TRANSTORNOS AFETIVOS DO HUMOR FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS VI SEMESTRE DE ENFERMAGEM, MATUTINO ENFERMAGEM NA SAÚDE MENTAL DOCENTE: ELIANE VELAME SANTOS DISCENTES: AMANDA PATEZ ANA CAROLINE ANA PAULA CELY NETO DAIANA LARE PRISCiLA MACHADO Afinal, o que é o Humor? • O humor é um estado de ânimo cuja intensidade representa o grau de disposição e de bem-estar psicológico e emocional de um indivíduo. • O termo “humor” geralmente refere-se a estados emocionais relacionados com o aspecto total da personalidade ou da vida psíquica. • (Kaplan & Sadock, 1981) • A palavra humor surgiu na medicina humoral dos antigos Gregos, naqueles tempos, o termo humor representava qualquer um dos quatro fluidos corporais (ou humores) que se considerava serem responsáveis por regular a saúde física e emocional humana. • “O humor tem não só algo de liberador, análogo nisso ao espirituoso e ao cômico, mas também algo de sublime e elevado” (Freud). Transtornos Afetivos do Humor • Transtornos nos quais a perturbação fundamental é uma alteração do humor ou do afeto, no sentido de uma depressão (com ou sem ansiedade associada) ou de uma elação. • A alteração do humor em geral se acompanha de uma modificação do nível global de atividade, e a maioria dos outros sintomas são quer secundários a estas alterações do humor e da atividade, quer facilmente compreensíveis no contexto destas alterações. • A maioria destes transtornos tendem a ser recorrentes e a ocorrência dos episódios individuais pode freqüentemente estar relacionada com situações ou fatos estressantes. HIPÓTESES ETIOLÓGICAS: • Etiologia desconhecida; entretanto alguns fatores estão reconhecidamente implicados como: fatores genéticos, psicossociais, bioquímicos (envolvimento dos neurotransmissores) e fatores neuroendócrinos. CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTONROS DO HUMOR DSM-IV TR TRANSTORNOS DO HUMOR Transtorno Bipolar T. Bipolar I T. Bipolar II Ciclotimia T. Bipolar SOE Transtorno Depressivo T. Depressivo Maior Episó Episódio Único Disitmia Recorrente T. Depressivo SOE Código Internacionais de Doenças CID- 10 • F 30 - EPISÓDIO MANÍACO • F 31 - TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR • F 34 - TRANSTORNO RESISTENTE DO HUMOR • F 38 - OUTROS TRANSTORNOS DO HUMOR • F 32 - EPISÓDIO DEPRESSIVO • F 33 - TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE • F 39 - TRANSTORNO DO HUMOR NÃO ESPECIFICADO Transtorno Unipolar Depressão Maior Distúrbio Distimico Transtorno Bipolar Transtorno Bipolar I Transtorno Bipolar II Depressão Maior • Este distúrbio caracteriza por humor deprimido ou perda de interesse ou prazer nas atividades habituais. Evidências de distúrbio de funcionamento social e ocupacional estão presentes a pelo menos 2 semanas. Não há nenhuma historia de comportamento maníaco e os sintomas não podem ser atribuídos a uso de drogas ou a uma condição medica geral São classificados: Episódio único ou Recorrente – é usado para o primeiro diagnóstico. Recorrente é especificado 2 ou mais episódios. Leve, moderado ou grave – são identificados pelo número ou pela gravidade dos sintomas. Com características psicóticas – o individuo apresenta delírios ou alucinações. Com características melancólicas - esta é uma forma tipicamente grave de episódio depressivo maior, os sintomas são exagerados. Crônico – esta classificação se aplica quando o episódio atual de humor deprimido esta evidenciado por pelo menos 2 anos. Com padrão sazonal – este diagnóstico indica a presença de sintomas depressivos durante o outono e inverno.Este distúrbio era identificado anteriormente na literatura como distúrbio afetivo sazonal (DAS). Com início pós-parto – é quando os sintomas de depressão maior ocorre durante 4 semanas após um parto. Critérios Diagnósticos Cinco ou mais dos sintomas a seguir estiverem presentes pelo menos no período de 2 semanas 1- Humor deprimido na maior parte do dia. 2- Diminuição acentuada do prazer em todas as atividades. 3- Perda ou ganho de peso significativa, sem fazer dieta. 4- Insônia ou hipersonia praticamente todos os dias. 5- Agitação ou retardo psicomotor praticamente todos os dias. 6- Fadiga ou perda e energia praticamente todos os dias. 7- Sentimentos de menos valia ou culpa excessiva ou inadequada. 8- Menor capacidade de pensar ou de se concentrar ou indecisão. 9- Pensamento recorrente de morte. Distúrbio Distímico • As característica deste distúrbio são semelhantes aquelas atribuidas ao distúrbio depressivo maior, porém um pouco mais leve. Os individuos portadores deste distúrbio descrevem seu humor como de tristeza ou “baixo astral” ( APA, 1994). Características • Não nenhuma evidência de sintomas psicóticos; • A característica essencial é um humor cronicamente deprimido, por pelo menos 2 anos para adultos e 1 ano para crianças e adolescentes. São classificados: De início precoce – Identificam os casos de distúrbio distímico cuja o início se dá antes dos 21 anos de idade. De início tardio - Identificam os casos de distúrbio distímico em que o início tem lugar aos 21 anos de idade ou mais. Critérios Diagnósticos Humor deprimido na maior parte do dia. Presença em quanto deprimido de dois ou mais dos seguintes sintomas 1- falta de apetite ou ingestão alimentar excessiva 2- Insônia ou hipersonia 3- Pouca energia ou fadiga 4- Baixa auto-estima 5- Dificuldade de concentração ou de tomar decisões 6- Sentimentos de desespero O QUE É O TBAH? “O Transtorno Bipolar Afetivo do Humor (TBAH) é uma doença crônica em que ocorrem alterações do humor, caracterizando-se por períodos de um quadro de depressão, e quadros opostos, de mania”. Delírios ou alucinações podem ou não fazer parte do quadro clínico e o início dos sintomas pode refletir um padrão sazonal. TRANSTORNO BIPOLAR SINTOMAS MANÍACOS SINTOMAS DEPRESSIVOS Sintomas psicóticos Fatores Predisponentes Genética Estudos de Gêmeos – Indica que se um dos gêmeos apresentar o distúrbio bipolar, o outro tem uma probabilidade quatro a cinco vezes maior de também ter o distúrbio se os gêmeos forem idênticos e não apenas forem fraternos ( Kelose, 1991 ) Estudo de Famílias – Se um membro de uma família tem o distúrbio bipolar, então os outros membros têm uma probabilidade de também apresentar o distúrbio bipolar 7 a 10 vezes maior do que a população em geral ( Kelose, 1991 ) Influências Bioquímicas Aminas Biogênicas – Os primeiros estudos associarem os sintomas de depressão a uma deficiência funcional de norepinefrina e dopamina e a amania a um excesso funcional dessas aminas. O neurotransmissor serotonina parece permanecer baixo em ambos os estados ( Goodwin & Jamison, 1990) Eletrólitos – alguns estudos indicaram que a doença bipolar se acompanha de um aumento de sódio e cálcio intracelulares, esse desequilíbrio eletrolítico podem estar relacionados a anormalidade da função da membrana celular no distúrbio bipolar. Influências Fisiológicas Lesões Cerebrais – lesões cerebrais nos quadrantes frontotemporal esquerdo ou parieto-occipital direto tendem a associar-se a depressão ( Goodwin & Jamison, 1990) Efeitos Colaterais de Medicações – Certas medicações usadas no tratamento de doenças somáticas forma demonstradas como desencadeando uma resposta maníaca. As mais comuns delas são os esteróides. Aspecto Bipolar e seus Tipos • Transtorno Bipolar do tipo I • Transtorno Bipolar do tipo II Transtorno Bipolar I • Predomínio da fase maníaca com depressão mais leve distimia, que é uma condição neuropsíquica que se manifesta com desequilíbrio da vida afetiva. • Podendo ser por episódio maníaco único, para descrever indivíduo apresentando um primeiro episódio ou atual. Transtorno Bipolar II • Se caracteriza por episódios recorrentes de depressão maior, com a ocorrência episódica de hipomania, que não é grave o bastante para causar um distúrbio acentuado no funcionamento social ou ocupacional e não inclui características psicóticas. Transtorno Ciclotímico • A característica essencial é um distúrbio crônico do humor de pelo menos 2 anos de duração, envolvendo numerosos episódios de hipomania e humor deprimido de gravidade. Fase Maníaca • Tipicamente leva uma a duas semanas para começar e quando não tratado pode durar meses. O estado de humor está elevado podendo isso significar uma alegria contagiante ou uma irritação agressiva. • Podem surgir sintomas psicóticos típicos da esquizofrenia o que não significa uma mudança de diagnóstico, mas mostra um quadro mais grave quando isso acontece. Fase depressiva • O humor está depressivo, a auto-estima em baixa com sentimentos de inferioridade, a capacidade física esta comprometida, pois a sensação de cansaço é constante. • Nessa fase o sono também está diminuído, mas ao contrário da fase maníaca, não é um sono que satisfaça ou descanse, uma vez que o paciente acorda indisposto. Caracterização e Ocorrência na Fase Maníaca • Em Psiquiatria, o termo mania refere-se ao estado patológico de exaltação do humor. • Estado de humor elevado • Sentimento de grandiosidade, podendo chegar a manifestações psicopatológicas Normal Mania QUADRO CLÍNICO EPISÓDIO MANÍACO – GRANDIOSIDADE; – MENOR NECESSIDADE DE SONO; – PRESSÃO PARA FALAR; – PENSAMENTOS RÁPIDA OU FUGA DE IDÉIAS – DISTRAIBILIDADE – AUMENTO DE ATIVIDADE – ATIVIDADES PERIGOSAS, EVENTUALMENTE DANOSAS A ALTERAÇÃO DE HUMOR É PREJUDICIAL NÃO OCORRE POR ABUSO DE SUBSTÂNCIAS OU CONDIÇÃO MÉDICA MANIA • aumento acentuado da energia • redução do senso crítico • comportamento social inadequado atitudes estranhas como gastar muito dinheiro, condutas sexuais ou sociais inadequadas, que podem ter efeitos prejudiciais; nesta fase, o pensamento, o senso crítico e o comportamento social estão alterados o que leva a tomar decisões profissionais insensatas. MANIA • Irritabilidade inadequada • distração fácil • euforia inadequada • insônia grave idéias de grandeza • aumento do discurso (tagarelice) Comportamentos de Risco-Mania • Longas caminhadas à chuva, ou durante a noite, ou em locais perigosos • Assaltos ou agressões • Quedas no Idoso • Exaustão Física FASE DEPRESSIVA • • • • • - Queixas físicas variadas (sem doença física) Somatização Tristeza sem causa aparente Humor irritadiço Agravamento da depressão Perda das chamadas funções cognitivas (memória, atenção, concentração) - Quadro pseudo-demencial Quadro Clínico Exemplos de Alguns Bipolares: A doença Bipolar (do humor) é mais comum do que pensamos.... • • • • • Jim Carrey, Ator Marilyn Monroe, Atriz Elvis Presley, Cantor Van Gogh, Pintor Cássia Kiss, Atriz FATORES PSICOSSOCIAIS DE RISCO • • • • • Perda de papéis sociais Perda de Autonomia Morte de amigos e parentes Restrições Financeiras Diminuição do funcionamento cognitivo Como o Bipolar se Vê... • Isolados e Infelizes • Sentem-se estranhos • Culpado Como a Sociedade o Vê • Estigmas • “ O maluco” • Difícil aceitação Cuidar de alguém bipolar... Sentimentos vividos por quem cuida de um bipolar: • • • • • • Raiva Culpa Vergonha Desconforto Tristeza Confusão Critérios Diagnósticos • Difícil diagnóstico, depressão unipolar. podendo • Sinais e sintomas aparentes; • Curso dos sintomas ou comportamento; • • • • ser confundido com manifestações do Resposta aos fármacos; Avaliação clínica geral e exames complementares Histórico pessoal Histórico familiar Tratamento Psicológico • Psicoterapia Individual • Terapia de Grupo para Depressão e Mania • Terapia de família para Depressão e Família • Terapia cognitiva para Depressão e Mania Tratamento Psicofamacologico Tratamento do Transtorno Bipolar • O tratamento envolve manejo nas fases agudas e na terapia de manutenção. Os quadros agudos demandam contenção imediata dos sintomas através da farmacologia: estabilizadores do humor, antidepressivos (se necessário), antipsicóticos (se necessário) e, muitas vezes internação hospitalar para proteção do paciente. • Os episódios de depressão aguda são tratados, preferencialmente, com antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina, pois são maiores indutores de “virada” maníaca (eufórica) ou hipomaníaca, mais comuns com as ADT (tricíclicos). • As fases maníacas podem ser controladas com Carbonato de Lítio, Ácido Valpróico, Carbamazepina, lomotrigina, gebapentina e topiramato. • Se sintomas psicóticos estiverem presentes, é necessário o uso de antipsicóticos ou benzodiazepínicos. Muitas vezes, é necessária a combinação de drogas, isto é, mais de um estabilizador do humor associado, antidepressivos, mesmo na fase de manutenção. • Existem substâncias que propiciam a desestabilização do quadro do humor e que devem ser identificados (tricíclicos, esteróides, álcool e os estimulantes). Cuidados de Enfermagem Plano de cuidados para clientes deprimidos • Risco de violência autodirigida relacionado a humor deprimido, sentimento de menos valia, raiva voltada internamente para própria pessoa, interpretações errôneas da realidade. Prescrições de Enfermagem • Perguntar ao cliente diretamente: “ Você já pensou em se ferir de algum modo? Em caso afirmativo, o que você planeja fazer? Você tem os meios para colocar em prática esse plano? ” • Criar um ambiente seguro para o cliente. • Formular um contato verbal ou escrito de curta duração no sentido do cliente não se ferir. • Encorajar o cliente a expressar com franqueza os sentimentos inclusive de raiva • Distúrbio da auto-estima relacionado a impotência aprendida, sentimentos de abandono por ente querido, distúrbio de cognição estimulando visão negativa da própria pessoa evidenciado por expressões de menos valia, hipersensibilidade a insultos ou críticas, perspectivas negativas e pessimistas. Prescrição de enfermagem • Aceitar o cliente e passar tempo com ele ainda que o pessimismo e negativismo pareçam passíveis de objeção. Focalizar os pontos positivos e as conquistas e minimizar os insucessos. • Encorajar o paciente a ser o mais independente possível. • Ensinar técnicas de assertividade e comunicação. • Impotência relacionado a processo de pesar disfuncional, estilo de vida de impotência evidenciado por sentimento de falta de controle sobre a situação de vida, dependência excessiva dos outros para a satisfação das necessidades. Prescrição de enfermagem • Encorajar o cliente a verbalizar sentimentos sobre áreas cuja o controle não esteja ao seu alcance. • Sofrimento espiritual relacionado a luto disfuncional relativamente a perda de um objeto que se preza, evidenciado por raiva de Deus, questionar o sentido da própria existência, incapacidade de participar nas praticas religiosas habituais. Prescrição de enfermagem • Aceitar e não fazer criticas quando o cliente expressar raiva e amargura em relação a Deus. • Encorajar o cliente a verbalizar sentimentos relacionados ao sentido da própria existência . • Assegurar ao cliente que ele não estar sozinho ao se sentir inadequado na busca das resposta da vida. Considerações Finais • O TBAH é grave, acarreta prejuízos em vários aspectos na vida do indivíduo, sendo fundamental o apoio da família durante todo o curso da doença • O indivíduo sozinho não é capaz de eliminar os efeitos desastrosos da doença, sendo fundamental o tratamento com profissionais especializados. • A Psicoterapia é ferramenta fundamental no tratamento da doença, trazendo ao indivíduo mais qualidade de vida. Depoimento de um Bipolar “É como se minha vida fosse magicamente dirigida por duas correntes elétricas: contente positiva e desesperançada negativa — a que estiver em ação no momento domina minha vida, inunda-a. Agora estou inundada de desespero, quase histeria, como se estivesse sufocando. Como se uma grande coruja musculosa estivesse sentada em meu peito.” Sylvia Plath Indicação de Leitura 1. Uma Mente Inquieta - Kay Redfield Jamison. 2. Não sou uma só: Diário de uma bipolar – Silvia Plath 3. Transtorno Bipolar: Tratamento pela Terapia Cognitiva - Aaron T. Beck Robert L. Leahy - Cory F. Newman 4. Da Psicose Maníaco-Depressiva ao Espectro Bipolar - Ricardo e Doris Moreno 5. A Mente Vencendo o Humor - Dennis Greenberger 6. Bipolaridade e Temperamento Forte - Diogo Lara "Curar, algumas vezes; Aliviar, frequentemente; Dar apoio, sempre". Hipócrates (460 a.C. - 377 a.C.) Quando soltamos uma boa gargalhada, nem imaginamos o quanto estamos ajudando o nosso organismo. O ritmo cardíaco acelera. Em alguns casos, os batimentos podem atingir 120 pulsações por minuto - em repouso, o coração tende a bater, em média, 70 vezes por minuto. Quando a pulsação aumenta, o sangue passa a circular pelo organismo mais rápida e intensamente, o que provoca um aumento significativo na oxigenação de todas as células, tecidos e órgãos. Mais vida pulsando! Referência Bibliográfica • TOWNSEND,Mary C. Enfermagem Psiquiátrica. Conceitos de cuidados, 3ª edição, Guanabara Koogan. • SILVA, Carlos Roberto Lyra da, Dicionário Ilustrado de Saúde, 4ª edição, Yendis. • CID-10 classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre, RS: Artmed, 1993