História de Portugal Aula n.º 15 «Descobrimento» Marítimo para a Índia «Descobrimento» do Brasil O Descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia Vasco da Gama Vasco da Gama partiu de Lisboa em Julho de 1497, uma esquadra composta por duas naus – São Gabriel e São Rafael, comandadas respectivamente por Vasco da Gama e pelo seu irmão Paulo da Gama – e por uma caravela – a Bérrio, sob o comando de Nicolau Coelho – e por uma embarcação com mantimentos, destinada ao abastecimento das outras, que era dirigida por Gonçalo Nunes. A viagem decorreu com relativa normalidade até que ultrapassaram o limite das navegações de Bartolomeu Dias, entrando em águas desconhecidas. A 25 de Dezembro, aportaram a uma terra que chamaram Natal, onde não puderam fazer aguada, tendo de recorrer à água do mar para cozinhar. Pelo final de Janeiro chegaram ao que então chamaram Rio dos Bons Sinais (hoje Quelimane). Neste local, permaneceram cerca de um mês, porque se manifestou o escorbuto entre a tripulação. No início de Março chegavam à ilha de Moçambique, donde seguiram para Mombaça e depois para Melinde, onde puderam estabelecer relações amigáveis com o rei local e obter um piloto árabe que os guiou até à índia. Finalmente, a 22 de Maio de 1498, Vasco da Gama desembarcava em Calecute, após mais de oito meses de viagem. Uma armada portuguesa em frente a Calecute, Gravura da obra Civitates Orbis Terrarum, de Braun e Hogenberg (1572-1617) Vasco da Gama na Índia Vasco da Gama permaneceu na Índia três meses, onde estabeleceu negociações com o Samorim de Calecute, sem contudo alcançar bons resultados. O soberano de Calecute não quis aceitar os presentes do navegador português, por serem muito modestos. A desconfiança do Samorim e as várias armadilhas e traições movidas pelos muçulmanos, que viam ameaçado o monopólio do seu comércio no Oriente, impediram Vasco da Gama de estabelecer relações comerciais com Calecute, o maior porto exportador de especiarias da costa ocidental da Índia. A 29 de Agosto iniciou a viagem de regresso com os navios carregados de especiarias, tecidos de luxo e outras ricas mercadorias, que Vasco da Gama obteve em Cochim, um porto mais pequeno e dependente de Calecute. Após grandes dificuldades chegou a Lisboa nos finais do festivamente recebido. Verão de 1499, onde foi Vasco da Gama n Vasco da Gama perante o Samorim (Veloso Salgado, 1898) A corte do Samorim era muito luxuosa. Como se pode observar pelo quadro, é elevado o número de pedras preciosas com que as diversas figuras se enfeitam, é evidente a riqueza do cadeirão, do soalho, paredes, colunas e tapete. Vasco da Gama que tinha feito uma apresentação elogiosa do rei de Portugal, pouco mais tinha para oferecer que meia dúzia de bagatelas, à semelhança do que os portugueses faziam com os monarcas africanos. Assim, em vez de ganhar a confiança e amizade do Samorim, Vasco da Gama viu os objectivos comerciais da sua viagem comprometidos. A Armada de Pedro Álvares Cabral – 1500 O «Descobrimento» do Brasil Vasco da Gama não conseguiu estabelecer relações de paz e amizade em Calecute, devido à acção dos muçulmanos que dominavam o comércio. Por isso, o rei D. Manuel I preparou uma nova e poderosa armada, composta de treze barcos, não só para transporte de maior quantidade de mercadorias, mas também para procurar impor o seu domínio. Para esta armada foi nomeado capitão-mor Pedro Álvares Cabral. Vemos que no Atlântico sul a armada se desvia um pouco mais ainda para ocidente. Descobre-se, assim, oficialmente o Brasil (1500), que provavelmente já era conhecido. Enviada por um barco, ao rei, a notícia desta descoberta, a armada continua viagem para a Índia. «Descobrimento» do Brasil: intencionalidade ou casualidade? Será que a descoberta do Brasil resultou de um engano de rota, de uma tempestade, ou realmente houve a intenção de navegar mais para ocidente? Seguindo a rota de Vasco da Gama, esta armada passou pelas Canárias e Cabo Verde, mas, ao afastar-se da ilha de S. Nicolau, rumou mais para ocidente, descobrindo então a terra a que chamaram terra de Vera Cruz. Teria Pedro Álvares Cabral instruções de D. Manuel I para alargar para ocidente a rota definida por Vasco da Gama? Há indícios de que essa alteração já estaria prevista no início da viagem, dadas as exigências de D. João II para a assinatura do Tratado de Tordesilhas que levam a supor o conhecimento de terra para ocidente. Sabe-se, inclusive, que os portugueses realizaram, antes de 1494, várias viagens em direcção à América e que conheciam a Terra Nova, que designaram, aliás, por Terra dos Bacalhaus.