Química das Superfícies e Interfaces Interface líquido/gás Valentim M. B. Nunes Departamento de Engenharia Química e do Ambiente 2009 Química das Superfícies e Interfaces Do ponto vista tecnológico, os processos heterogéneos envolvem superfícies: precipitação, difusão, floculação, efeitos detergentes, etc. Conceito de fase e interface: Fase Interface, Poucas camadas moleculares Fase Química das Superfícies e Interfaces Tensão superficial Química das Superfícies e Interfaces Explicação molecular: desequilíbrio nas forças intermoleculares existentes na superfície. Gás Molécula no interior do liquido está sujeita a forças intermoleculares, mas a resultante é nula. R 0 Líquido R=0 Molécula à superfície é “puxada” para o interior Química das Superfícies e Interfaces Para aumentar a área de superfície é necessário realizar trabalho contra as forças intermoleculares do líquido. O trabalho necessário para alterar a área superficial de uma quantidade infinitesimal d é dada por: dw d O coeficiente é designado tensão superficial (unidades SI: J.m-2 ou N.m-1). A p e T constantes dw = dG , logo: dG d p ,T Química das Superfícies e Interfaces Os líquidos com forças intermoleculares maiores são aqueles que apresentam maiores tensões superficiais. /mN.m-1 (T = 293 K) Isopentano 13.72 Éter etílico 17.10 Hexano 18.43 Brometo de etilo 24.16 Benzeno 28.86 Tetracloreto de carbono 26.66 Água 72.75 Mercúrio 472.0 Química das Superfícies e Interfaces Não há qualquer distinção fundamental entre superfícies e interfaces, embora seja usual designar a fronteira entre duas fases em que uma delas é gasosa como superfície, e entre duas fases não gasosas como interface. Na interface entre dois líquidos há de novo desequilíbrio nas forças intermoleculares no interior e junto à interface. As forças intermoleculares responsáveis pelas tensões superficiais ou interfaciais incluem as forças de dispersão de London (universais), ligações de hidrogénio e ligação metálica. Química das Superfícies e Interfaces Tensão interfacial: o ângulo de contacto O desequilíbrio de forças intermoleculares existente na interface líquido/gás e sólido/gás é bastante maior que entre fases condensadas, logo as tensões interfaciais para sistemas de dois líquidos ou sólido/líquido são sempre menores que a maior das tensões superficiais A energia de adesão entre duas fases e é expressa pela equação de Dupré: W Numa interface sólido/líquido vem: WSL S L SL Química das Superfícies e Interfaces Considere-se o seguinte sistema: Gás F’’ F F’ líquido sólido F – tensão superficial do líquido, L F’ – tensão interfacial, SL F’’- tensão superficial do sólido, S - ângulo de contacto Condição de equilíbrio (equação de Young): S SL L cos Assim obtém-se (equação de Young-Dupré: WSL L 1 cos Química das Superfícies e Interfaces Química das Superfícies e Interfaces Como WLL é 2 L : =0 S = L 1 cos WSL WLL 2 WSL = WLL Líquido molha totalmente o sólido 0 < < /2 S > SL WLL/2<WSL<WLL Liquido molha parcialmente o sólido /2< < S < SL 0 < WSL < WLL/2 Sólido dificilmente molhado pelo líquido = SL = L WSL = 0 Líquido não molha o sólido Química das Superfícies e Interfaces Como consequência da tensão superficial existe uma diferença de pressão através de qualquer superfície curva; considere-se uma gota de líquido ( calote esférica): z Pe Pi a r a r cos Química das Superfícies e Interfaces A existência da tensão superficial impede o líquido de se espalhar por toda a superfície. A pressão exterior (Pe) vai ser inferior à pressão interior (Pi ). No equilíbrio, a resultante das forças que se exercem devido à diferença de pressão, Pi – Pe, terá de igualar as forças devido à , segundo o eixo dos zz (simetria esférica) 2 a R1 2a cos 2 r 2 R2 Pi Pe a Química das Superfícies e Interfaces 2 P Pi Pe r Equação de Laplace Para superfícies não esféricas (dois raios de curvatura): 1 1 P 2 r1 r2 A equação de Laplace mostra que a pressão no interior de uma superfície curva (lado concavo da interface) é maior que a pressão no exterior (gotas, bolhas, ……) Química das Superfícies e Interfaces Pressão de vapor de um líquido pressurizado. (l ) ( g ) d (l ) Vm dP d ( g ) Vm, g dp Pressão do liquido é aumentada em dP, logo dp representa a variação da pressão de vapor RT dp Vm dP p p 1 p* P RT dp Vm dP p* p p* p RT ln Vm P p* Química das Superfícies e Interfaces p p *e Vm P RT 2 P r Esta equação mostra que a pressão de vapor aumenta quando a pressão actuando numa fase condensada aumenta! 2Vm p p *e RTr Equação de Kelvin Química das Superfícies e Interfaces A pressão de vapor de gotas de água com 10-3 mm a 10-6 mm é 1.001 a 2.95 vezes a pressão de vapor da água “plana”!, impedindo a condensação, e favorecendo a formação de nuvens Química das Superfícies e Interfaces A tensão superficial da maioria dos líquidos decresce com o aumento de temperatura, sendo bastante baixa próximo do ponto crítico (Excepto Cu e Fe líquidos!) Equação de Eötvos: V k (T Tc ) 2/3 L Ramsay e Shields: k 2.1 para líquidos normais (benzeno, tetracloreto de carbono, S2C, etc…) Katayama: Guggenheim: L G 2 3 T k 1 Tc L G 11 3 constante Química das Superfícies e Interfaces Capilaridade A tendência dos líquidos para subir num tubo capilar é uma consequência da tensão superficial e designa-se por capilaridade ou ascensão capilar. p hg 2 hg r Química das Superfícies e Interfaces R r R cos 0 2r Rr hgr 2 rhg 2 cos