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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA-SOBRATI
MESTRADO EM TERAPIA INTENSIVA
SERGIO LUCIANO BARROS VIEIRA
CONTRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA
PREVENÇÃO E CONTROLE DAS INFECÇÕES
HOSPITALARES EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
MACEIÓ – AL
2011
1
SERGIO LUCIANO BARROS VIEIRA
CONTRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA
PREVENÇÃO E CONTROLE DAS INFECÇÕES
HOSPITALARES EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Trabalho de Conclusão de Curso - Artigo
apresentado à Coordenação do Curso de
mestrado em terapia intensiva, em
cumprimento às exigências para a
obtenção do título de mestre.
Orientador: Ms. Ricardo Jorge Pereira.
MACEIÓ – AL
2011
2
Dados Internacionais de Catalogação na publicação
Biblioteca da Sobrat
__________
Vieira, Sergio Luciano Barros.
Contribuições da equipe de enfermagem na prevenção e
controle das infecções hospitalares em unidade de terapia intensiva
/ Sergio Luciano Barros Vieira. -- Maceió-AL, 2011.
Originalmente apresentada como Trabalho de Conclusão
de Curso de Mestrado em Terapia Intensiva do autor
(Mestranda – Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva).
Referências.
1. Infecção Hospitalar. 2. Unidade de Terapia Intensiva. 3.
Assistência de enfermagem I. Título.
SERGIO LUCIANO BARROS
VIEIRA
CDU-________________
3
CONTRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA
PREVENÇÃO E CONTROLE DAS INFECÇÕES
HOSPITALARES EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Trabalho de Conclusão de Curso - Artigo
apresentado à Coordenação do Curso de
mestrado em terapia intensiva, em
cumprimento às exigências para a
obtenção do título de mestre.
APROVADO EM ____/___/___
NOTA_______
EXAMINADOR:
_________________________________
Profª. Ms. Ricardo Jorge Pereira
Orientadora
4
A minha família que tanto me apoiaram,
contribuindo para a concretização de mais uma
realização. A vocês a minha eterna gratidão.
DEDICO.
5
AGRADECIMENTOS
À DEUS, por me guiar com sua luz divina permitindo a concretização de mais
uma realização.
A minha família, pelas oportunidades a mim concedidas, pelo amor, carinho,
pela confiança depositada em minha pessoa e pela dedicação, estando sempre
presente, ajudando-me nas dificuldades e vibrando com cada vitória alcançada.
À coordenação do Curso de Mestrado, por sua dedicação e empenho,
buscando sempre o engrandecimento do nosso curso.
A todos os colegas de sala, pelos momentos e expectativas compartilhados
durante as aulas.
Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram para a concretização deste
trabalho, expresso o meu sincero agradecimento.
6
"Só existem dois dias no ano que nada pode
ser feito. Um se chama ontem e o outro se
chama amanhã, portanto hoje é o dia certo
para amar, acreditar, fazer e principalmente
viver.”
Dalai Lama
7
RESUMO
Atualmente no Brasil e no mundo a infecção hospitalar é considerada um problema
grave, crescendo tanto em incidência quanto em complexidade, gerando diversos
tipos de implicações sociais e econômicas. O presente trabalho tem como objetivo
identificar em publicações nacionais e internacionais as principais medidas adotadas
pela equipe de enfermagem no controle das infecções hospitalares em unidades de
terapia intensiva. O estudo foi realizado através de pesquisa bibliográfica, a qual foi
baseada em consultas em artigos científicos no período de setembro a novembro de
2011 nas seguintes bases de dados: LILACS, SCIELO, BDENF. Através deste
trabalho pode-se perceber que os avanços tecnológicos ocorridos nos últimos
tempos não foram suficientes para minimizar a problemática da infecção hospitalar.
Entretanto, encontramos referencias de praticas simples e de baixo custo, realizadas
pela a equipe de enfermagem com eficácia comprovada. Sendo assim, é necessário
um esforço de todos, tanto das instituições formadoras em formar melhor os futuros
profissionais no sentido de prevenir e controlar as infecções hospitalares, dos
hospitais em continuar essa capacitação promovendo a saúde do trabalhador, como
também dos próprios profissionais em assumir a responsabilidade de ser promotores
da própria saúde.
Palavras-chave: Infecção Hospitalar, Unidade de Terapia Intensiva, Assistência de
Enfermagem.
8
ABSTRACT
Currently in Brazil and worldwide hospital infection is considered a serious problem,
both in increasing incidence and complexity, generating various types of social and
economic implications. The present work aims to identify publications in major
national and international measures adopted by the nursing staff in the control of
nosocomial infections in intensive care units. The study was conducted through
literature review, which was based on consultation papers in the period from
September to November 2011 in the following databases: LILACS, SCIELO BDENF.
Through this work can be seen that the technological advances in recent times were
not sufficient to minimize the problem of hospital infection. However, we find
references to practices simple and low cost, performed by the nursing team with
proven effectiveness. Thus, effort is required of all, both the educational institutions in
better training future professionals in preventing and controlling hospital infections,
hospitals continue this training in promoting adherence to preventive measures, as
well as the professionals themselves to take the responsibility to be promoters of the
control and prevention of infection.
Keywords: nosocomial Infection, Intensive Care Unit, Nursing Care.
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................10
2 METODOLOGIA.....................................................................................................12
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES..........................................................................13
4 CONCLUSÃO................................. .......................................................................22
REFERÊNCIAS.........................................................................................................23
10
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos tempos a assistência à saúde vem evoluindo com os avanços
científicos e tecnológicos, refletindo em melhoria das ações de saúde para a
população em geral. Entretanto, à medida que se observa o desenvolvimento
científico-tecnológico nas ações de saúde, observa-se também que problemas
antigos ainda persistem como é o caso das infecções hospitalares (01).
Para Turrini
(02),
as infecções hospitalares são iatrogenias decorrentes da
hospitalização do paciente e que se tornaram importante foco de atenção nas
últimas décadas, embora desde a Antiguidade existissem relatos sobre a
disseminação de doenças epidêmicas e sobre a inevitabilidade das infecções
cirúrgicas. Elas representam complicações relacionadas à assistência à saúde e
constituem a principal causa de morbidade e mortalidade hospitalar, aumentando o
tempo de internação dos pacientes e, com isso, elevando os custos dos hospitais e
reduzindo a rotatividade de seus leitos (03).
Andrade e Angerami
(01),
afirmam que as infecções hospitalares não só elevam
as taxas de morbimortalidade, como também, estende o tempo de permanência dos
pacientes nos hospitais, conseqüentemente encarece o custo do tratamento, além
de diminuir a oferta de leitos hospitalares. E defendem que não se podem ocultar as
outras repercussões, as quais excedem os custos devido ao aumento do período de
internação com o tratamento adicional. Deve-se considerar também, a interrupção
da vida produtiva do indivíduo, assim como a possibilidade de ações legais
requeridas contra o hospital e profissionais, pelo fato de, o paciente julgar-se
prejudicado em sua saúde devido às intervenções iatrogênicas.
Em se tratando de especialidades médicas, os pacientes críticos hospitalizados
em Unidade de Terapia Intensiva são mais vulneráveis à infecção hospitalar em
comparação com as demais unidades. O que torna a infecção hospitalar um
problema mais séria no referido setor é o fato do paciente está mais exposto ao risco
de infecção, haja vista sua condição clínica e a variedade de procedimentos
invasivos rotineiramente realizados. É destacado que neste setor os pacientes têm
11
de 5 a 10 vezes mais probabilidades de contrair infecção e que esta pode
representar cerca de 20% do total das infecções de um hospital
(04).
A necessidade de reduzir e controlar as taxas de infecção faz com que sejam
adotadas medidas preventivas imprescindíveis, uma vez que as condições inerentes
a este tipo de paciente e tratamento são revestidas de fatores altamente
desfavoráveis
(05).
Por este motivo Moura et al,
(06)
defendem a aplicação de medidas
preventivas, educacionais e de controle epidemiológico que visam, através de um
processo de conscientização coletiva, levar as taxas de infecção para limites
aceitáveis para o tipo de clientela e de procedimentos realizados.
Para Pereira et al (07) as infecções hospitalares são multifatoriais, por esta razão
toda a problemática de como reduzir, intervir em situações de surtos além de manter
sob controle dentro de uma instituição, deve ser resultado de um trabalho de equipe.
Entretanto, por ser a equipe de enfermagem o grupo mais numeroso e que maior
tempo fica em contato com o doente internado em hospitais, prestando cuidados
físicos e executando procedimentos diagnósticos e terapêuticos, a torna um
elemento fundamental nas ações de prevenção, detecção e controle da infecção
hospitalar (02).
Diante da importância do tema devido altas taxas de morbimortalidade, dos
elevados custos do tratamento, além de diminuir a oferta de leitos hospitalares, o
trabalho ora apresentado é relevante, pois, tem como objetivo identificar em
publicações nacionais e internacionais as principais medidas adotadas pela equipe
de enfermagem no controle das infecções hospitalares em unidades de terapia
intensiva. Visa gerar informações que permite planejar ações para contolar e
prevenir a ocorrência de infecção hospitalar em pacientes assistidos em unidades de
terapia intensiva, além de subsidiar a equipe de educação permanente estabelecer
estratégias de treinamento aos trabalhadores que contribuam para minimizar o
problema.
12
2 METODOLOGIA
Este estudo caracteriza-se como revisão de literatura em artigos científicos
disponíveis no Portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) como a Base de Dados
de Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da
Saúde (LILACS) Literatura e Scientific Electronic Library Online (SCielo). As buscas
foram realizadas entre setembro a outubro de 2011. Na BVS, os descritores foram:
“infecção hospitalar”, “unidade de terapia intensiva” e “assistência de enfermagem”.
Como critérios de inclusão, os estudos deveriam preencher as seguintes
condições: textos disponíveis online, sobre a temática, publicados nos últimos onze
anos (1999 - 2010) em português, inglês e espanhol apresentar população exclusiva
de trabalhadores de enfermagem e publicação em periódicos nacionais indexados
nas bases de dados acima referidas. Para a análise dos dados, foram extraídas
informações específicas de cada artigo
como: tipo de violência sofrida,
conseqüências, fatores de riscos para a ocorrência de atos violentos e medidas
sugeridas para prevenir as agressões. Excluímos os trabalhos incompatíveis aos
nossos questionamentos e não disponíveis na íntegra. Aqueles que estavam
repetidos em mais de um banco de dados foram contabilizados apenas uma vez.
Após a leitura dos mesmos, selecionamos 31 textos que abordavam a temática
em questão. Para análise e síntese seguimos os seguintes passos: leitura
exploratória para reconhecer do que se tratava o texto; em seguida procedemos a
uma leitura seletiva, selecionando o material em busca de informações que
pudessem estar relacionados aos objetivos e a temática proposta. Após a leitura
geral dos textos, procedemos ao fichamento segundo os objetivos propostos.
Seguimos para uma leitura analítica que nos possibilitasse a construção de
categorias e, posteriormente, realizamos uma leitura interpretativa, ou seja,
procuramos dar significado aos dados encontrados.
13
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A infecção hospitalar representa importante problema de saúde pública,
crescendo tanto em incidência quanto em complexidade constituindo-se em risco à
saúde dos usuários dos hospitais que se submetem a procedimentos terapêuticos ou
de diagnóstico, gerando diversos tipos de implicações sociais e econômicas
(08,09).
Ocupa posição de destaque na medicina atual, exigindo avaliação epidemiológica
atualizada e o desenvolvimento de prática de atuação que possa minimizar os
resultados adversos da disseminação de doença infecciosa adquirida nos hospitais
(10).
Entretanto, apesar da magnitude do problema, desde a Antiguidade existem
relatos sobre a disseminação de doenças epidêmicas e sobre a inevitabilidade das
infecções cirúrgicas (02).
Durante séculos, as pessoas que adoeciam eram isoladas em locais sombrios,
úmidos, sem luz natural, sem cuidados higiênicos e dietéticos, como os sanatórios
para hansenianos, da Idade Média
(01).
Esses espaços de segregação e de exclusão
eram considerados fonte inesgotável de doença devido às características sanitárias e
de assistência precárias, não se fazendo presente atividades terapêuticas, nem
dispunham de nenhuma forma sistematizadas de assistência que evitasse os
contágios entre as pessoas ali assistidas, favorecendo a disseminação de doenças,
especialmente as de caráter infeccioso (03).
As transformações ocorridas, em especial no século XVIII, possibilitaram que
os hospitais exercessem uma ação terapêutica mais concreta, quando comparação
com as das épocas anteriores. A partir daí iniciou-se o questionamento sobre as
condições insalubres o que favorecia toda ordem de contágio. Assim, o início das
práticas de controle da transmissão das doenças contagiosas surgiu a partir desse
século, período em que ocorre a mudança da concepção de hospital como um local
onde as pessoas eram internadas para morrerem, para um local de cura e
medicalização (01).
Santos
(11)
afirma que ao longo dos tempos, muitos se destacaram nessa
trajetória árdua de combate as infecção hospitalar, dentre os quais Florence
Nightingale que organizou o hospital implantando medidas para o controle da
14
infecção hospitalar, com a preocupação voltada para os cuidados de higienização,
isolamento dos enfermos, atendimento individual, além da utilização controlada da
dieta e redução de leitos no mesmo ambiente. A instituição de medidas de
organização, sistematização do atendimento e treinamento de pessoal juntamente
com práticas higiênicas sanitárias que estabeleceu, colaborou para a redução das
taxas de mortalidade hospitalar da época (03).
Todas as medidas de assepsia, introduzidas nos hospitais, no século XIX,
provaram que elas são importantes por ser eficazes na prevenção e controle da
infecção hospitalar. A introdução de procedimentos para melhorar as condições
sanitárias e das práticas de higiene instituídas nos hospitais, ocorridas no final do
século XIX, reduziram drasticamente as taxas de infecção hospitalar. Nos anos
subseqüentes, as técnicas assépticas foram implementadas com outras inovações,
como, o uso de luvas, uso do calor para destruir bactérias, uso de aventais, propés,
máscaras e luvas. Todos estes materiais, mais o conjunto de medidas de assepsia e
de anti-sepsia, são utilizados amplamente nos centros cirúrgicos e demais setores
dos hospitais (11).
Entretanto, Pereira et al
(07)
afirmam que os grandes avanços científicos e
tecnológicos ocorridos nos últimos tempos não foram suficiente para prevenir ou pelo
menos diminuir as altas índice de infecções relacionadas com assistência. Segundo
os mesmos autores a infecção hospitalar continua sendo uma séria ameaça à
segurança dos pacientes hospitalizados por contribuir para elevar as taxas de morbimortalidade, aumentar os custos de hospitalização mediante o prolongamento da
permanência e gastos com procedimentos diagnósticos, além do tempo de
afastamento do paciente de seu trabalho.
Azambuja et al
(12)
afirmam que apesar de todo o investimento, a realidade no
que se refere à prevenção e ao controle das infecções hospitalares no Brasil, ainda
tem preocupado não só os trabalhadores da área da saúde, mas também, a
comunidade em geral. Embora, estudos a respeito de controle e prevenção de
infecção hospitalar, realizado pelo Ministério da saúde (1994), demonstrassem que a
taxa de infecção hospitalar no Brasil, é, em média, de 15,5%, mesmo dentro da
média aceita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que varia de 9% a 20%,
15
muito ainda precisa ser feito no país, pois apesar da existência de políticas voltadas
à prevenção e controle das infecções hospitalares, tanto a exigência externa interna,
ainda não estão voltadas ao cumprimento de tais políticas.
Tem de se ressaltar que as infecções hospitalares influenciam drasticamente
no período de hospitalização, nos índices de morbi-mortalidade repercutindo de
maneira significativa nos custos, especialmente, considerando o prolongamento da
internação, o consumo de antibióticos, os gastos com isolamento e os exames
laboratoriais
(13),
além das repercussões para o paciente, família e a comunidade
devido afastamento da vida social e do trabalho com importante consequência social,
psicológico e econômico
(14).
Segundo Sousa et al
(15)
no Brasil, esta problemática é
considerada grave tendo em vista que 720.000 pessoas são infectadas em hospitais
brasileiros por ano e, dessas, 144.000, ou seja, 20%, evoluem para a morte.
Os agentes etiológicos responsáveis pelas infecções hospitalares podem ser de
duas fontes: a endógena e a exógena. As endógenas, responsáveis por cerca de
70,0% das infecções hospitalares, são provenientes da própria flora microbiana do
indivíduo, enquanto as exógenas resultam da transmissão de micorganismos de
outras fontes, que não o paciente. Sendo assim, estas decorreriam de falhas
técnicas na execução de diversos procedimentos ou rotinas assistenciais (02).
Quanto a freqüência das infecções hospitalares, varia com as características do
paciente, consideradas como determinantes na suscetibilidade às infecções.
Entretanto, as características do hospital, os serviços oferecidos, o tipo de clientela
atendida, sistema de vigilância epidemiológica e programa de controle de infecções
hospitalares adotados pela instituição de saúde também contribuem para a
ocorrência de infecção hospitalar (02)..
Dentre os diversos locais de cuidados, a unidade de terapia intensiva se
destaca como o setor com maior risco para aquisição de infecção hospitalar
(14).
As
taxas de infecção hospitalar em unidade de terapia intensiva variam entre 18 e 54%,
sendo cerca de cinco a dez vezes maiores do que em outras unidades de internação.
Sendo responsável por 5 a 35% de todas as infecções hospitalares e por,
aproximadamente, 90% de todos os surtos ocorrem nessas unidades. As altas taxas
16
de mortalidade nas unidades de terapia intensiva, comumente variando entre 9 e
38%, podem alcançar 60% devido à ocorrência de infecção (16).
Com referencia aos fatores de risco às infecções hospitalares, eles podem ser
divididos em intrínsecos aqueles características relacionadas, especificamente, ao
paciente/hospedeiro como tipo e gravidade da doença de base, condição nutricional,
idade, uso de drogas imunossupressoras, dentre outras. Já o risco extrínseco está
relacionado ao meio ambiente inanimado, agressões ao hospedeiro, e a qualidade
do cuidado dispensado ao paciente pela equipe
(01).
Entretanto Pereira et al
(17)
apontam os seguintes fatores de risco à IH em UTI como sendo os mais
preponderantes:
tempo de permanência na UTI superior a 48 horas; ventilação
mecânica; diagnóstico de trauma; cateterização vesical, de veia central, de artéria
pulmonar; e profilaxia para úlcera de stress.
Lima, Andrade e Haas
(04)
afirmam que de modo geral a infecção hospitalar é
um problema mais sério na unidade de terapia intensiva porque neste ambiente o
paciente está mais exposto as infecções, haja vista sua condição clínica e a
variedade de procedimentos invasivos rotineiramente realizados. Além de mais
vulneráveis intrinsecamente à infecção, são freqüentemente expostos aos fatores de
risco
tais
como:
procedimentos
invasivos,
cirurgias
complexas,
imunossupressoras, antimicrobianos e as interações com a equipe de saúde
drogas
(06).
Para Pereira et al (07) a grande maioria das infecções hospitalares é causada por
um desequilíbrio da relação existente entre a microbiota humana normal e os
mecanismos de defesa do hospedeiro. Isto pode ocorrer devido à própria patologia
de base do paciente, procedimentos invasivos e alterações da população microbiana,
geralmente induzida pelo uso de antibióticos. Os microrganismos que predominam
nas IH raramente causam infecções em outras situações, apresentam baixa
virulência, mas em decorrência do seu inócuo e da queda de resistência do
hospedeiro, o processo infeccioso desenvolve-se.
Já PEREIRA et al
(17)
citam estudos realizados por diversos autores (TRILLA,
A., 1994; VINCENT, J.L., 1995; BERGOGNE – BEREZIN, E., 1995) para apontam os
seguintes fatores de risco à infecção hospitalar em UTI como sendo os mais
17
preponderantes: tempo de permanência na UTI superior a 48 horas;
ventilação
mecânica; diagnóstico de trauma; cateterização urinária, de veia central, de artéria
pulmonar; e presença de profilaxia para úlcera de stress. No entanto, Sousa et al
(15)
afirmam que o risco de infecção durante a realização de um procedimento invasivo
está relacionado à utilização correta da técnica, sem contaminação dos materiais e
equipamentos, além da eficácia dos anti-sépticos empregados.
É fato que existem Infecções que ocorrem apesar de todas as precauções
adotadas, como pode-se constatar em pacientes imunologicamente comprometidos,
originárias a partir da sua microbiota. Entretanto, algumas infecções hospitalares são
evitáveis, preveníveis quando se pode interferir na cadeia de transmissão dos
microrganismos. A interrupção dessa cadeia pode ser realizada por meio de medidas
reconhecidamente eficazes como a lavagem das mãos, o processamento dos artigos
e superfícies, a utilização dos equipamentos de proteção individual, e a observação
das medidas de assepsia (07).
É importante registrar que a enfermagem vem assumindo as funções de
prevenção e controle da contaminação do ambiente hospitalar, desde o desempenho
de Florence Nightingale. Em seu livro Notes of Nursing: What is it, and what it is not
há 136 anos, mencionou a relação direta entre as más condições higiênicas e os
riscos de infecções, mostrando detalhado embasamento científico epidemiológico da
assistência, que deve ser prestada a qualquer enfermo, descrevendo uma série de
cuidados e estratégias relacionadas aos clientes e ao meio ambiente, com o objetivo
de diminuir os riscos de infecção e o combate das mesmas (18).
No final do século XIX, Florence utilizava a limpeza, o isolamento, a
individualização do cuidado, diminuição do número de leitos por enfermaria e a
diminuição da circulação de pessoas estranhas ao serviço, como forma de reduzir os
efeitos negativos do meio hospitalar sobre o paciente. Embora, o êxito deste
empreendimento se deu porque as infecções que predominavam nesse período
eram transmitidas, possivelmente, pelo meio (ar, água e solo), cujas ações de
controle sanitário foram significativamente capazes de cumprir os seus propósitos, a
abordagem epidemiológica das doenças infecciosas e das infecções hospitalares
numa era pré bacteriológica, fez com que os fundamentos repercutissem até hoje
18
para o controle dessas infecções, mesmo que estas apresentem novas formas de
manifestações (19).
Segundo Melo
(20)
os profissionais de saúde tem um papel importante, tanto na
implementação das medidas que impedem sua instalação quanto nas praticas do
cotidiano, que permitem que tais processos se concretizem.
As infecções hospitalares são multifatoriais, e toda a problemática de como
reduzir, intervir em situações de surtos e manter sob controle as infecções dentro de
uma instituição, deve ser resultado de um trabalho de equipe. A equipe de
enfermagem é o grupo mais numeroso e que maior tempo fica em contato com o
doente internado em hospitais. A natureza do seu trabalho, que inclui a prestação de
cuidados físicos e a execução de procedimentos diagnósticos e terapêuticos, a torna
um elemento fundamental nas ações de prevenção, detecção e controle da infecção
hospitalar (02).
Melo
(20)
afirma que umas estratégias eficazes de prevenção e controle das
infecções relacionadas aos processos assistenciais à saúde, implicam na
implementação das precauções padrões (PP), editadas em 1996, pelos Centers for
Diseases Control and Prevention (CDC), constituem em um conjunto de medidas a
serem adotadas, pelo profissional, a todos os pacientes, independente do estado
presumível de infecção, e no manuseio de equipamentos e artigos contaminados ou
sob suspeita de contaminação.
Tem como objetivo proteger não só o paciente, mas também o profissional da
exposição a agentes infecciosos de fontes conhecidos ou não de infecção. As
medidas que as integram, conforme o guia dos CDC, em 1996, são: lavagem das
mãos, equipamento de proteção individual, cuidados com artigos e equipamentos,
controle ambiental, cuidados com as roupas, manuseio de perfurocontantes e
isolamento (20).
Segundo Mendonça et al
(21),
lavar as mãos é a mais importante profilaxia contra
as infecções hospitalares, que, combinadas com outras estratégias, representa
medidas indispensáveis para o controle de infecção no ambiente hospitalar. Isso
porque segundo os mesmos autores, as mãos possuem capacidade de abrigar
19
microrganismos e de transferi-los de uma superfície para outra, por contato direto,
pele com pele, ou indireto, através de objetos o que demonstra sua importância da
higienização das mãos na prevenção da transmissão das infecções hospitalares.
Entretanto, Martine, Campos, Nogueira
(22)
afirmam que apesar de a
importância da transmissão de infecções relacionadas à assistência à saúde pelo
contato das mãos ser aceita mundialmente, o cumprimento das normas técnicas para
a sua prevenção é limitado.
Este fato pode ser observado em seu estudo cujo
objetivo foi avaliar o cumprimento da técnica de lavagem das mãos empregadas em
uma unidade de terapia intensiva neonatal pelos profissionais de saúde e visitantes.
Das 43 (100%) pessoas observadas apenas 24 (56%) lavaram as mãos antes de
entrar na unidade, sendo a lavagem observada com maior frequência no período da
manhã (75%) do que à tarde (39%). A técnica correta não foi observada em
nenhuma das vezes.
Equipamento
de
Proteção
Individual
-
EPI,
definido
pela
Norma
Regulamentadora nº6 como sendo todo dispositivo ou produto, de uso individual
utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
segurança e a saúde no trabalho
(23).
Sendo assim, para profissionais atuantes na
área de saúde, seu uso deve ser indispensável, pois além de prevenir a
contaminação de pacientes através da infecção cruzada, garante a própria
segurança (24).
Entretanto, Tipple et al(25) afirmam que um Equipamento de Proteção Individual
pode transformar-se em um Equipamento de Disseminação Coletiva, quando o seu
uso não considera os riscos coletivo e ambiental. Os autores alerta que a luva de
procedimentos, utilizada como barreira para o profissional, pode transferir secreções
orgânicas para as superfícies tocadas, como prontuários ou aparelhos telefônicos.
Máscaras usadas por períodos prolongados, bem como a permanência em volta do
pescoço, além de não conferir a proteção contra gotículas e aerossóis, podem
transformar-se em um reservatório de microrganismos, caracterizando uso
inadequado de Equipamentos de Proteção Individual.
Nichiata et al
(26)
afirmam que em conjunto com as precauções padrão, foram
estabelecidas as precauções baseadas na transmissão, indicadas para pacientes
20
comprovadamente infectados, ou suspeitos de sê-los, com patógenos altamente
transmissíveis ou epidemiologicamente importantes para os quais medidas
adicionais às precauções padrão são necessárias para interromper a transmissão
nos hospitais. Há três tipos de precauções baseadas na transmissão: Precauções
aéreas, Precauções por gotículas e Precauções porcontato.
As precauções aéreas são indicadas para reduzir o risco de transmissão de
agentes infecciosos veiculadas pelo ar (partículas residuais pequenas, com 5 mm ou
menos) provenientes de gotículas evaporadas e que podem permanecer em
suspensão no ar por longo período de tempo ou de partículas de poeira contendo
um agente infeccioso. Aplicam-se aos patógenos conhecidos que podem ser assim
transmitidos, o que inclui o bacilo da tuberculose, o vírus do sarampo e o da varicela.
Nesse tipo de precaução indica-se o uso máscaras especiais com maior poder de
filtragem e quando houver possibilidade de contato com secreções, aventais e
máscaras (26).
As precauções por gotículas são indicadas para evitar o risco de transmissão
de agentes infecciosos veiculados por vias aéreas, através de contato com a
conjuntiva e com a mucosa do nariz ou da boca de um indivíduo suscetível com
gotículas de tamanho grande (maior do que 5mm), originadas de um indivíduo-fonte,
sobretudo durante a tosse, o espirro ou conversa e durante a realização de certos
procedimentos, como a sucção ou a broncoscopia(26).
As precauções por contato visam impedir o risco de transmissão de agentes
epidemiologicamente importantes, por contato direto ou indireto. Este tipo de
transmissão envolve o contato pele a pele e a transferência física proveniente de
indivíduo infectado ou colonizado por microorganismo para um hospedeiro
suscetível, tal como ocorre quando o profissional muda o paciente de posição, dálhe
banho ou realiza atividades de atendimento que exigem o contato físico (26).
Pereira et al(17), defendem que os fatores extrínsecos relacionados aos
procedimentos invasivos constituem-se em importante foco de atenção da equipe, já
que segundo os mesmos autores o risco de infecção hospitalar aumenta a cada
procedimento invasivo a que o paciente se submete, exigindo muito rigor em sua
21
execução. Portanto, é de fundamental importância que os procedimentos invasivos
sejam realizados com o máximo de rigor técnico, com a menor lesão de tecidos
possível e a obediência rigorosa dos princípios da assepsia.
Andrade, Angerami e Padovani
(27)
afirmam que embora as principais causas de
infecção hospitalar estejam relacionadas com o doente susceptível à infecção e com
os métodos-diagnósticos e terapêuticos utilizados, não se pode deixar de considerar
a parcela de responsabilidade relacionada aos padrões de assepsia e de higiene do
ambiente hospitalar. No entanto, o ambiente hospitalar pode contribuir para
disseminação de patógenos. Geralmente o ambiente ocupado por pacientes
colonizados e/ou infectados pode tornar-se contaminado.
Por este motivo Pereira et al
(28)
afirmam que a limpeza é um dos elementos
primários e eficazes nas medidas de controle para romper a cadeia epidemiológica
das infecções, pois está diretamente ligada à remoção da sujidade e contaminação
dos artigos e das superfícies do hospital, como forma de garantir aos usuários uma
permanência em local asseado e em ambiente com menor carga de contaminação
possível, isto contribui para reduzir a possibilidade de transmissão de infecções,
oriundas de fontes inanimadas.
Oliveira e Damasceno (29) afirmam que a presença de bactérias em superfícies
inanimadas e equipamentos como monitores, grades de cama, mesas, torneiras,
telefones, teclados de computador e outros objetos é comum. A contaminação de
locais aparentemente limpos reforça a possibilidade da disseminação de patógenos,
por serem analisados como superfícies limpas, fazendo com que muitas vezes sejam
ignoradas medidas eficazes de limpeza. O trânsito de pessoas na unidade, que
entram em contato com os pacientes, objetos e superfícies diversas conferem
possibilidades de disseminação de patógenos quando não são observadas às
devidas precauções. Desta forma os autores reforçam a importância de intensificar a
limpeza de rotina, com o objetivo de minimizar a disseminação dos patógenos.
Em um estudo realizado por Oliveira, Cardoso e Mascarenhas
(14)
onde se
objetivou avaliar o conhecimento e comportamento dos profissionais de um CTI em
relação à adoção das precauções de contato para o controle das infecções
hospitalares, foi observado que apenas 36,3% dos profissionais apresentou
22
conhecimento adequado em relação às medidas de controle de infecção hospitalar.
Para Larson et al(30) a constatação do baixo número de profissionais com
conhecimento adequado a respeito das precauções de contato é preocupante, uma
vez que a resistência bacteriana tem aumentado em todo o mundo e é incidente nos
centros de terapia intensiva.
Tipple e colaboradores
(31)
acreditam que o controle de Infecção, como
fundamento para a prática só será possível se compuser a formação do profissional
com a compreensão de que se constituem em uma só prática, pois realizar um
procedimento significaria adotar as medidas preventivas pertinentes. Esse
pressuposto está implícito no paradigma sobre o qual estão fundamentadas as
medidas preventivas, a universalidade do risco, claramente apresentado na última
versão do Guideline for Isolation Precaution in Hospitals no qual se reformulou o
conceito de Precauções Universais para Precauções Padrão.
23
4 CONCLUSÃO
De acordo com nossa pesquisa verificamos que todo o avanço tecnológico
vivencia na área da saúde nas ultimas décadas, não foi suficiente para minimizar o
problema das infecções hospitalares. Ao em vez disso, os novos processo
terapêuticos e de diagnósticos a medida que contribuem para salvar vida e restaurar
a saúde colaboram para agravar ainda mais o problema. O que acarreta
conseqüências como aumento das taxas de morbimortalidade, prolongamento do
tempo de internação, além do aumento do gasto com o tratamento.
Embora a enfermagem possa contribuir para prevenir e controlar as infecções,
uma vez que é a categoria profissional mais numerosa, permanecer mais tempo com
o paciente, executa grande parte dos procedimentos, além de participar de da
maioria dos procedimentos, o controle e a prevenção das infecções hospitalares é
uma responsabilidade de todos os profissionais envolvidos direta e indiretamente na
assistência a saúde do paciente da unidade de terapia intensiva.
A literatura cita varias medidas simples, de fácil implementação, além de baixo
custo que deve ser utilizado por todo profissional de saúde durante a assistência ao
paciente. Medidas como lavagem
básica das mãos, uso adequado dos
equipamentos de proteção individual, utilização de técnicas assépticas, além do uso
de precauções de contato e respiratório, podem ser utilizado por qualquer
profissional sem ser necessário de grandes investimentos ou dificuldades. No
entanto, contribuem para a prevenção e controle e consequentimente na redução
das taxas de morbimortalidade por infecção hospitalar.
Mas para tanto é preciso que sejam difundidos os conhecimentos adequados e
atualizados sobre as recomendações de prevenção e controle, dos modos de
transmissão e da prevenção da disseminação de microrganismos entre os
profissionais da saúde. Por este motivo defendemos mais investimentos durante a
formação profissional, que tem se mostrado insuficiente quanto ao ensino e à prática
do controle de infecção, alem de investigações com o objetivo de identificar os
fatores que dificultam a adesão às ações preventivas, uma vez que só as
intervenções educacionais tem sido insuficiente.
24
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