OS MOSQUITOS E A ORIZICULTURA Ciências Biológicas – Ciências da Saúde SOARES, Evandro da Cruz Cittadin; SIMOM, Yoná Garcia Ciências Biológicas Campus Regional Sul Introdução O Brasil está entre os dez principais produtores mundiais de arroz, com cerca de 11 milhões de toneladas. Essa produção é oriunda de dois sistemas de cultivo: irrigado e de sequeiro. A orizicultura irrigada é responsável por 65% da produção nacional, sendo o Sul do Brasil responsável por 53% desta produção (EMBRAPA, 2005). Para a cultura do arroz irrigado é necessária uma quantidade de água bastante considerável. Esta água é capitada em geral de fontes naturais, como rios, córregos, lagos e lagoas. O alagamento do solo é o que garante a germinação do arroz. E este alagamento é quem também dá início a uma vida animal, um inseto muito conhecido, o mosquito. O cultivo de arroz irrigado tem sido associado à proliferação de vários Gêneros de mosquitos como de: Anopheles, Aedes, Culex e Psorophora. (OLSON & NEWTON, 1973). Sabe-se que no município de Tubarão – SC, uma das culturas mais desenvolvidas é a do arroz irrigado, devido principalmente a geografia do solo, pois por ser planície propicia este tipo de cultura. Os mosquitos são insetos da Família Culicidae, Ordem Diptera e são conhecidos popularmente como pernilongos, muriçocas, entre outros. Os adultos são terrestres e na grande maioria hematófagos, enquanto as fases imaturas são aquáticas como: ovo, quatro estágios larvais e pupa. (MARCONDES, 2001). Objetivos Objetivo Geral Levantar quais espécies de mosquitos desenvolvem-se com a prática da orizicultura irrigada. Objetivos Específicos - Identificar as espécies coletadas; - Verificar a diversidade de espécies transmissoras de agentes patogênicos; No laboratório, conforme os adultos eclodiam das pupas, os mesmos eram sugados (sugador entomológico) e colocados em vidros tampados e etiquetados ficando na geladeira para conservação até a triagem. Na triagem, cada adulto foi alfinetado com alfinetes entomológicos e etiquetado, contendo todos os dados da coleta. Logo após, se iniciou a fase de identificação, onde foram utilizados estereomicroscópio e chave dicotômica. Os mosquitos não identificados foram enviados para a Universidade Federal do Paraná em Curitiba para especialistas da área. Fig.03 – Mosquito alfinetado e identificado Fonte: O autor, 2008. Fig.04 – Identificando os mosquitos Fonte: O autor, 2008. Resultados No período de execução da pesquisa foram coletados 114 (cento e quatorze) mosquitos, sendo 26 (vinte e seis) do Gênero Aedes e 73 (setenta e três) do Gênero Culex. Do total de indivíduos coletados 15 (quinze) mosquitos não foram identificados devido à ausência de cerdas e pêlos no seu corpo pela demora em serem alfinetados. Várias espécies do Gênero Aedes produzem ovos resistentes à dessecação, tendo criadouros transitórios, que são condicionados diretamente pelas chuvas, como seus preferenciais. Seu ciclo anual é controlado pela quantidade de chuvas e pela temperatura ambiente. Muitos dos Aedini são estudados por serem transmissores de arboviroses. (CONSOLI; OLIVEIRA, 1994). O subgênero Culex, embora taxonomicamente sujeito a controvérsias e ainda pouco conhecido encerra algumas espécies de interesse epidemiológico, isto tendo em vista uma maior tendência de convivência com o homem e animais domésticos. (FORATTINI, 1989). Ainda diz Forattini, (1989), que devido à ornitofilia, eles possuem o potencial de se infectar por determinados arbovírus e de veiculá-los à população humana. Metodologia O presente estudo foi realizado na cultura de arroz, no bairro Congonhas no município de Tubarão/SC. Fig.01 – Cultura de arroz, Bairro Congonhas, Tubarão,SC. Fonte: O autor, 2008. Os pontos de coleta foram escolhidos no mês de agosto de 2007, após o terreno ter sido alagado, sendo assim, iniciou-se a procura semanal por larvas, para então iniciar as coletas mensais. As larvas e pupas encontradas foram levadas para o Laboratório de Ecologia e Educação Ambiental da UNISUL, e armazenadas em potes cobertos com tule que impede a fuga dos adultos e possibilita a entrada de oxigênio. A água contida nos potes era a mesma do local de coleta. Conclusões Nos primeiros meses de coleta, não obtivemos sucesso, pois ocorreram problemas climáticos, como frios intensos e fortes ventos. Começamos encontrar larvas assim que os dias tornaram-se mais quentes. Este levantamento se mostrou importante de modo que revelou a existência dos Gêneros Culex e Aedes considerados de importância médica por serem vetores de agentes patogênicos. Por este fato, as pesquisas na orizicultura irrigada quanto à identificação de mosquitos devem ser retomadas utilizando-se outras metodologias, como por exemplo armadilhas CDC. A partir disto medidas de minimização poderão ser planejadas para que reduzam a proliferação dos mesmos. Bibliografia CONSOLI, R. A. G. B.; OLIVEIRA, R. L.. de. Principais Mosquitos de Importância. Sanitária no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1994. 224p. Embrapa Clima Temperado. Sistema de produção. Nov/2005. FORATTINI, O. P. et al. Observações sobre mosquitos Culicidae adultos em cultivo irrigado de arroz no Vale do Ribeira, Estado de São Paulo, Brasil.Rev. Saúde Pública., v. 23, p. 307-312, 1989. MARCONDES, C. B. Entomologia Médica e Veterinária. Ed. Atheneu. São Paulo, 2001. OLSON, J.K. & NEWTON, W.H. Mosquito activity in Texas during the 1971 outbreak of Venezuelan equine encephalitis (VEE). I - Vector potential for VEE in the Texas rice belt region. Mosquito News, 33:553-9, 1973. Fig.02 – Pote contendo larvas, coberto com tule Fonte: O autor, 2008. TAIPE-LAGOS, C. B.; NATAL, D. Abundância de culicídeos em área metropolitana preservada e suas implicações epidemiológicas. Rev. Saúde Pública, v. 37, n. 3, p. 275279, jun., 2003 Apoio Financeiro: UNISUL