a posse efetiva da terra.
Nas cidades, o crescimento industrial e novos serviços,
como o turismo, também ofereceu oportunidades à
população.
Com o fim da União Soviética, em 1991, e
consequentemente de seu principal mercado de açúcar,
Cuba enfrentou uma séria crise interna, com diminuição
da produção industrial e redução do abastecimento de
energia.
Mesmo assim, o país sobrevive, ao reatar suas
relações com os países latino-americanos e europeus
e visualizar, ainda que distante, um princípio de
abertura por parte dos EUA. A crise cubana levantou
sérias dúvidas quanto à validade do regime de Fidel e
as conquistas do país durante seu governo.
É claro que, no sentido mais liberal, o governo de Fidel
não é democrático, ao negar o direito às eleições e
perpetuar-se
no
poder.
No entanto, sob seu comando Cuba
conseguiu a tão procurada "revolução": de um
país agrário-exportador e constituído de uma
população
predominantemente
rural
e
explorada, tornou-se uma nação com
economia diversificada e que oferece a seus
habitantes condições de vida mais dignas do
que
muitos
países
latino-americanos.
.
O exemplo cubano soou no continente durante os anos 70
como um modelo de libertação do imperialismo norteamericano, e até hoje atrai muitos movimentos sociais e
guerrilheiros
à
sua
causa.
Por mais contestado que seja, o exemplo
de Cuba mostra que a transformação
radical da sociedade é possível se houver
interesse e mobilização popular
A revolução chilena
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