ECONOMIA CRIATIVA O conceito de cidade criativa ainda está em processo de formulação e seu entendimento passa pela releitura dos sítios urbanos como um complexo objeto de análise, em constante mutação. O olhar para este objeto é multidisciplinar. Portanto, denominar uma aglomeração urbana de cidade criativa, entre outras questões, traz o desafio de promover interconexão entre diferentes áreas de conhecimento. Dessa forma, muito mais que uma nova abordagem, o entendimento do significado e dos significantes de cidades criativas exige a articulação das ciências do urbanismo, da sociologia, antropologia, filosofia, história, geografia, economia, administração, psicologia e comunicação. A interação entre tais campos de saber desafia estudiosos, agentes públicos e privados, em busca de novos modelos para o crescimento econômico e socioambiental. Trata-se de um fenômeno típico da sociedade pós-industrial e pós-moderna, cuja âncora de discussão e apropriação tem como eixo o reconhecimento de que a cultura alimenta uma nova economia e coloca-se, na atualidade, como um pilar para o desenvolvimento da sociedade, na era do conhecimento. CARACTERÍSTICAS DO SETOR CRIATIVO Cidades e territórios criativos são, antes de tudo, espaços de articulação das diversas formas de manifestações e segmentos culturais. A integração de infraestrutura física e imaterial, em suportes tecnológicos, cria novas inteligências e gera economias de escala de difícil mensuração. As cidades criativas ampliam oportunidades de ofertas culturais; utilizam elementos simbólicos para a geração de produtos, serviços e negócios; criam novos mercados para um consumo supostamente responsável. Uma cidade criativa: - Apresenta potencial ilimitado de desenvolvimento, pois seus recursos são inesgotáveis, e estimula o setor de serviços e lazer, a exemplo do turismo, da moda, dos centros tecnológicos, das mídias e do entretenimento. - Utiliza a criatividade como principal insumo das atividades produtivas, com investimentos na criação artística e intelectual. Também investe na inovação e na produção limpa, com resultados de alto valor econômico agregado. - Apresenta externalidades positivas nos segmentos produtivos, gerando empregos em todos os níveis das cadeias de valor e promove a construção de identidades multifacetadas, onde afinidades – tribos e grupos de interesse – superam a estratificação econômica e social. - Desenvolve bens e serviços culturais vinculados a universos simbólicos, idéias, modos de vida, informação, valores e identidades que qualificam e diferenciam o território no processo de globalização. Principais segmentos de dinamização econômica nas cidades criativas, e suas linhas de conexão, articulação e complementaridade: Literatura, editoração e publicação Artes Cênicas, teatro, dança e circo. Design, moda, decoração, artes plásticas e visuais. Turismo, Artesanato e Gastronomia. Patrimônio arquitetônico, museus e galerias. Conteúdo audiovisual, software Telecomunicação, cinema e vídeo. Música, festas e manifestações culturais. Inovação, comunicação, publicidade e mídias Uma cidade que estimula e é estimulada por uma economia específica, com base na cultura e na tecnologia, torna-se uma cidade inteligente. Ao apropriar a inovação nos ciclos econômicos, os territórios criativos transformam cadeias produtivas em cadeias de valor, qualificando os processos de criação, produção, fruição, distribuição e consumo de bens e serviços. Tais territórios se diferenciam das cidades tradicionais, pois usam o conhecimento, a criatividade e o capital intelectual como principais recursos de produção. De modo geral, a atuação em cidades criativas deve ter como pressuposto a aceitação da cultura como um direito universal e que permite a (re)construção de identidades e empreendimentos.. Nessa perspectiva, o setor público tem papel fundamental na criação de mecanismos de coesão social, na criação de bens e na distribuição de riqueza, via regulamentação do mercado para o exercício saudável de negócios inovadores. A cultura é considerada como o novo pilar de desenvolvimento. Nesse contexto, o binômio da cultura e da educação assume um papel de centralidade no processo de construção e de consolidação da sociedade do conhecimento. A cultura passa a ser um sistema, que propicia a interdependência e as relações entre os setores públicos, privados e a sociedade civil, para o estabelecimento de uma economia diferenciada. Para isto, é fundamental: 1. articular diferentes formas de manifestações culturais que se complementam, gerando economias de escala; 2. ampliar as oportunidades de ofertas culturais em determinadas regiões, atraindo consumidores que buscam turismo e entretenimento responsável; 3. promover a convergência de ações para a criação de novos mercados; 4. validar que os insumos básicos desse mercado são a inovação e a imaterialidade para a geração de novos produtos e negócios. Para que esses paradigmas se consolidem, é preciso fazer coexistir a cultura como uma tradição estética; como visão antropológica em que tudo é cultura; e a visão de mercados culturais, como o lugar das trocas. A nova economia funda-se na lógica da diversidade cultural, dando subsídios para conceituar a economia criativa, e as cidades criativas, como modo contemporâneo de produzir na sociedade do conhecimento. A economia do conhecimento e da criatividade precisa identificar novas forças produtivas; utilizar mão-de-obra preparada, formada e consciente de suas crenças e valores. As cidades e territórios passam a ser vistos como cenários que facilitam a diversidade cultural através da arquitetura, dos equipamentos de entretenimento, da museologia e a da arqueologia. Tais elementos favorecem o intercâmbio, a troca e estimulam a competitividade a partir de cadeias de valor. Por outro lado, a ausência de definições teóricas mais assertivas contribui para que o campo de estudo das cidades criativas seja ainda nebuloso. Surgem conceitos superpostos que se misturam na utilização de termos como: indústrias culturais, indústrias criativas, economia criativa, economia da cultura e culturalização da economia. Como a sociedade do conhecimento, e as redes de relacionamento, modelam a cidade criativa, a ênfase é a busca de remuneração do simbólico, do intangível e do imaterial. Entre os temas desafiadores para um trabalho consistente neste campo, destacam-se: - O patrimônio material e imaterial como recurso sustentável e remunerável, através do incremento da criatividade para a geração de novos negócios. Entram em cena as metamorfoses entre o global e a diversidade local, com a centralidade dos movimentos culturais das periferias urbanas. - As indústrias culturais e as trocas tecnológicas na construção de redes sociais de interatividade, compartilhamento, intersetorialidade e governança. Ressalta o dilema da identidade, da hegemonia, e o uso da cultura como setor econômico. Os argumentos reforçam que a modelagem de cidades criativas, bem como os referencias teóricos que orientam suas atividades, estão em construção. Estudiosos, empreendedores e profissionais do setor precisam amadurecer estratégias, e estabelecer linhas de trabalho que sejam coerentes com os conceitos e as expectativas do momento atual: construir cidades, ou revitalizar seus usos, com criatividade. Exemplos de Economia Criativa: http://www.santateresacriativa.com.br http://www.lapacriativa.com.br http://www.conservatoriacriativa.com.br